O Cavaleiro do Rei
Capítulo 30
O Cavaleiro do Rei
Hermione preferiu ignorar novamente as batidas na porta e a voz pouco firme de Ana chamado por ela. Se não respondesse, talvez eles acabassem desistindo de tirá-la do próprio quarto, onde ela havia se refugiado com Sirius. Voltou a prestar atenção no filho. O menino estava absorto jogando com uma enorme quantidade de brinquedos que ela havia espalhado sobre a cama de casal. Depois de alguns minutos, Ana soltou um bufo derrotado do outro lado da porta e Hermione pode ouvir os passos dela se afastando pelo corredor do apartamento e indo em direção à sala.
– Mamã, ó!
Sirius chamou por ela mostrando uma das peças de um velho jogo de xadrez de Rony que se movimentava apavorada entre os dedos do menino. Ela forçou um sorriso e logo depois caiu num choro desconsolado, estreitando o filho nos braços. O menino a olhou com estranhamento antes de passar os bracinhos em seu pescoço e afagar os seus cabelos, as mãozinhas se enroscando nos cachos volumosos da mãe.
Hermione ainda levou algum tempo para se controlar, mas o rostinho assustado de Sirius foi mais eficiente do que palavras de consolo.
– Você não está com soninho, meu amor? – Perguntou enxugando as lágrimas com uma das mãos.
– Nã! – Respondeu Sirius categórico, voltando novamente à atenção para os brinquedos sobre a cama.
– Mesmo? – Hermione tentou sorrir enquanto afastava uma mecha de cabelo vermelho da testa do menino. – E o que você acha de tomarmos um “mamazinho” e você dormir aqui na cama da mamãe?
O garoto repetiu a negativa e não lhe deu muita atenção até que ela, após conjurar uma mamadeira morna com a varinha, balançou o objeto na frente dos olhos dele. Sirius deu um gritinho feliz e puxou a mão da mãe até encaixar o bico da mamadeira na boca, enquanto se jogava para trás nos travesseiros que cobriam parte da cama. Ele chutou com os pezinhos os brinquedos (alguns reclamaram) que o atrapalhavam de se espichar e ficou olhando para a mãe. Hermione soltou o ar pelo nariz num riso triste, escorando-se sobre o braço, a mão apoiando a cabeça.
– Igualzinho ao seu pai – sussurrou. – É sempre mais fácil falar com o seu estômago.
Sirius puxou a mamadeira para fora da boca.
– ‘De Papá?
As lágrimas saltaram dos olhos de Hermione sem que ela chorasse.
– O papai já vem, Sirius. Assim que ele puder, ele vem. Pode ter certeza. – Garantiu deitando a cabeça ao lado do filho, que voltou a enfiar a mamadeira na boca, satisfeito.
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
– E então? – Questionou Carlinhos ao ver Ana voltando para a sala com um ar derrotado.
– Ela nem me respondeu. – Disse se sentando ao lado do marido no sofá em frente à lareira.
O clima não podia ser pior, pensou Ana. A Sra. Weasley teve de tomar uma poção calmante fortíssima, receitada por Alicia, e, praticamente obrigada, fora para A Toca, onde Gui e Fleur ficaram para tomar conta dela. Cátia também se deslocara para lá para tomar conta de Kenneth e Sean, já que Alicia não arredara o pé do St. Mungus desde a noite anterior. O saldo da Batalha de Stonehenge fora pesado. Quatro Aurores e cinco Comensais, que ainda estavam sendo identificados, tinham morrido. O número de feridos era bem maior. Muitos deles somente tinham sido salvos graças à ação de Rony Weasley, que agira rápido para recolher os que iam caindo e, assim, impediu que muitos se afogassem na lama e na neve alta que cobriam o chão ao redor do círculo de pedras. Tonks e Harry foram atendidos e medicados rapidamente, já que os curandeiros do St. Mungus queriam livrar-se rápido dos casos simples para poderem atender aos mais graves. E não havia caso mais grave do que o de Rony.
– Cadê a Winky?
– A última vez que a vi, ela ainda estava chorando na cozinha agarrada a uma camisa do Rony que ela tirou da lavanderia – respondeu Carlinhos passando o braço sobre os ombros de Ana e a fazendo recostar-se no sofá. Tinha cabido aos dois tomar conta de Hermione – o Sr. Weasley também tinha ficado preocupado com a nora grávida naquele ambiente e instou Carlinhos a tirar as duas jovens dali o mais depressa que pudesse. Hermione tinha passado a noite, e boa parte do dia que se seguiu, no hospital recusando-se a descansar ou tomar qualquer tipo de poção calmante. Finalmente, Ana a tinha convencido de que ela precisava dar atenção a Sirius, mas o resultado tinha sido o que eles estavam vivendo. Hermione havia chegado em casa e se trancado no quarto com o menino e se recusava a falar, dormir ou comer qualquer coisa, para o desespero da amiga e do cunhado.
– Alguma notícia do hospital? – Perguntou Ana aninhando-se no marido.
– Não – a voz de Carlinhos saiu meio estrangulada. – A última vez que tentei contato a enfermeira meio que... brigou comigo. Disse que assim que tivessem alguma novidade eles nos informariam.
– O que foi que eles fizeram com o Rony, Carlinhos?
Ele apertou-a ainda mais.
– Eu daria qualquer coisa para saber, amor. Qualquer coisa.
– Fred e Jorge já conseguiram fazer seu pai ir descansar um pouco?
– Não. Nenhum dos três arredou o pé de lá desde ontem. Quero dizer, nenhum dos quatro. Harry saiu apenas para ir até o Ministério, mas pelo que Jorge me contou, voltou em menos de meia-hora. E Fred me disse a pouco que o Percy tinha acabado de chegar lá. O cara trabalhou o dia inteiro – comentou com um quê de orgulho –, mas foi para o hospital disposto a fazer vigília.
– O Ministério estava completamente doido, quando passei por lá hoje.
– Imagino! Metade de um dos mais importantes monumentos da Grã-Bretanha destruído. O governo dos trouxas deve ter enlouquecido! Eles têm o maior fetiche por aquele lugar.
Ana confirmou com os olhos parados, observando uma salamandra enroscar-se no fogo da lareira.
– Tem razão. Eu... quase endoidei quando soube que Stonehenge tinha sido avariada. Eu não sei o que é... mas tem algo de muito impressionante lá. Mesmo para quem não acredita em magia. Qualquer um que um dia tenha visto aquele lugar, mesmo que por fotografia, fica irremediavelmente fascinado.
– Percy disse que o Primeiro-Ministro dos trouxas cogitou dizer que foi um atentado terrorista, mas que o Ministério agiu rápido. As poucas pessoas que viram realmente como o lugar realmente ficou foram obliviadas, mas eles tiveram de fazer um esquema ao redor do monumento. Colocaram uma cerca e disseram que estavam fazendo a conservação do lugar.
Novamente, Ana assentiu, agradecendo intimamente pela magia poder recuperar um de seus lugares favoritos no mundo todo. Queria que eles fossem tão eficientes assim para trazerem Rony de volta.
– E a Gina?
– Até onde eu sei, ela passou o dia indo até em casa para amamentar os bebês e voltando para ficar naquela sala de espera horrível com Harry, papai e os outros.
– Isso não pode acabar assim, Carlinhos – a voz dela saiu com uma nota inacreditável de sofrimento. – O Rony, não! Eu nem sei o que... – o choro a estrangulou e ela afundou o rosto no peito do marido.
– Shhh... Ele vai se safar dessa, você vai ver. Nós Weasley somos teimosos demais para morrer facilmente – falou com um tom tolo de quem tenta fazer graça na hora e com as palavras erradas. Ana chorou mais e ele se pôs a embalá-la. – Fique calma, meu bem. Você não pode se emocionar assim, lembre-se do bebê. Shhhh...
xxxxxxxxxxxxxxx
Depois que a chuva da noite parou, o dia passou cinzento e frio. Apenas pouco antes de escurecer, uma nesga fina de sol se imiscuiu roseada e roxa por entre nuvens que ordinariamente cobrem Londres no inverno (e também no outono e boa parte da primavera e não raramente no verão). Harry não viu a luz do dia, nem estava interessado em ver. A sensação de que a sua sonhada vida perfeita tinha se tornado cinza e fria como o dia lá fora se mantinha presa na garganta. Ele mal conseguira olhar para Hermione durante o tempo em que estiveram no hospital. Era como se, caso os dois se encarassem, aquele pesadelo se tornasse mais e mais real. Ficaram sentados, os dois, de mãos dadas, algumas vezes acompanhados por Gina, nas suas aparições a cada três horas por ali. Mas por boa parte do tempo ficaram só os dois, parecendo inevitavelmente com alguma coisa a qual faltava um pedaço.
Ainda assim, Harry quase agradeceu quando Carlinhos e Ana levaram Hermione dali. Todas as notícias que tinham recebido eram as piores possíveis. Durante as horas em que ficara na sala de espera, vira uma única vez o rosto de Alicia e não gostara nem um pouco do que vira. Pelo contrário, preferia não ter visto, assim, poderia ignorar o desespero que achou ter visto nos olhos da curandeira.
O grupo havia se concentrado no Salão de Chá do último andar do Hospital St. Mungus para Acidentes Mágicos. O Sr. Weasley estava sentado em uma poltrona parecendo mais velho do que em qualquer outra vez que Harry o tivesse visto. Fred e Jorge tinham passado provavelmente mais horas quietos que em toda a sua vida e se alternavam para oferecerem xícaras de chá ao pai e a Harry. Lupin tinha ficado com eles até Tonks ser liberada e depois fora com ela para casa, não poderia retornar por ser a primeira noite da lua cheia. Há poucos minutos, Percy chegara muito pálido e com a aparência cansada, mas nem chegou a perguntar se havia notícias. Bastava olhar para os outros quatro. O rapaz limitou-se a sentar em uma das poltronas do salão de chá com o olhar perdido.
Um relógio, pendurado em uma das paredes recentemente pintadas de lavanda do Salão, arrastava-se sem concessões parecendo estar congelado e ao mesmo tempo somando horas e mais horas. Nenhum dos cinco homens conversava. Cada um estava sentado em um canto parecendo absorto no próprio mundo. Já passava das oito horas da noite quando Gina entrou na sala. O Sr. Weasley sorriu para ela.
– Gina, querida, por que você voltou? Devia ter ficado em casa com os meus netos.
Ela não se abalou com a censura carinhosa e cruzou a sala para dar um beijo no pai.
– Seus netos estão seguros, alimentados e bem cuidados. O mesmo não posso dizer de vocês.
– Não vamos arredar o pé daqui até termos notícias do Rony, Gina – afirmou Fred parecendo ter mais energia do que o cansaço do rosto demonstrava.
Gina revirou os olhos como se Fred estivesse dizendo uma asneira muito grande e não tivesse entendido nada do que ela tinha dito. Deu um suspiro e se ajoelhou ao lado da poltrona em que o Sr. Weasley estava sentado.
– Por favor, papai. O senhor não pode passar a noite aqui. Os meninos já disseram que vão ficar. Qualquer coisa eles podem avisar ao senhor e em segundos o senhor estará aqui. Por favor, vá para casa.
O Sr. Weasley lhe deu um sorriso.
– Eu estou bem, minha querida. Mas vou estar melhor quando tiver alguma notícia do Rony. Até lá vou esperar bem aqui.
Gina se virou pedindo ajuda aos irmãos e Percy foi o primeiro a vir ao seu auxílio. Em seguida, os gêmeos perceberam a intenção da caçula e passaram a insistir para que o Sr. Weasley fosse descansar um pouco. Ele já não era mais tão jovem para passar tantas horas sem dormir ou descansar. Gina aproveitou enquanto os irmãos lutavam para convencer um irredutível Sr. Weasley e se aproximou de Harry. Sem uma palavra ela lhe estendeu a mão.
– Eu também não pretendo sair daqui – respondeu o rapaz.
– Eu não perguntei.
Harry desviou os olhos ignorando a mão estendida. Gina não pareceu disposta a desistir, dobrou os joelhos em frente à cadeira, ficando com o rosto a altura do dele.
– Você está sem dormir a trinta e duas horas – o olhar dela era muito duro e firme. – Precisa urgentemente de um banho, de comida quente e de algumas horas de sono. Precisa olhar no rosto dos seus filhos e tirar força e coragem de lá para agüentar o que quer que venha acontecer aqui.
– Seus irmãos...
– Meus irmãos não passaram a noite comandando um grupo de assalto numa batalha. Nem o meu pai. Você é forte, Harry, mas é humano. Não me force a tomar atitudes drásticas.
Harry quase riu da ameaça velada.
– Vai me azarar?
– Você sabe que eu faria – Gina retrucou com o mesmo tom de quem não estava para brincadeiras.
Alguns minutos depois, um Harry ainda hesitante, mas deixando que Gina o puxasse, se encaminhou em direção à saída do hospital. Ela não fora tão eficiente com o Sr. Weasley, que continuou sentado irredutível, na mesma poltrona em que passara quase todo o dia.
Mesmo a contragosto, Harry teve que reconhecer que se sentiu muito melhor depois de um banho, um prato de sopa quente que Gina e Dobby o obrigaram a comer e de ter ficado um bom tempo no quarto dos filhos. Trocou fraldas, os observou enquanto Gina os amamentava. Ficou um bom tempo com os dois no colo e só os largou quando o sono pareceu vencê-lo e Gina o arrastou para o quarto com o argumento de que ele acabaria deixando um dos bebês cair senão dormisse.
A cama lhe pareceu mais fofa e confortável que o habitual e Harry acabou adormecendo ainda desejando que tudo fosse só um pesadelo e ele pudesse acordar com Rony lhe dando um soco amistoso na cabeça e rindo dele. Dormiu pesado, cheio de sonhos desconexos em que Hermione gritava e os dois corriam por uma trilha na Floresta Proibida sabendo que Rony tinha passado por ali e que estava indo em direção ao covil das acromântulas.
Acordou ainda estava escuro. O relógio informava serem seis horas da manhã. Harry se virou na cama e encarou o teto. As horas na cama lhe pareceram um desperdício. Ainda havia tanto o que resolver. Queria descobrir o que realmente havia acontecido com Tibério Stuwart. Saber quem era o beusclainh que usava roupas humanas, ou melhor, saber que aparência humana ele estava usando. Ainda no dia anterior, durante as intermináveis horas no Salão de Chá do St. Mungus, Harry concluíra que a criatura só poderia estar usando aquelas roupas por ter estado infiltrada entre eles. Eles eram metamorfogos. Harry até já vira um transformar-se diante dos seus olhos. E ainda havia Rony. Levou as mãos até os olhos e esfregou com força. Não queria pensar nisso. Não queria sequer realizar a possibilidade de perder Rony. Não a essa altura dos acontecimentos. Esticou o braço para o lado procurando por Gina, mas encontrou a cama vazia.
A sensação insuportável, de acordar na cama vazia, que o perseguia há meses, o assaltou violentamente e Harry se ergueu como se tivesse levado uma descarga elétrica. Buscou os óculos na mesa de cabeceira com a cabeça em branco, tomado por um pânico irracional que o impedia de pensar. Estava quase na porta do quarto quando Gina entrou por ela mexendo-se devagar para não fazer barulho. Harry sentiu como se o sangue voltasse a correr nas veias.
– O que você está fazendo fora da cama? – Gina sussurrou.
– Onde você estava?
– Bebês mamam a cada três horas e nós temos dois deles no quarto ao lado, está lembrado?
Harry percebeu que devia parecer doido ou um sonâmbulo agindo daquele jeito, nunca tinha comentado com Gina sobre o seu pânico noturno dos últimos meses.
– Podia ter me chamado para ajudar.
Ela riu baixinho enquanto chegava perto dele.
– Podia, mas resolvi te dar uma folga hoje – ergueu-se na ponta dos pés e lhe deu um beijo no canto dos lábios. – O que acha de voltar para a cama? Eu preciso de mais umas horinhas de sono – disse se afastando e puxando-o pela mão.
Harry não a deixou ir longe. Tornou a fazê-la voltar para perto dele, abraçando-a com firmeza e enterrando a cabeça nos cabelos cheirosos da esposa.
– Harry – a voz dela saiu um pouco assustada.
– Eu já disse isso uma vez, há muito tempo... eu morro se eu perder você, Gi.
Gina o abraçou de volta.
– Você não vai me perder, Harry – ela garantiu cheia de confiança. – Eu estou aqui.
Harry a apertou com mais força. Queria muito se convencer do que ela estava falando, mas o medo era muito mais forte. Hermione estava em casa sozinha e Rony estava entre a vida e morte num hospital. Seus pais, pelo menos, tinham partido juntos. Harry não conseguia imaginar a sua vida sem Gina ou sem Rony e Hermione. Tinha certeza disso, porque, no caso de Gina, já tentara uma vez e nunca se sentira tão infeliz. Tinha se afastado dela depois do primeiro mês de namoro achando que seria mais simples se não a tivesse por perto. Na época, ele achou que o que sentia por ela era forte e quis protegê-la. Só soube o quanto era forte quando ficou longe dela. Agora, era como se ela fosse um pedaço dele. O mais importante, o mais vital.
Delicadamente, Gina o afastou e emoldurou seu rosto com as mãos.
– Confie em mim, ok? Nada vai separar a gente. Nada! – Deu-lhe um sorriso. – O que acha de voltarmos para a cama e descansarmos mais um pouco? Por favor –suplicou parecendo exausta. – Depois, vamos juntos ao hospital e tenho certeza de que logo teremos notícias boas sobre o Rony.
Uma lágrima escorreu dos olhos de Gina sem que ela parasse de sorrir e Harry se deixou ser novamente conduzido para a cama. Os dois se deitaram aninhados, entrelaçando pernas e braços, enquanto Gina escorava a cabeça no peito de Harry.
– Quando acaba esse resguardo? – A pergunta saiu antes que Harry pudesse considerar sobre a sua propriedade naquele momento. Gina abafou uma risadinha.
– Só mais alguns dias. Pensei que não estaria com cabeça para isso.
– Não estou. É só que... – ele gaguejou sem saber bem o que dizer.
– Você às vezes é muito parecido com o Rony, sabia?
– Como assim?
– Tem a tendência a pensar com os órgãos vitais.
Harry riu um pouco e a apertou contra o corpo.
– No meu caso a culpa é somente sua.
– Eu sei... – disse Gina com um longo bocejo, aninhando-se nele e adormecendo em seguida.
xxxxxxxxxxxxx
“Um amanhecer cinzento e cheio de incertezas é o que espera a comunidade bruxa da Grã-Bretanha nesse segundo dia após o que já está sendo chamado de A Batalha de Stonehenge (como adiantou esta repórter na manchete do número especial do Profeta Diário publicada ontem). O cinza fica por conta do céu de inverno, enquanto as incertezas provêm de nosso Ministério, mais uma vez, incapaz de fornecer explicações convincentes para um acontecimento que anuncia ser o marco do início de uma Terceira Guerra no mundo bruxo. Embora o Ministro Gwidion Norwood, 76 anos, considere sensacionalista e improvável aventar tal possibilidade, é dever do Profeta Diário, como principal órgão jornalístico do país, perguntar: se não é a Terceira Guerra, Ministro, como se explicam os eventos que nos últimos meses têm inquietado os bruxos bem informados? (Segue na página 14).
Não é preciso muito esforço para recapitular tais acontecimentos. Em meados de agosto do ano passado, esta repórter noticiou em primeiríssima mão e graças a fontes seguras dentro do próprio Ministério da Magia, que os Aurores estavam empenhados em investigar o desaparecimento de sete crianças trouxas. Nosso contato informou que a iniciativa da investigação partiu de Harry Potter (26) em pessoa. Na época, alertamos o quão suspeito isso parecia, visto que, embora “O Eleito” tenha demonstrado mais de uma vez, uma certa tendência ao exagero, o tempo sempre provou que deveríamos vigiar seus passos, pelo menos como prevenção.
Em setembro, um novo e terrível acontecimento balançou a comunidade bruxa. A rebelião na prisão de Azkaban mostrou novamente o quão frágil são nossas defesas contra a magia das trevas e o quão inaptos são os nossos defensores. Desta vez, embora contida a tempo, a rebelião serviu para deixar escapar três perigosos antigos Comensais da Morte. Lucius Malfoy, outrora importante membro da nossa sociedade, e hoje considerado um dos mais perigosos criminosos à solta, no país, estava entre eles. E de novo vimos o nome de Harry Potter (sempre ele) envolvido. Num acontecimento ainda não bem explicado, o “herói” de milhões, foi acusado de negligência em sua ação na prisão e julgado juntamente com toda a sua equipe de comando. Contando com a defesa “apaixonada”, e como sempre um tanto forçada, de sua “amiga” de longa data, Hermione Granger Weasley, o menino-que-sobreviveu escapou novamente. Porém, mais uma vez, os bruxos ingleses não foram brindados com explicações aceitáveis sobre as ações do Ministério, nem tampouco de seu queridinho.
Em fins de novembro, um Auror do alto escalão, Gerard Griffin, foi encontrado morto em circunstâncias horripilantes e misteriosas. Fontes não confirmadas acreditam que o corpo tenha sido encontrado primeiramente por um agricultor trouxa, morador de Wiltshire, que, como todos sabem, é onde fica a Mansão Malfoy. O antigo casarão da família resta abandonado desde a prisão do Sr. Malfoy e do desaparecimento de sua esposa, Narcisa, e do filho Draco. O que significaria uma campana neste lugar? Novamente, apenas notícias tortas de aparvalhados funcionários do Ministério foram colocadas à disposição da imprensa e dos bruxos preocupados deste país.
Na noite do dia de Natal...”
– Espera aí! Ela só fala isso de mim?
– Por enquanto, sim – Snape não pareceu gostar de ser interrompido por Draco.
– Ahh qual é? Ela nem disse a minha idade e disse a do Potter!
Snape baixou o jornal e encarou Draco com impaciência. Os dois estavam no escritório da Diretora do Orfanato da Ordem da Fênix. Na verdade, somente a ausência de Sarah na sala explicaria o fato de Draco estar atirado sobre o sofá em frente à lareira. Snape ocupava a mesa da Diretora.
– Você pode reclamar direto para Rita Skeeter, se quiser. Mas faça isso agora, para que eu possa continuar lendo a notícia só para mim.
Draco fez uma careta contrariada.
– Não – grunhiu – continue lendo. – Snape arqueou a sobrancelha. – Por favor? – Pediu Draco, com ironia.
– Hei! Eu dei as informações!
– Draco!
– Ok... – resmungou o rapaz resignado. – Eu fico quieto.
– Hum... parece que Skeeter acha que dragões se comportam como os cães de guarda dos trouxas. – Desta vez o comentário partiu de Snape.
– E que nós temos algum tipo de cheiro característico – resmungou Draco, mais uma vez. – Seria mais fácil se eles estivessem atrás de sangues-ruins. Eles sim, fedem.
– Segue um monte de bobagens sobre o estado do Weasley e algumas declarações atribuídas à família e a fontes que preferiram preservar os seus nomes. – Snape correu os olhos pelas páginas do jornal. – O que não é falso é exagerado.
Ele jogou o jornal sobre a mesa.
– Nada mais sobre mim?
– Eu devo lembrá-lo, Draco, que você não é o personagem principal dessa história.
– Oh claro! Eu não tenho a cara de imbecil, nem a cicatriz nojenta na testa. Ah sem falar nos fedelhos. Desta vez conta ter os dois pirralhos ranhentos na barra das calças.
– Você esqueceu da esposa com poderes concentrados, ligados a uma ancestral dinastia mágica. – Comentou Snape.
– Ah é! Eu tinha esquecido da ruiva traidora do sangue que o cabeça rachada gosta de manter pendurada no próprio pescoço.
– Está parecendo despeitado, Draco – debochou Snape.
O rapaz grunhiu.
– Não é despeito – retrucou com maus modos. – É perseguição! O “santo Potter” me persegue desde o maldito dia em que cruzou o meu caminho. E o mais inacreditável é que com tantas oportunidades, o heroizinho não foi o capaz de fazer o favor de morrer.
– Draco – advertiu Snape com o tom de quem reprime uma criança birrenta, mas sem muita autoridade.
– Até parece – Draco se ergueu no antebraço e encarou o ex-professor sentado na cadeira da diretora. – Você gosta tanto dele quanto eu.
– Isso não é mistério.
– É, mas mesmo assim você ajudou a mantê-lo vivo.
– Não vou me justificar para você, Draco – falou como quem encerra a questão, mas Malfoy continuou.
– Sempre achei que o ódio que você sentia pelo pai do Potter fosse mais forte do que tudo.
Snape colocou as duas mãos sobre a mesa, entrelaçando os dedos.
– Bem, se você quer manter mesmo o assunto em termos tão pueris, deixe-me perguntar: o seu ódio pelo Potter é realmente mais forte do que tudo? É mais forte que seu amor pela vida confortável e segura que você tinha antes de seu pai retornar definitivamente para o lado do Lord das Trevas? Mais forte que o amor pelo ouro no qual você mal pode colocar a mão, porque o nome Malfoy virou sinônimo de lixo?
Draco reagiu se erguendo e sentando no sofá, os olhos cinzentos espremidos numa linha fina.
– Não somos diferentes, Draco. Somos apenas inteligentes o bastante para saber antecipar o lado vencedor e ficar com ele.
– Talvez o Potter não tivesse vencido sem a sua ajuda – vociferou Draco.
Snape se escorou na cadeira e observou as próprias unhas com um ar satisfeito.
– É... talvez.
– E a história da tal mulher?
– De que mulher você está falando? – O tom da pergunta demonstrou que Snape estava perdendo um pouco a paciência com o inquérito.
– A tal que você gostava e o Lord das Trevas mandou matar. A mãe da sua amiguinha Ana Weasley – provocou Draco.
O rosto de Snape ficou rígido, obviamente a alusão o tinha incomodado.
– Ana Weasley não é minha “amiguinha”.
– Você a protege – acusou Malfoy. – Talvez até você a fantasie como sua filha.
Dessa vez o olhar de aviso de que ele estava entrando em terreno perigoso foi bem claro, ainda assim, Snape respondeu com voz pausada.
– Há quem diga que eu protejo você, Draco. Alguns com suposições bem estranhas sobre os meus motivos, devo dizer.
– Eu sempre achei que por amizade ao meu pai – comentou o rapaz escorando os antebraços nos joelhos. Já tinha chegado tão longe, não pretendia parar. – Mas, pensando bem, agora... Lembrei das suas conversas com a minha mãe, quando você ia a nossa casa, ou quando estávamos juntos, depois que saímos de Hogwarts.
Os olhos negros do ex-professor luziram por um instante antes dele assumir uma expressão francamente debochada.
– Oh claro, eu tenho um histórico realmente de um homem com uma vida cheia de romance, não é mesmo? Vamos recapitular (aliás, é uma pena Rita Skeeter não estar aqui pra ouvir isso, não é mesmo?): Primeiro eu quis Lily Evans, apesar dela ser uma sangue-ruim nojenta. Mas ela preferiu o Potter e eu passei a odiá-lo ainda mais (como se fosse preciso qualquer estímulo nesse sentido). Depois, eu me apaixonei pela loura e doce Elisabeth Smith. Essa pelo menos tinha sangue puro e poderia me dar um pouco de ascensão social, mas ela também me trocou por outro. Um azar terrível! Sua morte, porém, me foi tão traumática que eu, sem conseguir conter minha consciência acabei retornando para o lado dos “mocinhos” – fez aspas com as mãos. – Entretanto, em minha vida pregressa como agente duplo acabei seduzido pela classe fria da sua mãe e, por ela, até hoje, tomo conta de seu único filho. Tocante. Uma história realmente cheia de calor. Eu diria até: a minha cara.
A pausa final oscilou entre a raiva contida e um desdém profundo. Draco ainda conseguiu conter-se em silêncio por alguns minutos antes de perguntar.
– Qual é a verdade sobre você, Severo?
– Como se você se importasse com isso, Draco.
– Eu não me importo – falou o garoto, dando de ombros. – Só fiquei curioso.
Os dois voltaram a ficar quietos. Snape girou a cadeira e pôs-se a olhar pela janela que ficava por trás da mesa da diretora dando para o pátio do Orfanato.
– Quem lhe contou sobre Elisabeth?
– Laurent.
Draco ouviu um resmungo sobre mulheres falarem demais e de novo não se conteve.
– É verdade que ela é sua irmã? A Laurent?
– É.
– Vocês foram criados separados?
– Sarah foi roubada dos meus pais e escondida, involuntariamente, por uma chave de portal espaço-tempo.(1) Nunca a encontramos.
– Deve ser estranho, encontrar uma irmã depois de tanto tempo assim.
– É.
– O nome dela é mesmo Sarah?
– Sim, ela foi adotada com esse nome. Mas também é Serenna Snape.
Draco ergueu as sobrancelhas numa expressão de quem ainda não havia assimilado tudo o que ouvira e voltou a deitar-se sobre o sofá, esticando as pernas sobre a guarda.
– Como devo chamá-la, então?
– Pelo sobrenome e com Srta. na frente como manda a boa formalidade inglesa – disse Sarah entrando na sala e tirando a capa de inverno de sobre os ombros. – Pode usar qualquer um dos sobrenomes, não importa. Mas tire imediatamente os pés de cima do sofá, Malfoy!
Snape pareceu divertir-se em ver Draco corar de raiva com as ordens da irmã. O rapaz voltou a sentar.
– Acho que Laurent combina mais com você.
– É mesmo? – Sarah caminhou até a própria mesa largando uma chave sobre ela e sentando na cadeira em frente a Snape com uma aparência cansada. – Posso perguntar por quê?
– Eu simpatizo com o nome Snape. Além disso, Laurent é bem mais trouxa.
A mulher se limitou a encará-lo por um segundo como se ele fosse uma mancha de chá que ela não conseguia remover do sofá, depois apenas suspirou e ficou olhando para a lareira como se tivesse coisas mais importantes com que se preocupar.
– Onde esteve? – Perguntou Snape.
– No hospital.
– E aí? – Draco se meteu. – O Weasley já morreu?
Sarah abriu a boca chocada e se ergueu colocando o dedo na cara de Draco.
– Olha aqui seu filhote de cruz-credo com deusmelivre... – ficou tão furiosa que nem se deu conta que começara a xingá-lo em bom e velho português.
Confuso, Draco olhou para Snape que parecia ter compreendido vagamente a fala da irmã e quase sorria.
– Sarah – chamou – acalme-se. Venha, sente-se. Tome um chá, você está muito nervosa. – Juntando às palavras a ação, Snape conjurou uma xícara de chá sobre a mesa e estendeu o braço para que a irmã voltasse a se sentar.
– Harry devia ter batido um pouco mais em você – rosnou ela antes de sentar. – Aliás, você devia ter levado umas boas palmadas em criança, talvez assim tivesse se tornado um ser humano suport...
– Sarah – Snape chamou-a de novo.
– Sua irmã por acaso é grifinória? Que vergonha para os Prince.
– Draco! Vocês dois, por favor! – Snape apertou a boca, contrariado. – Como foi no hospital?
A pergunta teve o dom de fazer Sarah esquecer-se de sua exasperação com Draco. Ela deu um fungadinha e pegou o chá parecendo muito abalada.
– Horrível. Eu... ah, Severo, é tão triste. Ele é tão jovem ainda... tem uma família tão bonita.
Draco não conteve um revirar de olhos, mas para sua sorte apenas Snape viu, antes de inquirir novamente a irmã.
– Alguma idéia do que as criaturas fizeram com ele?
Sarah fez um gesto desalentado.
– Não. Os curandeiros fizeram tudo para recuperar a parte física que havia ficado debilitada com as torturas. Mas como estas não foram muito prolongadas, ele deveria ter ficado bem então. – Ela tomou um gole do chá como que para engolir algo mais preso na garganta. – Eu consegui falar com Alicia Weasley e ela me disse que, ao que parece, Rony está sob algum tipo de veneno, algo que se alojou no sangue e está corroendo ele por dentro. Mas não se trata de nada conhecido. Eles... – ela respirou fundo e colocou a xícara sobre a mesa. – Eles tentaram de tudo: contravenenos, poções restauradoras, benzoar, tudo... Nada deu resultado. Ele... – ela não conseguiu mais conter o choro – ele vai definhar até morte. Não há nada que se possa fazer.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
O primeiro jogo de Quadribol do ano não teve, para Hector e sua turma, a mesma graça dos outros. Mesmo sendo Grifinória contra Sonserina. Mesmo a Grifinória tendo ganhado. Na verdade, tinha sido uma das semanas mais tristes que Hector se lembrava de ter vivido em toda a sua vida. Mel chorava quase o tempo todo, escrevia longas cartas para o irmão Felipe, mas nunca as enviava. Josh estava num tal estado de depressão que nem mesmo fugia da dieta saudável imposta pela irmã. Não que Lane estivesse se importando, já que ela também estava triste demais para implicar com o caçula. Os três Shacklebolts, assim como Hector, conheciam Rony Weasley desde pequenos e nenhum deles se conformava com o anúncio de que o jovem estava em estado terminal num leito de hospital.
Se fossem apenas os jornais, se poderia duvidar, mas as cartas enviadas por Quim e Lupin aos filhos, e mesmo por Ana para a sobrinha, não eram nada animadoras. Pelo contrário, pareciam querer prepará-los para o pior.
Hector não pode deixar de notar que não era apenas entre ele e os amigos que reinava aquela dor que parecia roubar a vontade de qualquer coisa. O clima de tristeza se espalhara por toda a Hogwarts. Afinal, Rony Weasley era um herói da segunda guerra bruxa. O famoso amigo do famoso Harry Potter. Isso já seria o suficiente para deixar um castelo cheio de crianças que cresceram ouvindo sobre suas aventuras, bastante sorumbático. Mas o fato é que as atitudes dos professores mais antigos em nada estavam ajudando a melhorar a situação.
Hagrid mal conseguira dar suas aulas durante a semana. Estava sempre com os olhos inchados e o nariz muito vermelho. Quase não guardava aquele seu imenso lenço manchado que mais parecia uma toalha de chá, levando-o aos olhos e fungando constantemente. Ele lotou todas as suas classes com o estudo tedioso de vermes, pelo que falaram os alunos dos anos mais adiantados. Hector deduziu que ele fizera isso porque vermes não exigiam nem muitas explicações, nem muitas perguntas. Andrew jurava também que ele andava bebendo mais do que devia. O amigo contou que numa tarde, quando foi até a sua cabana com outros colegas pegar umas sacas de composto vegetal da Floresta Proibida para a Professora Sprout, viu pelo menos dois galões vazios de Wisky de Fogo nos fundos da casa do guarda-caça.
Os professores Flitwcky e Sprout eram constantemente vistos juntos a uma triste e preocupada Mme. Pomfrey em conversas muito sérias. As quais sempre acabavam quando algum aluno chegava perto o bastante para notar os olhos úmidos dos três.
Mas o pior acontecera no fim do jogo, quando o capitão da Grifinória pegou o megafone mágico e dedicou a vitória a Ronald Weasley. A diretora McGonagall, num descontrole inusitado, pulou nos pescoços dos apavorados jogadores da sua casa e chorou.
– Vamos embora – convidou Josh ao ver a cena. – Eu tenho deveres para fazer.
Sem esperar resposta, o menino ajeitou os óculos e saiu de cabeça baixa em direção ao castelo, chutando as pedrinhas no caminho. Os outros trocaram um rápido olhar e o seguiram. Mel deu uma corridinha e emparelhou com ele.
– Deveres? O que deu em você?
– Vontade de não lembrar do que está acontecendo.
Ninguém retrucou. Seguiram em silêncio até o castelo, cada um imerso no próprio pensamento. Estavam quase entrando quando ouviram um arfar atrás deles.
– Srta. O’Brien! – A Profa. Shadowes vinha logo depois dos cinco. – Você poderia vir a minha sala mais tarde? Gostaria de passar-lhe alguns livros para nossas aulas extras. Sete e trinta?
– Claro professora – concordou Danna rapidamente e, pela primeira vez, Hector notou algo diferente na amiga. Ela tinha uma cor meio esverdeada.
– Mas no sábado, professora? – A reclamação veio de Andrew. O que soou meio estranho, já que a frase combinava mais com Josh, mas este prontamente concordou.
Medéia deu aos meninos um daqueles sorrisos em que só se via o batom muito vermelho.
– A Srta. O’Brien não está reclamando, está Sr. Bennet?
– Não – saltou Danna, rápido. Na verdade, rápido demais, na opinião de Hector, que também achou que a pergunta da professora tinha sido dirigida mais a amiga do que a Andrew.
– Pode deixar professora. Eu vou estar lá na hora marcada – assegurou Danna.
– Que ótimo, querida – tilintou Medéia e passando em seguida por eles, sumiu para dentro do castelo.
Os quatro se viraram para encarar Danna.
– Quando vai nos contar o que está acontecendo?
– Não tem nada acontecendo, Hector.
– Danna – tentou Mel – nós vimos, quero dizer, nós não vimos você no Mapa do Maroto durante essas suas aulas. Não faz sentido.
Danna lançou um olhar nervoso para os amigos.
– Eu já disse a vocês que o Mapa deve estar com a mágica falhando ou está errado, sei lá.
– O mapa não erra! – Garantiram Hector e Mel em uníssono.
– Então, talvez – continuou a garota, com o mesmo tom exasperado – vocês não saibam usar ele direito!
Andrew deu um passo em direção a ela.
– Danna, diz para a gente: está acontecendo alguma coisa? Algo que a gente possa ajudar?
Os olhos escuros da menina ficaram muito brilhantes,
– Não! Não tem nada acontecendo! Nada que vocês devam se preocupar ou investigar, entenderam? Nada! – Ela respirou ao perceber que os tinha assustado. Danna perdendo a calma não parecia exatamente uma coisa normal. Na verdade desmentia cada uma das coisas que ela tinha dito. – É melhor subirmos.
O resto da escola vinha se aproximando vindo pelo gramado, em grupos bem menos barulhentos que o habitual, voltando do campo de Quadribol. Os quatro resolveram seguir Danna. Como da outra vez em que eles a haviam pressionado, a menina se recusara a dar qualquer resposta que os convencesse e ainda fugira do assunto.
– Ela vai ficar muda o resto da semana, depois desta. – Mel confidenciou baixinho, no ouvido de Hector, que fez uma pequena careta, mas respondeu com outro sussurro.
– Ela não comentou nada sozinha com você?
A menina negou com a cabeça.
Às sete e quinze, Danna saiu da sala comunal da Grifinória, deixando Hector e Andrew sentados perto da lareira e com expressões muito desconfiadas.
– Pegue o mapa – falou Andrew – vamos ver quando ela some.
Hector tirou o mapa do bolso interno das vestes. Os dois uniram as cabeças para esconder o pergaminho dos colegas que circulavam pela sala, enquanto Hector murmurava o feitiço. O pontinho com o nome de Danna desceu até as masmorras e entrou na sala onde estava o pontinho chamado Medéia Shadowes. As duas ficaram ali por uns momentos.
– Hei Hector, Andrew!
– O quê? – Os dois viraram rápido para o colega que os chamava.
– Tem uma menina da Corvinal aí fora querendo falar com vocês – informou o garoto que acabara de passar pelo buraco do retrato.
– Obrigada – agradeceu Andrew. – Deve ser a Mel...
– Droga!
– O que foi?
– Ela sumiu!
– O quê? – Andrew quase arrancou o mapa das mãos de Hector. – Mas como? Ela estava aqui agorinha mesmo? Ninguém pode aparatar em Hogwarts. Ela também nem deve saber aparatar. Onde ela se meteu? O que foi que aquela... bruxa má fez com ela?
Hector arregalou os olhos e tirou o mapa das mãos de Andrew antes que ele o rasgasse tentando localizar Danna.
– Calma, cara. A gente vai descobrir, ok? Vem, vamos falar com a Mel. Ainda é cedo, podemos tentar ficar perto do escritório da Medéia e ver quando ela vai aparecer.
Andrew concordou rapidamente e saiu em direção ao buraco do retrato, sendo seguido por um Hector com um ar muito divertido, apesar de toda a situação. Agora não dava mais para deixar de concordar com o que Josh dizia em relação ao amigo e da excessiva preocupação dele com Dana. Hector abafou uma risadinha, só ia esperar o momento ideal para zoar com o amigo.
Mel os esperava na porta pulando num pé e noutro, enquanto fazia perguntas para a Mulher Gorda. A pintura parecia se sentir muita importante em respondê-las para a menina.
– Vocês demoraram – reclamou.
– Estávamos cuidando a Danna no mapa – disse Hector baixando a voz e puxando a garota para que se afastassem do quadro.
Mel acenou para a Mulher Gorda por cima do ombro e se deixou levar.
– E aí?
– Ela sumiu – informou Andrew.
– Como sumiu?
– Sumindo. Num momento ela estava na sala da Medéia e no outro tinha sumido.
– Mas isso é impossível! Ninguém pode...
– Aparatar em Hogwarts – completou Hector que ainda carregava Mel pelo braço, mas pareceu se dar conta e a largou. – A gente sabe disso.
– Se ela fez alguma coisa com a Danna... – ameaçou Andrew.
Hector escondeu novamente a vontade de rir do amigo e trocou um olhar cúmplice com Mel. A menina teve de enfiar o punho na boca para impedir a sim mesma de dizer em alto e bom som o que estava pensando.
– O quê? – Reclamou Andrew se virando para eles.
– Nada – retrucaram com expressões angelicais.
Andrew ia dizer alguma coisa, mas um barulho no corredor acabou desviando a atenção dos três. Hector rapidamente escondeu o mapa atrás do corpo e rezou para que não fosse Filch. Não era. O professor Enos Troop vinha vindo da direção da Torre de Astronomia, onde todos sabiam que ele ia para fumar seu cachimbo. Ele pareceu um pouco surpreso em vê-los no corredor e se aproximou colocando o cachimbo no bolso do casaco escuro.
– O que vocês três andam fazendo nesse corredor frio há esta hora? – Pelo tom, deu para perceber que era um dos seus dias de bom humor. Troop era absolutamente de lua. Havia dias em que era gentil e calmo e outros em que resmungava e distribuía detenções como quem dava doces.
– Nós... er... – Andrew titubeou e olhou para os outros dois em pânico.
– Íamos até as masmorras buscar nossa amiga Danna O’Brien – informou Hector muito seguro, ante os olhares chocados dos dois amigos.
– Buscar...? – O professor pareceu meio aturdido.
– Sabe o que é, professor? É que a Danna está fazendo umas aulas extras com a Profa. Shadowes. Parece que ela tem muito talento para Poções, sabe? Aí, a professora disse que ia passar uns livros novos para ela e a gente pensou em ir ajudá-la a trazê-los. Além disso, a gente ficou com medo porque a Danna não se dá muito bem com umas garotas da Sonserina. Achamos que não era legal ela ficar sozinha.
Completou a fala com um sorriso confiante. Troop considerou os três por alguns instantes.
– A amizade é realmente algo muito importante... – falou como quem pensa alto. Depois com um aceno os convidou. – Então, vamos! Eu mesmo tenho que ir falar com Medéia. Assim, vocês “resgatam” a amiga de vocês – falou com humor – e eu fico trocando uma palavrinha com a professora de vocês.
Sem alternativa, os três seguiram junto com o professor.
– O que você tem aí atrás, Lupin?
Hector empurrou o mapa para o bolso com a rapidez de um raio.
– É só um pergaminho velho, professor. Uma bobagem que estávamos usando para estudar Transfiguração – acrescentou. Andrew e Mel seguiam ao seu lado. Pareciam tão admirados pela sua capacidade de mentir e torcer a verdade tão rápido, que nem falavam, com medo de atrapalhar.
– Hum... Transfiguração, é? É uma boa matéria. Widdenprice a está dando satisfatoriamente?
Os três ficaram sem jeito com a pergunta.
– Está, sim senhor – respondeu Andrew. Afinal, o professor tinha olhado para ele, como que pensando que com sua fama de bom aluno, sua resposta era mais avalizada que a de Hector.
– Que bom. Minerva levou muito tempo para encontrar um substituto a altura dela. Embora, eu ache que Widdenprice ainda precisa de mais experiência. Mas é realmente curioso ela ter escolhido logo ele.
– Hã, por que, professor? – Mel não se agüentou.
– Bem, é uma família muito antiga e rica, os Widdenprice. Eu jamais imaginaria um deles como professor. Um Widdenprice em Hogwarts faz a gente pensar, sabem?
O grupo começou a descer as escadas em direção ao saguão.
– Pensar em que? – Quis saber Hector.
– Ah bobagens... – o professor fez um gesto vago de quem não dá importância. – lendas tolas envolvendo a família dele e a escola. Nada que vocês devam dar atenção. O importante é que ele esteja cumprindo bem o papel de substituir Minerva. Isso é o que importa.
Eles continuaram calados até descerem em direção às masmorras. Os garotos remoendo as histórias que sabiam da família Widdenprice e sua ligações com a magia das trevas, e de como elas em nada combinavam com o atrapalhado e tedioso professor.
– Bem, eu não terei esse problema quando me aposentar. Defesa contra as Artes das Trevas não está mais sob feitiço e eu já tenho um substituto perfeito.
– Gina Weasl... digo, Potter – falou Mel e Troop sorriu.
– Exatamente. Acho que todos aprovam a escolha da Minerva, não é? Ela me falou e eu concordei imediatamente. Aliás, é uma pena tudo o que está acontecendo agora. Isso com o irmão dela. – Ele fez um gesto de negação com a cabeça. – Bem, chegamos.
Estavam em frente à sala de Medéia nas masmorras e o professor bateu na porta. Estava silencioso lá dentro e ele bateu uma segunda vez. A porta abriu logo depois.
– Enos! – Saudou Medéia, parecendo estranhamente nervosa.
– Olá, minha cara. Você disse que teria uns minutinhos para conversarmos agora à noite.
– Ah... claro, claro Enos. Eu só estava terminando aqui com...
– A Srta. O’Brien. Eu sei. Encontrei os amigos dela – fez um gesto para os garotos atrás de si – pareciam achar que ela precisaria de ajuda para voltar para a sala da Grifinória.
Medéia deu um riso nervoso e abriu mais a porta deixando que Hector, Mel e Andrew vissem Danna logo atrás da professora, segurando uma enorme pilha de livros.
– Você já pode ir, Danna – disse a professora com doçura excessiva e a menina saiu o mais rápido que pode com a quantidade de livros que segurava. Hector, Mel e Andrew correram para ajudá-la dividindo o peso.
Os dois professores entraram na sala e os quatro seguiram calados até chegarem ao saguão e dobrarem em direção às escadas.
– O que vocês vieram fazer aqui? – Perguntou Danna, finalmente.
– Ajudá-la com os livros – respondeu Andrew que ia ao lado dela.
– Eu não disse que não tinha nada para vocês investigarem – falou irritada. – Agora, se convençam de que eu estava na sala da professora, ok? E parem de me seguir.
Ela apressou o passo e seguiu em frente deixando os amigos um pouco para trás.
– Vocês engoliram isso? – Perguntou Andrew.
– Nem em sonho – respondeu Hector. – Achei Medéia muito nervosa. Vocês não?
– Se o problema fosse todo esse...
– Como assim, Mel? – Hector ergueu a sobrancelha.
– Olhem o cabelo da Danna. Está como o Rupert descreveu da outra vez.
Ela não mentia. À frente, os longos cabelos negros da menina caiam pesados sobre o uniforme, visivelmente molhados.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Uma semana.
Hermione se revirou na cama mais uma vez. Não havia um único lençol ou cobertor que estivesse no lugar àquela altura da noite. Ela virou a cabeça para conferir o relógio que ficava na mesa de cabeceira. Duas e vinte da madrugada. Tinha certeza que seria mais uma noite sem dormir. Ela bufou.
Uma semana.
Olhou para a porta do quarto. Sirius não acordara. Winky não viera chamá-la, como tinham combinado, caso o bebê acordasse. A elfa tinha insistido, com a ajuda de Ana, de que Hermione devia tentar dormir e que ficaria melhor se o menino estivesse na própria cama e não com ela, como tinha acontecido durante toda aquela semana.
Uma semana inteira.
Ela voltou a olhar para o teto, cansada de se mexer, cansada da cama, cansada de estar ali sem Rony. Tão cansada. Aquela semana tinha durado séculos. E além dela havia somente... o nada. Alicia fora cuidadosa, mas não tentara lhe dar falsas esperanças. Rony não ia voltar. A luz da lua projetava sombras móveis no teto branco e Hermione se pegou tentando ocupar a mente inteira com aquela visão. De repente ela odiava o fato de ter um cérebro. Pensar doía. Já fizera esse exercício uma vez: imaginar sua vida sem Rony.
Estava no sexto ano em Hogwarts. Na época, estava com tanta raiva dele que não era raro o dia em que pensava que seria capaz de matá-lo com as próprias mãos. Claro, não era um matar real, era só uma expressão, mas quando Gina a chamou dizendo que Rony tinha sido envenenado, ela se sentiu tão culpada, tão apavorada, tão sozinha. Foi quando viu sua vida sem Rony. E era isso. Uma seqüência de dias, nada mais. Pelo menos agora ela tinha Sirius, mas ia vê-lo crescer sozinha. Rony não ia ensiná-lo a jogar Quadribol. Não ia vê-lo formar um novo Trio Maravilha com Joanne e Lyan. Não ia...
Chega!
Uma nova onda de desespero a varreu. Já tinha aprendido a identificá-las. Mas desta vez ela não chorou. Estava mais era com vontade de gritar. Tinha uma revolta presa na garganta. De como o mundo era injusto e como cobrava tributos pesados e porque o dela tinha que ser justamente perder Rony. Puxou o travesseiro ao lado e enterrou o rosto nele para se impedir de urrar. O cheiro dele ainda estava ali. Respirou o mais fundo que pode. Quanto tempo ainda ia ficar ali o cheiro que ele tinha?
Tinha sido apenas uma semana.
E quando fosse um mês? Um ano? Quantos anos ela ia ter de agüentar sem ter Rony? Sem ouvi-lo implicar com os estudos dela. Sem os ataques idiotas de ciúmes. Sem os beijos cheios de fome que a faziam esquecer do resto do mundo.
Virou de bruços agarrada ao travesseiro. Estava se sentindo como se tivesse novamente 11 anos e estivesse andando sozinha pela escola. As outras crianças a achavam chata demais para andar com ela. As meninas só falavam bobagens que a irritavam. E Rony tinha dito que ela era um pesadelo. A lembrança, no entanto, a fez sorrir. Agarrou-se mais ao travesseiro acariciando cada memória. Afundando-se nelas.
Rony vencendo o jogo de xadrez, consolando-a por causa da execução do Bicuço, brigando com ela por causa do Victor. Ela riu. Brigando com ela. Namorando Lilá Brown. Deu um tapa no travesseiro como se ele fosse o próprio Rony. O primeiro beijo. Fechou os olhos. Havia esquecido em como gostava de lembrar daquilo. Ela quase tinha interrompido o beijo para gritar: Finalmente! Mas não interrompeu. E depois disso foram tantas coisas. O fim da guerra. O medo por Harry. O medo por Gina. Recomeçar quando tudo acabou.
Ela tinha tantas coisas que queria fazer quando terminara a escola. Aquele desejo incontrolável de provar que podia. Aquela vontade de agarrar o mundo com as mãos. Céus! Aquilo rendeu tantas outras brigas. Rony queria atenção, queria ficar junto o tempo todo. Dizia que ela ainda ia acabar com os dois porque se preocupava mais com a carreira do que com eles. Que ela devia era ficar com um cara que não a ficasse atrapalhando. Essa frase específica tinha saído numa briga particularmente terrível. Começara num jantar no apartamento de Harry e se estendera até o momento em que eles aparataram em frente à casa dos pais dela; e só piorou quando ela disse que no dia seguinte não poderiam ficar juntos porque ela tinha que estudar. Quando Rony desaparatou, Hermione achou realmente que tinha acabado. Mas estava tão furiosa, tão certa de que ele é que estava errado, que não pensou em ir atrás dele. Chorou a noite toda, mas não tinha a menor intenção de dar o braço a torcer.
Lembrou que no dia seguinte à briga, levantou mais cedo do que normalmente faria, vestiu um roupão sem tirar a roupa de dormir e sentou-se na mesa de estudo do seu quarto. Conjurou um “balde” de chá e pegou um livro imenso. Na verdade um dos maiores da sua biblioteca particular: Os Doze Usos do Sangue de Dragão. Um apanhado dos estudos feitos de Paracelso a Dumbledore. Não era um livro que contaria nos estudos para seu estágio no Ministério, mas tinha muitas informações e a distrairia. Se fosse estudar especificamente para o trabalho, ia ficar lembrando do motivo da briga com Rony e isso ela não queria. Queria era esquecer que ele existia.
Eram quase dez e meia da manhã, quando ouviu uma batida suave na porta e sua mãe pôs a cabeça para dentro.
– Bom dia, querida.
– ‘Dia, mãe – disse se voltando da escrivaninha que ficava em frente à janela do seu quarto.
A Sra. Granger abriu um pouco mais a porta e ela pode ver Rony parado do lado de fora. Estava com a mesma camisa azul do dia anterior e tinha os maxilares presos parecendo muito decidido. Hermione virou-se de costas para ele. Ótimo! Mais briga! Ou quem sabe ele veio terminar de vez. Fechou os olhos e respirou fundo enquanto ouvia a mãe dela dizer.
– Entre, querido. Conversem com calma, sim. Estarei lá embaixo. Juízo!
Hermione a ouviu sair e fechar a porta, mas não se virou. Os Granger haviam se tornado grandes amigos dos Weasley ao longo dos anos. Arthur Weasley trabalhara bastante para isso. Ele simplesmente adorava ouvir Philip Granger falar. Quase enlouquecera de contentamento quando o pai de Hermione o convidara para conhecer seu consultório dentário. Logo, o namoro dos filhos, rapidamente suspeitados pelas duas mães, começou a ser esperado. Rony caíra velozmente nas graças de Elisabeth Granger, com Philip demorou apenas o tempo de um viciar o outro no seu esporte favorito. Rony aprendera o que pudera sobre futebol e se tornara torcedor fanático do Arsennal, em compensação, o pai de Hermione agora “roubava” a parte de esportes do Profeta Diário que a garota assinava.
Rony atravessou o quarto e sentou na poltrona ao lado da escrivaninha dela, de costas para a janela. Hermione não soube quanto tempo ele ficou ali, quieto. Registrou apenas que tinha sido tempo o bastante para exasperá-la ainda mais.
– Afinal, o que você quer? – Perguntou quando a paciência esgotou.
– Estive pensando: – ele começou como se estivessem no meio da conversa – porque a gente briga tanto?
– Que tal porque você nunca entende o que eu quero?
Rony deu um longo suspiro, mas continuou sem encará-la.
– Eu cheguei à conclusão – frizou mostrando que preferia ignorar o que ela tinha dito – de que brigamos porque estamos fazendo as coisas do jeito errado.
– Ora, Rony, francamente! Eu...
– Você precisa estar sempre com seus livros para ser completamente feliz. Eu não sei se entendo, mas a verdade é que quando me apaixonei por você, eu já sabia disso. – Hermione sentiu o rosto arder, mas prendeu os lábios para não falar, até porque Rony continuava sem olhar para ela. – Não foi por isso que eu comecei a gostar de você. Provavelmente foi apesar disso. Mas... fazer o quê? Eu não posso escolher não querer ficar com você e também não posso escolher mudar você. Eu realmente não ia querer isso.
Era incrível como ele conseguia fazer a raiva dela diminuir com a mesma rapidez que a atiçava. Hermione cruzou os braços tentando segurar o sorriso e a vontade de abraçá-lo e dizer que a culpada era ela. Você é uma idiota apaixonada, Hermione Granger.
– Eu pensei a noite inteira nisso – ele prosseguiu – e acho que achei uma solução.
– Mesmo? E qual é?
– Temos de manter os seus livros e eu no mesmo lugar. Acho que assim você pode estudar quando quiser e eu posso ficar por perto e – ele fez uma careta marota – atrapalhá-la de vez em quando.
Hermione já não conseguia mais esconder que estava quase sorrindo, enquanto tentava adivinhar o que ele queria dizer.
– E o que você sugere, Rony?
Ele esticou o corpo para colocar a mão no bolso e tirou uma caixa pequena de papelão que colocou sobre a mesa. Finalmente olhando para ela e fazendo um sinal para que ela abrisse. Hermione notou que as suas mãos tremiam quando pegou a caixa. Pensara que a intenção de Rony fosse uma, mas a caixa não parecia condizer com a idéia dela. O coração acelerou mais que o normal quando ela retirou a tampa.
– Uma chave?
– É. Quero dizer, se você não gostar a gente troca. É pequenininho, mas eu achei que era bom porque o aluguel cabia nos nossos salários atuais de estagiários, mas assim que a gente se firmar no Ministério, o Gui disse que podemos tentar comprar algo maior. Ele já fez todo um planejamento para a gente, sabe? Para podermos ter as coisas. E também no casamento sempre os parentes ajudam um pouco e...
– Peraí, Rony! Isso... isso é um pedido de casamento?
– O que você achou que fosse?
Hermione abriu a boca sem conseguir acreditar.
– Isso lá é jeito de pedir alguém em casamento?
Rony a olhou meio sem jeito, mas depois deu de ombros e falou como quem resolvia ser franco.
– Escuta, Mione. Eu sei que vamos nos casar desde o dia em que te beijei pela primeira vez. Acho que tinha certeza mesmo antes. Eu sabia que se um dia a gente conseguisse ficar junto, que ia ser para sempre. Achei que você pensasse a mesma coisa.
– Eu... – ela levantou e começou a andar de um lado para o outro – é claro que eu também pensava isso, só que...
– Achei que iríamos nos firmar na carreira primeiro, mas... Qual é? Depois das nossas últimas brigas está bem claro que eu não consigo esperar tanto. Quero morar logo com você. Ficar perto o dia inteiro. Ouvir você brigar comigo porque eu acordei tarde, ou não estudei ou – ele sorriu – qualquer outra coisa pela qual você queira brigar comigo.
Hermione parou de andar e cruzou os braços olhando para ele.
– Você é inacreditável!
Ao invés dele se encolher com a falsa raiva na voz dela, Rony se estendeu na poltrona jogando as longas pernas para frente, com um sorriso vitorioso.
– É, esse sou eu.
Hermione tremia. Tinha vontade de bater nele e de gritar de felicidade. Como ele podia ser tão...
– Trasgo! – Rony riu da fúria dela. – Legume insensível! – Ele gargalhou e levantou indo em direção a ela. – Coração de rabanete!
– Essa é nova – comentou gargalhando mais e passando os braços em torno dela. Hermione lhe deu um tapa no peito e como ele continuou rindo ela bateu mais uma vez e outra até que ele pegou a mão dela e a prendeu atrás do corpo. – Deixe de besteira. Você está louca para que eu te beije e sele o compromisso.
– Se você me beijar, eu te mordo.
Mas ela não mordeu e Rony beijou-a à vontade pelo que lhe pareceram às horas mais felizes que Hermione já tinha vivido.
– Sobre o anel... – ele tinha deixado os lábios dela e estava beijando o seu pescoço.
– Que anel? – Ela já estava tonta.
– Você se importaria em esperar até a noite. Vai ser quando eu vou pedir você para o seu pai. Mamãe está preparando um jantar daqueles.
Hermione riu e o afastou com algum esforço.
– Me pedir para o meu pai?
– É, eu sei que é antiquado, mas a Dona Molly Weasley me mata se eu não fizer isso.
É claro que ela não se importava. Não se importava nem mesmo que não houvesse anel. Descobriu mais tarde que Rony tinha trazido a chave do apartamento, porque dera seu salário do mês para segurar o aluguel do lugar, e tivera de pedir dinheiro emprestado para Harry para comprar o bendito anel. O amigo, no entanto, exigira que aquele fosse seu presente de padrinho. Os dois discutiram aquilo por horas. Hermione não se importou. Ela ia casar com Rony, era isso que importava. Ia ter Rony para ela pelo resto da vida.
Uma dor grande no peito lhe lembrou que agora estava na cama vazia e sem Rony pelo resto da sua vida. Fechou os olhos novamente, lembrando do rosto dele naquela manhã fazendo o pedido de casamento mais tosco que ela já tivera notícia. Foi quando uma imagem rasgou sua mente. Ela sentou na cama com o coração desabalado. Buscou de novo a imagem e ela apareceu clara e firme. Como, por Mérlin, ela não tinha lembrado disso? Que droga de bruxa era ela?
Jogou as pernas para fora da cama e saiu do quarto numa correria desabalada, sem ao menos se preocupar em jogar o roupão por cima da camisola. Entrou na sala e acendeu a luz, indo direto para a sua estante de livros. Estava ali. Ela tinha certeza.
– Mione?
A voz cheia de sono de Ana a chamou. Só então, Hermione lembrou que Ana e Carlinhos estavam dormindo na sala, ainda cuidando dela. Esperando que a notícia final chegasse. Prontos para ampará-la. Mas ela nem pensou em se desculpar.
– Sou eu – disse começando a baixar os livros sem nenhum cuidado. Ela tinha volumes demais, estavam empilhados, sem ordem. – Ana chama o Carlinhos, agora. Eu preciso dele.
– Não precisa – resmungou o cunhado. – Eu já acordei. O que... Que bateção é essa, Hermione? Você...?
– Eu só preciso achar um... ACHEI! – Ela sorriu em triunfo. Correu para a mesa, abrindo o imenso volume de capa de couro vermelho, passando os dedos pelas páginas.
Carlinhos ajudou Ana a levantar e os dois chegaram perto dela absolutamente atônitos.
– AQUI!
A jovem ria como se fosse doida e provavelmente os cunhados estavam considerando seriamente a possibilidade.
– Hermione...?
Ela deu um puxão no braço de Carlinhos e apontou a página do livro para que ele lesse.
– Décimo primeiro uso: o sangue de Dragão em venenos de ação desconhecida, por Alvo Dumbledore. O que...? – Ele correu os olhos para baixo no texto, lendo aos saltos a frases que conseguia divisar completamente. Mas não era uma completa insanidade. Uma luz brilhou nos olhos do jovem. – Você acha?
– Nem que eu tenha que fazê-lo comer um dragão inteiro! – Assegurou Hermione. – Eu não vou perder o Rony, Carlinhos. Eu vou trazê-lo de volta, de qualquer jeito.
Ana tentava ler o trecho do livro e ao mesmo tempo em que lia começava a sorrir. Carlinhos também parecia estar com poucas dúvidas de que aquilo funcionaria.
– Eu vou agora para a reserva! – Anunciou confiante.
Hermione pulou no seu pescoço e lhe deu um beijo estalado na bochecha.
– Me encontre no Hospital.
– Certo.
– E eu? – Ana ainda lia o livro tentando entender tudo e se admirando com a capacidade de Hermione de traçar ligações mesmo numa situação daquelas.
– Ana, fica com o meu filho – pediu Hermione. – E avisa o resto da família, ok? O Harry e a Gina primeiro. Se eu falhar quero os dois por perto.
Ana tirou os olhos do livro.
– Você não vai falhar. Você é A Hermione. A gente confia em você.
O sorriso de Hermione ficou ainda maior e ela abraçou Ana com força. Cinco minutos depois ela tinha deixado o apartamento, já completamente vestida, e chegava ao saguão do St. Mungus com o livro vermelho debaixo do braço. A recepcionista, uma garota jovem com cara de sono, a interpelou antes que ela entrasse hospital adentro.
– Posso ajudá-la?
– Pode. Me chame imediatamente o curandeiro-chefe.
– A essa hora só temos o plantão, senhora.
– Não me interessa – falou com pressa. – Chame quem estiver aí. Qualquer um!
A menina retrocedeu parecendo assustada com o jeito dela, mas pegou a varinha e tocou o que parecia ser um painel com nomes de curandeiros.
– Alicia Weasley está aí? – Perguntou Hermione.
– Não, ela deixou o plantão hoje no fim da tarde – respondeu a menina. – A senhora não quer um chá? Parece nervosa.
– Eu quero um curandeiro!
– Certo – a menina pareceu mais assustada, sem saber como agir. – Já está vindo. Hã... Ali! – Apontou para uma mulher de cabelos escuros e óculos, um pouco mais velha que Hermione que vinha pelo corredor com as mãos no jaleco branco.
– Sra. Weasley – a mulher a reconheceu, embora Hermione não soubesse quem ela era – eu sou a curandeira Prentiss, a senhora precisa de alguma coisa?
– Preciso sim: salvar o meu marido!
A mulher pareceu se alarmar com o olhar fanático que Hermione demonstrava, mas lhe deu um calmo e penalizado sorriso profissional
– Sra. Weasley, eu sinto...
Mas Hermione não a deixou terminar. Abriu o livro e praticamente o esfregou na cara da curandeira.
– Eu não estou louca! É possível! Olhe! – O coração dela batia violentamente contra a garganta enquanto a curandeira, atônita, ajeitava os óculos e tentava ler o livro imenso que Hermione sacudia diante dos seus olhos.
Demorou uns segundos de agonia até que a curandeira pareceu compreender.
– Isso é muito ousado, Sra. Weasley. Eu diria completamente louco, mas... Morgana nos ilumine! Pode realmente dar certo. A senhora faz juz a fama da sua inteligência. Eu realmente não teria pensado numa coisa dessas, mas... vai dar certo. – Ela ergueu o rosto iluminado. – Tenho certeza! Eu só não sei se temos a quantidade necessária de sangue de dragão.
– Meu cunhado Carlinhos está providenciando.
As duas mulheres trocaram um olhar confiante com sorrisos enormes antes que a curandeira se virasse com eficiência para a recepcionista.
– Lizze, chame toda a equipe que estiver disponível. Também chame a Curandeira Weasley, ela vai querer estar presente. Chame todos os que você conseguir localizar. – Ela deu uma olhada para Hermione. – Diga-lhes que vamos salvar Ronald Weasley.
A recepcionista concordou pressurosa e se apressou em seguir as ordens.
– Obrigada! – Disse Hermione, comovida. – Muito obrigada.
XXXXXXXXXXXXXXX
(1) Ler O Paciente Inglês da Regina McGonagall, neste mesmo batsite!
N/A: Esse demorou!!! Credo! Achei que teria de terminar a tese primeiro, antes de conseguir entregar o capítulo para vocês. Mas, depois de me certificar que vou cumprir meu prazo acadêmico, não consegui ficar longe da fic. A verdade é que não escrever este capítulo estava me torturando. Eu também precisava realizá-lo (embora já soubesse o que ia escrever). Só com as letrinhas ali, na telinha do computador é que as coisas se tornam realmente verdade e não só a minha imaginação. Verdade para essa história, é claro.
Mas... UFA! Está aqui! Espero sinceramente que gostem. Foi um capítulo muito emocional para mim, e por isso difícil. Sei que não resolvi tudo e ainda tem muito mistério para ser resolvido, mas depois de 28 páginas de word – esse é o maior capítulo que já escrevi – achei que era melhor parar e respirar um pouco.
Aos que têm perguntado da tese e além de compreender a minha situação ainda me desejam carinhosamente boa sorte. Eu agradeço muito o apoio. =D Está quase no fim e a certeza de que vou entregar me alegra mais do que qualquer coisa. Mas também me lembra que terei um ano sem prazos doidos e vou poder ser mais freqüente na postagem e desenvolver os outros projetos que tenho para depois do Retorno. Aguardem que logo virão as novidades que anunciei lá na Comu das fics no Orkut. Aliás, hoje fui conferir e a comunidade chegou ao número de 111 membros. Muito, mas muito obrigada mesmo.
Para quem se interessar, eu mudei as fotos do álbum do meu perfil. Agora, ao invés dos cenários da fic, estão os atores que eu imagino no lugar das personagens. Não estão todos, mas estamos trabalhando para encontrar um rosto para cada um. Tenho que agradecer as meninas que tem ajudado lá na comu, buscando atores e não me deixando desistir de achar as caras perfeitas. Charlotte Ravenclaw, Lize Lupin, Grazi DSM, Íris, Priscila, Dircilene e Belzinha meu obrigada de coração por tudo o que vocês têm feito.
Vou tentar responder para todo mundo que comentou o 29, ok? Mas para não demorar demais, se alguém comentou o 28 (que eu não pude responder) e não comentou o 29, sinta-se agradecido e receba um grande beijo na bochecha.
Mimi Potter: Primeirona! Nossa. Ouvir que um leitor chorou mexe com um escritor. Eu, para confessar a verdade, quase chorei foi escrevendo algumas partes deste. Espero que tenha gostado. Bjs!
Alciara: Obrigada, querida. Obrigada pelos comentários nas outras fics e pela nota. Um beijo enorme!!
Belzinha: Deu para respirar agora, amiga? Nada como bruxos para salvar um dos montes de pedras favoritos da humanidade, hehe. A gente nem sabe porque, mas é. O resto dos seus comentários, espero que o capítulo tenha respondido. Obrigada pelo apoio sempre amiga. Tenho sentido a sua falta e... Ah FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!!!
Mayara Potter: Valeu pelos elogios e pelos reiterados pedidos de atualização, Mayara (vc realmente não me deixou esquecer, hehe) e desculpe a demora. Espero ter compensado. Bjs!
Gina W.Potter: Gina, seu comentário me emocionou mesmo. Muito, mas muito obrigada mesmo. Sua comparação me deixou muito lisonjeada e eu só posso agradecer o seu carinho comigo e com as minhas fics. Um beijo enorme, querida.
Lola Potter: Obrigada, Lola. Aí está o novo capítulo. Espero que tenha gostado desse também.
Morgana Black: Ainda não foi nesse que esclareci porque Stonehenge, mas aguarde que vem por aí. Brigadão, Morgana. Fico sempre feliz quando vc gosta.
Doug Potter: Obrigada Doug. Desculpe ter demorado tanto. E fic eterna? Huahuahuahuahuahua... Isso realmente não dá, mas vou escrever outras. Então, espero que goste dos novos projetos, ok? Beijão!
Charlotte Ravenclaw: Aí está Charlotinha. Desculpe a tortura de tantas semanas. Mas vc não acreditou mesmo, acreditou?
Lize Lupin: Ok dona da Comunidade Sally não mate o Rony!!. Aí está! Vc realmente achou que alguém como a Hermione entregaria os pontos? Enquanto há vida há esperança e... claro, amor. Obrigada pela campanha. Eu adorei! Vc notou o nome da recepcionista?
Rubeo: Obrigada pela leitura e pelos elogios, viu? Beijo grande.
Clown Reed: Rafa, querido! Vou ver se consigo ver se estou com o e.mail correto, ok? Fico feliz que tenha gostado dos dois capítulos tanto das cenas fofas, quanto da ação. Sei que ainda restam muitos mistérios, mas nos próximos capítulos finalmente as respostas vão começar a aparecer. Pode confiar. Beijão!
Márcia M: Obrigada pelo carinho e o incentivo sempre, Márcia. Vc é uma das pessoas que nunca deixam a gente esmorecer em qualquer projeto. Valeu mesmo, querida!
Anderson Potter: Obrigada, querido. Acho que respondi a sua pergunta, não é? =D
Kika: Calma, menina! Hihihi! Desculpe por tê-la deixado brava. Sei que ainda tem muita coisa a ser resolvida, mas como eu já disse, as respostas virão, ok? Espero que este a tenha deixado mais calma. Bjão!
Bruna Perazolo: Querida, não me chame de má, mas comentários emocionados como o seu são aplausos para qualquer escritor. Obrigada mesmo! Um beijo e espero que tenha gostado deste. P.S.: Nunca mais posto um trailer =(
Tati Pontas Potter: Céus! Minha primeira ameaça! Hihihi! Lembre-se de Azkaban e que sem mim a fic não termina hihi. Vou anotar o nome da sua fic e vou lá quando me livrar da tese, ok? Bjs.
Carline Potter: Minha linda, estou com saudades de vc. Apareça!!!! Espero que tenha gostado deste. Beijão. APAREÇA!!!
Trinity Skywalker: Eu tb sou uma romântica inveterada, amiga. Hehehe! O maridão agradeceu os seus parabéns. Fico feliz que vc tenha gostado tanto do capítulo. É muito bom ler os seus comentários e sua opinião é muito importante, vc sabe. Os mistérios ainda vão pairar mais um pouquinho, mas é agora que eles começam a ser resolvidos. Sim, quem não é fão do Carlinhos maravilhoso da Bel? Hehe. Versão adulta das Batalhas dos livros, nossa... eu não imaginaria tanto. Obrigada por todos os elogios, querida, vc sabe que eu os devolvo com a mesma sinceridade, não é? Um beijo enorme.
Bernardo: E aí? Estou livre das suas ameaças? Não vai mais virar gremista, hihi?
Posso respirar aliviada e parar de cuidar por sobre o meu ombro a chegada de um Bernardo furiosos pronto a me azarar? Tomara. Hehe! Beijão, amigo! Logo vou colocar a nossa fic na roda para o pessoal dizer o que acha, viu?
Lili N.: Nossa, Lili! De novo vou dizer, tanta emoção é sempre um aplauso para quem escreve. Mas eu espero ter compensado um pouco da tristeza nesse. Um beijo enorme pelo seu carinho. Beijo enorme.
Paty Black: Obrigada, maninha! Viu como não sou tão ruim, não ainda huahuahuahuahua!! Eu já atualizei, sua vez, hahahaha! *parece louca, não sabe que ela atualizou outro dia? Sei, mas quero mais, hihih* Beijos querida!
Priscila Louredo:Eu tinha te avisado, Pri! Mas viu? Toda a campanha e aí está, hehe. Obrigada por ficar constantemente no meu pé pedindo para eu escrever. Eu tb estava sofrendo hihi, mas eu queria muito fazer esse capítulo exatamente assim. Considero ele um presente para todos os que são R/H desde sempre (como eu, hehe). Ah vc notou o nome da curandeira e a descrição? O primeiro nome dela vai aparecer no próximo capítulo hihi. Eu não podia te deixar fora disso. Beijos, amore!
Mayana Sodré: Risadas e ameaças. Sério, esse me deixou com medo. Hihihi. Obrigada pelos elogios, Mayana. Espero ter compensado o que causei às suas unhas. Um beijo muito grande.
Pamela Black: Eu tb amo o “meu” Harry, hihi. Acho tudo isso que vc descreveu e mais. É exatamente assim que imagino o nosso menino crescido e é assim que ele vai ser *momento tenho certeza que a tia Jô não vai matar ele on*. Quanto aos bebês eles ainda estão na fase mama e dorme, hehe, mas vão crescer um pouquinho, vc vai ver. Obrigada por todo o carinho e os elogios, amiga. Beijos!
Aisha: Eu sei o quanto você o ama, querida! Eu tb. Mas a Mione ama mais e ela não ia entregar ele de mão beijada para ninguém, não é? Nem para a morte. Acredite! Aquele cérebro privilegiado jamais ia permitir isso. Um beijo grande.
Grazi DSM: Minha linda, que eu vou conhecer pessoalmente muito breve =D, acredite, não tenho pretensões de imitar a tia Jô, embora concorde com ela que a história muitas vezes toma rumos diferentes do que a gente imagina. Mas a história do Rony ainda não acabou, ok? Obrigada pela campanha e aguarde algumas surpresas no próximo capítulo, inclusive sobre a sua amada Danna, hehe.
Victor Farias: Olá autor da musiquinha da campanha: Não mate o Rony! Hihi! Obrigada por todos os elogios querido. Fiquei muito feliz que vc tenha gostado tanto desse e da forma como os personagens estão se desenvolvendo. Vc viu que chegamos a 111 membros na comunidade? E que tb, como vc e a Kika já mostraram, as fics estão cheias de comunidades. Muito legal!! Obrigada mesmo. Beijos!
Thais_me: Obrigada, Thais! Sim, o Rony tem um papel substancial, mas não é só piadinhas, hehe. Espere e verá!
Nathalia Maia: Desculpe pelo tamanho deste tb, Nathália, mas não tinha como ser menor. Além disso, acabo compensando a demora (eu acho, hehe). Concordo que não morrer ninguém numa guerra é muito falso. Mas a história ainda tem o que rolar. Beijos querida!
Daniella Granger: Outro bebê?? Nossa! É criança que não acaba mais nessa fic, hihi. Mas, bem, agora tem chance, né? Bjão querida!
Ana Carol Murta: Brigadão, Ana. Fico feliz que a recomendação da Belzinha tenha valido à pena. Um beijo grande e obrigada por comentar nas outras fics tb.
Geia: Eu sabia que essa proteção não ia durar, hahaha. E ainda virou chantagem, hihi. Obrigada pela sua amizade sem tamanho, Anam Cara! Te adoro!
Maira Daróz: Obrigada pelos elogios Maira. Não vou responder seu comentário sobre o futuro da fic, por motivos óbvios, hehe. Mas fico contente que vc tenha voltado a lê-la e tenha gostado dos pequeninos. Um beijo!
Nany Potter: Valeu, querida! Obrigada pelos elogios, pelo carinho e pela campanha, hehe. Vc é realmente muito fofa. Um beijo enorme!
Binha Wright: Sim, precisamos, hehe! O Rony não é dispensável! Obrigada querida, beijos!
Luisa Lima: Mais ameaças! Nossa! Mas tb vc me fez um elogio sem tamanho quando falou em querer comprar um livro meu. Eu fiquei realmente lisonjeada e suas palavras soaram também como um grande incentivo. Se um dia eu realizar esse sonho, vou cobrar a sua leitura, viu? Um beijo enorme, querida!
Ana Karynne: Valeu, Ana. Espero que esse tenha te deixado mais felizinha. Bjs.
Feba: Valeu, garoto. Sim, não teve o jeito dos anteriores. Espero que tenha gostado deste. Bjs.
Paula Potter: Valeu, Paula. Querida, anotei o nome das suas fics, viu? Assim, que me livrar da tese, eu passo lá. Um beijão!
Marcio (Rabino): Obrigada, Marcio. Bem, quanto ao Norberto, se me lembro, na fic da Bel, ele apenas foi o dragão que sugeriu a possibilidade de treinamento. Para o uso que tem sido feito agora dos bichinhos, os tratadores tem preferido as raças mais dóceis (o que não inclui os noruegueses) e dragões que são criados desde o ovo exatamente para essa função. Galton é o favorito do Carlinhos. Eles têm um entendimento acima da média entre dragões e cavaleiros. Quanto aos Segredos, até para manter a identidade das fics, tenho preferido não referi-los. Obrigada pela review e pelo octocentésimo UAUUU comentário!
Srtáh Míííhh: Eu ri muito com o – ele é pai de família, hihi. Querida, a fic vai ter uns 35 capítulo. É minha previsão, por enquanto, a não ser que eles comecem a ficar monstruosidades como este aí. Aí devo dividir, ok? Beijos!
Molly: Obrigada pelo comentário, Molly. Pareceu meio chocado, hihi, mas ainda assim obrigada pelo elogios. Espero que tenha curtido este. Bjs.
Igor_potter: Seu sem comentário foi o mais elogioso que já recebi. Brigadão!!
Lady Eldar: Milady! Vc por aqui!! *sorrisão* Obrigada de monte querida. Fiquei muito feliz que vc tenha vindo ler a fic e que tenha gostado como disse. Sei que tem algumas coisas que ficam obscuras, por causa da ligação com a fic da Bel, mas não são coisas fundamentais para esta fic e, bem, ler as fics da Bel realmente vale a pena. Tentei explicar um pouquinho nesse, espero ter ajudado a clarear. O mesmo vale para a festa do anúncio da gravidez dela. Acho que fui tão cuidadosa em não atrapalhar a festa que a Bel fez na fic dela que me esqueci de fazer uma festinha aqui também, sorry. Valeu muito pelos elogios, viu? Eu tb adoro o que vc escreve. Beijão!
Dirka Granger: Obrigada pela leitura e pela euforia =D é sempre bom ler isso num comentário, pq é o que a gente quer causar numa cena de ação. Beijo grande!
Natinha Weasley: Obrigada pelo apoio na tese, querida. De resto, espero que a curiosidade tenha sido satisfeita, mas de um jeito bom, hehe. Bjs.
*Cris potter*: Valeu, querida! Espero que o capítulo tenha agradado. Bjão!
Leitor(1): Sério! O coment foi pequeno, mas deu medo.
Lica Martins: Felizmente consegui terminar antes do que eu esperava, Lica. Obrigada pela força e pela compreensão. Um beijo grande.
Maria Lucinda Carvalho de Oliveira: Adorei seus comentários! É muito bom saber que se consegue capturar um leitor assim. Eu fiquei UAU lisonjeada com a sua leitura. Um beijo e obrigada mesmo!
Georgea: Valeu querida! Respondo melhor no FFnet.
Vinicius Abouhatem: Nossa, vc e a Lady Eldar são os recordistas de leitura, hehe. Espero não ter demorado tanto assim e compensado a demora. Beijão!
Lívia Cavalheiro: Querida, obrigada, mesmo. Mas pleaseeee, sem ameaças, ok? Hihi. Espero que tenha gostado. Beijão!
Expert 2001: Ok, eu espero que o capítulo tenha compensado, mesmo! Quanto a terror como classificação, bem, eu ainda acho que é uma aventura com sustos, hehe.
Bem pessoas, obrigada pelo carinho, leitura, comentários, votos, acessos, tudo!!
Um beijo enorme e até o próximo!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!