Mérope e Tom Riddle e O Nascim
Primeiro, comentários da autora:
Essa fanfic é um projeto bem antigo meu, de antes mesmo do lançamento de Ordem da Fênix. Aliás, eu ainda devo guardar uns rascunhos velhos e muito sem-noção (como um cujo capítulo inicial é inspirado n´As Brumas de Avalon hehe) de versões anteriores dessa.
Bem, após ler Enígma do Príncipe que é praticamente uma biografia do Tom, tomei coragem e resolvi publicá-la.
Eu me esforço ao máximo para que ela fique bem realista e fiel aos fatos do livro, portanto não espere um Tom Riddle bonzinho ou fofinho. O meu Tom é perverso, mau, arrogante, mas cativante (ou assim o espero ter feito) assim como nos livros "oficiais". Ao mesmo tempo, tive de distorcer ou inventar algumas características dele para fins digamos... erm... "lúdicos".
Por exemplo; em momento algum a Tia Jo faz qualquer comentário à cerca da vida "amorosa" do Tom, embora afirme categoricamente que ele não é capaz de amar. Tudo bem, ele não ama, mas sempre imaginei o Voldemort como um cara super mulherengo, do tipo bem cafajeste mesmo hehe :P
Outra coisa, evitei ao máximo criar novos personagens, utilizo muito os nomes citados pela autora e a lista de Comensais da Morte que encontrei na Wikipedia. Mas claro, inventei alguns. Eu mesma NÃO SUPORTO fanfics com personagens novos, elas acabam sempre e invariavelmente virando Mary Sues, e talvez por ter um certo trauma disso, o principal par romântico do Tom é uma menina cheia de defeitos (não é muito bonita, não é boa aluna, é uma vagaba, etc.) então me perdoem se as vezes eu pegar pesado.
E por falar em pegar pesado, a censura dessa fic é PG-13 sem coragem de ser NC-17. Isso porque tem algumas cenas realmente pesadas (e eu não falo só de sexo), embora as cenas de sexo propriamente ditas são só sugeridas, nada explícito.
Para outros comentários, leia a fic e a Nota da autora lá no meio.
Espero que gostem ;)
Agora, a introdução propriamente dita:
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Mérope Gaunt era uma mulher essencialmente triste. Arrasada, realmente. Mas não concordava com essa descrição de si mesma. Por que quando alguém falava que ela era triste, dava a impressão de que ela um dia tivesse sido feliz.
Mas não, Mérope não se lembrava de alguma vez ter sido feliz.
Tudo em seu mundo era estranhamente bizarro e distorcido, como num pesadelo macabro. A começar pelas circunstâncias de seu nascimento.
Era a tradição dos Gaunt casarem entre primos, mesmo que séculos de casamentos consangüíneos tivessem condenado os descendentes gerados dessa forma a anomalias genéticas mais estranhas ainda do que as que ocorriam aos trouxas. Pensando bem, até que tinha sorte de ter nascido com apenas cinco dedos nas mãos.
Mérope não conhecera sua mãe. Nem ao menos sabia seu nome. Aliás, duvidava que seu pai algum dia tivesse tido o trabalho de perguntar-lhe o nome. Só o que Servolo falava de sua mãe era de como ele havia dado o azar de casar com um aborto como ela. Isso certamente explicava suas dificuldades em manusear decentemente uma varinha, se bem que nunca tivesse freqüentado a escola. Recebera a carta, há exatos sete anos atrás, o que de certa forma provava que ela não era um aborto. Mas os Gaunt e os ramos descendentes de Salazar Slytherin simplesmente não podiam estudar com a ralé que lá habitava. Ponto.
E por falar em ralé, lá vem ele!.
Era Thomas Riddle, o trouxa ricaço morador da Grande Casa na Colina.
Se Deus realmente existe, deve se parecer com ele.
Riddle passava cavalgando por ali quase que diariamente, esplendoroso em suas roupas de tecidos finos e caros, em cima de seu imponente garanhão branco, como um príncipe de contos de fadas. Ultimamente, porém, ele sempre passava com uma moça a acompanha-lo, uma moça tão bonita quanto ele, infinitamente mais bonita que Mérope, também com seus vestidos luxuosos e montando um alazão igualmente imponente. Ali estavam, o príncipe e a princesa das fábulas trouxas e ela, Mérope, a bruxa malvada e feia, retorcida sobre o caldeirão e envenenando maçãs...
Naquele dia particularmente quente, porém, Riddle tinha escolhido cavalgar sozinho, ou talvez a querida Cecília estivesse apenas com calor demais e não quisesse suar seu vestido delicado e gracioso e pisar na lama com seus sapatinhos de seda que valiam mais que toda a sua casa.
Mérope, no entanto, não se importava de suar as vestes grosseiras de algodão sujo que vestia, nem de sujar os pés descalços na lama. Escondendo-se atrás da cerca como costumava fazer antes de Servolo e Morfino irem para Azkaban, pôs-se a observar Tom com atenção, contemplando avidamente cada detalhe de seu rosto que seus olhos pudessem enxergar. Como é bonito...
Observou cada movimento gracioso de seu amado, que descuidadamente havia parado o cavalo em frente à sua casa.
Tom Riddle tirou do bolso da calça escura um cantil cheio de água e começou a beber dele, depois derramando seu conteúdo sobre o rosto e o pescoço, enquanto Mérope desejava ardorosamente virar, por um momento que fosse, uma daquelas gotas de água fresca que desciam escorrendo lentamente pelos cabelos castanhos que pareciam tão macios e sedosos, descendo pelo pescoço, fazendo a curva ao chegar no peito, escorrendo por dentro da camisa, indo refrescar a pele suada...
Mas Riddle, então deu-se conta de que o cantil estava vazio, e soltando um palavrão, atirou-o longe. Preparava-se para picar o cavalo em direção à casa onde certamente haveria mais água fresca como aquela quando um grito feminino chamou sua atenção.
“Senhor!” – Gritava a figura esfarrapada de Mérope, ofegante, segurando as saias, lutando para vencer a subida do pequeno vale que separava a cerca da casa de seu cavalo, com uma garrafinha na mão.
“Se o senhor quiser, tem mais água aqui. É uma longa viagem até Little Hangleton.” – A estranha mulher, feiosa de olhos divergentes e expressão desvairada, lhe estendeu a garrafa.
Rude, Riddle arrancou-a das mãos de Mérope, que parecia muito feliz que ele tivesse aceitado beber o liquido. Cheirou rapidamente o conteúdo e certificou-se de que se tratava mesmo de água e então bebeu.
[...]
“Vamos, ajude-me a pô-la pra dentro!” – Gritou a Sra.Cole, enquanto a garota puxava a mulher para dentro, pousando-a no sofá puído.
“Quem é você?” – Perguntou Mérope; os olhos cerrados, como que tentando reconhecer seu rosto. O que saiu de sua boca, porém, não foi inglês, mas alguma outra língua totalmente desconhecida da Sra.Cole, composta de sibilados estranhos.
“Fique calma, vamos ajudar você.” – Respondeu-lhe a diretora do orfanato, enquanto despia a mulher e mandava a outra garota aquecer água e trazer toalhas limpas.
“Tom... Meu Tom!” – Sussurrou a mulher, dessa vez em língua reconhecível, antes de desmaiar.
Mérope esforçava-se para dar à luz, mas isso se tornara um trabalho difícil uma vez que o bebê não parecia querer deixar seu ninho confortável no ventre da mãe. De todos os partos difíceis que Ernestina Cole havia realizado, aquele era decididamente o mais difícil. Parecia absurdo afirmar aquilo, mas o bebê realmente não queria sair dali. Então, quando todo o Orfanato já devia ter acordado com os gritos anormalmente altos que a mulher emitia, o menino finalmente deu seu primeiro choro; um choro fraquinho, mas de qualquer maneira, era um bebê muito saudável.
“Ele é Tom, pelo pai, com quem espero que se pareça, Servolo pelo avô que um dia há de se orgulhar do neto que tem e Riddle, para que nunca se esqueça de suas origens...” – Disse Mérope, com surpreendente clareza, antes de desfalecer morta no travesseiro.
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