Uma Última Aula
Os dias que se seguiram foram tensos e o relacionamento entre Harry e Mione um pouco distante devido à conversa entre ambos. Nem um, nem outro deixara transparecer que aquela conversa doera, então tentavam seguir o rumo como se nada tivesse acontecido. A maior preocupação agora eram os Testes Finais e faltava pouco mais que dois dias. Porém, Hermione insistia em ajudar Harry e também a Rony nos últimos trabalhos escritos, embora ela preferisse não fazer isso quando Luna estava por perto. As duas se davam muito bem, mas por precaução Hermione queria evitar pensamentos inúteis por parte de Luna sobre o fato de ter saído uns tempos com Rony. A maioria dos setimanistas se encontrava no salão principal bastante compenetrados em seus estudos, tanto que Hermione ficara incrivelmente comum pertos deles. Os elfos domésticos teriam também um árduo trabalho na limpeza, pois o que mais se via pelo chão eram bolas de pergaminho caídas entre as mesas.
- Que foi Harry? – perguntou Rony sussurrando ao amigo que de repente parara de escrever e mantinha o olhar disperso, preocupado.
- Nada, é que... – Harry olhou para os lados. - ... Sírius... – pronunciou num tom de voz quase inaudível até para Rony. - ...ele me disse que ia escrever e até agora nada!
- Ora Harry, de repente não há nada o que escrever... quero dizer... nada de grave.
- É, só que... eu precisava falar com ele de novo, sobre estes... pesadelos. – Hermione levantou os olhos fazendo parte da conversa agora. Afinal ela mesma o aconselhara sobre dividir o tal problema com alguém confiável.
- Humm... já pensou em procurar o professor Lupin? – sugeriu Rony.
- Ele meio que já sabe né? Porém não sabia exatamente a causa de tudo isso. Pediu que eu ficasse atento durante as noites seguintes e que não escondesse nada dele.
- Acho que o professor Lupin é bastante confiável Harry, devia procurá-lo. – falou Hermione depois de tanto tempo calada desde que se sentara ali. Rony e Harry se entreolharam e depois olharam pra ela. - Mas não antes dos Testes Finais, eu acho! – os rapazes arregalaram os olhos. Hermione não costumava sugerir que algo importante fosse adiado, mesmo que em curto prazo. Ela se aproximou deles para não ser ouvida. – Harry, você precisa estar livre de qualquer preocupação em seus testes e agora falta pouco pra fazê-los.
- Nisso Hermione tem razão Harry. Imagine se você descobre algo bastante preocupante depois de conversar com o professor Lupin? Pode ser que ele tenha se informado melhor e agora saiba a verdadeira causa desses pesadelos.
- Valeu Rony, me sinto bem melhor agora! – agradeceu Harry ironicamente, no que Hermione repreendeu Rony com o olhar. – A questão é que os pesadelos parecem estar ficando mais claros, embora não consiga interpretá-los direito ainda. E mesmo que você negue Rony, sei muito bem que os outros rapazes estão reclamando por eu acordá-los toda madrugada. – Rony ficou sem jeito e não teve como negar. – Eu não os culpo, até eu estaria reclamando.
- Ah Harry, não ligue pra isso. Logo isso vai passar! -
- É Harry, assim que os TF’s passarem você vai conseguir resolver este problema, tenho certeza! – animou-o Hermione sorrindo depois de alguns dias sem fazê-lo.
- Obrigado, eu jamais vou esquecer dos meus verdadeiros amigos.
Os três sorriram cúmplices um do outro. No momento seguinte a professora McGonagall aproximou-se da mesa com um olhar bastante sereno.
- Senhorita Granger...? – chamou.
- Sim, professora? – respondeu Hermione levantando-se de um salto.
- Gostaria de falar um minuto com a senhorita... a sós. – explicou se referindo a Harry e a Rony. – Vamos... até o jardim? – Hermione olhou os amigos com receio, mas pelo olhar da professora não parecia ser nada grave. Harry a olhou como quem diz “não esquenta”.
- Sim, claro! – Hermione juntou seus pertences que não estavam tão espalhados quanto os dos demais alunos e acompanhou McGonagall.
- Que será que houve? – perguntou Rony assim que elas tomaram distância. Harry deu de ombros.
- Não deve ser nada grave. – emendou.
Lá fora, o sol tornava a manhã muito agradável. As vestes de McGonagall tornavam-se mais verdes com a luz nelas refletidas e isso lhe realçava os olhos por debaixo de suas lentes quadradinhas. Hermione não se lembrava de ter tido convites como este muitas vezes. O mais surpreendente na professora McGonagall era a habilidade de ser rígida e doce ao mesmo tempo. Aprendera muito com ela e sentiria sua falta certamente. A mulher sentou-se perto da fonte de mármore, que ficava há poucos metros da grande porta de entrada para o castelo, respirou um pouco do ar puro e depois sentou-se.
- Este aroma da grama é um dos meus favoritos. – comentou.
- Meu também, senhora. – falou Hermione sentando-se ao lado dela.
- Eu me lembro de cada momento neste lugar. Desde o dia em que iniciei meus estudos até o dia em que me tornei professora. – Hermione a escutava atenta e também sonhadora. – Acho que não conseguiria viver da mesma forma se isso não acontecesse em minha vida ou se tivesse de abrir mão algum dia.
- Eu imagino que... eu também não conseguiria.
- Eu presumo que... tenha idéia do porque de eu tê-la chamado aqui hoje, para este passeio incomum, hum?
- Talvez, se me permite dizer, porque eu tenha sido... aceita na Universidade de Paris, senhora? – arriscou Hermione. McGonagall sorriu concordando.
- Sim, por isso também. Tenho tido tantos a fazeres que mal pude parabenizá-la como merecia. – a garota corou. – Eu tenho que admitir que não foi surpresa para mim, já que tudo indicava que a senhorita conseguiria este feito de olhos fechados depois de tantos anos tão bem aproveitados em Hogwarts.
- Obrigada professora! Não seria realmente possível se não tivesse professores tão bem preparados. – elas se olharam mais alguns instantes sorrindo. McGonagall voltou seu olhar para o horizonte e retirou das vestes uma carta.
- Eu... recebi esta carta ontem a noite. – Hermione olhou para o envelope sem entender ao certo. – É de... Elizabeth O’brien Granger. – falou McGonagall por fim e Hermione entreabriu os lábios.
- Vovó??? – exclamou duvidosa e perplexa. Tinha um carinho muito especial pela avó paterna e a avó por ela, mas jamais recebera coruja alguma dela, até mesmo porque a avó era trouxa e o fato de Hermione ser uma bruxa era desconhecido. O pai de Hermione achara melhor poupar a mãe disso e a própria Hermione julgara ser informação demais para alguém de idade tão avançada como a avó. Embora se sentisse meio triste por ter que mentir para alguém tão querido, isso não atrapalhava em nada na relação tão profunda entre as duas.
- Sim, ela mesma.
-Eu não sabia que conhecia minha avó, quero dizer, a senhora a conhece? – a professora a olhou novamente sorrindo, mas não respondeu nada.
- Sua avó queria permissão para visitá-la neste domingo, passar o dia com você. – agora mesmo era que Hermione estava ficando mais confusa. – Eu e o professor Dumbledore não vimos motivos para não permitir, já que este é seu último ano na escola e também por ser tão boa aluna como é. – ela fez uma breve pausa ficando de pé. – A não ser é claro, que a senhorita prefira deixar para uma outra ocasião.
- Não! De forma alguma professora, de forma alguma. – respondeu rapidamente, embora pensativa.
- Então está certo. – a professora retirou outro envelope das vestes e entregou a Hermione. – Use uma das corujas disponíveis e envie esta carta, por favor, vou agora mesmo procurar Hagrid e pedir que ele recepcione sua avó em Hogsmed depois de amanhã... às onze em ponto. Mais uma vez parabéns por sua aceitação e se precisar de mim no que diz respeito à Universidade, estarei a sua disposição. – falou começando a caminhar rumo ao castelo. – Hermione examinou seus pensamentos e antes que pudesse evitar correu até a professora.
- Professora McGonagall!!! Espere! – chamou-a.
- Sim...? – ela se virou rodopiando a longa capa aveludada.
- Desculpe, mas... nem mesmo meus pais vieram aqui muitas vezes e tenho certeza de que minha avó não sabe como enviar cartas a mim. Como é que ela...
- A senhorita terá as respostas das quais necessita neste domingo, não se preocupe. – explicou maternalmente à Hermione e entrou no castelo. Hermione ficou ali parada totalmente perdida com tudo aquilo. Por um lado estava feliz, pois fazia tempo que não via a avó, mas por outro sentia-se como se alguma coisa, não sabia se boa ou ruim, estivesse por acontecer. Decidiu voltar para o castelo, onde deixara Harry e Rony estudando. Eles estavam discutindo quadribol, ao que ela teria chamado a atenção deles por mais uma vez estarem dispersos com tantos exercícios para serem entregues. Mas não, ela apenas sentou-se silenciosa e com os olhos distantes. Harry e Rony não podiam deixar de notar isso, não a dois dias dos TF’s.
- Hermione...? – chamou-a Harry.
- Hum...? – respondeu distraidamente.
- Tudo bem com você? – perguntou preocupado sem obter uma resposta rápida. Harry olhou para Rony sem entender.
- Hermione...? – desta vez foi Rony quem a chamou.
- Sim...? – piscou os olhando agora por fim o olhando.
- O que a professora queria? – Rony perguntou já não contendo mais sua curiosidade e também preocupação. Ela mordeu os lábios.
- Queria... me dar os parabéns!
- Nossa! Isso que é ser importante! – comentou Rony com Harry e os dois sorriram orgulhosos pela amiga.
- E... – continuou Hermione.
- E...? – indagaram em coro.
- E também avisar que minha avó vem me visitar neste domingo. – os garotos se entreolharam uma vez mais. Rony não entendeu ao certo.
- Mas Hermione, você mesma nos disse uma vez que gostaria de passar mais tempo com sua avó, não foi? Você até comentou que ela é muito especial pra você.
- Eu sei Harry, só que... minha avó não sabe que sou uma bruxa. Ela nem sonha que Hogwarts é uma escola que ensina magia. – explicou Hermione ainda muito confusa sobre toda essa novidade. Harry e Rony finalmente começavam a compreender a preocupação da amiga.
- Olha Hermione, de repente ela nem precisa saber disso, hum? Eu e Harry e... também Gina podemos te ajudar nisso e...
- Obrigada Rony, mas acho meio difícil não perceber uma plataforma mágica e carruagens que andam sozinhas.
- É, pensando por este lado...
- Eu não sabia que trouxas podiam vir a Hogwarts. Ela não está enfeitiçada para que a vejam como um lugar comum? – perguntou Harry pertinentemente.
- Bem, está. Mas neste caso, deve haver um contra feitiço que a torne visível em sua total magnitude e seja possível a entrada de trouxas. – Harry a olhou sacudindo a cabeça em concordância e entendimento. Rony ficou pensativo. Alguns minutos depois Hermione, que não conseguira se concentrar novamente em suas anotações, como os rapazes, ficou de pé. – Eu... vou até o corujal, preciso enviar esta carta que McGonagall me pediu.
- Quer que eu vá com você? – perguntou Harry num impulso preocupado ficando de pé também.
- Não Harry, pode deixar, eu estou bem. – ela apanhou seus livros. - De verdade, vocês dois já me ajudaram bastante, obrigada! – ela sorriu sendo correspondida. – Até mais tarde.
- Até! – respondeu Harry.
-Tchau! – Rony acenou. Logo que ela atravessou a porta do salão principal Harry sentou-se novamente ainda preocupado.
- Meio estranho esta visita repentina, não é?
- Eu não sei não Rony, mas acho que isso não é só uma simples visita.
- Acha que pode ser alguma coisa grave? Quero dizer, para a avó de Hermione vir até aqui.
- Não necessariamente, mas que está estranho isso está.
- Se está.
Eles tentaram se concentrar mais uma vez em suas anotações. Rony conseguira algumas informações sobre os dragões com Hagrid e também com Carlinhos, através da lareira, numa noite daquela mesma semana. Depois da senhora Weasley ter ralhado tanto com Carlinhos, era impossível que ele não ajudasse Rony, mesmo alegando o descaso do irmão mais novo por não ter feito tais anotações enquanto estava na Romênia junto dele. De repente nem parecia ser a última sexta-feira antes dos tão esperados Testes Finais porque agora a preocupação era outra, pelo menos para Hermione. Agora ela estava no corujal e observava a coruja, que escolhera para levar a tal carta entregue por McGonagall, tomar distância. E se a avó descobrira tudo e ficara profundamente magoada com Hermione e agora estava indo visitá-la para deixar bem claro sua decepção? Ela sacudiu a cabeça involuntariamente achando melhor não sofrer por antecipação. Começava a refazer o caminho até a torre da Grifinória passando pela ponte agora. Andando de cabeça baixa e mãos dentro das calças jeans acabou trombando com uma pessoa.
- Ah! Me desculpe eu...
- Tudo bem, eu estava totalmente distraída também. – respondeu Loueine Brookstorm com um sorriso quase angelical no que Hermione retribuiu.
- Loueine Brookstorm não é?
- Sim. Acho que não fomos apresentadas formalmente ainda.
- Verdade. – Hermione esticou a mão. – Hermione Granger.
- Prazer. – disse apertando a mão de Hermione. – Na verdade também já sabia quem você era, porém foram poucas as vezes que trocamos algumas palavras sem nos apresentarmos. Eu lembro que durante alguns dias eu importunei você por ficar... totalmente perdida com aqueles benditos livros na...
- Biblioteca... – respondeu precisa. - ... também me lembro. – elas sorriram de novo. – Mas parece que já se resolveu, não é mesmo? Faz alguns dias que não a vejo por lá.
- Pra você ver como sua ajuda foi útil, obrigada!
- Imagine, é que sempre vou até lá e conheço bem todas as alas.
- Por isso é tão inteligente quanto dizem.
- Eu? – se perguntou modestamente corada. – Bom, o pessoal aqui exagera um pouco sabe?
- Não acho que o Harry exagere, pelo menos eu sinto que não. – Hermione ficou surpresa em ouvir isso e feliz por dentro em saber que Harry falara dela para Loueine com gentileza. As duas se olharam sem saber o que dizer ao certo.
- Vai voltar pra torre agora? – perguntou Hermione quebrando o gelo e meio que sugerindo que elas voltassem juntas.
- Claro, eu só estava arejando a cabeça mesmo. – repondeu Loueine começando a caminhar ao lado de Hermione de volta para a torre. – Vem sempre aqui?
- Bom, só quando preciso enviar corujas.
- Óbvio, é um corujal! Que cabeça a minha! – ela sorriu falando para si mesma e fazendo Hermione sorrir também.
- Mas e você? Também... envia muitas corujas ou... vem aqui só pra arejar a cabeça? – agora era Hermione quem a fizera sorrir.
- Acho que... só pra arejar a cabeça já que não recebo corujas. – Hermione a olhou desentendida. – Não tenho muitos... amigos e os meus pais não são exatamente o tipo de pais muito atenciosos.
- Ah, eu... entendo. – disse totalmente sem graça. Enquanto caminhavam Hermione não pode deixar de observá-la discretamente, afinal era a primeira vez que a via assim tão de perto. Loueine Brookstorm era realmente linda e, devia admitir, bastante agradável também. Por um momento lembrou-se de Fleur Delacour, pois Loueine mantinha os cabelos louros presos num rabo de cavalo como Fleur fazia. - Está... gostando das aulas? – perguntou sem pensar. – Quero dizer, eu lembro que você me perguntou sobre o Harry num daqueles dias na biblioteca.
- Sim, agora que estou lembrando e acho que valeu a pena porque o Harry tem sido um ótimo professor e... um bom amigo também. – Hermione tentou forçar um sorriso, mas no fundo uma ponta de ciúmes insistia em importuná-la. – Na verdade, ele tem sido o único amigo. – então Hermione trocou aquele resquício de ciúmes por, e detestava sentir isso, pena. Não ter amigos era uma experiência que já tivera e não era nada bom.
- Bom, sei que... acabamos de nos conhecer, mas... – Hermione parou defronte a porta de entrada para o corredor da torre. – nada impede de nos tornarmos amigas, não é? – Loueine a olhou surpresa e feliz.
- Sim Hermione, será um prazer tê-la como amiga. – uma última vez elas trocaram um sorriso, desta vez singelo e tímido.
- Eu... eu tenho que ir agora.
- Claro!
- Nos vemos... na biblioteca ou no... corujal então. – sugeriu brincalhona já começando a tomar certa distância.
- Acho que precisamos inovar nossos pontos de encontro. – Loueine respondeu também brincalhona e Hermione apenas sorriu caminhando até o final do corredor. A conversa com Loueine servira para dispersar um pouco seus pensamentos sobre a avó, mas não totalmente. A forma tão tranqüila como McGonagall lhe dera a notícia a inquietava. Já era hora do almoço quando atravessou o buraco do retrato para apanhar alguns livros e não avistou mais ninguém no salão comunal. Não sentia fome, mas precisava comer alguma coisa e ficar bem sustentada até a noite, ou não conseguiria estudar. Estava satisfeita por ver os rapazes, Harry e Rony, bastante concentrados nos estudos, já era-se em tempo. À tarde Hermione devolveria alguns exemplares para a sessão reservada da biblioteca e depois tomaria um banho para apreciar o jantar sossegada. Ao final do mesmo, mais uma vez viu Harry levantar-se e sabia que seria para dar a sua aula de D.C.A.T. à Loueine.
- O Harry é mesmo um cara de sorte não é? – comentou Rony ainda terminando de degustar sua sobremesa. Luna acabara de sentar-se à mesa da Corvinal, portanto demoraria um pouco pra encontrar-se com Rony.
- E porque acha isso? – perguntou Neville disperso. Hermione apenas escutava tudo, mas já imaginava o que ouviria pela frente.
- Você ainda pergunta? – ele se aproximou um pouco mais de Neville para não correr o risco de ser ouvido por alguém, mais precisamente Luna. – Existe outro cara aqui que passa tanto tempo com Loueine Brookstorm, hum? – Neville sacudiu a cabeça negativamente sonhador.
- É, eu daria tudo pra que ela ao menos me cumprimentasse. – Hermione sacudiu a cabeça com um olhar de lamentação.
- Vocês são mesmo patéticos! Principalmente você Ronald!
- Ora e porque eu?
-Porque você mais do que ninguém deveria saber que Harry não tem contado exatamente com a sorte em toda sua vida! – Neville engoliu em seco e achou melhor sair de fininho antes que sobrasse pra ele. Rony sentiu-se de repente um verme insensível, mas quando pensou em se redimir Hermione prosseguiu com o sermão. – E estando namorando, deveria parar de falar de Loueine Brookstorm como se ela fosse uma espécie de prêmio que todos almejam insistentemente conquistar. Ela é uma garota bem legal e que tem sentimentos tanto quanto eu ou qualquer outra garota aqui. – Rony franziu as sombracelhas cor de fogo.
- E desde quando você sabe tanta coisa a respeito dela?
- Desde que nos falamos... ehhh... hoje a tarde.
- Você... você falou com ela? – perguntou perplexo e quase lamentável.
- É Rony, eu falei! – respondeu-o em tom arrastado levantando-se. – E ela até que é bem legal se isso te interessa tanto. – precipitou-se a sair.
- Espera! E sobre o que conversaram? Quero dizer, ela por acaso deixou escapar se está interessada em alguém por aqui? - Hermione lançou um olhar tão reprovador que Rony não se atreveu a repetir a pergunta, também nem podia, pois Luna estava vindo em direção a ele. Hermione o deixou antes que tivesse um acesso de raiva e decidiu voltar para a torre. Há alguns corredores dali, Harry já se encontrava encostado na parede da tapeçaria de Barnabás, o amalucado, esperando por Loueine. Enquanto a garota não aparecia ele folheava seu caderno de anotações rindo consigo mesmo toda vez que se lembrava de algo engraçado referente a A.D.
- Boa noite Harry!
-Professor??? – espantou-se Harry se desencostando da parede rapidamente e se colocando numa posição menos relaxada. Era o professor Dumbledore quem o saldara simpaticamente e agora estava sorrindo.
- Desculpe tê-lo assustado, não me recordei de que estaria aqui esperando a senhorita Brookstorm.
- Não, senhor! O senhor não me assustou, eu só estava...
- Lendo. Não me lembro de ter visto este livro na biblioteca.
- Ah! Bem, é que... não é um livro e sim um caderno de anotações do quinto ano. Eu o guardei pensando que poderia ser útil.
- Hum, interessante. – ele se aproximou um pouco mais de Harry. - Posso? – perguntou erguendo a mão em direção ao caderno sem disfarçar sua curiosidade, o que Harry não considerou em hipótese alguma uma atitude desconfiada, mas interessada. O professor Dumbledore tinha certa adoração por tudo que remetia ao passado.
- É... é claro! – respondeu entregando o caderno ao professor. A página que Harry lia estava ligeiramente dobrada, então Dumbledore abriu nela automaticamente onde leu com os olhos:
“Todos refletiram e opinaram, mas Gina sugeriu um excelente nome e concordamos que Armada de Dumbledore seria mesmo ideal. Vamos chamá-la de A.D., assim se formos descobertos, não estaremos comprometendo o professor.”
Depois que terminou de ler isso, Dumbledore sentiu-se imensamente orgulhoso mais uma vez por recordar deste momento. Fechou o caderno e devolveu-o a Harry com outro sorriso.
- Sabe Harry, eu gostaria muito de ter assistido, ainda que escondido, pelo menos uma de suas aulas naquela época, mas infelizmente outros fatos nos impediram.
- Bom, pode assistir agora se quiser, senhor. Eu estou dando aulas a Loueine não é? Acho que ela não ia se importar se...
- Não Harry, acho que eu acabaria me sentindo um velho intruso e a senhorita Brookstorm com certeza se sentiria menos à vontade estando eu presente.
- O senhor jamais será um intruso, muito pelo contrário. – defendeu-o Harry com firmeza em suas palavras. Dumbledore levou a mão em um de seus ombros.
- Sei exatamente da consideração que você tem por mim Harry e não desconfio disso. Mas a juventude, na maioria das vezes, precisa estar só para crescer e ela cresce muito mais desta forma do que os mais experientes possam admitir. – Harry lhe sorriu compreensivo. No segundo seguinte Loueine aproximou-se distraidamente.
- Harry eu... oh... perdão, eu não queria interromper! – disse quando viu que o diretor estava ali.
- Não interrompeu senhorita Brookstorm e a propósito, a senhorita está maravilhosamente encantadora hoje. – elogiou gentilmente Dumbledore e Harry concordou para si mesmo.
- O-obrigada senhor! – agradeceu corando as bochechas.
- Bem, devo voltar para minha sala, Fawkes precisa de alguns cuidados. – ele deu alguns passos e parou. - Acredita que já está quase para morrer novamente? – comentou com naturalidade no que Harry sorriu entendendo exatamente porque ele se mantinha tão calmo, afinal ele sabia que as fênix morriam e renasciam das cinzas. Depois que o diretor sumiu no corredor escuro Loueine olhou para Harry com uma expressão totalmente desentendida.
- Tudo bem, não se preocupe. Fawkes é a ave dele. É uma fênix. – disse murmurando algumas palavras em voz baixa muito perto da parede.
- Ah. – ela respirou aliviada e sorriu também.
- Pronta pra última aula antes dos meus testes? – perguntou Harry assim que a grande porta da sala precisa materializou-se.
- Com certeza que estou... professor! – respondeu seguramente e os dois passaram pela porta. Harry colocou seu caderno no chão, perto de algumas almofadas. Depois olhou para Loueine e meio que a desconcertou, pois os olhos dela estavam vidrados nele. Ela parecia querer falar alguma coisa, mas estava sem jeito mordendo os lábios. – Que foi?
- Nada. – despistou. – Pensou em alguma coisa pra hoje?
- Bom, na verdade eu pensei em você decidir isso, afinal foi muito bem esta semana em todos os feitiços que praticamos.
- Ehh... obrigada!
- Talvez... queira revisar algum feitiço, sei lá.
- Na verdade, eu adoraria ficar conversando com você. – Disse se aproximando um pouco mais. Harry engoliu em seco, não esperava por isso. – Sobre... D.C.A.T. , é claro.
- Bom... ehhh... sobre o quê exatamente?
- É que você já passou por tantas coisas, não é? Queria que me contasse como foi isso e o que aprendeu com isso. – explicou sentando-se no chão é puxando uma almofada para si.
- Ahhh... nossa! Foram... foram algumas experiências sim, umas boas experiências. – respondeu arregalando um pouco os olhos. Na verdade quando dizia “boas experiências” referia-se ao número delas e não a serem agradáveis, pois estavam longe disso. – Não acho que seja exatamente um motivo de orgulho, sabe? Muitas pessoas se feriram e... morreram também. – falou sentando-se e lembrando-se de Cedrico Diggory com certo mal estar por isso.
- Entendo. Não deve ser nada fácil ser quem você é às vezes. Quero dizer, provavelmente todos esperam que você seja como os seus pais foram e até onde eu sei eles foram grandes bruxos.
- É, eles foram. – diz orgulhoso e ao mesmo tempo triste, afinal por causa disso também eles haviam perdido suas vidas. Loueine escutava atenta cada palavra dele. Harry lhe contou sobre como tinha sido estar cara a cara com Voldemort quando ele tinha onze anos de idade e o medo que sentira de perder os amigos. Falou sobre a câmara secreta e sobre o torneio tribruxo. Ela às vezes abafava gritinhos com as mãos e arregalava seus olhos azuis, mas sentia vontade de ter a metade da experiência que ele tinha. Depois de duas horas apenas conversando sobre D.C.A.T. era chegada a hora de encerrar a aula. Harry demonstrou isso levantando-se e ajeitando as vestes trouxas. Loueine levantou-se logo em seguida.
- Puxa Harry, estou impressionada por mais a seu respeito. Eu não fazia idéia de que tinha passado por tantas coisas sendo tão jovem.
- Pois é, nem eu acredito às vezes. – falou modestamente coçando a nuca sem jeito. Ela adorava isso.
- O mais impressionante é que você não se vangloria por isso e nem anda se exibindo por aí com uns e outros.
- Só acho que... todos teriam reagiriam da mesma forma estando em meu lugar e tendo de ajudar outras pessoas.
- É. – concordou Loueine o fitando e passando novamente pela porta da sala precisa.
- Grande aula não? – Harry comentou desanimado assim que a porta sumiu outra vez da parede.
- Está brincando? Eu adorei! Agora tenho mil motivos para não ter medo de nada que me apareça pela frente... nada!
- Que bom! – mais uma vez o silêncio os tomou. – Eu... eu já vou então. Provavelmente vamos nos encontrar aqui só depois dos testes. Isso é, se o professor permitir e se você quiser, é claro.
- Da minha parte com certeza eu quero.
- Está certo. Vou ver se estudo um pouco agora, boa noite!
- Boa noite! – eles começaram a caminhar em rumos opostos. – Ehh... Harry!!! – Loueine o chamou depois de tomarem certa distância e indo de encontro a ele novamente.
- Sim...? – ele se virou.
- Boa sorte nos seus... Testes Finais! – desejou sinceramente.
- Obrigado Loueine! – agradeceu também sincero.
- Por nada! – falou se aproximando um pouco mais dele. – E isso... – deu-lhe um beijo suave no rosto. -... é pra dar sorte! - Harry piscou e sentiu o local onde ela beijara queimar e o perfume dela ficar impregnado em sua face. – Até mais Harry! – falou trocando um último olhar e saiu sorrindo.
- A-até! – respondeu ainda imóvel e bobo. Mais um pouco e talvez a tivesse convidado para sair tamanho incômodo sentiu em seu peito. Ela era linda, bastante legal e parecia muito interessada nele. Porque não o fazia então? Havia algumas coisas cujas quais nenhum ser humano poderia entender, nem mesmo sendo um bruxo. Embora sentindo-se atraído por Loueine ainda pensava muito em Hermione e era dela que queria receber sinais de correspondência de seus sentimentos. Depois de respirar fundo e voltar a tona Harry decidiu tomar outro banho, mas desta vez um banho frio, antes de se deitar. Um surpreendente fim de semana parecia aguardá-lo pela frente.
ATUALIZADA!!! GENTE, EU PEÇO POR FAVOR QUE TENHAM PACIÊNCIA E QUE MANDEM COMENTÁRIOS POIS ESTOU SENTINDO FALTA DELES, OK? ENTÃO ATÉ O CAPÍTULO 16, QUE PROMETE!!!
MALFEITO FEITO!!!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!