Hermione



Hermione vestiu o vestido com todo cuidado. Não queria que sujasse de nenhuma maneira. Suspirou, e se olhou no espelho do provador. Realmente bonito. Era de algum tecido colante, vermelho. Realmente muito bonito. Dobrou com todo cuidado e pôs de volta na caixa vermelha inscrita com um grande MADAME MALKIN – HOGSMEADE. Olhou-se de novo, desta vez só de calcinha e sutiã. Pernas finas, constatou, e sua depilação não estava em dia há meses. Desistiu do vestido e procurou um outro. Desta vez achou um azul, esvoaçante, com faixas caindo, longas até o tornozelo. Ficou perfeito no corpo. Decidiu levar, vestiu-se e pagou.

...

- Hermy-on, gostarria de falarr com você.
Surpresa, Hermione abandonou seu exemplar de “A vida dos dragões” e constatou o que já sabia: Um Krum vermelho até as orelhas, punhos cerrados, lábios contraídos, olhos por um instante para o assoalho de madeira da biblioteca, depois para seus olhos arregalados de curiosidade e depois para o assoalho novamente, tentava reunir palavras.
- Sim?
- É que... è que... hum... Pon... Você gostarria de... de irr ao baile... hum... comigo?
Decididamente surpresa, ela deixou cair o livro das mãos, e muito vermelha, abaixou-se para pegá-lo. Fez um esforço para pensar o mais rápido possível. Quem sabe poderia provoca-lo... Provocar Rony, quem sabe. Isso não seria direito, avisava-lhe uma voz chata em sua cabeça. Sim, mas também não era direito que Rony brincasse com seu coração daquela maneira. Antes que Krum pudesse dar as costas e tomar seu silencio como uma negativa, falou, alto e claramente:
- Sim, Vítor, eu gostaria de ir ao baile com você! – Falou, muito séria
...

“Deus sabe que eu não gostaria de apelar para isso. É um tremendo golpe baixo!”. Hermione raciocinava, deitada em seu dormitório. O sol se punha e a maioria estava fazendo seus deveres no salão comunal ou estava lá fora aproveitando o raro calor daquele fim de outono. Tentou resistir a todo custo mas a lágrima teimou em escorrer pelo seu olho. Aquele “sim” na biblioteca havia sido quase um passe livre para que Krum pensasse que ela era mais uma daquelas fãs histéricas dele. Fora muito fácil, e sabia disso. Mas embora resistisse a admitir isso, estava apenas usando Krum...
- Hermione, você está chorando. E definitivamente não foi um cisco que caiu no seu olho! – Falou Gina, entrando de repente. – Fala pra mim, fala. Por que está chorando?
Hermione se calou. Obrigou uma ultima lágrima a não escorrer.
- Fala!
- Não é nada... É sério... – E diante do olhar de Gina, não resistiu, deixou cair a cabeça no colo da amiga e chorou: - O Krum me convidou, Gina... E eu aceitei! Eu aceitei... Você sabe que seu irmão nunca vai me convidar, eu sei disso! - E continuou chorando.
Gina consolava a amiga. Estava realmente surpresa com a confissão de Hermione. Nunca imaginou que ela gostasse realmente de seu irmão. Para ela, eram apenas fofocas de dormitório. Mas já que era assim, iria ajuda-la. Passado alguns momentos, Hermione soltou-se de Gina. Olhou, com o rosto inchado e vermelho.
- Escute, Hermione. Já saquei seu plano... Eu sei que isto não está certo, mas... Deus me perdoe, vou te ajudar!

[...]
Havia um burburinho estranho e incômodo voando pela escola. O clima estava carregado e até os professores podiam senti-lo. Às seis da tarde o céu se encontrava totalmente escuro de modo que o frio era cortante. Nevava. Hermione estava concentrada em seu dever de astronomia, tentando por tudo não se imaginar tendo os pés pisados por Krum. E sabia que em algum canto do banheiro um caldeirão fervia com uma poção alisante capilar.
Ouviu a voz de Rony gritar lá no fundo:
- Com quem você vai?
- Com... Não é da sua conta! – Respondeu rapidamente.
...
Era uma noite fria e chuvosa. Hermione andava em direção ao lago, tentando não fazer barulho. Tirou seus sapatos e pisou na grama gelada. Não podia ser... Afinal, o que estava fazendo lá? Começou a embrenhar-se na floresta, mais e mais. Agora, nem o brilho da lua iluminava seu caminho, e estava sem varinha. Mas não se incomodava. Continuava andando, até que chegou numa enorme clareira. Ouvia de longe batida de tambores e o cheiro de lenha queimando. Finalmente se aproximou da grande fogueira e quando olhou para baixo, contatou que estava nua. Tentou inutilmente cobrir-se com as mãos, mas, de repente, elas estavam amarradas. Não, não, não estava mais nua. Um grande centauro aproximou-se e vestiu-a seu vestido de gala. Ajoelhou-se, sem saber porque, diante de um altar de pedra polida. Uma centauro-fêmea gritou em alto e bom tom:
- A nossa donzela chegou para o sacrifício!
Hermione gritou que não, não queria ser sacrificada... Mas foi inútil. De repente, o altar de pedra polida rachou-se e do meio, e dele saiu Vítor Krum, trajando suas vestes de gala vermelhas, absolutamente ridículo com um sapato que parecia ter salto alto. E para a surpresa de Hermione, a floresta transformou-se no grande salão, os centauros, em outros alunos e os tambores selvagens, em violinos, tocando Danúbio Azul. Ela e Krum continuaram dançando, e dançando, e dançando...
...
Hermione acordou assustada. Levantou-se de um salto da cama e tropeçou no dossel. Deu um “ai” agudo e esperou não ter acordado ninguém. Pelo contrário, Parvati continuava roncando como uma moto, por mais que ela negasse...
Hermione vestiu seu robe de fustim cor de rosa e desceu as escadas silenciosamente, se esgueirando contra as paredes escuras do castelo, cuidando para não ser vista por nenhum professor. Ouviu alguém tossir ali perto e fugiu para dentro de uma sala desconhecida. Qual não foi sua surpresa ao esbarrar com força em alguém. Murmurando pragas mortais a si mesmo, abriu a boca para murmurar qualquer desculpa, mas ouviu uma voz conhecida.
- Quem err?
“Oh, merda!”, pensou. “Isso só acontece em filmes! Ou em sonhos...”. E beliscou-se levemente para constatar que estava acordada. Infelizmente estava.
- Sou eu, Vítor.
- Hermy-on!
- Olá, Vítor! – Sorriu falsamente.
- Pensei que poderríamoss noss cnhecerr melhorr antes do baile.
- Sim... Sim... – Balbuciou Hermione, com a cabeça nas nuvens – Acho que sim-
- Eu sei que eu deverria puxarr converrsa agorra, mas eu realmente non tenho assunto... Ouvi falar que você eh a melhorr aluna da escola. É verrdade isso, Hermy-on?
- Haha... Receio que sim – e corou – Não é questão de ser melhor, é de ser menos ruim, entende?
- Sim... Em Durmstrang somos obrrigados a passarr com nota acima de oito, pelo menos. Se não, você repete de ano, e se non passarr com nota acima de nove, vai ecspulso.
- Wow!
- Então... Você falou que está sem assunto? Pois eu puxo o assunto, então... Como é ser um jogador de quadribol mundialmente famoso? – E riu.
- Pom... Forr o fato de ganharr um pom dinheirro, é bem chato. Sabe, é moito dolorrido ficarr sentado oito horras por dia numa vassourra – Os dois riram.
- E as fãs?
- Chaaaatas! Aqui em Ogwarts tem cada uma... Esperro que você não seja assim... – Krum apagou o sorriso do rosto. - Eu estava rreunindo corragem parra te convidarr sabia? Ecstava indo à biblioteca mas non tinha corragem de falarr contigo.
Hermione percebeu convenientemente a tempo que seus rostos estavam próximos demais um do outro. Virou o rosto, cobriu-se com a capa:
- Vou voltar. Está tarde e aqui é frio. – E sem falar mais nada, correu para a porta.
E antes que o rapaz pudesse retrucar, correu. Sentiu vontade de chorar novamente, mas dessa vez conteve-se. Não era justo que derramasse tantas lágrimas, principalmente por ele. Atirou a capa fora do corpo com raiva, sem se importar se acordava as outras meninas. Fechou o dossel com força e enterrou o rosto no travesseiro.


O dia amanheceu frio. O clima que se no dia anterior já estava pesado, agora então era bem possível de ser pego com as mãos. Ela tentou fazer parecer um dia como outro qualquer, mas foi em vão. Quando passava, sentia risadinhas às suas costas. Por fim, rendeu-se à tentação de mandar todas elas calarem a boca e mesmo tendo perdido 10 pontos, sentiu-se vingada. Assim que as aulas acabaram subiu no seu banheiro e constatou que sua poção estava pronta. Precisaria de umas boas duas horas para que fizesse o efeito esperado em seus cabelos. Mas não eram nem duas horas, de modo que desceu à biblioteca. Teria de levar seu plano até o fim. Como esperava, Krum estava lá. Ela se aproximou e nem importou-se com o susto pregado no rapaz.
- Vítor, eu queria me desculpar por ontem a noite...
- Tudo bem, Herrmio-ni-ni. Eu forrcei a barrra mesmo.
- Não, tudo bem. Eu só não queria que você pensasse que eu sou mais uma daquelas sua fãs... Como a Amélia Gutbert, por exemplo, aquela que pediu pra você assinar com batom – E riu um riso nervoso. – Então, nos vemos hoje a noite?
Hermione olhou fundo nos olhos de Vítor e saiu andando o mais calmamente possível.
Passou o resto do dia fazendo seus deveres e quando acabaram, já eram quase cinco, de modo que foi se arrumar.

- Quê, você precisa de três horas? Com quem é que você vai?
Se conteve para não responder “Vou com Krum, que ao contrário de você teve coragem e me convidou, seu merda!”
Chegou no dormitório. Ainda estava cedo e por isso apenas ela estava lá. Mas era melhor assim. Aplicou todo um caldeirão de poção em seus cabelos revoltos e cheios e esperou. Dali a uma hora as meninas começaram a subir. Parvati perguntou indiscretamente:
- O que você está fazendo, Hermione? – E apanhou o mini caldeirão. Cheirou, e com um “Ah!” de entendimento, largou-o no chão e apanhou toalhas limpas.
Hermione estava realmente envergonhada. Devia ter planejado melhor. Quando as duas horas de espera bateram finalmente, pode libertar os cabelos daquela toca deprimente. Parvati saiu de seu banho de noiva cheirando a algum perfume realmente forte que lembrava jasmim. Estava apenas de toalha e uma na cabeça, enxugando os cabelos negros. Sentou-se em sua cama e perguntou:
- Isso é realmente uma poção alisante, não é? – E riu – Por que tanto mistério afinal? Com quem você vai? Não pode ser tão terrível assim, afinal, o Neville já vai com a Gina! Aliás, pobre Gina! – E riu mais estridentemente.
O riso de Parvati foi acompanhado pelo de tantas outras meninas. Hermione sentia sua paciência se esvaindo. Por fim, gritou:
- Eu vou com o Krum – E entrou no banheiro, fechou a porta com força e se enfiou no chuveiro.
Ainda ouviu Parvati comentar com as outras que era mentira. Que Amélia Gutbert havia jurado que ele a havia convidado. “Ah, mas elas vão ver! Vão, sim!”. E se concentrou em retirar o creme dos cabelos.
Depois do que lhe pareceu vinte minutos, saiu do seu banho, destrancou a porta. Fechou-se em seu dossel e abriu a tampa da caixa vermelha. Seu longo vestido caiu como uma luva no corpo magro. Seu cabelo estava liso e sedoso e nem sequer foi preciso desembaraçar. Apenas enrolou-o com a varinha para que se formasse um elegante coque. Calçou-se e começou a sua missão de domar os lábios finos, as sardas e o nariz grande. A penteadeira cor-de-rosa do dormitório era recheado de maquiagens das mais diversas garotas. Por fim, após inúmeras aplicações de pó, blush, lápis de cores variadas, batom, enfim, toda sorte de produtos femininos, deu-se por satisfeita. Eram exatamente cinco para as oito, e combinara de se encontrar com Krum às oito em frente ao salão. Como imaginava, uma turminha de curiosas estava em volta de Krum que tentava inutilmente afasta-las.
A vingança é um prato que se come frio, constatou Hermione. Viu Draco Malfoy se aproximar dela, mudo, como que para constatar que era ela mesma. Krum e ela mesma engoliram em seco. Por fim ele ofereceu seu braço. As fãs histéricas simplesmente calaram-se, sem palavras. Hermione deu seu primeiro sorriso sincero naquele dia. Quando entrou no salão, sentiu todos os olhares recaírem sobre si. Alguns mais atrevidos assobiaram. Sua mente repetia incessantemente “Não esquenta, não esquenta”. Até que chegou a hora da dança.

“ – Oi, Harry, Oi Parvati!”
Mesmo Harry estava de queixo caído. Parvati, então... Gina, sentada com Neville, sorria marotamente. A valsa começou. Era lenta, e Hermione sentiu-se surpresa- Não é que o jogador dançava razoavelmente bem? Olhou com o rabo dos olhos para o lado. Estavam todos impressionados e apenas dois dos quatro pares chamavam atenção – O de Harry, obviamente e o seu par. Rony estava vermelho de ódio e nem sequer olhava, enquanto alguns garotos assobiavam, mas paravam ante ao olhar repreensivo da diretora da Grifinória. Outras garotas olhavam com visível inveja. Fleur Delacour dançava a valsa magnificamente bem e seu par estava meio atordoado, pois a loura jogava charme. Por fim, sob uma salva de palmas, a valsa cessou e os outros pares entraram no salão. A música era agitada, um rock bastante animado. Gina tentava não fazer caretas quando Neville pisava em seus pés ou na barra de seu feio vestido roxo com babados. Hermione olhou para os lados e constatou que Ninguém exceto Rony prestava atenção em si. “Essa é a hora”, pensou. Harry estava ocupado com alguma coisa e Rony olhava diretamente para o par. Encarou-o por alguns segundos e então, reunindo toda sua coragem, deu-lhe um beijo na bochecha. Largou-o, então. Krum parecia empolgado. Realmente, Hermione tinha de admitir para si mesma que estava deslumbrante. Apenas Fleur Delacour chamava tanta atenção. Então, tendo Rony ficado mais vermelho ainda, sentou-se na mesa em frente a ele. Começaram a conversar sobre os mais variados assuntos. Krum descrevia seu castelo, e certa altura, ouviu um comentário maldoso de Karkaroff, sendo logo retrucado por Dumbledore.
- Vítor, você precisa aprender a falar meu nome direito! Repita comigo : Her-Mi-O-Ne
- Herm-on-nini
- Está bastante parecido!
Procurou os olhos de Rony, mas deu com os de Harry na outra mesa, então sorriu. Ele também parecia impressionado. Eis que Parvati o puxa para dançar – As Esquisitonas começam a tocar uma música lenta e triste. “Vamos à ação!”, pensou, e se levantou para dançar.
Rony estava sozinho, então, todos estavam ocupados com seus pares. Hermione foi lentamente conduzida por Vítor para um lado mais escuro do salão, mas que dava diretamente para as vistas de Rony. “Bingo!”. Hermione olhou fixamente nos olhos de seu par. Começaram a conversar com as cabeças próximas demais. Rony arregalou os olhos. Levantou a cabeça e olhou cinicamente para a mesa do amigo. Ele estava chocado.
Quando a música acabou, mandou Krum buscar algumas bebidas e então sentou-se. Harry também estava lá. “Está tudo indo dentro dos conformes”, pensou ela, e comentou sonsamente:
- Está quente, não acham? Vítor foi apanhar alguma coisa pra gente beber!
- Vítor? Ele ainda não pediu para chamá-lo de Vitinho?
- O que é que há com você?
- Se você não sabe, não sou eu quem vou lhe dizer.
- Rony... Que é...
- Ele é da Durmstrang! Está competindo contra o Harry! Contra Hogwarts! Você está... Confraternizando com o inimigo!
- Não seja tão burro! O inimigo! Francamente, quem é que ficou todo animado quando viu o Krum? Quem é que tem um modelinho dele no dormitório?
- Suponho que ele a tenha convidado quando os dois estavam na biblioteca?
- Isso mesmo! E daí?
- Que aconteceu, estava tentando convencê-lo a participar do fale, é?
- Não, não estava, não! Se você quer realmente saber, ele... ele disse que estava indo todos os dias à biblioteca para tentar falar comigo, mas não conseguia reunir coragem.
- Que aconteceu, estava tentando convencê-lo a participar do fale, é?
- Não, não estava, não! Se você quer realmente saber, ele... ele disse que estava indo todos os dias à biblioteca para tentar falar comigo, mas não conseguia reunir coragem.
- E, é... isto é o que ele conta - disse Rony em tom desagradável.
- E o que é que você quer dizer com isso?
- É óbvio, não é? Ele é aluno do Karkaroff não é? E sabe que você anda em companhia do... ele só está tentando se aproximar do Harry, tirar informações sobre ele ou até chegar perto bastante para
azarar ele...
Hermione chocou-se. Respondeu com a voz trêmula:
- Para sua informação, ele não me fez uma única pergunta sobre o Harry, nem umazinha...
- Então está na esperança de você o ajudar a decifrar a mensagem do ovo! Suponho que tenham andado juntando as cabeças durante aquelas sessõezinhas íntimas na biblioteca...
- Eu nunca o ajudaria com aquele ovo! Nunca. Como é que você pode dizer uma coisa dessas... eu quero que Harry vença o torneio. Harry sabe disso, não sabe, Harry?
- Você tem um jeito engraçado de demonstrar isso - desdenhou Rony.
- O torneio é justamente para se conhecer bruxos estrangeiros e fazer amizade com eles! – disse Hermione com voz aguda.
- Não é, não. É para se ganhar!
As pessoas estavam começando a olhar para eles.
- Rony - disse Harry em voz baixa - Eu não tenho nada contra Hermione vir com o Krum...
Mas Rony não deu atenção a Harry.
- Por que você não vai procurar o Vitinho, ele deve estar se perguntando aonde é que você anda- disse Rony.
- Pare de chamá-lo de Vitinho!- Hermione ficou de pé e saiu decidida pela pista de dança, desaparecendo na multidão.
Com o gostinho de missão cumprida, foi procurar Krum. Queria atazanar Rony até o último segundo daquele baile. Viu-o com as bebidas nas mãos na sua mesa, mas não teve coragem de voltar. Reforçou o penteado e a maquiagem no banheiro, e então foi por em prática o resto de seu plano – fazer Rony pirar de ciúmes.
Viu Harry ser abordado novamente por Percy. Rony se levantou, então, e saiu para os jardins. Hermione seguiu Rony, com Krum ao seu encalço, então sentaram-se atrás de uma roseira. Rony os vira – deu meia volta e foi chamar Harry.
- Hermio-ni-ni...
- Eu sei o que você está pensando. Desculpe, eu fui realmente muito atirada.
Ele sorriu espantado.
- Non... é só que tem um besourro no seu colo.
Seguiram-se alguns minutos de silencio. O besouro voou e pousou numa rena de vidro ali perto. Até que, do nada, Vítor vira-se e pergunta:
- Você gostarria de irr à Bulgárria comigo?
- ...
Hermione ouviu passos, tentou levantar-se, mas, Krum segurou sua mão.
- Você non é atirrada... Mas eu sou.
A próxima coisa que ela sentiu foi os lábios de Krum beijando-a. “E, oh céus, como ele beija bem!”. Dizer que tentou resistir seria mentira. Depois do que lhe pareceram minutos – Hermione ouviu algo explodindo. “O maldito morcegão velho!”. Snape explodira a roseira na qual os dois estavam escondidos. Simplesmente afastou-se, resmungando, tão chocado que nem tivera tempo de descontar pontos. Hermione e Krum riram. Vítor estava muito atraente àquela noite. Ganhara algum peso (Ela tinha a impressão que a comida de Durmstrang não era lá grande coisa), o rosto estava corado e as monocelhas já não estavam unidas (isso era realmente interessante. Será que ele fizera as sobrancelhas?). Usava vestes azul escuro e os cabelos estavam com um novo penteado, assim, arrepiado. Rony estava sentado à um canto com Harry. Era pouco mais de dez horas, então ainda havia muito baile pela frente.
Antes de desfilar com Krum de volta para a pista de dança, fez questão de passar em frente à Rony. Harry estava ocupado suspirando por Cho Chang. Rony tentou fazer com que pouco lhe importasse o fato de que eles estavam de mãos dadas. Hermione estava se cansando daquilo. Além da pena por brincar com Krum, sentia-se com nojo por ter beijado alguém que sequer gostava. E confusa porque sabia que Rony estava morto de ciúmes, porém, não se rendia!
Suspirou. Alegou um “não é nada” para Krum, recomeçou a dançar, tentando não pensar novamente naquilo e curtir o baile. Não se beijaram nenhuma vez mais naquela noite – Hermione não se mostrou permissiva. Na verdade, não via a hora de voltar para seu dormitório. Quando bateu meia noite, as Esquisitonas pararam de tocar.
Despediu-se de Krum:
- Essa noite foi realmente, maravilhosa, Vítor
- Obrrigado, Hermio-ni-ni. Mas o mais marravilhoso da festa foi você. – E beijou sua mão.
Hermione sentiu um arrepio. Quando Krum subiu as escadas, ainda teve coragem de gritar, para quem quisesse ouvir (ainda que o comentário se dirigisse mais a Rony):
- Oh, Vítor, você beija muito bem!
Riu sozinha e foi andando em direção ao seu dormitório. Alguém cuja voz Hermione reconheceu como sendo de Draco Malfoy, comentou:
- É, maquiagem faz milagres!
Riu novamente. Só parou de rir quando deu de cara com Rony a esperando no salão, sozinho.
- Que história é essa, Hermione? Você pode me explicar? Eu vi muito bem o que vocês estavam fazendo atrás da roseira.
- Isso é da sua conta, por acaso? – Respondeu, sarcasticamente. Estava se sentindo muito bem.
- Sim, é da minha conta!
- Ora, se você não gosta, sabe qual é a solução, não sabe?
- Ah, é? Qual é?
- Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto o faça e não como ultimo recurso!

Nem Harry, Nem Rony, nem ninguém, viram sua lágrima escorrer...

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