A Velha História...
Era quase meia noite quando Gina chegou em casa. Exausta, sentou-se no sofá massegeando os pés dormentes. Ligou a TV e procurou se concentrar no filme que passava, tentando afastar os pensamentos que lhe vinham à mente. Depois de algum tempo, suas pálpebras começaram a pesar e, por fim, ela deixou-se cair em sono profundo. Teve um sono agitado, com uma série de sonhos estranhos:
“ Lá estava ela em Hogwarts novamente, andando pelos corredores atrás de Draco, que fugia sempre que ela se aproximava. Já havia percorrido todo o castelo, estava quase desistindo quando o avistou no lago. Se aproximou devagar e o chamou, desta vez, ele não correu, se aproximou mais, estava prestes a tocá-lo... ouviu um barulho, virou para trás para ver de onde vinha, mas ao voltar-se ele havia desaparecido... outro barulho... o som parecia cada vez mais perto... mais real... pareciam copos se quebrando...”
Gina voltou a si, demorou alguns instantes até perceber que estivera sonhando. Suspirou irritada. Ouviu o barulho de novo... parecia real e próximo... não era um sonho... pois, vinham de sua cozinha. Com o coração acelerado e a varinha em punho, foi pé ante pé para lá, respirando fundo, visualizou a figura no escuro, e sem pensar mais nada, gritou:
- Petrificus Totalis!!!
Com um baque, a pessoa caiu no chão, sentindo-se mais segura, ela acendeu a luz. Se deparou com um Rony irritado. Teve vontade de rir com o engano:
- Muito obrigada pela recepção acolhedora.- disparou assim que ela desfez o feitiço
- Medidas de segurança, Roniquinho. Mas, posso saber o que você faz a essa hora, na minha cozinha, quebrando meus copos?- perguntou divertida
- Ainda não contei pra família, mas costumo invadir casas de madrugada e quebrar os copos da cozinha, só por diversão.- respondeu sarcasticamente
- Quase me convenceu. Eles deviam estar loucos quando te deram permissão para aparatar.
- Foi apenas um erro de cálculo e posição. A arte de aparatar é extremamente complexa, sabia?
Ela revirou os olhos, antes de apontar para o monte de cacos e dizer:
- Reparo.
Imediatamente, os copos voltaram ao seus lugares, devidamente concertados:
- E, então? Aconteceu alguma coisa? A Mione está bem?
- Foi por isso que vim. Era só pra te avisar que ela e o bêbe estão bem.
Foi só um susto mesmo.
- O Harry deve estar feliz. Você volta pro hospital?
- Não, só pela manhã.
- É, eu também. Mesmo porque ela deve estar cansada.
- É, acho que sim. Então, boa noite e, desculpa aí.- disse antes de desaparatar
- Tá. E, vê se toma mais cuidado da próxima vez.
Gina apagou a luz e voltou para a sala. Ouviam-se apenas os tic-tacs do relógio. Envolta pelo silêncio, parou ao ver que a televisão estava desligada. Poderia jurar que tinha dormido com ela ligada. Preocupada, percorreu os olhos pela sala, à primeira vista não viu nada de anormal, mas depois de uma segunda olhada seus olhos se fixaram na rosa vermelha que havia em cima da escrivaninha. Um calafrio percorreu-lhe a espinha. Não era possível. Aquilo certamente era um sonho e ela estava prestes a acordar. Ela continuava a fitar a rosa, assegurando-se que não era um delírio, e sem coragem o suficiente para se mexer. Era possível ouvir as batidas de seu coração, que soavam como rítmicas baquetas de um tambor, em terrível esperança. Aquilo era loucura, ela sabia, mas depois de juntar toda coragem existente em si, ela se viu abrir a boca e pronunciar numa ânsia lamentável:
- Draco...
Com todos os pêlos eriçados, ela viu algo se mover na penumbra para se revelar. Com o coração batendo mais depressa, ela esperou, sua mente sendo lançada de volta aqueles vívidos sonhos. Por fim, depois de um segundo que pareceu uma eternidade, ele surgiu, seu rosto claramente visível na escuridão. Ela ficou zonza e teve que se apoiar, seus olhos estavam marejados:
- Você... porque está fazendo isso?- indagou num fio de voz
Ele tentou se aproximar, mas ela o repeliu. Abalado, com a dor nos olhos dela, ele procurou no bolso a prova de seu persistente amor. Pegou a carta e a estendeu a Gina:
- Reconhece isto?
Ela olhou o papel incrédula, lembrava-se exatamente de cada palavra que escrevera ali. Na convulsão, de descrença e felicidade, sua primeira atitude foi cair num choro melancólico:
- Eu chorei por você... lamentei por você.- afirmou com a voz trêmula – Onde você se escondeu? Por que não voltou pra mim?
Ele a fixava com a mesma incredulidade estupefata. Então sacudiu a cabeça para dissipá-la. Cruzou o aveludado tapete branco, e se postou perto da janela. Sem encará-la, ele relatou seus últimos momentos na caverva, a perda de memória causada pelo Obliviate, e posteriormente, a vida em NY.
Gina limpou as lágrimas, encarando-o revoltada:
- E, todo esse tempo, por que não disse nada? Você tem noção do inferno que foi minha vida nesses últimos anos? Você tem uma vaga idéia de quanto eu sofri com a sua ausência?- explodiu Gina
- Sim, eu tenho. Eu posso ter sido egoísta, mas também não foi fácil pra mim. Seis anos, Gina. Seis anos, atormentado por sonhos e pesadelos que não faziam o menor sentido pra mim, atormentado pela imagem de uma garota que eu nem fazia idéia que conhecia. Eu perdi minha memória, minha vida... você, enquanto meus pais conspiraram contra mim. Meus pais, Gina. Meus pais. Eu fui tão vitíma quanto você. Não duvide disso.- respondeu amargurado
Gina o encarava sem saber o que fazer. Seu instinto era agarrá-lo, reassegurar-se de sua realidade corporal, mas algo dentro de si a impedia. Por um momento não teve coragem de olhar aqueles profundos olhos cinzentos. No fundo, ela sempre soube. Agora, tudo fazia sentido. O mesmo olhar, o mesmo sorriso... todas as semelhanças apontavam para isso. Ela fora burra, ignorando todos aqueles sinais. Depois de longos minutos envoltos no tenso silêncio, ela perguntou:
- E, por que resolveu me contar?
- Eu achei que seria justo com você, pelo menos, pra tirar esse peso da suas costas e deixar seu caminho livre, visto que eu parto hoje bem cedo.
- Depois de tudo, você pretende fugir?- perguntou indignada
- Vai fazer diferença se eu for ou ficar? Vai fazer diferença você saber que eu acordo pensando em você, ou que eu não consigo pensar ou realizar meu trabalho direito por que você não me sai da cabeça? Vai fazer diferença você saber que eu temo por nós dois, quando penso que alguém pode te machucar?
Ela enterrou o rosto nas mãos, confusa demais pra dizer qualquer coisa, e ele prosseguiu:
- Quer saber? Eu acho que não. Há seis anos atrás, no meio de toda guerra e destruição você foi meu caminho pra sanidade, eu tinha uma vida mesquinha e você me ajudou a mudar, a ser uma pessoa melhor. Mas, eu mudei, não sou mais aquele Draco, Gina. Eu morri naquele dia e com ele a pessoa que você amou. Agora, depois desse tempo convivendo com você, eu percebo que todo amor que você dedica é pra aquela pessoa, aquela lembrança que você guardou. E, sinto muito, mas esse alguém não existe mais. Eu só espero que você seja feliz, Gina. Por todos esses anos que você perdeu.
Sem um adeus, Draco abriu a porta e deslizou para fora. Um turbilhão de pensamentos invadiu a mente de Gina. Por que ela o deixara ir embora? Por que não o impedira?
- Ele está vivo, vivo!!!- pensou
O resto não tinha a menor importância. Sem pensar mais nada, ela abriu a porta e saiu atrás dele. Desistiu de esperar o elevador e correu para as escadas, chegou no térreo ofegante, o avistou saindo do prédio, correu o quanto pôde para alcançá-lo:
- Draco... espera!!!- murmurou enquanto tomava folêgo
Ele se voltou, e ela o alcançou. Ele permaneceu rigído, esperando o que ela tinha pra dizer:
- Me desculpa por ser tão tola. Por não conseguir dizer, mas é que foi doloroso te ver, de verdade... Durante esses meses, eu não percebi o que estava na minha frente, tão claramente... e eu seria louca se te deixasse partir... você me perguntou se fazia diferença? E eu te respondo que faz sim, por que eu amo você, amo você demais, e não o Draco ou o Ryan, mas você, você, pura e simplesmente... E, se você não quiser acreditar, eu digo que tudo bem, que eu vou continuar te esperando por mais 6 anos, décadas ou séculos, se for preciso... por que acho que você é digno dessa espera...
Sem palavras, ela e Draco abraçaram-se na obscuridade da noite, apertando-se fortemente numa urgência feroz e partilhada de aniquilar os anos de separação, esquecer de tudo, para existir apenas aquele instante, que era só deles.
(...)
A cortina não inteiramente fechada deixou escapar um dedo de sol. A fina linha tocou o rosto de Gina, despertando-a. Ela sorriu ainda de olhos fechados relembrando cada momento daquela noite, tinha voltado finalmente à ilha mítica habitada pelo amor, pela juventude e pela felicidade irrestrita. Pousou a mão do outro lado da cama à procura dele, não sentindo nada, abriu os olhos em pânico. Seria possível que ela imaginara tudo? Não, ela não estava ficando louca. Não podia estar. Vestiu o roupão rapidamente e saiu apressada em busca dele. Parou aliviada na porta da cozinha ao vê-lo preparando o café, foi até ele abraçando-o fortemente:
- Ei, o que foi?- perguntou Draco ao vê-la daquele jeito
- Nada... é que eu acordei e não te vi lá e...- respondeu apertando-o ainda mais contra si
- Eu estou aqui, está bem? Vim só preparar o seu café, já estava voltando pra cama.
- Promete que nunca mais vai me deixar?- perguntou insegura
Ele sorriu:
- Prometo.
Ele a aninhou nos braços, e ficou assim até ela se acalmar:
- Eu não vou a lugar algum, está bem? Agora, porque você não volta pra cama e não finge estar surpresa quando eu chegar com o café?- sugeriu Draco
Ela concordou e voltou pra cama. Depois de se amarem mais algumas vezes, permaneceram abraçados, plenos e repletos de felicidade:
- Que horas são?- perguntou Gina despreocupada
- Deve ser umas 7:30. Por que?
- Bem, porque eu já deveria ter ido trabalhar e porque prometi que visitaria a Mione.- respondeu sorrindo
- A Granger pode esperar e, quando a Helen souber de nós duvido que você continue empregada.- comentou descontraído
Ela riu:
- Isto tudo parece tão surreal.- comentou enquanto acariciava o peito dele
- Eu sei. Mas, você não mudou nada... continua a mesma sardentinha, orgulhosa de sempre.- disse Draco
Ela o olhou com um ar seriamente fingido:
- Ah é? E você o mesmo arrogante, convencido de sempre.
- É, mas admita que você já estava apaixonada por mim, mesmo antes de saber que eu era o Draco.- provocou ele
- Até parece.- mentiu Gina
- Sei, você até me pediu um beijo enquanto estava bêbada.
Ela o olhou revoltada:
- E, você me fazendo acreditar que eu não tinha feito nada que pudesse me envergonhar, né?
- Você já estava constrangida o suficiente.
- É, estava mesmo. E, infeliz por saber que você ia embora.
Ele permaneceu calado, e subitamente ela se levantou para encará-lo:
- Você ainda vai, não é? Você ao menos pretendia me contar?
Ele se aproximou, acariciando seu rosto:
- Eu preciso, Gina. Já fiquei tempo demais afastado dos meus negócios.
- E eu? E a gente?
- Venha comigo.
- Eu não posso. Tem meu trabalho, minha família.
- Você pode dizer que vai tirar umas férias. Quando voltarmos você explica tudo.- sugeriu Draco
Ela ouviu tudo atenta, certamente era uma proposta tentadora:
- Está bem, só me dê algumas horas pra arrumar tudo, ok?
Ele sorriu, antes de beijá-la.
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Depois de mais um tempo juntos, ele foi para o hotel, deixando-a só para arrumar suas coisas. Assim, que terminou as malas, foi para o seminário das bruxas, e em seguida para o profeta diário. Estava tudo certo com seu trabalho, ambos os chefes acharam justo a idéia das férias. Antes de sair, foi procurar Sebastian, encontrou o amigo concentrado:
- Oi.- disse entrando na sala
Ele largou o texto em que trabalhava:
- Oi. E, aí? Quero os detalhes da festa, nem deu pra gente conversar lá.
- Isso vai ter que ficar pra outra hora, estou saindo de férias. Vim só me despedir.
Ele a encarou incrédulo:
- Você... o que você fez com a minha amiga? Pode devolvê-la...- brincou
- Pára, Sebastian. É, sério.
Ele a analisou por uns instantes:
- Aconteceu alguma coisa, eu posso sentir claramente. E, seus olhos estão brilhando...
- Sebastian, pode parar, tá?
- Qual o nome dele?
- Dele quem, Sebastian?- perguntou impaciente
- Oras, Gina... você sabe. Pensa que me engana?
Ela sorriu convencida:
- Está bem, pode ser que haja alguém, mas só vou contar quando voltar.
- Ah, não. E, vai me matar de curiosidade?- perguntou revoltado
- Pois é...
- Que maldade, Gina Weasley. Depois de todos esses anos te ouvindo, e é assim que você me agradece?
Ela o abraçou:
- Se cuida, está bem?
- Você também.
Antes de sair, ele a chamou:
- Mackenzie. É ele, não é?
- Tchau, Sebastian.- disse fechando a porta
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Draco chegou no hotel feliz como há tempos não se sentia, encontrou Ashley preocupada e aflita:
- Meu deus, Ryan!!! Você tem noção de como eu estou desde que você saiu?- perguntou assim que ele entrou
Ele foi até ela, abraçando-a e dando um beijo em uma de suas bochechas:
- Me desculpe, Ash. Não queria preocupá-la.
- E, será que posso saber o que aconteceu?
- Eu me lembrei, Ash. De tudo, absolutamente tudo.- disse enquanto juntava suas coisas e as colocava na mala
Ela o encarava boquiaberta:
- Sério? E, quanto a Gina?
- Ela já sabe... Estamos indo pra NY daqui a pouco.- contou animado
Ashley ainda o fitava, sem saber o que pensar, ou dizer:
- Eu nem sei o que dizer, só espero que vocês sejam felizes.- disse ainda surpresa
- Nós vamos ser.
- E, quanto a sua mãe? Já pensou no que vai fazer?
- Quando chegar lá, eu cuido dela.- respondeu friamente
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- Mione, você tem que relaxar, conheço uns truques de ioga que são ótimos.- sugeriu Rony animado
- Ioga?- perguntou divertida e descrente
- É... vamos lá... feche os olhos, respire fundo...- disse fazendo o mesmo
- Que Merlim permita que isso seja apenas uma alucinação causada pelos remédios.- comentou ao vê-lo
Harry riu:
- Esta bem, Rony. Já chega, isso pode acabar causando traumas irreparáveis.
Antes que ele pudesse protestar, Gina entrou:
- Oi, e aí? Como está se sentindo?
- Recuperada. Vou poder ir pra casa pela tarde. E, você? Como está?
- Bem, estou saindo de férias hoje.- contou animada
- Gina, isso é ótimo. Você está mesmo precisando de um tempo só pra você.
- E, pra onde você vai?- perguntou Rony
- Eu ainda não me decidi, só sei que vou ficar um tempo fora. Você vai ficar bem?
- Não se preocupe, com um marido tão atencioso e exagerado como o Harry, duvido que me aconteça alguma coisa. Pode ir tranquila.
- Se é assim, fico despreocupada. Bem, eu tenho que ir, vim só saber como estava. Mando notícias, ok?
- Vê se relaxa e aproveita, pelo menos uma vez na vida.- ordenou Mione
- Pode deixar.- respondeu confiante
Assim que saiu do St. Mungus, Gina pegou suas malas e foi ao encontro de Draco no hotel. Juntos e felizes, sem pensar no passado ou futuro, vivendo apenas o presente, eles embarcaram para NY.
N/A: Bom gente, finalmente o cap. tão esperado... e ae oq acharam? ficou bonitinho, né?E só pra avisar, esse não é o final, tem muita coisa pra rolar ainda, aguardem... Ah, boas noticias... arrumei meu PC, continua o mesmo pré histórico de sempre, mas pelo menos está funcionando, isso significa q agora tenho meios pra digitar e postar a história, entaum é possivel q os caps, cheguem com menas demora, ok? espero q curtam esse... bjaum
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