Um Longo Domingo
A ruiva continuava sentada na cama observando Hermione com atenção.
– Eu concordo com você, Gina – falou finalmente – acho que... você tem que saber o que aconteceu.
Hermione andava pelo quarto esfregando as mãos nervosamente. Rony e Harry ficariam furiosos com ela. Mas era hora de fazer o que era certo e não o que era fácil. Mentir não era mais uma opção.
– Ótimo – atalhou a outra – comece.
– Mas... eu não acho que deva contar a você sozinha, os meninos tinham que estar aqui também – e acrescentou rapidamente assim que Gina bufou – acho que assim você vai ter uma idéia mais completa. O que eu posso contar é muito parcial. Acho que... seria bom se pudéssemos saber o que aconteceu de todos os ângulos.
Gina relaxou um pouco os ombros.
– Você admite, então, que tem mais do que me contaram?
Hermione confirmou com a cabeça.
– E eu posso saber de quem foi a brilhante idéia de me esconder o que aconteceu? – A cunhada chegou a abrir a boca, mas Gina cortou soltando faíscas pelos olhos – Nem precisa dizer. A super-proteção do Harry, às vezes, me dá engulhos.
– Gina, não faz assim. Não foi por mal.
– Nem vem, Mione, você sempre o defende. Ele já está bem grandinho, não precisa que você fique passando a mão na cabeça dele.
– Eu não estou passando a mão na cabeça de ninguém – retorquiu Hermione no mesmo tom. – Só acho que está sendo muito apressada em julgá-lo, tá bom! Dá para pensar um pouco no que ele sofreu?
– A gente não faz outra coisa, não é? – Rebateu sarcástica – Pensar no quanto Harry Potter sofreu e ficar dando desculpas pelas besteiras que ele faz.
Dessa vez Hermione perdeu as estribeiras.
– Eu vou descontar o que você disse por causa dos seus hormônios em polvorosa, Ginevra, mas eu não acredito que pense isso dele.
A cunhada murchou. Os olhos cheios de lágrimas.
– Ahhh, Mione...desculpa...é que eu... eu gostei dele a minha vida inteira. E a simples idéia de que depois de tudo, ele ainda não partilhe as coisas comigo, me arrebenta.
– Eu entendo, Gi... – aproximou-se da cama, sentando ao lado dela e acariciando seu cabelo – mas ele só quer te proteger. Sei que isso pode ser irritante, mas não pode culpá-lo por isso. Não é que ele não te ache capaz. Só o Rony e eu sabemos como custou para ele ficar longe de você durante quase um ano inteiro depois da morte de Dumbledore.
Gina chorava abertamente agora.
– Sei o que custou para você também, Gina. Aquele foi um ano difícil para todo mundo. Talvez o mais difícil de nossas vidas. Por isso mesmo você não pode culpar o Harry por querer deixar tudo para trás. Por querer viver sem sombras. Imagina se ele tivesse pirado e simplesmente sumido depois daquilo tudo, se afastado da gente, se entregado a culpas e sei lá que outras doidices da cabeça dele. Ele esteve bem perto disso, sabe? – Gina cobriu a boca com as mãos com uma expressão angustiada. – Podia ter acontecido, Gi. E ainda assim, a gente não poderia culpá-lo.
A ruiva baixou a cabeça. Hermione conseguia desvendar os sentimentos dos outros como poucos e tinha uma habilidade especial quando se tratava de Harry. A amizade de tantos anos fazia com que soubesse todos os defeitos e qualidades do amigo, muito embora, e Hermione admitia, isso sempre a fizera dar descontos nas vezes em que o garoto metia os pés pelas mãos, como se ele fosse seu irmãozinho mais novo. Com Gina também era assim. Ela era sua melhor amiga e Hermione a conhecia melhor que qualquer um dos irmãos dela. Por isso mesmo, ela sabia quando tinha pegado pesado. Mostrar para Gina que toda a vida que ela tivera nos últimos nove anos podia não ter acontecido foi uma dessas vezes. Passou o braço sobre os ombros da amiga.
– Eu prometo para você que vou ajudá-la a convencer os garotos a contar tudinho, ok? E vamos dar um jeito de entender exatamente o que aconteceu.
– Promete mesmo?
– Claro. Afinal, de que servem livros e inteligência, hein?
Gina voltou a sorrir e Hermione a acompanhou. Ainda estavam abraçadas quando ouviram os passos e a voz esganiçada e esbaforida de Dobby.
– Senhora Gina – o elfo guinchava pelo corredor.
– O que foi Dobby? – As duas se sobressaltaram juntas.
A criaturinha chegou escorregando à porta e, mesmo parecendo aflito, fez uma enorme reverencia para as duas jovens.
– Doce senhora do Dobby e bondosa amiga de Harry Potter, – Gina gelou quando percebeu que o elfo parecia à beira das lágrimas – o jovem Weezzy... na lareira – ele estava sem fôlego.
– RONY! Pelos deuses, o que houve Dobby? – Hermione quase saltou sobre o elfo.
– Eles estão no St. Mungus... Meu senhor Harry Potter está machucado – guinchou aos soluços.
Gina saltou e pegou uma capa no armário saindo do quarto como um foguete, seguida por Hermione e o elfo enxugando as lágrimas na gola da camiseta que usava.
– Dobby, tome conta do Sirius! – Gina consultou a cunhada rapidamente com os olhos e ela concordou com a cabeça enquanto pegava a própria capa. – Mandamos notícias.
Já estava com a mão na maçaneta, quando Hermione a deteve.
– Gina, não podemos aparatar... O bebê.
– Droga, Mione. O St. Mungus não tem Rede Flu – bateu o pé como uma criança quando viu a varinha na mão da amiga – eu vou morrer numa viagem de Noitibus – choramingou.
– Não vai, não. É a forma mais rápida nas atuais condições. Se passar mal, vai estar no lugar certo. Vamos!
“Ah, a insuperável (e insuportável) lógica da Mione”, pensou Gina se deixando levar para fora da casa.
A verdade é quando chegaram ao St. Mungus as duas estavam enjoadas e nada tinha a ver com a gravidez de ninguém. Só que a preocupação era maior. Hermione chegou a pensar, enquanto andavam apressadas pelos corredores, que passara boa parte de sua vida numa ala hospitalar. Quase sempre com um deles quatro sendo remendado, embora Harry fosse, de longe, o campeão.
A sala de espera do 4º andar estava lotada. Muitos Aurores haviam sido feridos e também haviam ocorrido mortes. As duas levaram alguns segundos para localizar o grupo próximo a uma das janelas. Lupin estava escorado no batente. Junto a ele, Shacklebolt ocupava quase uma parede. Sentados em um banco ao lado deles, o Sr. e a Sr.ª Weasley. Carlinhos também estava lá. As mãos do rapaz afundadas nos cabelos muito vermelhos. Molly foi a primeira a vê-las indo abraçá-las e enchê-las de beijos maternos. Arthur a seguiu.
– Cadê eles, papai? – Gina mal podia controlar a ansiedade.
– Meu bem, acalme-se. Os dois estão lá dentro. O Harry foi ferido e o Rony está com ele
– respondeu carinhosamente o Sr. Weasley.
– O Rony se feriu, Sr. Weasley? – Agora era a vez de Hermione.
– Não, querida. Ele está inteiro – tranqüilizou a Sr.ª Weasley.
Gina percebeu que o irmão, embora a tivesse visto não a tinha vindo cumprimentar e que Remo estava muito pálido. Hermione notou a mesma coisa.
– Onde estão a Ana e a Tonks? – Havia uma nota de pânico em sua voz novamente.
– As duas também se feriram, mas parece que estão bem – assegurou o Sr. Weasley. –
Parece que Harry foi um pouco mais grave porque perdeu muito sangue.
Gina gemeu baixinho e a mãe a levou até o banco, fuzilando o marido com os olhos. Ora, se era caso de dar tantos detalhes para a menina. Carlinhos saiu um pouco do torpor e passou o braço forte sobre os ombros a irmã, enquanto Hermione cumprimentava Lupin e Shacklebolt. A Sr.ª Weasley tentou distrair Gina explicando porque cada um dos irmãos ausentes não estava ali, que queriam vir, mas não podiam superlotar o hospital com todos os Weasley, completou sorrindo.
Ficaram ali esperando por mais de hora, sem que ninguém viesse lhes dar notícias. Carlinhos já havia levantado três vezes ameaçando entrar lá dentro, mas fora contido pelo pai e uma das vezes por Shacklebolt, o único com músculos suficientes para fazer o tratador de dragões permanecer sentado. Em mais de uma ocasião, no entanto, um dos curandeiros que saiu de dentro da enfermaria fez sinal para Quim. E em cada uma dessas vezes, uma das famílias que estava ali foi avisada pelo chefe dos Aurores que havia perdido um de seus membros. Os parentes dos feridos já começavam a achar que a falta de notícias significava que eles estavam resistindo.
O sol já ia alto no céu, quando um Rony abatido e cansado atravessou as portas da enfermaria. Cumprimentou algumas das famílias dos colegas que estavam ali antes de ser sufocado por dois braços em seu pescoço e a visão oculta por uma massa de cabelos castanhos.
– Calma, Mione. Tá tudo bem – devolveu o abraço com saudade – mas eu ainda preciso respirar.
Hermione se afastou para xingá-lo pela falta de notícias, mas bastou trocar um olhar com ele para saber que fora uma noite bem difícil para o ruivo. Não era hora para briguinhas. Ela lhe deu um sorriso compreensivo e um beijo curto e suave. Foi um Rony agradecido que caminhou abraçado com ela até a família.
– Estão todos fora de perigo, pessoal! – Ninguém disfarçou o suspiro de alívio.
– O que foi que aconteceu, Rony? – Remo finalmente se manifestava.
– É uma história bem longa... – ele desconversou, estava muito cansado para contar – mas em resumo: a Tonks bateu com a cabeça e teve uma pequena concussão, deve acordar daqui a pouco; o Harry perdeu muito sangue e vai ficar fora do ar um pouco mais de tempo; e a Ana... bem, teve que enfrentar uma maldição Cruciatos, mas já está acordada e reclamando que odeia quando isso acontece. – Carlinhos deu um sorriso nervoso ao ouvir o irmão mais novo. – Você pode entrar lá, cara – completou ante a ansiedade do outro.
Não foi preciso dizer duas vezes, Carlinhos praticamente correu porta adentro da enfermaria. Rony revirou os olhos.
– Homens apaixonados são patéticos... ai, Mione... tenha piedade! – As costelas ficaram latejando do bem aplicado cutucão que ela lhe dera.
– Quando eu vou poder ver o Harry, Ron?
– Logo, Gi – falou massageando o lado dolorido – mas eu garanto que ele está bem. Não foi dessa vez, ainda, que acabaram com ele.
Engraçado como esse “consolo” parecera melhor na cabeça dele. A palidez da irmã e o olhar de Hermione o fizeram dar dois passos para longe da mulher. Mais um cutucão do nível do anterior e quem ia ficar internado era ele.
Pouco mais de meia hora depois Remo e Gina puderam finalmente entrar na enfermaria, seguidos por Rony, Hermione e o Sr. e a Sr.ª Weasley. Quase no fim da sala comprida, cheia de camas, estavam Tonks, Ana e Harry. Remo se adiantou para a esposa que acabara de acordar, ainda fraca, os cabelos num castanho natural se derramando sobre o travesseiro. Mas, ela já sorria. Os Weasley cercaram Carlinhos e Ana, que parecia estar muito bem, embora preocupada com os dois amigos. Gina deu um beijo rápido em cada uma das amigas e sentou-se ao lado da cama de Harry envolvendo as mãos dele nas suas.
Ficaram ali o resto do dia, mas ele não acordou. No fim da manhã, Hermione arrastou Rony para casa e, embora ele quisesse ficar, seu cansaço era óbvio. Além disso, argumentou tinham que ver Sirius e ele finalmente concordou. A jovem e a Sr.ª Weasley tentaram que Gina fosse também, mas foi impossível. Há muito custo conseguiram que os dois concordassem que Gina ficaria até o fim da tarde com os pais e que Rony viria passar a noite com Harry.
Ana teve alta no fim do dia e, por causa do grande número de pacientes, Tonks também pode ir para casa mais cedo, com a promessa de cumprir estrito repouso e tomar todas as poções prescritas. Remo mandou uma coruja para Hogwarts para avisar Hector que ela estava bem e o garoto enviou três corujas seguidas pedindo para vir passar o fim de semana em casa. Os dois ficaram todo sorrisos com o carinho do menino. Na verdade, já tinham dado a permissão na primeira mensagem. Hector era um presente, especialmente na vida de Lupin. Fora muito difícil para o lobisomem aceitar o amor de Tonks, mas ele teria achado, na época em que tudo ocorreu, a idéia de ter uma família uma completa insanidade. Não marcaria ninguém com a sua maldição. Mas, então, numa noite de Natal há quase nove anos, ele e Tonks salvaram Hector da morte e antes que pudessem evitar o garoto se tornou uma parte importante dos dois. Quando a guerra acabou, os três não podiam mais ser separados. O menino ainda mantinha o nome dos pais, assassinados por Comensais, mas pedira para acrescentar o dos pais adotivos quando entrara para a escola. Tinha orgulho deles e queria ostentar isso.
Harry, porém, só acordou na manhã do dia seguinte, quando o sol nascia. Rony estava na cadeira ao lado e correu para chamar o curandeiro de plantão, um rapaz sério e empertigado com cara de primeiro da turma.
– Como se sente Sr.Potter? – Perguntou o bruxo, tomando-lhe o pulso.
– Ótimo. Só dói quando eu respiro – o jovem curandeiro não pareceu perceber a ironia dele. Disse que lhe daria uma outra poção e que com mais um bom período de sono, ele logo estaria recuperado.
Rony se inclinou sobre o amigo assim que o rapaz se afastou.
– Como estão os outros, Ron?
– Bem e em casa – falou em voz baixa.
– Quanto tempo eu dormi?
– Um dia. Ãhh... Harry, sei que não é o momento, mas você está lembrado do que me disse antes de apagar?
Como ele poderia esquecer? Fez um movimento breve de cabeça.
– Depois Ron, depois...
– Certo. Só quero te lembrar que já foi o tempo em que você me dizia isso e eu esperava até que VOCÊ retornasse ao assunto.
Harry torceu a boca tentando sorrir e concordou.
– Só para confirmar... – ele se afastou para que o curandeiro ministrasse a poção.
Quando Gina chegou com Hermione, alguns minutos mais tarde, Harry já tinha voltado a dormir. Passou os outros dias acordado. Gina, ao seu lado o dia inteiro, e Rony à noite. Os amigos, sogros e cunhados lotavam a volta da sua cama sempre que as visitas eram permitidas. Apesar de todo o clima de hospital, Harry não pode negar que até mesmo se divertiu, principalmente porque os gêmeos resolveram implicar com o jovem curandeiro que o tratava. Com os rostos mais inocentes do mundo, os dois tinham presenteado o rapaz com uma caixa de cremes canário e um enorme saco de balinhas Cutuque. Os primeiros foram engraçados, mas vacinaram o garoto. Já as balinhas, bem mais sutis, renderam a Rony e Harry momentos hilários, pois toda vez que se colocava uma dessas balas na boca, se ficava com a sensação de uma mão invisível o cutucava pelas costas sem parar.
Mas as visitas que Harry esperava com mais felicidade eram as de Sirius, ainda mais que o menino aprendera a chamá-lo, de forma muito enrolada, de Dindo. Gui também apareceu com Fleur e Chantal algumas vezes. Numa destas, até mesmo Gabriele, irmã de Fleur, apareceu. Se mostrou tão preocupada com Harry que ele achou que Gina acabaria tendo um ataque de ciúmes. Mas, ao invés disso, ela tinha sorrido candidamente e parecendo ainda mais inocente que os gêmeos quando aprontavam, muito gentilmente, ofereceu para a outra um saco das famigeradas balinhas. Harry não pode deixar de notar que ela claramente fizera a garota pensar que as balas eram absolutamente comuns.
Essa rotina durou mais três dias, até que ele teve alta. Rony não retornou ao assunto. Quis dar um tempo para o amigo. Hermione lhe contara da conversa com Gina e era possível ver as nuvens de tempestade se formando no horizonte. Se Rony não concordasse, mesmo que quase à força com os argumentos da esposa, teria dito para Harry se recuperar mais lentamente e continuar no hospital o maior tempo possível. O pior é que as duas garotas e a eminente revelação que o cunhado guardava eram só um pedaço do problema. As nuvens escuras também estavam se formando no trabalho, e ele não queria nem ver a hora em que Harry soubesse.
Na sexta à tarde, Harry estava plenamente recuperado, pelo menos fisicamente. Seu humor só não estava mais sorumbático por causa de Gina. A garota parecia empenhada em mimá-lo de todas as formas e ele estava aproveitando o máximo todos os beijos e atenções. Não sabia que as palavras de Hermione vinham atormentando a ruiva desde antes de ela ir encontrá-lo no hospital. A idéia de que ele havia pensado em ir embora lhe gelava as entranhas toda vez que vinha a sua cabeça. As duas haviam concordado que esperariam ele estar melhor para tocar no assunto. Mas a verdade é que o projeto de fazer isso após um final de semana tranqüilo começou a desandar no domingo de manhã.
Quim viera fazer uma visita, mas parecia estar bastante constrangido. Rony, que chegara logo depois com Hermione e Sirius para almoçarem juntos, também estavam mais sérios e calados que o normal. Ligando os pontos, Harry não ficou muito surpreso quando o chefe o informou que haveria uma investigação no Ministério sobre a fuga dos Comensais e que o nome dele havia sido citado.
– Não que alguém saiba como aquelas paredes caíram – olhou de lado para Harry, que estava sentado na guarda da poltrona ocupada por Gina – e provavelmente vão concluir que foram eles os autores, mas ainda assim...
Harry baixou os olhos fingindo brincar com os cabelos da esposa, mas a verdade é que estava cheio de culpa e tinha mesmo vergonha de encarar o chefe. Lucius o tinha provocado, sabia e esperava que ele perdesse o controle. E ele perdera. Foi uma armadilha e o grande Harry Potter, pensou com amargura, agira como se de novo fosse um garoto de quinze anos. Como se não tivesse lidado durante anos com a principal habilidade dos Malfoy: insultá-lo e ameaçar as pessoas que ele amava. Se Lucius estava solto, e o erro tinha sido dele e só dele. Harry não culparia ninguém se quisessem demiti-lo. Obviamente, seus amigos não pensavam assim. Rony tinha se levantado do sofá e estava fazendo o maior escarcéu perguntando como Quim permitia uma coisa dessas depois de eles terem arriscado a vida e quase morrido naquela prisão fedorenta. Gritou e esbravejou tanto que o chefe acabou também perdendo a paciência.
– Seu amigo não é nenhuma unanimidade lá dentro, Weasley! Muitos têm medo dele e até desconfiam – Rony o olhava incrédulo. – Sei que do ponto de vista de vocês parece loucura, depois de tudo o que passaram e que Harry passou, mas a maioria das pessoas sabe muito pouca coisa. Tiveram que garimpar informações entre as bobagens que gente como Rita Skeeter escreveu e que saíram no Profeta ou no tresloucado do Pasquim. Não é exatamente fora do normal o que está acontecendo.
Hermione interveio com a voz calma, mas claramente desagradada.
– Sim, sim, perfeitamente normal... Quem foi mesmo que lançou dúvidas sobre a conduta do Harry na ação? – Para um homem mais velho que eles, altíssimo e em pé, Shacklebolt pareceu muito jovem e pequeno naquele momento. – Dolores Umbridge, se não me engano, não foi? – Prosseguiu a jovem com desprezo.
– Ahh, eu não acredito!! Aquela mulher pervertida e maligna e... – Harry teve que conter Gina pelos ombros – ela é monstruosa. Como alguém pode dar ouvidos às atrocidades que ela diz? Ela é que devia estar em Azkaban – a ruiva saltava na cadeira de tão brava.
– Gi... acalme-se, o bebê... – murmurou Harry, envolvendo-a em seus braços.
– É querida...fique calma – falou calmamente a cunhada –. Ela vai ter que passar pela Corte dos Bruxos antes de conseguir atingir o Harry e isso significa que ela vai ter que passar por mim. – Hermione ergueu o queixo com um tipo de arrogância que ela só tinha quando achava que estava absolutamente certa.
Rony cruzou os braços, olhando da esposa para Quim, com o mais evidente orgulho. Harry lhe lançou um olhar agradecido, embora não achasse que merecia tanto empenho da amiga. Resolveu por isso que iria facilitar as coisas para todos, mas, no momento, principalmente para ele mesmo.
– Quim, será que... bem, com toda essa confusão não creio que alguém se oporia ou sentiria a minha falta...
– Nem ouse me falar em demissão, Potter – o chefe praticamente ralhou com ele.
– Não, não pensei nisso – na verdade pensara sim, mas achou que seria covardia no fim – eu poderia tirar uma licença? Quero trabalhar nas investigações... humm... você sabe, com mais afinco – lançou um olhar breve para Gina. – Eu poderia me dedicar mais e usar melhor os membros da Ordem. E você, Ana, Tonks e Rony podem continuar lá dentro e tentando recapturar Malfoy e os outros.
– Se você sair, eu também saio. Vai precisar de ajuda – afirmou Rony taxativo.
– Cara, não tem necessidade...
– Eu não pedi sua permissão, Harry – o ruivo atalhou com voz calma, mas definitiva. Era impressionante como ele havia aprendido a se impor nesse tipo de situação. Não que ele jamais tivesse aceitado ficar para trás ou ser excluído do que fosse. Mas Rony, com o tempo e também com o seu bom desempenho como Auror, se tornara mais seguro. E isso, mais Hermione, o fizeram ver o quanto ele era imprescindível quando o melhor amigo se dispunha a entrar em encrencas.
Quim encarou-os e assentiu, talvez fosse o melhor mesmo. Além do mais, ele tinha percebido, pelo que os dois já lhe haviam contado, que provavelmente aquela seria uma corrida contra o tempo, caso os últimos acontecimentos estivessem mesmo relacionados com a gravidez de Gina. Despediu-se a seguir, embora todos o tivessem convidado para ficar e almoçar. O gigante agradeceu.
– Desculpe, Gina – falou para a dona da casa – mas minha mulher está me esperando. Com os meninos em Hogwarts, ela fica muito sozinha e meu fim de semana é para ela – informou com um breve sorriso.
Talvez, se ele tivesse ficado os quatro teriam se esforçado para que o almoço tivesse sido um pouco mais animado. Dobby, que era em geral, todo bajulação para seus amados senhores e os amigos, reclamou, com razão, da comida que ficara nos pratos. Só o de Rony estava limpo e ainda sim ele comera bem menos que o seu normal.
A tarde estava clara e morna e os quatro resolveram sentar-se sob as árvores do jardim atrás da casa. Sirius brincava com Harry, gargalhando enquanto tentava enfiar na boca do padrinho todos os brinquedos que estavam à sua volta. O jovem estava realmente encantado com a fuzarca do menino, mas a verdade é que estava evitando a todo custo encarar os outros. Especialmente Rony, que parecia cobrar a cada segundo o fato dele ainda não ter revelado quem achava ser o Comensal que oficiara os terríveis rituais. Seu estômago se contraiu. De novo, ele estava tentando fazer de conta que a vida podia ser normal enquanto havia malucos soltos e gente inocente correndo perigo. Crianças. Como Sirius. Como ele mesmo quando seus pais foram mortos. Uma sensação gigante de frustração se apoderou dele. Tinha vontade de gritar. Tudo estava tão perfeito, tão bom. Não era justo ter que mergulhar de novo naquele pesadelo... não era justo!!
Um estouro avisou que uma outra janela tinha arrebentado. Sirius começou a chorar de susto e Hermione o pegou no colo para acalmá-lo. Rony e Gina olhavam para Harry surpresos. “Maravilha, para completar ainda virei uma bomba relógio mágica, sem nenhum controle”.
– Agora, chega – disse Rony imperativo levantando-se do chão – vamos agir como adultos e acabar com isso de uma vez.
As duas mulheres franziram a testa.
– Dobby – chamou o ruivo ao mesmo tempo em que com um movimento de varinha fazia o vidro da janela retornar intacto para o seu lugar. O elfo apareceu num estalo e fez uma mesura olhando para a janela recolocada e baixando as orelhas. Dobby sabia reconhecer problemas e era evidente que seus amados senhores pareciam tê-los em quantidade. – Dobby, você pode tomar contado Sirius para a gente? – O menino já parara de chorar.
– Dobby cuida sim. Dobby toma conta do pequeno mestre Sirius. O afilhado do meu senhor Harry Potter gosta muito de Dobby. – Correu feliz para pegar o menino do colo da Hermione. – Se os senhores precisarem de Dobby é só chamar. – E sumiu pela porta dos fundos da casa.
Rony e Hermione voltaram a sentar-se ao lado dos amigos e o rapaz continuou com o mesmo tom decidido.
– Bom, vamos começar do começo – Harry ergueu os olhos da grama encarando o cunhado. – Você deve imaginar que eu já falei com as garotas – continuou sem dar atenção à censura do outro – então eu vou simplesmente te repetir a pergunta que te fiz lá em Azkaban, antes que você apagasse. Quem é? Quem você acha que é o tal Comensal que a gente deixou escapar e que você acha que é o oficiante que aparece nos sonhos da Gina? Tem alguma coisa a ver com o que o Malfoy disse?
Ron tinha razão. Era hora de encarar aquilo tudo de frente, no entanto, quando sua voz saiu estava cheia de derrota.
– É... tem sim... Malfoy disse que Narcisa estava morta.
– E daí? Ela pode estar, não é? Nunca foi pega. A gente sempre achou que ela tinha fugido com o Draco, mas ela pode ter morrido.
– Acontece, Mione, que o Malfoy me acusou de tê-la matado.
Hermione ficou alguns segundos em silêncio, mas continuou.
– Ora, Harry, isso não faz sentido – bufou impaciente – primeiro, você nunca quis matar ninguém, a não ser Voldemort (e por causa da profecia); segundo, além dele, você somente poderia ser culpado diretamente pela morte de...
– Bellatrix Lestrage.
– Isso é impossível! – gritou Hermione esganissada. Rony e Gina negavam com a cabeça como se ele estivesse louco. – Ela morreu. Nós vimos. Estávamos lá – Harry a olhava cansado. – De onde você tirou essa idéia? – Terminou, finalmente, ofegante.
– Vimos? É...acho que nós vimos – afirmou com ironia. – Lembro que ela e outros dois maníacos haviam pegado o Neville naquela batalha em Hogsmead. Estavam torturando ele. Eu estuporei um e o Mood, que tinha vindo atrás de mim, saiu duelando com o outro. Então, eu acabei jogando ela quase dez metros para baixo naquela ribanceira que levava para a caverna em que o Sirius se escondia. Prendemos vários Comensais naquele dia. E Bellatrix foi um deles. Estava bem ferida. Um braço e duas pernas quebradas em vários lugares. O Draco também foi preso.
– Lembramos disso, Harry – Hermione ainda não se convencera em seguir o raciocínio do amigo.
– Aí – continuou ele como se ela não o tivesse interrompido – o cara de cobra apareceu e conseguiu resgatar alguns dos safados, inclusive a “querida” Bella, mas o Draquinho ficou para trás. Interessante, é que menos de um dia depois, lá estava ela. Inteirinha. Como se nada tivesse acontecido vindo resgatar o querido sobrinho. Sozinha. Sempre achei estranho. Voldemort era poderoso, mas suas habilidades como curandeiro foram uma novidade para mim. Assim, como o fato dele dispensar gente para arriscar o pescoço tentando salvar colaboradores que ele considerava fracassados.
– Só que, Harry – Rony contrapôs – quando a gente encontrou ela de novo... bom, foi nessa vez que ela...
– Morreu. É... dois feitiços juntos... um meu e um do Neville. Nenhum era fatal, mas talvez, não sei... o ódio combinado. E ela morreu diante dos nossos olhos. Nós vimos, não é?
Gina, que até então estava quieta, olhando atentamente para Harry, pegou a idéia no ar.
– Vimos um Comensal, igual a Bellatrix Lestrange, ser morto – falou pensativa. Harry a encarou e os dois trocaram olhares de entendimento. O rapaz deu um sorriso de lado.
– Ela não parecia muito interessada nos outros prisioneiros, mas no Draco...
– Vocês acham que era a Narcisa? – Hermione continuava incrédula. – O que ela fez? Tomou poção polissuco para tomar o lugar da irmã? Que finalidade isso teria? Continua não fazendo sentido para mim.
– Mione, estávamos em guerra!! A presença de Bellatrix numa batalha era muito mais incômoda que a presença de Narcisa – Gina pegara parte do fio da meada. – Ela pode ter querido essa vantagem.
Hermione continuava sem se convencer. Rony mirava o horizonte pesando o que haviam dito.
– O Draco estava estranho quando a Ordem o prendeu – murmurou o ruivo quase para si.
– Como assim? – Quis saber Hermione achando que logo perderia ainda mais terreno na discussão.
– Bem – Rony explicou – ele parecia muito amedrontado, não em estar preso, mas com a coisa toda, sabem? Eu até ouvi o Mood comentar com o Quim que com uma pressãozinha ele entregava tudo o que sabia porque estava mais apavorado com “Vocês-sabem-quem” do que com a gente.
– Isso ainda não explica por que Narcisa teria tomado o lugar da irmã. Ela podia ter ido com a própria cara, não é? – Hermione voltou-se para a ruiva – E não, Gina, não acho que ela levaria em conta o “efeito Bellatrix” numa batalha para tentar uma...
– Missão solitária e quase suicida? Será mesmo, Mione? Eu acho que a Gina tem razão, em parte – falou Harry. – Mas a gente não pode esquecer de um detalhe. Até onde sabemos, o Draco falhou em todas as missões que Voldemort deu para ele. É bem provável que ele estivesse por um fio com o cara de cobra. Narcisa podia querer resgatá-lo para fugirem e, pode apostar, ter a cara da Bellatrix aí seria uma vantagem. Até que o chefão se desse conta, todos os partidários dele facilitariam a passagem da mais fiel e temida entre os Comensais, e eles poderiam estar bem longe antes disso.
– Por amor de Merlin, é muita coisa junta – disse Hermione segurando a cabeça com as mãos, perplexa. – Deixa eu ver se eu entendi tudo com calma.
Rony olhou para a mulher com ternura: era típico da Mione, ela sempre buscava formar um quadro completo da situação, com detalhes e simetrias, para ver se tudo tinha mesmo lógica, para ver se conseguia pensar com clareza. Isso que o irritava tanto no passado, quando estudavam em Hoogwarts, agora, ele entendia, era apenas o jeito dela lidar com o medo. Ele seguiu olhando para ela e um amor maior que mundo parecia querer saltar agora do seu peito. Mas ele não a interrompeu, deixou que continuasse pensando alto. Sabia que ela precisava disso.
– Então, – disse Hermione desenhando com as mãos o espaço vazio à sua frente – Bellatrix foi resgatada por Voldemort em pessoa, em Hoogsmead, muito ferida. No outro dia Narcisa é que teria aparecido, usando a poção polissuco para ficar igual à irmã, e tentou sozinha resgatar o Draco. Harry e Neville jogaram feitiços na mulher, que acabou não resistindo. Todos acharam então que Bellatrix tinha morrido, mas na verdade foi... Narcisa...
Harry fez que sim com a cabeça, mas Hermione ainda não parecia plenamente convencida.
– Mas Harry, nunca mais vimos a Bellatrix. Acho que se ela estivesse viva, ela apareceria novamente...
– Mione, a guerra acabou na noite seguinte. Voldemort morreu. Acha que ela ia aparecer? Arriscar-se quando poderia ficar imaginando formas de trazê-lo de volta.
– Não há formas de trazê-lo de volta. Ele morreu!! – esganiçou a amiga.
– Ela é fanática, Mione!! – Harry quase gritou. – A maioria dos outros era interesseira, queria poder ou liberdade para fazer maldades, mas Bellatrix sempre foi mais que isso. Ela idolatrava Voldemot como se ele fosse um deus. Mesmo que a gente ache que é impossível, essa maluca está ferindo inocentes porque acredita que pode trazer aquele monstro de volta. Se você tiver outra teoria ou souber de algum outro Comensal que se arriscaria tendo apenas fumaça nas mãos, eu aceitarei sua sugestão com prazer – terminou ofegante.
O silêncio os dominou por vários segundos ou até minutos, antes que Hermione perguntasse, numa última tentativa para a amiga:
– Você acha que podia ser uma mulher, digo, nos seus sonhos, Gina?
– Eu só vejo um vulto encapuzado e um braço com a Marca Negra, Mione. Acho que poderia sim, ser uma mulher.
– Bem é a melhor pista que temos, não é? Podemos partir daí... – Hermione admitiu derrotada.
Harry sorriu para a amiga e pediu desculpas baixinho por ter levantado a voz. A garota assentiu enquanto o Rony a puxava com o braço e depositava um beijo em sua testa e outro nos lábios. Gina estava sentada um pouco atrás do marido, as pernas esticadas, um braço apoiado no chão e outro sobre a barriga, o olhar perdido. Estava roída de curiosidade e dividida. Planejara dar a Harry um tempo para se recuperar. Ela e Hermione pretendiam conversar com eles naquele domingo, numa outra atmosfera, é claro. Mas tudo tinha ido por água abaixo e agora ela achava que não era a hora de abordar um assunto ainda mais delicado. Não percebeu que Harry a observava atento.
– O que foi, Gi? – Perguntou suavemente o rapaz.
Gina ergueu a cabeça para olhá-lo e se arrependeu no mesmo momento. Os dois olhos intensamente verdes pareceram atravessá-la. – Não creio que o dia possa piorar, amor. Pergunte o que quer saber.
– Como se atreve a ler meus pensamentos Harry Potter? – Ela estava incomodada, detestava que ele usasse esse tipo de poder com ela, mas Harry apenas riu.
– Desculpe, mas quando você está com essa cara é preciso tão pouco esforço que é quase impossível controlar.
A garota envermelhou como uma cereja, até os olhos castanhos pegaram fogo, o que demonstrava que a resposta dele tinha sido errada, muito errada. Tinha aberto uma gaiola de diabretes. Gina costumava ser normalmente esquentadinha e os hormônios em ebulição não estavam ajudando em nada ela ser mais controlada. Hermione pensou em impedi-la de falar porque também achava que seria muita coisa para um único dia, mas não foi rápida o suficiente.
– Ok, Potter. Eu ia te dar um tempo, mas já que você pediu. Quero saber tudo o que aconteceu na noite em que V-Voldemort morreu.
Harry ficou impassível. Em algum lugar da sua cabeça ele sabia que o dia em que Gina faria essa pergunta chegaria mais cedo ou mais tarde. Sempre pediu que fosse mais tarde. Mas agora estava ali. Ele virou-se para encarar Rony e Hermione. O amigo estava com cara de quem já sabia e parecia bem culpado por não ter lhe dito antes. Hermione já assumira aquela expressão professoral de “isso é o mais certo a fazer”, o que significava que Gina já a havia convencido. Como ele já ganhara uma discussão dela no dia tinha certeza de que Mione não o deixaria fazer isso outra vez. Muito embora, ele preferisse mil vezes discutir com a amiga do que com Gina. Nunca ganhara desta última.
Lançou um longo olhar para a casa. Era o lugar em que fora mais feliz em toda a sua vida. Mais que em Hogwarts, mais que n’A Toca. Era a sua casa, como nenhuma outra fora e, além disso, parecia estar toda ela impregnada com aquele perfume floral que era seu cheiro favorito em todo o mundo. E ele sabia que era assim porque Gina estava ali. Como, então, dizer para ela que ele havia pensado muitas vezes, durante seu sétimo ano, que se vencesse Voldemort sumiria no mundo? Como dizer que se não fosse o que aconteceu na batalha final, provavelmente era o que ele teria feito, porque se achava indigno dela? Porque achava que ela ficaria mais segura longe dele.
Mas aquela noite tinha mudado tudo. Aconteceram coisas que o assustaram e que nada tinham a ver com Voldemort. E quando tudo acabou ele olhou para a menina de dezesseis anos desmaiada em seus braços e jurou que os pesadelos terminavam ali e que não deixaria que nada voltasse a afastá-los. Talvez, somente naquela noite, ele tenha compreendido plenamente Dumbledore. O fato de o velho diretor ter escondido dele por tanto tempo a profecia e outras tantas coisas. Naquele momento, ele sentiu por Dumbledore um carinho maior do que já sentira em toda a sua vida. Entendeu-o completamente. “Erros que cometem aqueles que amam”, ele tinha lhe dito em seu quinto ano, “aqueles se importam demais”. Harry optou por errar. Optou pela felicidade despreocupada e ignorante de Gina e, ao mesmo tempo, tirou disso força para ficar ao lado dela e para não abandonar seus amigos.
Quim dissera que as pessoas o temiam, embora disfarçassem, e ele tinha razão, elas faziam isso sem saber de quase nada. No fim, como sempre, só ele, Rony e Hermione sabiam exatamente o que tinha acontecido. Se contassem para todos como havia sido o fim de Lord Voldemort, era provável que ele não agüentasse passar a vida vendo as pessoas, ao invés de o apontarem, afastarem-se quando se aproximava. Tampouco agüentaria ver Gina sofrer com esse mesmo tipo doloroso e injusto de atenção. Não foi difícil convencer Rony e Hermione disso. Seria apenas mais um segredo do Trio Maravilha, entre tantos que haviam partilhado desde que se conheceram no Expresso Hogwarts.
Ele olhou Gina de frente. O destempero dela havia evaporado e em seu lugar ela exibia aquela mesma seriedade e determinação que Harry conhecia tão bem. E, depois de tantos anos, o olhar dela ainda fazia seu estômago descer alguns centímetros como se ele estivesse num imenso escorrega. Saber, ainda, que ela carregava um filho seu, fazia com que ele se sentisse inteiro como sempre achou que seria se tivesse sua família. Sim, era a hora dela saber de tudo. Ergueu-se do chão e esticou a mão para ela.
– Vem, vamos precisar de várias xícaras de chá e de poltronas confortáveis – Gina aceitou a mão e levantou-se também, seguida pelo irmão e a cunhada. – Vamos contar tudo o que a gente lembra, está bem? – Ela assentiu deixando-se enlaçar carinhosamente enquanto se encaminhavam para dentro.
O longo domingo dos quatro amigos ainda estava longe de acabar.
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N/A: Oi, gente!! Nossa, esses capítulos estão ficando cada vez maiores, não é? Me xinguem se eu passar das medidas.
Obrigado pela leitura, pelos comentários e pelos votos. Vocês nem acreditariam se eu falasse da felicidade que me dá a cada aumento do número de acessos, ou novo comentário ou voto. Até o meu dia fica melhor! Por isso não deixam de comentar, mesmo se não gostarem. E, se, não tiverem paciência para comentar, os votos tb são um forma de saber se estou fazendo legal ou metendo os pés pelas mãos, ok.
Sempre que acabo um capítulo, me prometo não fazer tantos agradecimentos individuais para não cansar quem lê, mas acho que de novo não vou cumprir a promessa...rsrs. Vou ser breve, ok?
Não posso deixar de agradecer a minha Beta Darla e a sua atenta correção, além do apoio e do entusiasmo.
O meu Amor também tem sido especial, lendo, comentando, e, neste capítulo, até escrevendo um parágrafo muito lindo!! Obrigada mesmo, aos dois.
Morgana Black: Amei os gritos e o descontrole!! Rolei de rir lendo o comentário. Valeu e, para não fugir a pressãozinha básica: o novo capítulo sai quando. Daqui a pouco a descontrolada serei eu.
Sônia Sag: Como sempre, seus comentários me deixam nas nuvens. Você é minha mestra, mais do que nunca depois daquele capítulo 30 absolutamente PERFEITO!!
Belzinha: Além de ter partilhado generosamente seu talento comigo, também tem me dado a sua amizade, que a cada dia se torna mais importante. Nem sei se se pode agradecer isso com palavras, mas mesmo assim, obrigada!
Bernardo: Adorei, de novo, o seu comentário. Obrigada, mesmo! E mesmo você não tendo pena dos meus pobres nervos eu mal posso esperar pelo próximo capítulo da Quadribol.
Rafael Delanhese: Obrigada mesmo pelo comentário, e também pelo pedido de atualização (adorei receber pedidos enfáticos de atualização, hehehe)! Viu, não deixei passar o fim de semana!
Luna Weasley: Valeu!!! Adoro quando os autores que eu leio e gosto, fazem comentários na fic. É muito boa a sensação de ser lida por quem a gente já respeita tanto. Obrigada mesmo!
Aisha e Anny: Que bom que vocês continuam gostando. Adorei o último capítulo da fic sobre as lembranças e estou aguardando atualização na fic dos Marotos, viram?
GENTEEEEE!!!! Valeu mesmo!! Até o próximo capítulo!! Beijos imensos!
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