O Pior é a Indiferença
Após um dia cheio de aulas e assuntos para estudar, Hermione dirigiu-se à biblioteca no horário marcado com Draco. Estava decidida que lhe ensinaria o assunto o mais rápido possível e, apesar de gostar de demonstrar aos outros seus conhecimentos, as “aulas” que estava sendo obrigada a dar ao sonserino mostravam-se como um desafio penoso a mais.
Entrou afobada na biblioteca e observou que Draco já se encontrava lá, na mesma cadeira do dia anterior, sentado, batendo os dedos na madeira da mesa.
- Atrasada, Granger – disse o loiro, arrogante.
Hermione nem se deu ao trabalho de responder e simplesmente sentou-se ao seu lado, jogando os livros bruscamente na mesa.
- Hum! E ela ta abusada hoje! – observou Draco, sarcástico.
Hermione o olhou, de cara fechada, e abriu o livro de Poções.
- Vamos terminar logo isso aqui que hoje eu to com dor de cabeça – disse Mione.
- Não pense que você é a única que quer se livrar disso aqui, não!
- Bom – Hermione não deu ouvidos. – Para começar... Você precisa ler essas duas páginas aqui – Draco revirou os olhos. – Aliás, pra começar... Você precisa cooperar!
- Como assim, cooperar? O que quer dizer com isso, Granger?
- Simples: nada de revirar os olhos e de fazer comentários idiotas.
- Isso não vai dar certo – disse Draco após soltar uma risadinha sarcástica.
- Você acha que eu penso diferente? Porque pra isso aqui dar certo, só depende de uma pessoa: você.
- Hahaha!
- Você quer aprender ou não quer, Malfoy?
Draco bufou baixinho. “Respira fundo”, ele pensava. “Vai ser por pouco tempo...”
- Ta. Vamo’ começar logo.
- Você vai cooperar? – perguntou Mione.
- O que você acha?
- Vai ou não vai?
- Ai, Merlin! Dê-me paciência! – disse Draco olhando para o teto. – Sim, Hermionezinha, querida. Agora vamos andar com isso, sim?
- Agora, sim! – sorriu Mione vitoriosa. – Você ta começando a entender quem está no comando aqui.
O sonserino segurava-se para não se estourar, respirava fundo, contava até dez, fazia de tudo. Sentia que a cabeça explodiria a qualquer momento de raiva, mas era preciso se controlar.
Hermione lhe indicou as páginas que precisavam ser lidas e, quando o garoto terminou, mandou-lhe responder alguns exercícios improvisados.
Draco se surpreendia com a paciência de Mione em ensiná-lo coisas que se não quisesse não precisaria. Ele sabia muito bem que se a garota quisesse, era mais simples fazer o trabalho inteiro sozinha do que ter que ensiná-lo todo o assunto. O porquê de ela estar fazendo aquilo, ele não sabia, mas tinha conhecimento de que precisava se aproveitar da oportunidade.
- Pronto. Agora é só usar esse mesmo método para descobrir se a poção que nós fizemos ontem é compatível aos vermes fumegantes.
- Simples assim? – Draco não conseguia acreditar que aprendera.
- Sim. Agora faça e quando a gente se encontrar de novo na semana que vem você me mostra que eu vejo se está certo.
- Terminou? – perguntou Draco, observando que Mione fechava seus livros.
- Claro. Eu já te mostrei como fazer, o resto fica com você – ela respondeu, enquanto enfiava os livros na mochila.
Draco encolheu os ombros e resolveu que continuaria outro dia. Estava com muito sono e não estava nem um pouco a fim de ficar sozinho na biblioteca. Quando Hermione já estava a alguns passos da mesa, impulsivamente ele gritou:
- Hey, Granger! Obrigada.
Mione parou onde estava sem engolir direito o que acabara de escutar. “O Draco me agradecendo?”. Esboçou um sorriso não muito convincente e se retirou da biblioteca.
“Obrigada?!?!”, Draco se indagava. “Eu acabei de agradecer àquela sangue-ruim?”. Balançou a cabeça como que para espantar pensamentos proibidos e terminou de jogar os livros na mochila.
O dia seguinte era um sábado e Hermione acordou-se pensando no que lhe acontecera na noite anterior. Esforçava-se para acreditar no que ocorrera, mas parecia surreal demais. É claro que o ajudou porque quis, mas nunca esperaria uma reação qualquer de gratidão vinda de Malfoy.
Quando chegou à sala comunal ouviu Harry perguntar:
- Cadê a Lilá, Rony?
- Acho que não vai acordar muito cedo hoje. Ficou até tarde fazendo o trabalho de Poções com Pansy Parkinson.
O moreno demonstrou uma careta.
- Hey, Mione! Bom dia!
Ela respondeu com um sorriso e viu que Rony a olhava meio sem jeito.
- Bom dia, Rony – disse para quebrar aquela situação chata.
O garoto apenas sorriu de canto de boca, mas dava para perceber, através de seus olhos, sua exaltação diante da atitude de Hermione.
Foram juntos ao salão principal, onde vários alunos já comiam, bem agasalhados por conta do frio. Sentaram-se a um canto e Hermione pôde observar pela janela que começava a nevar em Hogwarts.
- Já começou o seu trabalho com Crabbe, Harry? – perguntou Rony.
- Sim. Começamos ontem... – respondeu Harry, desanimado. – E aquele monte de gordura não sabe de nada! Já to vendo que vou fazer o trabalho inteiro.
- Xiii – disse Rony.
- Quem é mesmo a tua dupla? – perguntou Harry.
- Zabini – respondeu Rony sem muita expressão no rosto. – Pelo menos ele sabe o assunto. Até mais do que eu, pelo que notei.
- E você, Mione? Como ta indo o trabalho com o Draco?
Rony se espantou. Ainda não sabia que a dupla de Hermione era Draco Malfoy. Imaginava que ela estaria fazendo o trabalho sozinha, mas surpreendeu-se ao ouvi-la responder:
- Só essa semana já nos encontramos três vezes.
- Quê? – Rony não conseguiu se conter.
- Que tortura, Mione! – comentou Harry.
- Mais ou menos... O mais engraçado de tudo é que ontem mesmo ele me agradeceu! – disse Hermione exibindo no rosto espanto e ironia.
- Putz! Sério? – Harry abria a boca, incrédulo.
Rony não podia negar para si mesmo que sentia-se incomodado com a idéia de que Hermione se encontrava assiduamente com Draco a sós e que ainda por cima o garoto lhe agradecera. Enfim, ele havia sido incrivelmente gentil. Isso não era bom. Não para Rony. “O que que eu tenho a ver com isso, afinal de contas?”, perguntava-se o ruivo encucado.
Outra coisa que o intrigava era o fato da amiga estar agindo como se nada tivesse acontecido entre eles naqueles últimos dias. Será que o ocorrido já não lhe importava tanto assim?
Horas mais tarde, Harry voltava de mais um encontro cansativo com sua dupla no trabalho de Poções. Tivera que gritar com Crabbe pelo menos umas três vezes, algo que não era muito acostumado a fazer.
Após passar pelo quadro da mulher gorda a viu. E, como não poderia deixar de ser, Gina estava radiantemente linda. Não possuía aquele tipo de beleza que todos estão acostumados a ver, mas algo inexplicável.
E algo intocável, ele tinha que se lembrar. Infelizmente, porém, ao se tocar disso, sentiu-se ainda mais atraído pela Weasley.
Mais uma vez, ela conversava com Luna Lovegood. Provavelmente sobre Ernesto McMillan. A vontade que tinha de falar com Gina era tanta que, mesmo vendo que as garotas conversavam aparentemente em segredos, foi impulsionado a puxar um assunto.
- Hey! – sorriu em pé para as duas, que estavam sentadas em um sofá.
- Oi, Harry – Luna sorriu, com o mesmo ar de perdida de sempre.
Gina apenas levantou a sobrancelha e tentou esboçar um sorriso chocho. Harry não podia esquecer que a garota deveria estar ainda encabulada por causa do que ele fizera, erroneamente – ele sabia -, dois dias antes.
- Luna, deixa eu te fazer uma pergunta. To meio encucado com isso...
- Diz, Harry!
- É que... Me desculpe perguntar isso. Não é que eu não queira te ver aqui ou coisa do tipo, mas é que...
- Ah, sim! Entendi! Você quer saber por que eu tenho vindo aqui no salão comunal da Grifinória de vez em quando, né? – Harry balançou a cabaça afirmativamente. – É que eu tenho brigado bastante com uma garota lá da minha casa, sabe. Quero evitar ao máximo de encontrá-la.
Harry ainda pensou em ficar e puxar mais algum assunto em que Gina também participasse, mas seria muita audácia, uma vez que a garota não demonstrava muita simpatia no momento. Era melhor não insistir muito.
Antes de se despedir ainda procurou por uma reação menos hostil da ruivinha, mas tudo o que conseguiu foi um pouco de indiferença.
Enquanto Harry saía, Gina se indagava se havia agido correto. É claro que não queria parecer chata, mas se tivesse sido mais simpática poderia abrir mais espaço para uma nova atitude perigosa do garoto.
Tinha que ser fria e afasta-lo por um tempo. Não podia desejá-lo. Não agora que namorava Dino e gostava tanto dele.
Gostar de Harry sempre significara perigo. Antes porque era inatingível, o amigo de seu irmão. Agora porque, além das duas primeiras características, era muito popular e disputado. Sabia que sofreria ainda mais se voltasse a gostar de Harry e tinha que fazer de tudo para evitar a ruína.
Estava agora com Luna, sua melhor amiga, discutindo sobre uma possível maneira de provar a Ernesto que esta última merecia uma segunda chance.
- Pôxa, Gi. Eu te juro que não sei mais o que faço. Ontem a gente conversou bastante sobre nosso relacionamento, mas ele disse que acha difícil dar certo... Disse que eu sou muito complicada! Eu sou muito complicada, Gina? Você acha isso?
Gina passou um tempo observando a amiga à sua frente. Aparentemente, Luna passava longe de ser uma garota vaidosa. Na verdade até, extremamente longe. Mas possuía uma beleza natural que já falava por si só. Pois os cabelos, apesar de mal tratados e longos, eram loiros e lisos, o que já era o suficiente para chamar a atenção de uma grande porcentagem de garotos. Além disso, seus olhos – mesmo que incrivelmente grandes – eram oblíquos e faziam parte de um belo desenho de rosto.
Se ela era complicada? Difícil de responder. Gina era obrigada a concordar com Ernesto até certo ponto, mas não podia demonstrar total sinceridade diante da amiga que possuía uma auto-estima tão baixa.
- Ai, Luna. Às vezes você me faz cada pergunta, hem! – foi só o que Gina se limitou a responder.
N/a: Percebi hoje um erro... Enquanto caracterizava a Romilda Vane, esqueci que no livro de J.K. ela possui cabelos negros... :/ Erro feio esse meu! Me desculpem, tá?
E, ah, pessoas... Deixem comentários! Preciso saber o que estão achando da fic! Certo? Aliás, até, queria agradecer a Miaka-ELA e a Anita Granger Malfoy! Bjos pra vcs! ;*
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