O Retorno
Fria, silenciosa….com um céu escuro coberto de nuvens negras, era assim que estava aquela manhã em Privet Drive. A manhã em que Harry acordou com o bater de algo na janela do seu quarto. Este levantou-se ainda cambaleando com o sono e o seu cabelo desalinhado em frente aos olhos, dirigiu-se à janela para ver o que estaria a provocar aquele estranho barulho que não o deixava dormir e ficou surpreso ao ver que se tratava de uma pequena Coruja das Montanhas que parecia um pouco zangada por ter de estar ali fora com o frio cortante que pairava sobre o ar.
Harry abriu rapidamente a janela deixando a pequena coruja entrar, esta entrou abruptamente e poisou perto da gaiola de Hedwing. Harry reparou que a coruja trazia duas cartas e dirigiu-se a ela para as retirar. A coruja bateu levemente as asas de modo a que os pingos de geada saíssem das suas penas.
Harry pegou nas cartas e fitou-as, nenhuma delas trazia o remetente e isso deixou-o bastante curioso, abrindo rapidamente a primeira que se encontrava num envelope azul-escuro de pontas douradas. A carta dizia:
Mr. Potter,
Depois dos acontecimentos sucedidos no passado ano escolar devo informá-lo que as portas de Hogwarts estão abertas desde já para si e para os seus amigos Ronald Weasley e Hermione Granger tal como para os respectivos familiares.
Assuntos de extrema importância tendem a ser tratados e não o podemos fazer sem a sua presença, logo, Mr.Weasley ofereceu-se para ir buscá-lo hoje às 13:00 e levá-lo para Grimmauld Place onde estaremos todos à sua espera para depois seguirmos para Hogwarts.
Parece-me adequado que comece a arrumar os seus pertences para não se atrasar.
Cumprimentos da
Directora Minerva McGonagall
Harry ficou intrigado, não sabia porque era necessário a sua presença para tratar de determinados assuntos, talvez até fizesse uma pequena ideia, pois no último ano esteve bastante perto de Dumbledore e talvez quisessem a sua ajuda para continuar o que havia deixado por fazer com este, mas não era uma ideia que lhe fizesse muito sentido.
Passado o momento de luta entre pensamentos Harry abriu a segunda carta e reconheceu-a como sendo de Hermione:
Querido Harry,
Não sei se já estás a par das notícias, mas este ano parece que vamos um pouco mais cedo para Hogwarts. Ao que parece precisam de ti para tratar de alguns assuntos e a Professora MacGonagall achou sensato nós estarmos perto de ti.
Ainda não sei se as aulas vão prosseguir normalmente pois muitos pais estão relutantes em deixar os filhos terem aulas em Hogwarts devido a tudo o que se passou, mas espero que não deixem de vir, porque agora toda a ajuda que tivermos vai ser valiosa.
Bem, o pai do Ron já partiu para te ir buscar, estará aí às 13.00 por isso vê se não te atrasas.
Beijos da tua amiga,
Hermione Granger
Harry olhou para o relógio, já eram 12:50, tinha-se deixado dormir e se não fosse a pequena coruja, que agora tentava confraternizar com Hedwing, não estaria pronto a tempo.
Vestiu-se rapidamente e pegou na sua varinha, com um gesto seco da mesma, os sapatos, roupas e livros de Harry arrumaram-se direitinhos na sua mala.
Harry desceu as escadas aos tropeções com a mala a bater nas paredes, aquele barulho chamou a atenção dos Dursley e o tio Vernon entrepôs-se entre as escadas e o corredor tapando a passagem a Harry.
- Onde pensas que vais com essa mala? – interrogou o tio Vernon a Harry.
- Vou para a minha escola e se não se importa, saia da minha frente porque o Mr. Weasley deve estar mesmo a aparecer aí. – retorquiu Harry.
- O Mr. Quem?
E nesse preciso momento ouviram-se gritos histéricos da tia Petúnia e do Dudley vindos da sala. O tio Vernon correu apressadamente para ver o que se tinha passado e Harry seguiu-o.
No meio da sala encontrava-se um homem e a tia Petúnia e o Dudley estavam escondidos atrás do sofá a tremerem descontroladamente.
- Mr. Weasley- disse Harry fitando o tio Vernon como se estivesse a responder à pergunta que este fez, mas virando-se rapidamente para receber Mr. Weasley.
- Olá Harry, como estás? – perguntou Mr. Weasley limpando as cinzas que ficaram na sua capa devido à viagem com pó de floo.
- Bem e o senhor?
- Também, mas melhor agora que vejo que estás bem. Desculpa lá só vir a estas horas, mas ainda tive de fazer outras paragens.
- Não tem importância Mr. Weasley, até porque se o senhor viesse mais cedo que o combinado eu não estaria pronto, hoje dormi demais – riu-se Harry.
- Então já tens tudo pronto para partirmos até Grimmauld Place?
- Sim, sim Mr. Weasley, está tudo pronto – respondeu Harry prontamente.
- Então vamos lá…achas que consegues usar a Aparição? É que fiquei sem pó de floo.
- Sim, acho que sim – respondeu Harry que tinha vindo a praticar Aparição durante as férias, de um lado ao outro do seu quarto.
- Muito bem Harry, por via das dúvidas agarra-te ao meu braço, para não te perderes.
Harry agarrou o braço de Mr. Weasley, acompanhado da sua mala, e da gaiola de Hedwing que trazia agora também a pequena Coruja das Montanhas.
- Ah…então adeus e desculpem o incomodo – disse Mr. Weasley ao ver o ar terrificado do tio Vernon e um sofá que parecia mexer-se sozinho.
- Tchau – disse Harry contendo um riso.
Ninguém se pronunciou, o teu Vernon estava boquiaberto, a tia Petúnia e o Dudley continuavam atrás do sofá. Depois mesmo em frente aos seus olhos, Harry e Mr. Weasley desapareceram com um estrondo.
Harry sentiu os seus pés deixarem o chão, mas logo de seguida sentiu-os de novo em chão firme.
Estava outra vez em Grimmauld Place.
- HARRY – gritou uma voz feminina que Harry reconheceu, apesar de ainda estar meio zonzo por causa da Aparição.
- Olá Hermione…
- Oh Harry estou tão contente por ver que estás bem – disse Hermione, enquanto passava as mãos no corpo de Hary, para se assegurar que este estava inteiro ou pelo menos intacto.
- Cof, cof – outra voz feminina surgiu por entre os suspiros de Hermione e Harry também sabia perfeitamente de quem se tratava.
- GINNY – gritou ele, largando imediatamente Hermione e correndo para dar um enorme abraço e um beijo caloroso a Ginny, como se Hermione já não estivesse mais ali.
- Oh o amor é lindo não é – disse Ron descendo as escadas – Muá, muá, beijinhos para aqui e para acolá – riu-se Ron.
- Não sejas parvo Ron, tens é ciúmes, não tenho culpa que tu e a Hermione não saiam da cepa torta, querem esconder o que já visível – ripostou Ginny e Harry deu uma gargalhada abafada.
Ron e Hermione ficaram tão vermelhos que pareciam rebentar, os seus rostos tinham agora uma coloração escarlate.
- Ginny, não me obrigues a virar-te de pernas para o ar outra vez – disse Ron.
- O Harry não deixava – riu-se Ginny, fazendo uma careta a Ron e todos riram da situação.
Mr. Weasley que depois da Aparição subira ao 2º andar, descia de novo a escadaria dirigindo-se ao grupo de amigos.
- Por favor meninos venham comigo! – exclamou Mr. Weasley.
Harry e os restantes seguiram Mr. Weasley pelos corredores sombrios da casa, ao que parecia a Harry continuava tudo na mesma. Deparam-se então em frente de uma porta de madeira velha, que Harry reconheceu como sendo a porta que levava à Sala de Estar.
Lá dentro encontravam-se todos os que Harry imaginara….A Professora MacGonagall com o seu chapéu pontiagudo na mão, os Weasley, o professor Lupin, a Tonks, e a Fleur…que o saudaram amigavelmente, embora todos estivessem com um ar bastante pesado.
Perto de cada um encontravam-se as respectivas malas e outros objectos de necessidade própria. O que levou Harry a pensar que todos eles iriam ficar em Hogwarts.
- Minerva, agora que o Harry chegou seria melhor que partíssemos, não podemos perder muito tempo.
- Concordo plenamente Nymphadora. Por favor reúnam-se todos à volta do botão de transporte – disse a Professora MacGonogall.
Harry assim o fez juntamente com os demais, fitando a jarra que se encontrava no meio da sala. Harry sabia bem como era viajar pelo botão de transporte, mas no entanto sentia-se sempre um pouco mal quando o fazia, pois lembrava-se exactamente do que se tinha passado quando andava no quarto ano.
Formaram um círculo à volta da jarra e a Professora MacGonagall perguntou se estavam todos prontos, os quais responderam afirmativamente.
- Um, dois, três….AGORA – gritou Lupin.
Todos puseram as mãos sobre o objecto. Harry sentiu de novo o chão desaparecer, sentia-se a rodopiar fortemente no ar enquanto as suas mãos lutavam, uma para segurar a jarra e outra para agarrar a mala e a gaiola de Hedwing.
Harry viu Ron ser projectado para fora do turbilhão e também este largou a jarra, aterrando com violência em cima de uma das mesas do Grande Salão.
Harry olhou em volta e viu Hermione sair debaixo de uma cadeira, estavam-se todos a compor da agitada viagem, que pelo o que via não tinha sido serena para ninguém.
Era bom estar de novo em Hogwarts pensou Harry, mas era incapaz de não sentir um leve aperto no peito. Harry olhava agora para a mesa do corpo docente, para a elegante cadeira do meio, onde Dumbledore se costumava sentar. Era complicado pensar que nunca mais iria ver Dumbledore ali sentado, a olhá-lo de relance por baixo dos seus óculos em meia lua.
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