Revelações
O final de novembro foi melancólico como um típico outono. Os dias se arrastavam numa quietude incômoda, principalmente para Gina, que estava cada vez mais presa em sua própria solidão, apenas esperando... Esperando por noticias de Draco, de Sebastian, esperando pelo nascimento de seu filho, esperando pelo dia que poderia voltar para casa. Sua vida acabava sempre se resumindo em estar esperando por alguma coisa ou por alguém. Mas, apesar de tudo, aquele tempo ali, naquele sossego, estava lhe fazendo bem, pelo menos, lhe trouxera um pouco de paz de espírito. Estava resignada com o rumo que sua vida tinha tomado. O seu dia era passar horas no jardim lendo, plantando ou simplesmente pensando e a satisfação que obtia ali, lhe bastava. A única coisa que lhe incomodava era o seu sono que estava cada vez mais inquieto, com sonhos perturbadores e estranhos. Mas, fora isso, estava fazendo o possível para ter um final de gravidez tranqüilo.
Foi mais ou menos nesse período, que outro dilema tomou conta da vida de Rony. Era um final de domingo quando Luna apareceu para visita-lo, estava com novas feições, mais bonita, mais feliz:
- Luna! Entra... Que bom te ver assim, você está diferente.- comentou normalmente
- Pois é, melhorei um pouco, né? Desculpa vir sem avisar, é que tive folga só agora e precisava muito falar com você.
- Claro, não tem problema nenhum. Você pode aparecer sempre que quiser.
- Oi Luna.- cumprimentou Ashley aparecendo na sala
- Oi, como vai?- respondeu cordialmente
- Bem e você?
- Também... E, a Kyra?- perguntou pensativa
- Acabou de dormir.
- Melhor assim.
Ela tinha uma expressão estranha no rosto quando começou a falar:
- Eu sei que já faz algumas semanas que não venho vê-la, mas é que eu estava me firmando no emprego e tals e é principalmente por isso, que eu vim. Chegou a hora de leva-la comigo, Rony.- disse decidida
- Como é que é?- perguntou perplexo
Ela o encarou como se não o entendesse:
- Era esse o acordo, não? Você cuidaria dela até que eu tivesse condições. Pois bem, agora eu tenho. Eu estou trabalhando e já aluguei um apartamento. Está tudo pronto, Rony.
- Mesmo assim, Luna. Eu fiquei com ela esse tempo todo, você não pode vir aqui e simplesmente querer leva-la.- protestou indignado
- Ela é minha filha, Rony!!!- retrucou irritada
- É minha também. E, eu não vou abrir mão dela.- disse com firmeza
- Engraçado você dizer isso, já que há alguns meses atrás você não queria nem pensar na hipótese.- retorquiu em tom acusatório
Ele a fitou ofendido:
- Não precisa ir tão baixo, Luna. Eu admiti o meu erro e consertei a tempo, não foi?
Ela respirou fundo, recuperando a calma:
- Tudo bem, eu peço desculpas. Mas, eu só quero te lembrar dos meus direitos. Eu não me desfiz dela, Rony. Apenas, pedi pra que você cuidasse dela por um tempo. E, se eu tenho lutado todo esse tempo pra me restabelecer, é única e exclusivamente por ela, pra poder te-la de volta. Eu só peço que você entenda isso e não complique as coisas, porque eu a amo tanto quanto você.
Ele sentou-se no sofá pensativo, Ashley que até então estivera calada tocou-lhe o ombro, intervindo:
- Eu não quero me intrometer, mas amor, vocês têm que entrar em um acordo. Não por vocês, mas pelo bem estar dela. E, embora, eu ache que a presença dos dois seja essencial, o papel da mãe é fundamental pro desenvolvimento. E, talvez agora, ela precise mais da Luna do que de você. Dá uma chance pra ela tentar, Rony.
Ele a olhou exasperado, era uma decisão dolorosa a se tomar:
- Eu concordo com o que você disse, mas já estou tão acostumado que não sei se agüentaria.
- Eu sei que não vai ser fácil, mas o apartamento não é muito longe daqui e você poderá ver e ficar com ela sempre que quiser.- disse Luna
Ele não respondeu prontamente, pensou por um longo tempo, antes de dizer:
- Tudo bem, no fundo vocês estão certas. Só me dêem uns dias e eu a levo pra você, mesmo porque ela já está dormindo. Além do que, tenho que fazer uma lista dos cuidados que você deve tomar...
- Rony, eu vou cuidar bem dela, não se preocupe.- interrompeu sorrindo
Ele assentiu, meio envergonhado:
- Ok, desculpa.
O dia estava nebuloso, quando ele finalmente decidiu leva-la. E, entrega-la para Luna foi a coisa mais difícil que já fizera. Evitara ao máximo aquele momento e fazer aquilo lhe cortava o coração, amava demais aquela criança. Conversou com Luna por alguns instantes, fez algumas recomendações, certificou-se de que era um bom lugar e por fim, decidiu partir. Pegou a filha no colo novamente, brincou com ela por um tempo e depois beijou sua testa suavemente:
- Papai tem que ir agora, mas eu volto, está bem? Amo muito você, não esquece disso, nunca... Luna se acontecer qualquer coisa me avisa imediatamente que eu venho correndo, viu?- disse passando-a para a mãe
- Vai ficar tudo bem, Rony. Não esquenta. E, obrigada por tudo... Você me saiu melhor que a encomenda.- comentou sorrindo
Ele sorriu também, mas ainda estava um pouco apreensivo. Kyra sorriu, esticando os bracinhos em sua direção, ele segurou a pequena mãozinha comovido e deu um último adeus:
- Tchau, filha.- despediu-se dando uma última olhada na criança
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As coisas ainda estavam difíceis quando dezembro chegou mas, aos poucos, a Ordem estava conseguindo conter a crise existente e evitar o caos geral. Contudo, o trabalho era árduo, havia missões para todos os cantos, 24 horas por dia. Todos os suspeitos estavam sendo detidos e interrogados, nenhum baderneiro conseguiu sair ileso. Após algum tempo de investigação, Harry chegara a conclusão de que toda a bagunça não se tratava de um ressurgimento de ex-comensais, mas de uma desordem inteligentemente articulada e organizada, e descobrir o propósito disso era o seu principal objetivo. O que aconteceu na segunda semana de dezembro foi uma estranha coincidência. Carlinhos, Harry e Rony estavam na Nova Zelândia em uma missão comum, de simples rotina, só para checar algumas informações com um contato, quando avistaram Draco em um restaurante. Ele quando os viu sorriu em cumprimento, mas tudo aconteceu tão rápido que a primeira reação de Draco foi pensar que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, fruto das mentes patéticas de Harry e Rony. Mas, depois de um tempo, ser detido e imobilizado tinha perdido a graça (se é que tinha tido alguma) e ele começou a pensar que a situação era realmente grave:
- Ei!!! Eu exijo uma explicação.- gritou em protesto
De onde estava dava pra ver que os três discutiam sobre alguma coisa e então, sem explicação nenhuma, ele se viu sendo levado de volta a Londres. Já na sede da Ordem, ele foi colocado em um quarto fracamente iluminado que dava uma aparência meio sombria ao local, com certeza, aquilo era uma baita pressão psicológica. Com tudo acontecendo tão rápido, a mente confusa e a 1000 por hora, ele chegou a cogitar a possibilidade de aquilo ser uma conspiração para mata-lo. Antes que pudesse desenvolver essa teoria, um Harry muito sério irrompeu na sala, seguidos de Hermione e Carlinhos. Houve um silêncio tenso enquanto Harry encarava Draco. Foi ele quem quebrou o silêncio:
- O que foi, Potter? Essa sua cara feia não me assusta, não... Isso pra mim é fome.- comentou divertido
Harry permaneceu impassível, depois perguntou sério:
- Então, quais são suas supostas justificativas?
Draco o olhou confuso:
- Justificativas? Que justificativas? Eu não sabia que agora eu precisava de justificativas para estar em outro continente fechando contratos. Aliás, eu devo agradecer a cortesia de ter sido tão gentilmente arrastado pra cá sem explicação nenhuma.- disse com sarcasmo
- Então, você desconhece o motivo por estar aqui?- perguntou Harry descrente
- Eu esperava que você pudesse me esclarecer isso, mesmo porque eu nunca fui bom em adivinhação.- rebateu normalmente
- Claro, então você ignora a crise e a desordem que estamos enfrentando?
- Não totalmente, eu li qualquer coisa a respeito, mas não entendo o que EU tenho a ver com isso?
Harry riu:
- Pelo amor de Merlin!!! Você é o principal suspeito de estar organizando isso. Malfoy, você está sendo acusado de traição, liderar o ataque a Ordem, ferir 3 aurores e pela tentativa de homicídio de Sebastian Sullivan.
Desta vez, foi Draco quem riu, aquilo só podia ser uma piada:
- Você só pode estar me gozando... E, eu posso saber com que embasamento vocês me acusam? Ou é só pelo fato do meu sobrenome ser Malfoy?
- Temos várias testemunhas que viram você nos locais dos crimes antes deles acontecerem. Temos provas contundentes contra você, Malfoy.- continuou Harry sério
Draco raciocinou um pouco e depois protestou indignado:
- Mas, isso é impossível!!! Primeiro que eu não tenho interesse nenhum em comandar qualquer ataque que seja e, segundo que eu saí de Londres logo depois do casamento do Weasley com a Ashley, como eu poderia estar em 2 lugares ao mesmo tempo?
- Isso é você quem vai nos dizer...
Draco bufou impaciente:
- Mas, que droga Potter!!! Eu já disse que eu não estava aqui... Eu vim pra Londres por causa da Gina, depois da separação não havia mais porque ficar, então eu peguei minhas coisas e voltei pra Nova York. Eu estive trabalhando, viajando esse tempo todo...
Harry o olhou, ainda pouco convencido, antes de acrescentar:
- Então, esse é o seu álibi? Há alguém que, pelo menos, possa confirmar sua história?
Draco pensou por uns instantes:
- Bem, tem a minha secretária, Susan... É ela que controla e agenda todos os meus compromissos. Ela confirmará cada um deles.
- E, onde podemos encontra-la?- perguntou Harry
- Sinceramente, eu não sei... Acabei de dar férias a ela.- explicou decepcionado
- Muito conveniente, Malfoy.- observou Harry
- O que? Agora, você quer que eu saiba até aonde meus empregados passam as férias?- retorquiu irritado
- Seria bom, Malfoy.
Draco bufou impaciente. Novamente, estava extremamente irritado por estar naquela posição, totalmente injusta por sinal. Antes que Harry pudesse continuar, Tonks entrou na sala com um papel na mão, dizendo num tom baixo e apreensivo enquanto lhe entregava o bilhete:
- Harry, desculpa te interromper, mas é que é urgente... O Remo acabou de falar comigo, ele disse que descobriu algo muito importante. É pra você encontrar com ele neste local imediatamente.
- Ele não adiantou nada?- perguntou
Ela balançou a cabeça em sinal negativo:
- Tudo bem, eu já estou indo.
Harry olhou para Draco ainda em dúvida se deveria sair ou não naquele momento, mas decidiu por ir, o assunto deveria ser sério:
- Ok, eu continuo com você depois.- disse apontando o dedo para Draco, depois voltou-se para Hermione – Amor, você fica aqui vigiando ele, está bem?
Ela assentiu:
- Você está cometendo um grande erro, Potter.- disse Draco antes de Harry sair
O outro não respondeu:
- Vamos Carlinhos.
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Harry juntamente com Carlinhos e Rony seguiram imediatamente ao encontro de Lupin. Eles estranharam o chamado, tanto pelo horário quanto pelo local de encontro. Já era tarde da noite e Remo estava à espera em uma floresta quase saindo de Londres. Eles chegaram lá, depois de mais ou menos 40 minutos e, encontraram um Remo bastante ansioso e apreensivo. Assim que os viu, ele correu ao encontro dos três:
- Ainda bem que vocês vieram logo...- disse rapidamente – Eu preciso que vocês vejam algo.- acrescentou enquanto os conduziam para dentro da mata
Eles se entreolharam intrigados, depois Remo continuou:
- Há dois dias, eu recebi noticias de que um lobisomem estaria nessas redondezas e hoje resolvi verificar. Vasculhei boa parte da floresta e não encontrei nada, então quando estava para ir embora, encontrei uma cabana... Guiado mais por curiosidade do que por razões contundentes, eu entrei...
A essa altura, eles estavam em frente a um casebre de madeira, aparentemente, abandonado:
- Bem, tirem suas próprias conclusões.- sugeriu Lupin abrindo a porta e dando passagem
A perplexidade e o choque foram unânimes. O lugar era absolutamente pequeno, contendo apenas um cômodo com uma mesa e uma cadeira. Contudo, a parede estava repleta de fotos e recortes do Profeta Diário, a maioria deles contendo Gina Weasley ou algo sobre os ataques que estavam acontecendo. Em cima da mesa havia papéis de vários tipos, um em especial chamou a atenção de Harry, ele continha os horários de rotina não só de Gina, mas também de alguns componentes da Ordem, inclusive o de Draco Malfoy. Outra coisa que os impressionou foi que a maioria das fotos, mostrava Gina em algum momento intimo. Ela lendo, dormindo ou cozinhando. Havia também, uma foto dela no jardim dos Black. Ela estava sendo vigiada e seguida o tempo todo e, isso era um fato. Conforme, eles iam vasculhando os papéis, mais a surpresa aumentava. Havia vários papéis com contatos suspeitos, muitos deles já estavam detidos. Alguns com vários esquemas de datas, horários e lugares. Todos aqueles onde já tinham ocorrido ataques. Após algum tempo, todos se encaravam aturdidos e confusos:
- Impressionante, não?- comentou Lupin sério
- É mais do que isso, é revelador... Todas essas informações... Há coisas aqui que só os componentes da Ordem saberiam.- refletiu Harry
- O que você está querendo dizer?- perguntou Rony
- Tudo isso aqui me leva a supor que há alguém da Ordem envolvido. Existe um traidor entre nós.- admitiu Harry pensativo
Eles voltaram a se encarar, cada um com um turbilhão de pensamentos na cabeça. Remo recostou-se na mesa e se virou para Harry:
- Há algum tempo atrás, você dividiu suas suposições comigo de que tudo isso não se tratava de um agrupamento de simpatizantes de Voldemort, que parecia que estávamos sendo levados a pensar isso, mas que para você havia um outro propósito... Na época, eu não dei muita importância, mas acho que você estava certo, desviaram a nossa atenção, porque o alvo principal...
- Era a minha irmã.- completou Rony – Mas, porque?
- Talvez, o Malfoy seja realmente inocente. Afastaram ele daqui, armaram toda essa bagunça para que a Gina ficasse vulnerável e então pudessem agir sem impedimentos.- concluiu Carlinhos
- Não podemos mais perder tempo... A Gina está correndo perigo, temos que pega-la. Lupin, Carlinhos juntem tudo isso e depois voltem para Ordem e avisem a todos os aurores confiáveis. Eu e o Rony vamos até a casa do Sirius.- disse Harry decidido
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Naquela mesma noite, Gina ficara sozinha em casa. Sirius e Lara tinham tido uma emergência burocrática em Hogwarts e ficaram por lá, e as crianças os acompanharam. Gina não se importou muito com isso, às vezes, gostava de ficar só, sem ter que dar explicações sobre sua quietude. Assim que entardeceu, ela foi ler um pouco e depois tomou o leite que Dixie, a elfa dos Black, lhe trouxera. Já se passava das dez quando ela foi despertada por um barulho de janelas batendo. Ela piscou algumas vezes, ainda meio sonolenta, e só então realmente se deu conta do barulho. Olhou em volta, não havia ninguém. Jogou longe o cobertor que lhe cobria e levantou-se da cama, onde acabara adormecendo pouco antes. Com a camisola solta sobre as formas aquecidas, andou pelo chão frio de madeira até as janelas. O quarto estava vazio, mas extremamente gelado pela brisa fria e cortante que entrava, anunciando a chegada do inverno. Tinha certeza que estavam fechadas quando se deitou, mas supôs que Dixie tinha esquecido de tranca-las. Ela foi até a janela e afastou um pouco as cortinas olhando para a noite. Não havia quase nada, a não ser as estrelas no céu. Gina recostou a testa na vidraça e suspirou. Sentiu-se, de repente, nauseada. Ela ajeitou os cabelos soltos, fechou a janela e se deitou novamente. Não demorou muito a pegar no sono.
Os dois brutamontes estavam à espreita, esperando, fumavam em silêncio. Por fim, quando deu 10:30, o mais corpulento se aproximou da casa. Levou apenas um segundo para abrir a porta de segurança. Seguiram pelo corredor atapetado, silenciosamente. Tudo estava quieto na casa dos Black. O quarto que procuravam ficava no segundo andar à esquerda. A mulher ruiva dormia, encolhida de lado. Ela se moveu ligeiramente, estirando-se no sono, a parte descoberta denunciava suas formas ainda atraentes apesar da gravidez. Nenhum dos dois demonstrou qualquer emoção, embora o mesmo pensamento ocorresse a ambos. Contudo, sabiam bem o que lhes aconteceria, ao menor desvio de suas instruções. Após um momento, o homem mais alto decidiu-se, mas quando chegou mais perto, Gina se moveu novamente e ele recuou. Ela abriu os olhos, estava tendo um daqueles sonos inquietos, ficou alguns segundos olhando para o teto e quando se virou um pouco notou a porta entreaberta, uma sensação de pânico tomou conta de seu corpo, tinha a certeza que não estava sozinha no quarto. Sem pensar em mais nada, tateou a escrivaninha em busca de sua varinha, mas antes que seus dedos pudessem agarra-la, um dos homens encapuzados já estava sobre ela, sua mão pesada tapando-lhe a boca, com o dedo indicador ele fazia sinal para que ela ficasse quieta. Seu coração batia tão depressa, tão assustado, que parecia querer sair pela boca:
- Ande logo com isso.- foram as últimas palavras que Gina ouviu
O outro se aproximou e com um feitiço simples, Gina amoleceu, inconsciente. Tudo aconteceu de forma silenciosa e muito breve. Aquela havia sido a mais fácil tarefa de já fora incumbido.
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Na Ordem, Hermione, Tonks, Lupin e Carlinhos aguardavam ansiosos noticias de Harry. Ele estava sério quando sua cabeça apareceu na lareira. As noticias não eram boas, já era tarde demais quando eles finalmente chegaram na casa de Sirius. Gina não estava lá, a casa estava vazia e sem sinais de luta. As ordens eram a de reunir o maior número de aurores e encontrar Harry e Rony em Hogwarts a fim de traçar um plano. Só Hermione ficaria na sede para vigiar Draco. Apesar de tudo, ainda não confiavam o suficiente nele e o orgulho os impedia de pedir ajuda. Hermione ficou um longo tempo pensando, analisando os fatos e, por fim, tomou a decisão mais lógica da noite. Falaria com Draco, mesmo que isso significasse desobedecer às ordens de Harry. Draco notou a preocupação dela, quando ela irrompeu no quarto. Hermione sentou-se a sua frente, sem dizer nada. Estava pensando na melhor maneira de explicar tudo. Ele sentiu-se incomodado com o peso do olhar dela, avaliando-o e, por fim, disse irônico:
- Não me diga que alguém morreu e vocês resolveram me culpar por isso também?
Ela suspirou decidida, ignorando o comentário dele. De qualquer maneira, a conversa teria que ser iniciada:
- Pode parecer loucura, mas eu acredito em você e preciso da sua ajuda.
Draco a encarou confuso, definitivamente, não estava entendendo mais nada:
- Depois de tudo o que vocês me fizeram passar, a humilhação... Você quer a minha ajuda? Me dê uma boa razão pra fazer isso, Granger.- retrucou desafiante
- A Gina desapareceu, Malfoy.- contou apreensiva
Embora tentasse não demonstrar, sua postura mudou na mesma hora, mesmo assim, ele tentou parecer indiferente:
- E, eu com isso? Como você pode ver ela não está aqui, o que quer dizer, que eu não estou de nenhuma forma envolvido, caso vocês estejam pensando em me acusar também.
Hermione balançou a cabeça irritada:
- Malfoy, isso é sério e grave... Você não brincaria assim se soubesse de tudo.
Ele a encarou, estava sério:
- Do que você está falando?
Hermione o fitou por uns instantes, antes de dizer:
- Não é maneira mais apropriada de você saber, e eu preferiria que ela te explicasse tudo, mas no momento, acho que ela corre grande perigo, ainda mais no estado delicado em que ela está.
- Estado? De uma vez por todas, do que você está falando?
- Malfoy... A Gina está grávida. De nove meses.- admitiu por fim
Ele emudeceu e a olhou sem encontrar palavras para expressar sua incredulidade:
- Grávida? Como assim grávida?
- Grávida oras. De um filho seu, Malfoy.
Quando a ficha finalmente caiu, Draco a encarava com os olhos crispando de raiva, com a cabeça fervendo de tantos pensamentos ambíguos: descrença, felicidade, raiva, ódio. Desprezou e odiou Gina naquele momento, chegou a duvidar que um dia pudesse sentir respeito por ela novamente. Ela tinha sido desleal e isso ele não podia perdoar:
- Quer dizer, que durante todo esse tempo ela estava grávida de um filho meu e nem ao menos pretendia me contar?- perguntou revoltado
- Antes que você a culpe é preciso que você conheça a história toda. Depois, faça o julgamento que quiser.- disse Hermione com seriedade
- Eu duvido que haja argumentos que justifiquem o que ela fez. Eu a odeio.- retorquiu com amargura
Hermione o encarou:
- Ela só estava tentando proteger você e o bebê.- aquiesceu
- Nos proteger? De quem?- indagou com sarcasmo
- Malfoy, o fato é que sua mãe pode ser bem convincente quando quer. As ameaças dela realmente surtiram efeito com a Gina, tanto que ela foi capaz de te deixar, de fazer o que fez, por amor a você. Ela escondeu a gravidez de todo mundo por um bom tempo e foi a única que te defendeu quando todos te acusaram. Ela se sacrificou pra manter você e o bebê vivos, então por favor, não seja tão egoísta.
As palavras de Hermione, mexeram com ele e ele não respondeu, se limitou a ficar calado. Na verdade, estava confuso, atordoado e cansado de tantas mentiras, omissões e jogos. Queria que, pelo menos, uma vez tudo fosse simples. Estava se odiando por ter sido tão tolo e ingênuo. Era óbvio que sua mãe não o libertaria assim tão fácil. Mas, o seu orgulho ferido tinha o deixado cego. Finalmente, as coisas tinham ficado claras, as peças tinham se encaixado. Mas, estava magoado, não sabia se poderia perdoa-la ou se viveriam juntos novamente:
- Malfoy, eu sei que foi muita informação pra um dia só e que você deve estar confuso, mas eu preciso da sua ajuda agora. A Narcisa pode mata-la se não agirmos logo.- disse impaciente
- Tudo bem, você tem razão. Deixe-me pensar... Onde ela estava quando desapareceu?
- Em Hogsmead, na casa do Sirius.
Ele refletiu por alguns momentos e, de repente, tudo se iluminou:
- Eu acho que sei pra onde minha mãe a levou, mas você vai ter que confiar em mim Granger e me deixar sair daqui.
Ela respondeu sem pestanejar:
- A vida dela vale mais que as acusações contra você. Mas, é bom que você esteja certo. Qual é a sua opinião?
- Se minha mãe realmente estiver por trás disso, então ela está na minha antiga mansão... Aquele lugar é uma fortaleza. Mas, temos que ser rápidos, lá não tem como aparatar, eu vou precisar de uma vassoura e da minha varinha.- disse pensativo
- Certo, tem uma vassoura no último andar... Vá depressa... Eu irei com os outros assim que puder.
Eles se olharam com certo entendimento e compreensão, pela primeira vez, estavam trabalhando em conjunto:
- Traga-a de volta, Malfoy.
Ele assentiu e sem dizer mais nada, deixou o quarto.
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Gina despertou para um pesadelo bastante real. Não tinha idéia de por quanto tempo ficara desacordada e o pânico começou a se estabelecer.Tentou gritar, pedir ajuda, mas estava amordaçada e só conseguiu emitir poucos sons. Fez um enorme esforço para tentar se livrar das correntes que prendiam seus punhos na cama, mas foi em vão. Ficou algum tempo se debatendo, tentando se soltar, tinha que sair dali. Por fim, ela desistiu. Procurou se acalmar, raciocinar, achar outra maneira de fugir, olhou em volta procurando alguma coisa, não reconhecia nada ali. O lugar era todo de pedras e, apesar de ostentoso, era muito sombrio. Gina sabia que aquilo não era um sonho, por mais que desejasse. Mas, que lugar era aquele? Quem eram aqueles homens? O que iam fazer? Era melhor não pensar, as conclusões eram por demais aterradoras e o medo a tornaria ainda mais indefesa. Devia haver algo que pudesse fazer. Antes que pudesse pensar, soadas abafadas soaram através da porta e o pânico a invadiu novamente. Começou a sentir uma forte dor na barriga, que ocorria em intervalos cada vez menores. Sentiu lágrimas brotarem em seus olhos, não queria acreditar, mas estava tendo contrações. De repente, a porta se abriu, e um dos homens entrou, ainda estava encapuzado:
- Avise-a que a garota já acordou.- disse soltando a mordaça de sua boca e saindo em seguida
Não demorou muito para a porta se abrir novamente e a mulher se revelar. Lá estava ela, Narcisa Malfoy, alta, imponente, elegantemente vestida, e extremamente assustadora. Gina mantinha os olhos arregalados, assustados, temerosos, já devia ter imaginado que era ela a mentora daquilo tudo:
- Você...- pronunciou em voz baixa
Narcisa a encarava com certo divertimento:
- Você não me parece tão corajosa agora.- disse rindo
- O que você quer de mim? Eu já não fiz tudo o que você queria?... Você prometeu que nos deixaria em paz...O que mais você quer?- perguntou exasperada
A outra voltou a rir:
- Você é tão obtusa, Weasley. Ou você foi tola o suficiente pra realmente acreditar que eu cumpriria as minhas promessas?
Gina não respondeu, sentiu uma raiva tão grande, e não pode se conter, começou a se debater furiosamente:
- EU ODEIO VOCÊ!!!! ODEIO!!!
Narcisa a observou quieta e sem nenhuma emoção:
- Poupe os seus esforços, Weasley. Você vai precisar deles. E, pelos meus cálculos, as contrações já devem ter começado.- observou satisfeita
Gina a olhou em pânico:
- O que foi que você fez?- perguntou desesperada
- Apenas dei algo a você. Sabe que há substâncias trouxas bem eficazes. Existe uma, chamada ocitocina, que quando dada a mulheres grávidas, induzem ao parto em algumas horas. Muito interessante, não acha?- explicou triunfante
- O que você quer, Narcisa?
- O seu bebê. Eu o quero, acho que é um preço justo a se pagar por ter afastado o meu filho de mim... Eu vou torna-lo poderoso...- disse com um estranho brilho no olhar
Gina não pôde conter as lágrimas, virou o rosto para que ela não a visse chorando:
- Você já deveria saber que eu sempre venço no final, Weasley. Sempre.- disse com frieza
Outra pessoa entrou no quarto, Gina se virou pra ver quem era a nova peça daquele jogo:
- Draco...- reconheceu perplexa
- Você está atrasada. Aonde foi que você se meteu?- perguntou Narcisa irritada
- Desculpe, demorei mais que o previsto... Capturaram o seu filho, ele está preso na Ordem.
- Droga, eu não contava com isso. Vamos ter que nos apressar.
Após alguns segundos, algo começou a acontecer, os cabelos loiros de Draco deram vida a cabelos mais secos, ele ficou mais baixo... Ele estava se transformando em outra pessoa, Gina mal podia acreditar no que estava vendo:
- Você... Por que?- perguntou num fio de voz
- Sua idiota, você não devia deixar que ela te visse desse jeito, tome logo outra poção... Imprestável, você estragou o disfarce... Agora, eu vou ter que mudar os planos e tomar algumas precauções.
- Você disse que não a machucaria.- protestou
- Não ouse questionar as minhas decisões.- disse em tom ameaçador – Vá buscar toalhas e água quente.- ordenou
As contrações estavam cada vez mais freqüentes, a dor e a espera eram insuportáveis. Narcisa estava sentada numa poltrona, apenas aguardava o momento em que teria que agir. Gina se contorcia de tanta dor, gemeu alto, depois gritou, estava pálida:
- A dor é violenta, não é?- perguntou calmamente
- Por favor! Me ajude...
- Não!!! Você tem que sentir pra saber o quanto um filho significa.
Gina não agüentava mais, voltou a gritar:
- Por Merlin!!! Narcisa, por favor!!!- suplicou
A mulher se aproximou, afastando as pernas dela com força:
- Você ainda não está pronta.
Após algum tempo, Gina finalmente conseguiu dilatação suficiente. Ela mantinha-se com as pernas dobradas, parecendo experimentar uma dor intensa. Sua camisola branca estava dobrada até a cintura, mostrando seu corpo inchado pela gravidez. Seu rosto estava contraído de dor, sua respiração era rápida, tensa, e ela rangia os dentes, percebendo que mais uma pontada estava a caminho. Narcisa se aproximou calmamente, parecia estar se divertindo com o sofrimento de Gina. Lentamente dobrou as mangas de sua fina blusa de renda francesa e afastou mais as pernas da garota:
- Vamos lá, sua ordinariazinha, faça força!
- Eu estou fazendo!!!
Gina cerrou os dentes, vitima da ferroada angustiante e fez força. Quando a contração se foi, ela relaxou os músculos e nervos:
- Eu vou perder meu bebê... Estou tão cansada! E dói tanto.- desabafou melancólica
- Cala essa boca e faz força, sua vadia!- ordenou impaciente
Gina nem teve tempo de responder, pois uma nova contração a tomou e ela gritou fazendo força:
- Ande logo com isso, eu não tenho a noite toda!
- Eu não posso agüentar mais...- gemeu
- Quando a próxima contração vier, faça força!- disse com irritação
Mais uma contração, mais um berro e o aviso de Narcisa soou forte:
- Vamos, agora faça força!
Gina, juntando suas últimas reservas de energia, obedeceu. As veias em seu pescoço se dilataram, aparecendo através da pele muito branca. Ela se perguntava o quanto mais poderia suportar quando, por fim, Narcisa viu o arredondado da cabeça do bebê. Vinha envolta em sangue, mas os cabelinhos loiros, quase prateados, eram bem visíveis:
- Faça mais força, está quase terminando.- ordenou a mulher
Gina assentiu e fez força mais uma vez. Os ombros da criança escorregaram para fora, seguidos rápidos pelo restante do corpo. Narcisa olhava, petrificada, para o bebê que segurava:
- Ande, respire!- disse com voz grave
- Ele está morto?- perguntou Gina alarmada
Mas, não obteve resposta. Narcisa o segurava, mas a criança não se movia, sua pele acinzentada era um contraste com a dela, muito branca. Segura de seu ato, a mulher virou o bebê de cabeça para baixo e deu um tapa vigoroso. O bebê pareceu engasgar e depois soltou um longo e sofrido grito, que logo se transformou num choro convulsivo. Narcisa começou a embala-lo, encantada:
- É um lindo menino, o meu bebê.
Exausta e quase sem forças, Gina implorou num fio de voz:
- Narcisa, me dê ele aqui. Por favor...
A mulher a ignorou:
- Venha, mamãe vai dar banho em você...
- Não... Ele é meu... Meu bebê... Me dê ele aqui.- implorou novamente com o rosto cheio de lágrimas
Narcisa passou a criança para a mulher que observava tudo calada e se aproximou de Gina, observando-a enojada:
- E, você... Sujou todos os meus lençóis de linho branco com esse sangue imundo, sua cretina!!!- disse lhe esbofeteando depois
Antes de sair, ela abriu a porta da sacada, deixando o vento frio e cortante entrar:
- Com sorte, ela morrerá logo.- comentou satisfeita
Ela voltou a tomar a criança nos braços e ambos saíram do quarto. Gina nem chegou a ver seu filho. Sentiu-se de repente tão cansada, seu rosto estava banhado de suor e lágrimas, seu corpo, assim como a cama estavam encharcados de sangue, mal sabia ela, que estava tendo uma hemorragia. E, estava sentindo tanto frio. Respirou fundo, tentando manter-se acordada. O que eles estariam fazendo com seu bebê? Sentiu-se sufocada, apertada pelas correntes presas em seus punhos. A espera era tão angustiante. O que aconteceria? Ela queria gritar, lutar contra as correntes que a prendiam, mas tudo o que conseguiu foi um lamúrio amedrontado, no fundo da garganta. A mente de Gina pareceu vacilar, depois congelar-se. Ela toda era uma massa de gritantes terminais nervosos, uma bola de puro terror, encurralada em seu casulo de escuridão. Aquela noite a levara além do limite suportável de dor e sanidade. Imóvel, ela fitou o teto, tentando escapar para os recessos de sua mente. Resignada, ela parou de lutar. Estava desmaiando e não podia mais se controlar.
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Draco voou para lá o mais rápido que conseguiu, mas mesmo assim, o caminho era longo e ele demorou um tempo considerável no trajeto. Por terra, seria ainda mais demorado, o caminho, uma fenda profunda dentro da floresta impenetrável, terminava diante de uma sombra monstruosa e quadrangular. Era uma monstruosidade cercada de ameias que se elevava em direção ao céu. O mais esperto dos invasores teria dificuldades em entrar ali. Situada no alto de uma colina e rodeado pela imensa floresta, a mansão dos Malfoy não ficava nada a dever a uma fortaleza medieval. Grandiosa e intimidativa, construída com pedras enormes, tinha uma torre redonda em cada um dos cantos. A entrada principal abrigara uma ponte elevadiça no passado. Era guarnecida com ameias que deviam, junto com a posição elevada da mansão, ter garantido a segurança para os Malfoy ancestrais. De volta a sua casa, a mente de Draco foi invadida por lembranças de sua infância e ele não pôde deixar de sorrir, perdeu as contas de por quantas vezes aprontara naquele jardim...Voltou a se concentrar no seu objetivo e deu a volta, entraria pelos fundos, chamaria menos atenção. Com um feitiço simples a porta se abriu e rangeu quando ele a empurrou. O lugar estava exatamente como ele se lembrava, a não ser pelos lençóis que cobriam tudo. Concentrado e com a varinha em punho ele foi para o hall, não havia ninguém lá também. Silenciosamente, ele subiu as escadas, ouviu vozes no corredor, e apressou-se em se esconder, seria arriscado demais tentar enfrenta-los sozinho. Os dois brutamontes passaram por ele, que instantaneamente os reconheceu: Crabbe e Goyle... Seria como nos velhos tempos.
Rapidamente, ele vasculhou os quartos do primeiro andar. Não havia ninguém em nenhum deles. Já no segundo, a dificuldade foi maior, havia um estranho guardando um dos quartos. Draco lançou um feitiço em um dos vasos do primeiro andar, chamando a atenção do individuo, que foi verificar o que tinha acontecido. Apressado, ele entrou no quarto, o lugar estava gelado. Ele correu para fechar a porta da sacada e não demorou a reconhecer e a se chocar com a cena e com a figura mórbida que estava sobre a cama. Gina estava com os lábios roxos, a pele muito branca, dava uma aparência fantasmagórica a ela e, havia sangue, muito sangue. Draco se aproximou perplexo com o que tinham feito a ela, e desprendeu as correntes que a seguravam, seus pulsos estavam arroxeados.Temendo o pior, Draco a tomou nos braços, tentando sentir sua pulsação. Estava tão fraca, que quase não dava pra sentir. Alarmado, e com um terrível sentimento de culpa, ele a abraçou com força:
- Gina, Gina... Acorde... Fale comigo.- pediu, enquanto dava tapinhas no rosto dela
Após algumas tentativas, ela abriu os olhos. Mas, estava fraca e, parecia não ter consciência de quem estava com ela:
- Meu bebê... Eles levaram... Meu bebê... Eu quero o meu bebê.- pronunciou com esforço e de forma desconexa
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela tornou a amolecer, estava desmaiando novamente:
- Gina, Gina... Não... Fique acordada, fale comigo... Gina.- pediu com certo desespero na voz
Não sabia como iria fazer, mas tinha que pegar o bebê e tirar ela dali imediatamente. Ela estava morrendo. Ele a ajeitou na cama e procurou nos armários algum cobertor, tinha que mantê-la aquecida.
Por um momento, ele sentou-se na cama, ao lado dela, observando-a. Tinha dor em seus olhos. Não houve tempo para mais nada, assim que se levantou foi atingido por um feitiço nas costas que o jogou longe. Meio dolorido, ele se viu sendo carregado pelos seus dois velhos amigos:
- Agora, chegou à hora de acertar as contas com você, “parceiro”.- disse Goyle de forma irônica
- É, agora você vai pagar por ter estragado os planos de Voldemort naquela noite... E, por ter mandado meu pai pra Azkaban, seu panaca.- completou Crabbe
- Sabe Malfoy... Foi muito divertido pegar sua namoradinha, precisava ver ela se debatendo, gritando de dor... E, foi tão fácil.- continuou Crabbe rindo
- Eu vou acabar com vocês dois... Um de cada vez e de forma bem dolorosa.- ameaçou Draco entredentes
Os dois riram, antes de Goyle dizer:
- Isso é o que nós vamos ver.
- Crucciatus.- gritou Crabbe
A maldição atingiu Draco em cheio, que se contorceu em frente à porta do quarto principal. A dor era insuportável. Os dois observavam tudo de forma divertida. Atraída pelo barulho, Narcisa abriu a porta e ambos cessaram o feitiço, jogando-o dentro do quarto:
- Ora, ora, se não é o filho pródigo retornando a casa.
Draco levantou a cabeça para encara-la:
- O que você fez com o meu filho?
Ela riu:
- Seu filho? Não se preocupe, ele ficará bem. Eu o tornarei forte, poderoso, como você jamais foi. Quanta decepção, Draco. Ficou de quatro pela primeira ordinária que apareceu. Eu devia ter ouvido o seu pai. Devia ter te deixado morrer, me pouparia tanto trabalho.
- Eu tenho nojo de você.- rebateu Draco
- Como se isso fizesse alguma diferença. Mas, antes de ir, eu quero que você veja a vadia que você chama de mulher morrer. Vai ser inesquecível!
Antes que ela pudesse dar a ordem, um outro Draco entrou com um bebê nos braços. A criança dormia. Draco o olhou surpreso, depois irritado:
- Eu devia saber... Poção polissuco... Que original!- exclamou com sarcasmo
- Uma pena, isso sim! Eu faço todo o trabalho sujo enquanto você leva os créditos por tudo.- observou o outro inconformado
Quando ele passou a criança para Narcisa, houve um barulho forte atrás da porta e ela se abriu com um estrondo:
- Você está presa, Narcisa Malfoy.- gritou Ashley
Draco a encarou confuso mas, antes que pudesse pensar, já tinha saltado sobre o falso Malfoy e os dois rolaram no chão lutando. Com a confusão, Narcisa aproveitou para fugir com o bebê. Ashley não teve como ir atrás, por que Crabbe e Goyle já estavam acordando do feitiço que ela jogara neles, e ela teve que reagir. Contudo, as coisas melhoraram, não demorou muito, o pessoal da Ordem chegou e todos que estavam na mansão foram dominados. Quando Harry, Hermione e Rony chegaram no terceiro andar, encontraram Ashley lutando com Crabbe e os dois Dracos ainda rolando no chão. Rony a olhou confuso, antes de lançar um feitiço em Crabbe, que caiu petrificado no chão:
- O que você está fazendo aqui?- perguntou
- Depois eu explico.- respondeu ofegante
Harry ainda decidia qual Draco azararia:
- Anda logo com isso, Potter.- gritou um deles
Harry ameaçou lançar um feitiço, mas o outro interveio:
- Você vai cometer um erro de novo. Não sou eu, é ele.
Harry os observava aturdido:
- Como é que eu vou saber se você está falando a verdade?
- Por que agora eu estou do seu lado, e depois de tudo, acho que somos amigos, não?- respondeu com certa dificuldade
Sem pensar em mais nada, Harry lançou um feitiço imobilizador nele. O outro se levantou meio cansado:
- Já estava na hora de vocês chegarem. E, como você sabia que aquele não era eu?
Harry riu, antes de responder:
- Qual é, Malfoy? Em hipótese alguma, você diria que nós somos amigos.
Ele assentiu sorrindo com a lógica da observação:
- Minha mãe, ela levou o bebê...- percebeu preocupado
- A Hermione já foi atrás dela.- explicou Ash
- E, a Gina? Ela estava morrendo quando a encontrei...
- Acalme-se, assim que chegamos, o Sirius a levou até o St. Mungus.- respondeu Harry
- E, quanto às acusações contra mim?
- Eu já desconfiava que você não era o culpado... Enfim, após esta noite, não restam dúvidas. Todas as acusações serão retiradas.- respondeu Harry
De repente, o falso Draco começou a se revelar, e quando o efeito da poção terminou, todos a encaravam perplexos:
- Luna... É, você? Mas, por que?- perguntou Harry estupefato
Ela riu com desdém:
- Vingança é um prato que se come frio, Harry. Depois de toda a humilhação que vocês me fizeram passar, todo o sofrimento, a única que me estendeu a mão, que me ajudou no momento em que eu mais precisei de um de vocês, foi a Narcisa. Irônico, não? Além do mais eu consegui o poder e o respeito que eu nunca tive... Não foi difícil ela me convencer a trai-los.
Rony a encarava com desprezo e culpa:
- Por que, Luna? Por que? Você não precisava de nada disso... E, a Gina... Ela era sua amiga. Por que você fez isso com ela?- perguntou inconformado
Luna deu uma fria gargalhada:
- Amiga? Você tem certeza disso? Porque eu não me lembro dela ter me ajudado quando eu fui te procurar. Ela teve o que mereceu.
Rony balançou a cabeça transtornado, estava tendo uma tremenda crise de consciência, porque afinal de contas tinha sua parcela de culpa naquilo tudo:
- E, a Kyra? Você pensou nela em algum minuto?
- Com sorte, você nunca mais vai saber dela.- respondeu com satisfação
- Onde você deixou nossa filha?- perguntou numa raiva contida
Rony se aproximou chacoalhando-a:
- CADÊ A NOSSA FILHA?
Luna voltou a gargalhar e disse calmamente:
- O mundo realmente dá voltas, não é Rony? Você é tão patético. Também vai ter o que merece.
Rony estava visivelmente fora de si:
- Acho que está na hora de usar um pouco de Veritessarum ... Me dá a poção, Harry.- pediu atordoado
Harry se aproximou tocando-lhe o ombro:
- Acalme-se, Rony. Você não percebe que é exatamente isso o que ela quer? Não faça o jogo dela.
- MAS QUE DROGA, HARRY... ME DÁ LOGO A PORCARIA DA POÇÃO OU EU JURO QUE MATO ELA AGORA MESMO.
Percebendo que não teria outra opção, Harry passou o vidrinho a ele, que imediatamente fez Luna beber:
- Agora, me diga onde você deixou a nossa filha?- perguntou tentando manter a calma
Automaticamente, Luna respondeu:
- Ela está na casa do Colin.
Todos a olharam supresos e Rony continuou:
- Colin Crevey? Mas, por que?
- Ele é o informante infiltrado na ordem. Talvez, pelo mesmo motivo que eu: vingança. A Gina o desprezou em Hogwarts há alguns anos por causa do Malfoy. Nada mais justo do que dar o troco. Vocês são tão palermas que não perceberam nada.- respondeu triunfante
- Há alguém com ele lá?- prosseguiu Rony revoltado
- Pode ser que sim. Ex-comensais, cúmplices, eu não sei.
- Eu acho que já é o suficiente, Rony. Continuamos com ela depois, precisamos ir pra lá imediatamente.- interrompeu Harry
- Pois bem, agora você vai ter o que merece em Azkaban. Você está presa, acusada de traição, tentativa de homicídio, seqüestro e invasão.- disse Ashley com firmeza
Todos se viraram pra ela, novamente confusos. Ela, por sua vez, mostrou sua credencial para Harry:
- Serviço Secreto do mundo mágico.
- Como é que é?- perguntou Rony
- Pois é... Há alguns anos foi me dada à missão de me aproximar da família Malfoy e encontrar algo que pudesse mandar a Narcisa pra Azkaban. Queriam a cabeça dela, mas não tinham provas suficientes. Foi o que eu fiz. Contudo, eu acabei me tornando amiga do Draco, me casei... Mas, já era tarde, não tinha como voltar atrás. E, meus superiores não permitiram que eu contasse a verdade. Nem pra você, Rony... Desculpa.- contou simplesmente
Todos ainda a olhavam sem palavras, surpresos, quando a conversa foi interrompida por Hermione que voltava ofegante:
- Ela conseguiu escapar...
- Então, temos que ser rápidos antes que ela avise os outros.- decidiu Harry
As ordens dadas era que um grupo ficaria na mansão Malfoy coletando provas e vigiando os traidores capturados e que outro grupo partiria para casa de Colin, a fim de pegar os que tinham escapado. Quando esse grupo chegou lá, apenas uns poucos tinham decidido permanecer ao lado de Narcisa e lutar. Como a Ordem os pegou desprevenidos e estavam em vantagem de número, tendo ainda o fator surpresa, a vitória foi rápida e, em pouco tempo, todos os que estavam na casa já estavam detidos. No jardim, Hermione ainda lutava contra a resistência de Narcisa. Quando a maioria já estava imobilizada, Rony vasculhou a casa e encontrou Kyra no porão dormindo. Aliviado, ele pegou a filha no colo e desatou a chorar:
- Eu pensei que tinha perdido você.- desabafou embalando-a
A criança ainda sonolenta resmungou e, em seguida, voltou a adormecer no ombro do pai. Assim como Rony, Draco tinha vasculhado toda a casa à procura do bebê, em vão. Não encontrou o filho em lugar nenhum. Quando voltou a sala, Hermione tinha acabado de vencer Narcisa e a trazia sob sua proteção:
- Tire suas mãos de mim, sua imunda, sangue sujo.
Draco se aproximou nervoso, chacoalhando-a pelos ombros:
- Cadê a criança?
Ela deu um sorriso lento, maldoso:
- Eu posso ser presa, mas você também não terá o seu filho.
Expulsando toda a raiva e dor que estava sentindo, Draco deu um tapa com força em sua mãe:
- COMO VOCÊ OUSA? SEU TRAIDOR ORDINÁRIO!!!
- CADÊ O BEBÊ???
- Eu jamais direi onde ele está.- respondeu desafiante
- SUA CRETINA MALDITA!!!!
Narcisa sorriu friamente:
- No final, todos vamos perder alguma coisa.
- Tirem ela da minha frente.- pediu Draco enojado
Harry fez sinal para que a levassem juntamente com os outros, antes de dizer:
- Não se preocupe, Draco. Nós vamos encontra-lo.
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- Rony, será que dá pra gente conversar?- perguntou Ashley quando todos se afastaram
Ele a olhou sério, antes de responder secamente:
- Agora não, por favor... Ou será que tem mais alguma coisa que eu deva saber?
- Bem, na verdade, a minha verdadeira identidade é Jennifer Cliverland.- respondeu meio envergonhada
Rony a encarou mortificado, aquela tinha sido uma pergunta retórica:
- Rony, por favor, entenda que...
- Agora não é hora para explicações, eu estou trabalhando e tenho que levar a Kyra pra casa. Com licença.- interrompeu, deixando-a sozinha
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Draco permaneceu calado e os outros o deixaram sozinho, tinham muito a fazer ainda. Ele desceu as escadas, frustrado, e se encaminhou até o jardim. Estava lá, pensativo, olhando para a noite fria e estrelada, quando escutou um chorinho, baixinho, vindo do meio das árvores. Rapidamente, ele se embrenhou no meio do mato, desesperado, guiado apenas pelo choro da criança. Encontrou o bebê em meio a uns galhos, enrolado apenas com uma fralda. Por puro instinto, ele pegou a criança e a enrolou em sua blusa, embalando-a. Foi tomado, então, por um alívio, uma alegria tão intensa, tão profunda. Segurava o seu filho. E, ele estava vivo. Vivo. Nada importava mais.
N/A: Oiiii... e ai galera? Demorei um pouquinho desta vez, né? Foi mal, rsrrs. E, então? O que acharam do cap.? Movimentado, não? Nhaiii, está quase no fim... mais dois capítulos (eu acho) e a história termina... por isso... esperem só mais um pouquinho, rsrrsrs. E, estão gostando? Comentem, por favor...Ah, continuo agradecendo a todos os coments, valeu msm!!!!
P.S: Então, vcs já leram o HP7? Gostaram do desfecho do livro?
Bjaum galera... até breve!!!
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