Antes que seja tarde
Gina acordou com um enorme cheiro de café invadindo suas narinas, se espreguiçou com vontade, há tempos não dormia tão bem. Depois de dar mais uma enrolada, abriu os olhos. A primeira sensação foi a de achar que estava sonhando, esfregou as mãos nos olhos, piscou algumas vezes, e quando se deu conta que não era um sonho, uma onda de pânico a atingiu. Ela não reconhecia aquele quarto, aquela não era a sua cama, aquela não eram suas cortinas, e acima de tudo, aquela não era a sua roupa, aquilo parecia mais uma camisa, uma camisa de um homem, um HOMEM. Levantou-se rapidamente, olhando ao redor, como se alguma coisa fosse surgir do além, e pra piorar, não lembrava muito da noite anterior, muito menos de como acabara num quarto de um estranho, um HOMEM, ESTRANHO. Um desconhecido, que poderia ser um maníaco, tarado, assassino, e que possivelmente a tinha convencido a ir por livre e espontânea vontade:
- Droga, Gina!!! Como você foi acabar assim? É o fim do mundo, o apocálipse. Só pode.
Andando na ponta dos pés, foi até a porta e a abriu devagar, com sorte sairia sem ser vista. Mal tinha dado dois passos, quando ouviu uma voz perguntar:
- Então já acordou. Dormiu bem?
Assustada e com o estômago revirando, ela parou, não por ter sido descoberta, mas por reconhecer aquela voz. Pior do que acordar na casa de um desconhecido, era acordar na casa de Ryan Mackenzie, RYAN MACKENZIE. Envergonhada e constrangida, virou-se para encará-lo:
- Você está bem?- perguntou preocupado ao vê-la ficar branca
- Eu pareço bem? Eu pareço bem? Não, claro, eu estou ótima. Saio da minha casa no dia anterior feliz e saltitante, para acordar na manhã seguinte no quarto de um estranho, tecnicamente falando, sem as minhas roupas, e vestindo apenas uma camisa que provavelmente deve ser do individuo. O que indica que deve ter acontecido coisas... com você... COISAS COM VOCÊ. E, você vem me perguntar se eu estou bem? Não, eu não estou bem. Definitivamente.- discursou desesperada
Ele sorriu, achando graça do desespero dela:
- Será que pareço o tipo de homem que seduz moças inocentes?- brincou
Ela ainda o olhava com a mesma expressão perturbada:
- Acalme-se, Gina. Não aconteceu nada. Eu dormi no sofá, está bem?- tentou tranquilizá-la
- Muito reconfortante.- ironizou ela
Ao ver que ela não tinha se convencido, ele continuou:
- Você bebeu demais e não estava em condições de ir pra casa, por isso, te trouxe pra cá. E, não se preocupe, não fui eu quem te trocou, foi a camareira do hotel. Fiz mal?
Ela ainda sentia-se desconfortável, mas aparentemente mais aliviada:
- Não...- foi a única coisa que conseguiu dizer
Ela o observou por uns instantes com uma expressão desolada, antes de perguntar subitamente:
- Diga a verdade, Mackenzie... eu fiz alguma coisa da qual deva me envergonhar?
Ele se engasgou com o café e voltou a olhá-la, com certeza, ela não estava pronta para ouvir a verdade, e teoricamente falando, nada de sério tinha ocorrido, então não havia motivo para atormentá-la:
- Confesso que gostei da sua versão bêbada, mas não se preocupe, até bêbada você é consciente. E, é bom ter a velha e boa Gina de volta.- respondeu descontraído
Ela ainda sentia-se mal pela situação, e permaneceu ali parada, assimilando tudo, pondo as idéias em ordem:
- Sente-se e coma alguma coisa, você deve estar com fome.
Ainda insegura, ela o obedeceu e sentou-se na cadeira a sua frente, mas não tocou na comida:
- Não precisa se preocupar, não está envenenada.- disse normalmente e colocando o jornal de lado
Ela serviu-se de um pouco de chá, e antes de beber perguntou desconfiada:
- Você tem certeza mesmo que não aconteceu nada?
- Tenho, Gina. Absoluta.- respondeu sem encará-la
Mais confiante, ela comeu algumas torradas, Ryan a observava atento:
- Ontem à noite, enquanto dormia... você disse um nome... Draco... acho...- começou simplesmente analisando a reação dela
- E...?
- Quem é ele?
Ela largou a torrada que estava comendo e desviou do olhar dele, houve um longo momento de silêncio, em que ele esperava ansioso e que ela se decidia, por fim ela quebrou o silêncio:
- Depois de tudo o que fez, acho que você merece saber... o Draco foi alguém que eu conheci há alguns anos.E, apesar de pensar nele constantemente, não falo muito sobre ele ou sobre o que aconteceu. Dói demais, entende?
Gina começou a contar toda a história, desde os primeiros anos em que eles se odiavam mortalmente, até o plano e o envolvimento, e por fim, a noite fatídica, em que ele acabara morrendo. Ryan ouviu tudo atenciosamente, sem mostrar reação ou emoção nenhuma:
- Depois da morte dele, eu fiquei perdida, sozinha. E, parece inacreditável gostar de alguém tão arrogante e irritante como ele, não é? A maioria das pessoas nunca entendeu como isso foi possível, ou como eu continuei a amá-lo. A verdade, é que nenhuma delas conheceu o outro lado dele, como eu conheci, por isso, ninguém nunca vai compreender... não sei, se foi sorte ou azar, só sei que o amei desesperadamente, e que ainda o espero... parece loucura, eu sei... mas faz 6 anos que sonho com ele ou tenho pesadelos com aquela noite... às vezes, gostaria que ele viesse me buscar, e não me deixasse mais sozinha no escuro.- terminou no momento em que uma lágrima silenciosa descia por seu rosto
Ryan continuava a observá-la com uma expressão distante e concentrada, ela rapidamente limpou a lágrima e sorriu procurando um meio para disfarçar, depois de um momento de silêncio ela se levantou:
- Acho que já falei demais, está na hora de ir pra casa... e o meu vestido?
Ele não respondeu, apenas indicou o sofá. Em cinco minutos, ela saiu do banheiro, o encontrou na sala, vendo pensativo a vista pela janela:
- Eu já vou indo... e ... obrigada por tudo.- disse timidamente antes de sair
Assim que ela saiu, ele pegou o vaso da mesinha e atirou contra a porta. Estava com raiva, ódio, e se sentia traído. Uma dor forte e latejante surgiu em sua cabeça. Imagens, muitas delas, apareceram em ordem desconexa, numa velocidade impressionante, lembranças, fatos, momentos, flashs, sua vida começou a surgir vertiginosamente como num filme sendo rebobinado. E, por fim, ele teve seus 16 anos perdidos de volta. Lembrou-se de tudo: Hogwarts, Snape, quadribol, Potter, os comensais, seu pai, e por fim... Gina. Lembrou-se da briga que tiveram, do momento em que ela entregara a carta, do seu pai surgindo e a levando, dele tentando matá-lo... seu próprio pai... do momento em que Gina tentara tirá-lo de lá, do lugar desabando, de no último instante sua mãe surgindo e o carregando, e de repente, todas as peças do quebra cabeça tinham se encaixado, finalmente todos os sonhos faziam sentido. Contudo, seu ódio no momento era maior que seu alívio. Sua própria família tinha tirado o que lhe era mais importante, lhe condenaram a 6 anos de escuridão e tormentos, tudo por orgulho, o maldito orgulho e capricho. Mal conseguia acreditar que sua própria mãe lhe lançara um feitiço de memória naquela noite, ele esperava tudo de seu pai, mas sua mãe... indo tão baixo, utilizando de meios sórdidos, só para afastá-lo de Gina, como ela fora capaz? Como? Ele se sentiu tonto, tudo começou a rodar e ficar escuro, e por fim, ele caiu desacordado no chão da sala.
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Gina chegou em casa e se jogou no sofá, pensativa e cansada com os últimos acontecimentos. Sebastian não acreditaria se ela lhe contasse. Ele fora tão atencioso e cuidadoso. Por que ele se importara? Cansada demais para tentar achar uma resposta, ela foi tomar um banho. Foi só depois de 40 minutos embaixo da água quente e relaxante, que ela viu o bilhete sob a escrivaninha:
Gina,
A Mione passou mal e está no hospital. Nos encontre lá assim que puder. Estamos preocupados.
Rony
Ela nem pensou duas vezes, no instante seguinte já tinha aparatado no St. Mungus, rapidamente procurou a recepcionista:
- Oi, em que quarto está Hermione Granger?
Depois de analisar as fichas, a mulher respondeu simplesmente:
- Desculpe, mas não consta ninguém com esse nome aqui.
Gina pensou por uns instantes, antes de tentar novamente:
- Tente, Hermione Potter.
Depois de conferir de novo, ela sorriu e disse:
- Ah sim, aqui está. Terceiro andar, quarto 113.
- Obrigada.
Gina saiu apressada para o tal andar, assim que chegou, avistou Harry e Rony no corredor, foi correndo ao encontro deles:
- O que aconteceu? A Mione está bem?- perguntou apreensiva
Harry não respondeu, estava pálido, abatido e com olheiras:
- Onde você estava? Te procurei a manhã toda.- perguntou Rony irritado
- Tive um compromisso, vim assim que li o bilhete. Mas, e ela? Como está?
Rony olhou inseguro para Harry, antes de responder:
- Ela passou mal, parece que pode perder o bêbe.
Harry começou a chorar, angustiado:
- Estavámos tão felizes... Aí, não sei o que houve, ela começou a perder sangue e desmaiou. E, agora o médico não nos diz nada, se ela está bem ou o bêbe.
Gina ficou com pena dele, naquele momento. Nunca o vira assim, tão fragilizado:
- Pelo que eu ouvi, parece que é uma gravidez de risco.- comentou Rony baixinho para Gina
- Nós queríamos tanto esse filho.- disse Harry choroso
- Acalme-se, Harry. Vai ficar tudo bem.- tentou Gina
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Ryan acordou com uma mão dando tapinhas em seu rosto e o chamando, aos poucos foi recobrando os sentidos, até ver nitidamente Ashley ao seu lado:
- Ryan, Ryan... você está bem? O que aconteceu?
Subitamente ele se levantou, ignorando os protestos dela, foi até o criado mudo pegou a carta e disse antes de sair:
- Preciso ver a Gina. Agora. Depois nos falamos.
- mas Ryan...
Ele nem escutou, não sabia o que iria fazer, ou como fazer, só sabia que tinha que falar com ela, imediatamente. Chegou ao seu apartamento e começou a tocar a campanhia insistentemente, depois de longos minutos de ansiedade, ele aparatou lá dentro, deu uma olhada nos cômodos e por fim se convenceu de que ela não estava, sentou-se no sofá frustrado e com o rosto enterrado nas mãos. Estava confuso, e com raiva. Precisava pensar no que fazer, não podia se precipitar. Não estava agindo racionalmente. Depois de se sentir melhor, decidiu sair pra pôr a cabeça no lugar. Tinha que pensar, achar uma solução. Antes de tudo, precisava ficar sozinho.
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Depois de passar praticamente o dia inteiro sentada numa cadeira de hospital à espera de notícias, Gina estava cansada e com dores no corpo. Estava quase cochilando quando uma mão pousou em seu ombro, Gina se assustou com o gesto:
- Calma, sou eu. É melhor você ir pra casa, Gina. Não tem nada que você possa fazer aqui. Quando tiver notícias mando te avisar, ok?- disse um Harry cansado e triste
- Estou bem aqui, Harry. Sério.
- Não está não. Você já fez o bastante passando a tarde aqui. O Rony também já foi descansar.- insistiu Harry
- Mas, e você?- indagou preocupada
- Eu prefiro ficar e esperar, mesmo porque não vou conseguir dormir se for pra casa, então prefiro esperar aqui. Quero estar ao lado dela quando ela acordar.
- Está bem, mas qualquer coisa, me avise. E, amanhã bem cedo venho vê-la, ok?
- Certo. E, obrigado, Gina.
- Não precisa agradecer, você sabe que pode contar comigo, né?
Ele deu um fraco sorriso em resposta:
- Fica bem, Harry. E, tenta descansar um pouco, tá?
Ele concordou com um aceno de cabeça e depois de dar um abraço nele, ela foi pra casa.
Bom. demorei mas postei, e ae oq acharam? O próximo capitulo promete, finalmente vai acontecer coisas interessantes, rsrsrs, mas vcs vao ter q esperar mai um pouquinho por ele, blz? estou fazendo o possivel pra postar, por isso, sejam compreensivos, bjaum...
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