Um Natal... apesar de tudo

Um Natal... apesar de tudo



A plataforma 9 e meia realmente não era um bom lugar para se ficar esperando na fria véspera de natal. E frio já era o clima que reinava entre Meggy, Gregory, Malthus e Gareth enquanto esperavam por Emily. No último mês eles não tinham recebido boas notícias de casa e sabiam que nada estaria igual ao que tinha deixado ao no começo do ano em Hogwarts.
_ Meggy! _ eles ouviram uma vozinha gritando e logo avistaram Selene tentando abrir caminho por entre as pessoas que estavam na plataforma.
Meggy estendeu os braços e a irmã a agarrou como nunca tinha feito antes. Respirando muito forte ela perguntou:
_ Onde levaram a mamãe, Meggy?
A garota pestanejou sem saber o que respondeu e logo outra voz em tom de desculpa chegou até eles:
_ Ah, estão aí. _ Emily apareceu um tanto ofegante _ Desculpem pela demora eu tive muito o que fazer antes de... Ah, que saudades de vocês! _ ela abraçou os dois filhos de uma só vez com força _ Não sabem o quanto aquela casa fica vazia sem vocês!
_ E o papai? _ perguntou Malthus assim que conseguiu livrar-se do estrangulamento da sua mãe.
_ Bom, _ Emily lançou um olhar rápido para Gregory _ Seu pai vai viajar por uns tempos, mas...
_ Você mandou ele embora, não é? _ perguntou Malthus em tom acusador.
Emily voltou-se para o outro filho surpresa. Porém, o garoto pegou seu carrinho com seus malões e disse apenas:
_ A única criança aqui é a Selene!
_ Ele também tem o direito de saber, tia. _ disse Meggy como mais para consolar do que para tentar desfazer o efeito da resposta do primo.
Emily colocou a mão na testa escondendo os olhos por um instante e suspirou.
_ Tia? _ pediu Meggy com receio _ Nós, hum, vamos para a sua casa?
_ Sim, querida. Acho que terão que passar as férias de Natal lá. Seu pai está meio ocupado, entende? _ ela acariciou a cabeça de Selene que não demonstrava sinais de querer largar a irmã _ Vamos, então? Pode pegar os malões, Gareth?
As crianças não podiam negar que Emily estava se esforçando para que aquele natal fosse realmente um bom natal. A casa estava toda decorada e ela montara uma árvore enorme perto da lareira. Caixas de enfeites estavam espalhadas pelo chão aguardando que alguma alma caridosa os pendurassem nos falhos, de onde poderiam se exibir com todo o seu brilho.
_ Acho que estão ansiosos para começar, não estão? _ perguntou Emily procurando estampar o seu melhor sorriso enquanto os dois mais novos subiam com os malões para os quartos.
_ Acha que a gente, au! _ Gregory começou a demonstrar toda a sua falta de sensibilidade quando recebeu uma cotovelada da prima.
_ Pode deixar, tia! _ disse Meggy mostrando-se animada _ Nós enfeitamos a árvore!
_ ótimo. Eu vou levar as compras para a cozinha e coordenar o trabalho por lá. Vocês podem ficar a vontade. Logo eu trago um lanche.
_ Qual é, Meggy? _ sibilou Gregory assim que a mãe saiu da sala.
_ Nós enfeitamos a árvore todos os anos. Ela espera isso de nós! Coopera um pouco, Gregory, não está sendo fácil para ninguém!
_ Mas não podemos ficar fingindo que está tudo bem! _disse ele aborrecido.
_ Claro que não. Meggy pegou umas caixas e procurou diminuir o tom de voz para que a tia não percebesse que eles estavam discutindo, apesar de isso não ser nenhuma novidade _ Ela não está fingindo que nada está acontecendo e nem nós. Ela só quer que tenhamos um bom natal a apesar de tudo. E eu vou ajuda-la nisso!
_ Diz isso porque não se importa! _ disse Gregory indignado _ Quer manter a aparência de menina exemplo!
_ Acha que eu não me importo? _ Meggy lhe lançou um olhar muito parecido com o da sua mãe quando ela fica furiosa e falou com a irmã que até aquele momento olhava as caixas de enfeite sem demonstrar interesse por mais nada _ Selene? Pode ir lá em cima pedir para o Gareth e o Malthus virem ajudar aqui?
A menina, mesmo relutante em sair do lado dela, obedeceu sem questionar.
_ Minha mãe está internada como louca no St. Mungus! _ disse ela assim que Selene sumiu nas escadas _ Acha que eu não me importo com isso, Gregory Malfoy?!
 Ele não respondeu. Pegou uma caixa com má vontade do chão e começou a pendurar estrelinhas na árvore. Ela começou a fazer o mesmo.
_ A sua mãe foi levada a força e você sabe onde ela está. _ disse ele depois de um tempo _ Mas meu pai saiu por aquela porta sem ninguém o arrastando e eu não faço idéia de onde ele possa ter ido... e seu irmão não fica jogando na sua cara que você é a culpada.
Meggy pendurou mais um enfeite e ficou olhando tristemente para a árvore.
_ Gregory? _ ela o chamou enquanto ajeitava uma estrelinha que estava para despencar _ Você sabe que a não foi sua culpa a separação de seus pais. Seu pai não desistiria de tudo por causa do seu jeito de filho rebelde mal compreendido.
Gregory fingiu não ter ouvido.
Harry finalmente tinha sido liberado do departamento dos Aurors. Mesmo na véspera de Natal ele sempre acabava saindo mais tarde que o normal. Sua fama, tanto a com que crescera e a que ganhara com anos de trabalho, lhe rendia mais cumprimentos em datas comemorativas do que o próprio Ministro da Magia.
Pegando a primeira lareira que encontrou desocupada no hall de entrada, ele seguiu direto para o Beco Diagonal. Entrou apressado em uma loja de artefatos mágicos e comprou o único presente que faltava para aquela noite. Guardou-o bem no bolso do casaco e seguiu para o Caldeirão Furado, de onde sairia para a Londres trouxa e para a casa da irmã. Ma ao passar pelo bar, e receber mais cumprimentos natalinos dos que estavam ali, ele viu de relance um rosto conhecido em um canto. Sem pensar duas vezes, foi direto para lá.
_ Que belo lugar para se passar o natal! _ disse Harry ironicamente ao chegar na mesa.
Draco levantou os olhos sem a menos intenção de iniciar uma conversa e bebeu o resto do seu Wiskyfire.
_ E então? _ Harry sentou na junto da mesa sem ser convidado _ Quer isso realmente?
Alguém quebrou um copo no outro lado do bar e mais pessoas entraram desejando feliz natal, mas Draco permanecia em silêncio.
_ Eu não acredito no que está fazendo com a Emily! _ Harry disse em tom de desafio _ Você e as crianças são tudo para ela!
_ E, _ Draco começou não tirando os olhos do seu copo vazio _ O que um solteirão como você entende de família, Potter?
Harry respirou fundo controlando a sua vontade de socar a cara do cunhado até ele entender a besteira que estava fazendo.
_ Eu realmente não tive e não tenho uma família como você, Malfoy. Mas isso irá mudar. E o seu caso é muito diferente do meu!
Draco deu uma rápida risada que mais parecia um soluço e mudou sua posição na cadeira, deitando os braços sobre a mesa.
_ E o que quer que eu faça, Potter? Que eu chegue lá carregando um saco de presentes e fingindo que não aconteceu nada?
Foi a vez de Harry não responder.
_ Sua irmã me expulsou de casa... Vou voltar para a França.
Harry o encarou e disse levantando-se:
_ Você só tem a perder fugindo. Talvez amanhã seja tarde para vocês dois, para seus filhos e para a sua irmã que está em uma situação difícil. _ Harry apertou o embrulho dentro do bolso _ Eu sempre vou estar do lado da Emily e dos meus sobrinhos, não importa o que aconteça! _ ele saiu do bar sem olhar para trás e Draco, praguejando baixo, pediu outra bebida.
Apesar da mesa estar deslumbrante, o humor geral para a ceia de natal não era nada animadora.
Emily ia de um lado para o outro ajeitando qualquer coisa que parecesse ter que ser ajeitada. Fred, sentado em uma poltrona com Selene no colo, ouvia a filha inventar uma estória com as gravuras que apontava em um livro. Gregory, Meggy, Malthus e Gareth estavam sentados no sofá não ousando falar nada para quebrar o clima que reinava na casa. E Harry olhava de segundo em segundo para o relógio na parede.
A campainha tocou e em um instante Harry estava de pé.
_ Eu abro! – ele disse já indo em direção a porta, não sem antes tropeçar na mesinha de centro da sala. _ Feliz Natal! – disse uma voz escondida por detrás de montes de embrulhos. _ Gina! – exclamou Harry procurando não demonstrar tanto a sua ansiedade em vê-la. _ Harry? – Gina virou-se para poder ver quem estava na porta – Eu acreditava que eram os donos das casas quem recebiam os convidados para a ceia d natal, não seus irmãos. _ Tanto faz. – disse Harry pegando, ou tentando pegar, os embrulhos. – Entra. _ Feliz natal! – disse ela para o resto do pessoal enquanto tirava o casaco e recebendo o cumprimento de volta. _ Onde estão a mãe e o pai, Gina? – perguntou Fred. _ Bom, acho que eles vão passar o Natal com Rony e Hermione. O bebê deles resolveu vir antes da hora.
_ Sério? – perguntou Emily dando um sorriso que não parecia forçado _ Que bom! _ Mas eles mandaram presentes para todos! _ acrescentou ela para as crianças _ Até para quem não merece tanto, meninos. Cuidado, Harry!
Harry, ao tentar colocar os embrulhos em baixo da árvore, derrubou todos eles e quase que levou a árvore junto.
_ O que há com você, Harry? _ perguntou Emily o ajudando a ajeitar os embrulhos.
_ Nada. – disse ele – Por que? _ Não sei. – disse ela desconfiada – Eu só penso que um Auror qualificado como você possui um mínimo de coordenação. Ele sorriu e disse baixinho:
_ Logo vai saber.
_ Não me diga que...
Ele fez sinal para ela ficar quieta e acentiu.
_ Bom, - Emily virou-se para os outros e anunciou – Agora que a Gina já chegou podemos começar a nossa ceia. _ Até que enfim. – resmungou Malthus. A ceia transcorreu um pouco mais animada, já que Gina fazia o impossível para conseguir tal façanha. Mas, na hora dos presentes, os problemas recuaram um pouco e as crianças puderam abrir seus presentes com mais entusiasmo.
Quando só restavam papéis de embrulhos embaixo da árvore, Emily e Fred decidiram que já estava tarde e as crianças deveria ir dormir. Mas Harry pediu para que esperassem mais um pouco.
_ Acho que tem mais alguma coisa aqui. – ele puxou de trás da árvore uma caixinha enrolada em um papel dourado e com um cartão em cima – Esse é para a Gina. Ela o olhou confusa para a caixinha:
_ Mas eu...
_ É para você, Gina. – Harry entregou com um olhar esperançoso. Desconfiada, ela pegou a caixinha e abriu-a.
_ Ah, meu Merlin! – ela exclamou assim que viu um anel com uma pedra azul. – Harry, eu... _ Quer casar comigo, Gina?
Ela o encarou séria e por uma fração de segundos Harry pensou que tivesse feito tudo errado e que ela diria que não. Mas ela sorriu e disse o abraçando:
_ Já era hora!
_ Isso é um sim? – perguntou Meggy. Fred afirmou parecendo realmente animado.
_ E ela não podia ter dado uma resposta melhor. – disse Emily – Por que eu sei que isso já dura anos. _ E o melhor, - falou Harry colocando o anel no dedo de Gina – É que esse anel muda de cor conforme o humor de quem usa. _ Eu deveria encarar isso como um motivo para começo de discussão. – disse Gina não parecendo contente e Harry olhou depressa para a pedra – Mas, ou isso não funciona, ou eu estou feliz demais para ficar zangada. _ Muito bem, crianças! – Emily pegou Selene que já estava adormecida no sofá - Agora sim para a cama! Deixem os seus tios conversarem um pouco. _ Sei... – disse Malthus – Ei, mãe. Podemos comer mais um pedaço de peru? Emily estava prestes a dizer um redondo não, mas em um instante percebeu o que o pedido de Harry tinha feito com todos. A casa parecia até mais quente agora, assim como o apetite dos meninos. Então ela ajeitou Selene em seus braços e liberou a cozinha para um ataque de adolescentes em fase de crescimento.
- Selene, come mais um pouquinho – murmurou Meggy, tentando dar colheradas de comida para a irmã no almoço no dia depois do Natal. Meggy havia decidido que iria ficar em casa e não voltaria para Hogwarts esse semestre. Sua irmã precisava dela, ainda mais agora que sua mãe estava internada.
Fred entrou na cozinha e atacou um pedaço de peru que sobrara do Natal.
- Pai, eu precisava falar com você – ela disse e ele encarou-a, com um pedaço enorme de peru saindo da boca. Ele resmungou algo incompreensível que ela entendeu como um “fale”. - Eu não vou voltar a Hogwarts.
Fred engasgou com a comida e levantou-se, tossindo violentamente. Quando se recuperou, olhou-a de novo.
- O que foi que você disse?!
- Que eu não vou voltar para Hogwarts esse semestre.
- Mas... E... Porque? – disse ele, olhando-a preocupado. - Selene precisa de mim. Você não pára em casa, tia Emily está passando por uma fase ruim, mamãe está internada e Gareth não pode parar os estudos, agora que os começou.
- E por isso acha que tem que ficar? Ora, Emily está bem. Você sabe muito bem porque sua mãe foi internada. E eu estou trabalhando duro para tira-la de lá. E você vai voltar a Hogwarts sim – ele finalizou, voltando ao seu peru. - Mas, pai...
- Nada de mas – ele resmungou, voltando novamente sua total atenção ao peru. Selene estava quase dormindo na cadeirinha de comer e Meggy suspirou, irritada.
- Então você vai me levar para ver a mamãe, lá no St. Mungus.
Fred encarou-a e suspirou.
- Você sabe que ela disse que não queria falar com ninguém... e da ultima vez eu fui expulso aos berros de lá.
- Ela vai ter que nos receber – falou Meggy, confiante. Fred balançou os ombros.
- Tudo bem. Eu vou leva-los amanhã lá. Agora coloque sua irmã na cama antes que ela caia dessa cadeira.
E, sorrindo um pouco, Meggy levou a menina para a cama onde ela resmungou Rarus, pega.
Fred esperou até o último minuto para levar os filho verem a mãe, na esperança de que eles desistissem. Mas Meggy bateu o pé e permaneceu firme na sua resolução. Então, nas primeiras horas da manhã em que teria que voltar para Hogwarts, lá estavam os quatro no S. Mungus com uma autorização concedida por Lune.
Ele sentia um nó no peito. Não tinha mais conseguido falar com Charlotte desde a primeira vez que foi visitá-la, mas esperava que ela aceitasse receber os filhos sem perder o controle.
_ Ela está bem? – ele perguntou para a curandeira que os conduzia até o quarto. A enfermeira encolheu os ombros, como se não quisesse falar o estado dela e disse apenas:
_ Estamos seguindo ordens, senhor... – ela retirou o encantamento da porta e deu espaço para que entrassem. Com o barulho da porta abrindo, Charlotte soergueu-se da cama e os encarou espantada. Seus cabelos loiros estavam desgrenhados e o rosto amassado de quem acabava de acordar contrastava com as olheiras profundas.
_ Mamãe! – Selene soltou-se da irmã e pulou para cima da cama. _ ... Selene? – Charlotte balbuciou incerta pegando a menina que procurava desesperadamente conseguir um abraço. _ Mãe! – os outros dois correram também para a cama. _ Posso falar com o senhor um instante? – perguntou a curandeira olhando para os dois lados do corredor para ter certeza de que não havia ninguém mais. _ Claro. – disse ele dando uma olhada para dentro do quarto e fechando a porta. _ Senhor Weasley, não podemos mais manter a sua esposa dessa maneira. Ela não pode continuar tomando essas poções. Não no estado em que está.
_ Que estado? – Fred assustou-se. No quarto, Charlotte permanecia incerta do que estava fazendo. Com movimentos lentos e imprecisos das mãos, ela tocava nos cabelos dos filhos como para ter certeza de que estavam ali:
_ O... que...
_ Não se preocupe, mãe! – disse Gareth decidido – Nós vamos tira-la daqui! Vão encontrar o verdadeiro culpado! Papai está cuidando disso! Charlotte pestanejou o encarando como se estivesse forçando o cérebro a processar o que o garoto tinha dito.
_ Está se sentindo bem, mãe? – perguntou Meggy preocupada. _ ... Tonta... – disse ela fechando os olhos - ... Soltaram minhas mãos... mas eu não sei o que fazer... _ Estão dopando ela. – disse Meggy furiosa para o irmão – Estão fazendo ela ficar doente de verdade. _ Mãe? – Selene apertou o rosto da mãe com as mãozinhas, fazendo com que ela a olha-se diretamente. – Não fica doente. _ ... não. – disse Charlotte concordando com o pedido da filha. Ela soltou a menina e escorregou cada vez mais de volta ara o seu travesseiro, fechando os olhos.
_ Não, não dorme, mãe! – pediu Selene balançando a cabeça da mãe, que parecia ter perdido os sentidos – Ficam vigiando, mãe! Todo mundo, sabem de todo mundo! _ Selene, não, pára, deixa a mamãe! – Meggy a tirou de cima da cama. – Ela não vai te ouvir enquanto estiver assim. Selene a olhou como se para comprovar o que a irmã dizia e chegou bem perto da beira da cama e do rosto da mãe.
_ Eu sei quem é. – ela murmurou – Agora eu sei, mãe. A pessoa escura. _ Ela não ouve, Selene. Não adianta falar baixinho.
_ Crianças? – Fred abriu a porta – Temos que ir ou vamos chegar atrasados na estação. _ O que foi, pai? – perguntou Meggy percebendo a palidez de Fred. _ Na-nada. – disse ele rápido – A curandeira, só me falou que... que as poções tranqüilizantes estão mantendo ela calma. _ Poções retardatárias. _ disse Gareth saindo do quarto pisando duro.
_ Não pode permitir isso, pai! – protestou Meggy. Fred concordou com o que ela disse, mas não parecia ter ouvido nada.
Meggy lançou mais um olhar para a mãe adormecida e pegou a irmã pela mão, murmurando:
_ Vamos, Selene. Tudo vai ficar bem...
A plataforma 9 ½ estava cheia quando Gregory chegou com o irmão e os primos. Eles quase se atrasaram graças a Selene, que só faltou se amarrar na mala de Meggy para não deixar a irmã voltar para Hogwarts.
Malthus e Gareth ajudavam Meggy a guardar suas bagagens, e ele avisou que iria procurar uma cabine vazia para eles, antes que fossem todas ocupadas. Caminhando lentamente, ele olhava uma a uma quando alguém o puxou pelo colarinho da camisa para dentro de uma cabine.
Assustado, ele tentou tirar a varinha das vestes, e olhou para quem o segurava.
- Draco?
O homem revirou os olhos e sentou-se no sofá da cabine.
- Gregory. Como está?
Ainda surpreso de ver o pai ali, no trem para Hogwarts, ele sentou-se de frente para Draco.
- Você quer saber como mamãe está, não é? – ele disse e Draco bufou – Ela está mal, é claro. Por que é que você a deixou? - Eu não a deixei! – ele grunhiu, irritado – Ela que me expulsou de casa. - E isso te impediu de voltar para ela? Que espécie de marido é você que abandona sua mulher e seus filhos quando eles mais precisam? E o que foi que aconteceu entre vocês dois?
Draco olhou fixamente para Gregory, querendo se controlar, mas não respondeu à acusação do menino.
- Eu fiquei sabendo que um dos motivos dessa briga infantil foi porque eu te chamo de Draco.
- Isso não tem nada a ver com a minha briga e de sua mãe! – ele levantou-se num salto, assustando Gregory – Mas eu nunca entendi mesmo porque você não chama de pai! Gregory não moveu um músculo. Estava abobado com a repentina mudança de humor do pai. Agora ele reparara como as vestes dele estavam sujas e mal cuidadas, e o cabelo desgrenhado, coisa que raramente acontecia. Olheiras pretas marcavam os olhos dele e, olhando assim, nem parecia mais o mesmo.
- Vai falar com ela, Draco... Ela ama você.
- Se foi sua mãe que mandou você dizer isso, pode dizer a ela que quem não a quer mais sou eu! E, além do mais, eu vim aqui me despedir – ele disse, virando-se para a janela, parecendo ter recuperado o autocontrole – Eu estou indo para a França. - França? – Gregory fez uma careta – Vai voltar? - Eu cuidarei para que todas as despesas de vocês sejam pagas – ele voltou-se para o filho, irritado – E quanto a sua mãe, deixe que ela se cuide sozinha. Ou quem sabe Weasley pode ajuda-la, agora que minha irmã está enfurnada naquele hospital – ele aproximou-se da porta – Até mais, Gregory. E, dizendo isso, ele saiu da cabine, soltando fogo pelas ventas e deixando um Gregory irritado para trás.
- Idiota – Gregory murmurou e fechou a cara, esperando que o irmão e os primos chegassem. – Completamente idiota! Draco saiu pisando duro do expresso de Hogwarts. O que aquele pirralho achava que ele era? Idiota? Emily o expulsara de casa e não foi procura-lo desde então. Não seria ele que iria procura-la.
- Grande idéia mesmo – ele murmurou para si mesmo, irritado. Visitar os filhos tinha sido um grande erro. Não devia ter bebido tanto e criado idéias ridícula de despedidas na cabeça. Ele nem sabia o que tinha errado para Gregory não chamá-lo de pai. “Eu tinha mesmo que ir até a plataforma de Hogwarts, quanta estupidez”, ele pensou, irritando-se cada vez mais. De relance, ele viu um vulto passando atrás dele e virou-se rapidamente, com a varinha em mãos. Olhou em volta, preocupado. Não havia nada suspeito. Guardou a varinhas nas vestes e saiu dali, indo para a plataforma que o levaria de volta para a França.
_ O que acharam? – perguntou Malthus quando o trem já estava em movimento. Até aquele momento os quatros tinham desabados nos bancos das suas cabines e permaneceram absortos em seus próprios pensamentos.
_ Eu deveria ter ficado. – lamentou-se Meggy. _ O que você poderia fazer? – perguntou Gregory – Ficar dando sermão em todo mundo? _ Com certeza eu ajudaria muito mais do que você! – disse ela entre os dentes. _ Ah, sim, sim. Para quem você iria pedir ajuda? Para o Ministro?
_ Se fosse preciso eu iria! Eu faço qualquer coisa para tirar minha irmã de lá! Ao contrário de você que fala com seu pai e ao invés de convence-lo a volta briga com ele!
_ Eu não briguei com ele! Ele que não...
_ CALEM A BOCA VOCÊS DOIS! – gritou Gareth – Será que não dá para dar uma trégua pelo menos agora? Meggy e Gregory cruzaram os braços e cada um interessou-se em olhar para o lado contrário do outro.
A neve voltou a cair conforme a viajem avançava, e logo se tornou uma tempestade.
Os vidros da cabine estavam embaçados e nada era visível do lado de fora. Malthus estava dormindo com a cabeça escorregando pelo canto da janela, Gareth lia um livro em silêncio absoluto, Gregory pareci interessado na paisagem invisível por que passavam e Meggy escrevia uma carta que pretendia mandar par ao pai assim que chegassem na escola. De repente a velocidade do trem diminuiu até parar.
_ Por que o trem parou? _ perguntou Gareth.
_ Deve ter dado algum defeito. – Gregory limpou o vidro embaçado com a manga das suas vestes. As luzes se apagaram e gritos foram ouvidos vindo de outra cabine. Meggy levantou-se e abriu a porta. Espirou para fora e logo voltou para dentro trancando a porta.
_ Fiquem quietos! – alertou ela – Tem alguém vindo para cá! Os quatro juntaram-se no fundo olhavam ansiosos para a porta.
Um vulto apareceu na porta e a forçou. Percebendo que ela estava trancada por dentro, o vulto fez um feitiço e a abriu.
Eles quase caíram para trás quando viram quem era.
_ Pai? – perguntou Meggy abobada – Mas o que está fazendo aqui? _ Não temo tempo! Venham comigo! O trem está sendo atacado!

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