Draco
Draco estava muitíssimo satisfeito com um baile de inverno. Gostava de festas; durante as férias gostava de reunir todos os seus colegas na sua casa para jantarem e conversarem, embora isso não fosse propriamente uma festa. Não havia música durante seus encontros nas férias. Não que ele nunca tivesse tentado contratar sua bandas preferidas para tocarem na sua casa, mas sabia que sua mãe iria surtar só de pensar na possibilidade.
E foi com grande satisfação que abriu o pacote vindo de sua casa, contendo suas vestes de gala pretas envolvidas num fino papel-de-seda da loja “Talhejusto e Janota”. Mostrou-as para seus colegas da Sonserina que a aprovaram. Agora só faltava arranjar um par.
Mas quem seria digna de acompanhar Draco Malfoy no baile?
A certa altura daquele dia, seis depois do anúncio do baile e véspera do evento, Draco se via fazendo uma lista das garotas mais bonitas de Hogwarts, excluindo, é claro, as Grifinórias e as Lufa-Lufas. Isso reduzia suas opções a cinco garotas, visto que também eliminara as mais novas e as acima do sexto ano, que ele teve de admitir para si mesmo (depois de levar três foras de doer) que não iriam aceitar seu convite.
Mádi Brocklehurst, Corvinal, já tinha par.
Emília Bulstrode era feia de doer.
Padma Patilm, Corvinal, já tinha par.
Morgan McDougal, Corvinal, tinha namorado.
Pansy Parkinson. Feinha mas tragável.
É, quem sabe deveria convidar Pansy? Ficou observando a garota de longe. Tinha cabelos castanhos finos e escorridos, olhos negros. Era alta e larga, sem cintura, mas não chegava a ser gorda. Tinha fartas bochechas e nariz achatado, o que a faziam lembrar um buldogue. Lembrou-se de que a garota era loucamente apaixonada por Draco, a ponto de apostar um beijo com o mesmo como a Grifinória iria ganhar a taça das casas em seu primeiro ano. Tentou afastar de sua memória a lembrança daquele primeiro beijo traumático e decidiu esperar mais um pouco. Quem sabe ele não lembrava de alguma outra garota que por descuido ficara fora de sua lista?
Enquanto isso ia se distrair tentando arrumar pares para Crabbe e Goyle. Viu que Mila Bulstrode ia saindo e chamou-a:
“O que você acha de ir para o baile com o Crabbe? Ou com o Goyle?”
Bulstrode deu uma risada alta e sarcástica e saiu pela porta de pedra.
Não esperava realmente que ela fosse aceitar. Se fosse menina ia preferir ir sozinha ao baile que ir com Crabbe ou Goyle.
Decidiu que ia aproveitar a sexta feira e foi passear sozinho perto do lago. Acabara de lhe ocorrer a idéia de convidar uma das garotas de Beauxbatons quando topou com Weasley e a Granger (que Malfoy se viu analisando e logo constatou que ela era realmente feia para depois se repreender, dizendo para si mesmo que chegara ao fundo do poço) discutindo como sempre:
“Você está brincando, Weasley? Você está dizendo que alguém convidou isso para ir ao baile? Não foi o sangue ruim de molares compridos, foi?”
Draco não perdia uma oportunidade de sacanear Hermione. Era divertido... E depois, não podia acreditar que alguém a havia convidado ao baile. Mas viu a garota acenando por cima de seu ombro e dizer:
“Olá, professor Moody!”
Virou-se para procurar o professor, alucinadamente. Não estava a fim de virar Doninha outra vez. Só percebeu que havia sido enganado quando ouviu a Granger dizer:
“Mas que Doninha nervosinha você é, hein?”
E o trio saiu rindo, deixando Draco lívido de fúria para trás. Ainda pensou em azará-la pelas costas, mas depois lembrou-se de que Moody podia estar passando por ali.
Draco resignou-se e resolveu convidar Pansy, ou corria o risco de ser trocado por Zabini.
Quando voltou ao seu dormitório, Pansy cochichava e parecia estar consolando Mila Bulstrode. Pelo que Draco pôde entender, ela havia convidado Vítor Krum e levado um tremendo fora. Não quis nem saber dos probleminhas das meninas, queria resolver o seu de uma vez por todas:
“Pansy, vem cá”
Surpreendentemente, Pansy não derreteu-se em risinhos como Draco esperava, mas lançou às colegas um olhar enigmático, e foi atender ao seu chamado.
“Eu estive pensando... Você não gostaria de ir ao baile comigo?”
Tentou engrossar a voz o máximo possível, mas o efeito foi o oposto. Estava tão nervoso que acabou usando a voz que não usava desde os onze anos. Pansy permaneceu séria,causando mais surpresa a Draco. Uma idéia lhe ocorreu: Será que Pansy estava tentando impressiona-lo aparentando ser madura?
“Oh, Draco, eu adoraria!”
E Tascou-lhe um beijo na bochecha. E virou-se para ir embora, quando lembrou-se de perguntar:
“Pansy... Você sabe se a Granger Sangue-ruim tem par para o baile?”
Pansy arqueou as sobrancelhas.
“Porque você está tão interessado?”
“Ah, nada. Só curiosidade.”- Respondeu Draco, sinceramente.
Mas Pansy parecia ter tido uma idéia maligna. Seus olhos brilhavam e um sorriso maroto habitava seus lábios.
“Se eu disser, e estiver certa, você me dá um beijo?”
Draco parou para analisar a expressão de Pansy. Ela estava falando sério.
“Não, Pansy, claro que não. Eu estou me lixando para aquela Sangue-ruim!”
Não era verdade; Draco estava realmente curioso. Mas tinha suficientes experiências com apostas com Pansy. Não, obrigado, preferia ficar se roendo de curiosidade...
Pansy não insistiu. Desceu para o salão, mas Draco ficou lá, na porta do dormitório. Sabia que ia se arrepender, mas...
“Pansy! Quem é que vai com a Granger, afinal?”
Pansy riu um riso debochado.
“Vítor Krum, Draco. Ninguém menos que Vítor Krum.”
Draco chocou-se. Não era verdade, não podia ser verdade... Mas afinal, Pansy queria o seu beijo ou o que?
A história ficou por isso mesmo, pois já estava tarde e ambos precisavam estar descansados para a noite do dia seguinte.
O dia do baile amanheceu estranho. A ansiedade era contagiosa, e todas as garotas pareciam estar fazendo coisas com os cabelos. As de cabelo liso, cacheavam; as de cabelos cacheados, alisavam. Draco sentiu que ia morrer sem entender aquilo.
A noite caiu, finalmente, e os garotos, que obviamente não precisavam de tanto tempo quanto suas colegas, subiram para seus quartos para se arrumarem.
Draco era dono de uma beleza bastante singular. Tinha bonitos cabelos loiros e sedosos, a pele muito branca, era alto e de porte atlético, embora ainda fosse muito novo para que isso fosse perceptível. “Mesmo assim não consegui arrumar um par melhor”, contatou, melancólico. Seu pai adorava alardear a respeito do tal “charme Malfoy” e dizia a quem quisesse ouvir que Draco desde muito novo fora um galã, e que tinha todas as garotas aos seus pés. Muito embora a única garota que tivesse beijado tenha sido Pansy, no fatídico dia em que perdeu aquela aposta no primeiro ano. E hoje ele provavelmente a beijaria de novo. Suspirou mais uma vez, terminando de abotoar a gola de suas vestes. Ótimo, estava parecendo um padre trouxa.
Pansy o esperava no saguão do salão principal, usando um ridículo vestido rosa-claro com babados. Assim que o viu, ela correu ao seu encontro e agarrou seu braço, como se Draco fosse fugir.
E fugiria, se pudesse. Sentaram-se em uma das mesinhas do salão. Começaram a conversar a respeito de toda sorte de assuntos. Quando Pansy acabara de contar (num sussurro) que pretendia alistar-se aos comensais da morte quando se formasse, Draco viu que Hermione Granger entrava no salão acompanhada por Vítor Krum. Pansy riu satisfeita por um momento, sabendo que iria ganhar mais um beijo de Draco. Mas no momento seguinte, tudo que conseguiu dizer foi nada. Despejava em cima de Hermione um olhar do mais profundo desprezo e de inveja. Porque Hermione Granger estava linda.
Draco não quis admitir para si mesmo que Hermione estava realmente bonita naquela noite. Tentava distrair os pensamentos, quando viu uma cena que o fez explodir em gargalhadas.
Potter valsando com Parvati Patil, sendo conduzido. Era engraçado demais... Momentos depois a música terminou e os campeões foram cada qual para o seu lado.
Pansy parecia muito ansiosa para cobrar o prêmio de sua aposta, mas Draco não parava de cortar suas investidas com “Agora não”, e sempre que podia passava no banheiro para ver se ela se perdia. Mas Pansy era persistente.
As esquisitonas começaram a tocar uma música muito agitada e divertida, que fez até Draco querer dançar. Viu Potter e Weasley abandonarem seus pares e Granger num canto escuro com Krum. Ele e Pansy se levantaram da cadeira ao terminarem o jantar e reuniram-se à horda de alunos em frente ao palco onde a banda de apresentava. Começou a cantar baixinho, mas logo estava gritando junto, com Pansy em sua cola. Cinco cervejas amanteigadas e três doses de uísque de fogo depois, tudo parecia tão legal; e até mesmo Pansy Parkinson estava bonita. Tão bonita que ele não pôde resistir...
Estavam sentados em um daqueles bancos ocultos por roseiras. Draco via o mundo rodar, mas não se importava com isso. Queria beijar Pansy, e ela queria beija-lo, então tudo que fizeram foi beijarem-se.
Perguntava-se se o Potter já teria beijado alguém na vida e estava quase chegando à conclusão que não, que ele era feio e chato, e que nenhuma garota o queria. Se até mesmo a Granger devia estar beijando Vítor Krum... Depois lhe ocorreu a possibilidade de que Potter fosse gay, mas nada parecia fazer mais sentido, sua cabeça girava e Pansy babava... Estavam ficando perigosamente quentes; Pansy que estava totalmente sóbria, ao contrário de Draco, tentava tirar sua camisa, mas Draco resistia tolamente. BUM!
Snape havia estourado mais uma roseira e desta vez encontrara seu aluno preferido com a camisa aberta, Pansy Parkinson no seu colo, aos beijos, resmungando, parecendo completamente bêbado. O professor assustou-se mas não disse nada; não ia descontar mais pontos de sua próprio casa.
A noite acabou junto com a apresentação final das Esquisitonas, quando Pansy finalmente dignou-se a lançar em Draco um feitiço animador, o que pareceu melhorar muito o estado do Sonserino que pareceu completamente desconcertado ao ver a camisa que vestira sobre as vestes e o cinto abertos (mais um pouco de Esquisitonas e Draco não sabia o que poderia ter acontecido mais) e não dirigiu uma única palavra a Pansy, até chegar ao seu salão na Sonserina. E ao passar pela Granger ainda gritou:
“Maquiagem faz milagres”
E ao chegar em seu dormitório largou-se em um sono profundo e sem sonhos, para amanhecer com a cabeça explodindo e ir às masmorras de Snape pedir uma poção anti-ressaca e logo em seguida receber ameaças de uma carta para seu pai, que segundo Snape, contaria tudo que Draco tivesse feito durante o baile. Mas o que ele tinha feito mesmo?
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