DOM E RESPONSABILIDADE

DOM E RESPONSABILIDADE



N.A's: Bom, primeiro, brigada Camille (Almofadinhas) pelas suas reviews!
Segundo, eu espero que vcs gostem desse capítulo. Eu sou suspeita pra falar, pq sou apaixonada pela Mystic, hehhe! Pra mim, ela só vai ficando melhor a cada capítulo.
Por favor, deixem suas opiniões tb, ok? É mto importante pra nós!!! =)

Aileen e Jasmin




CAPÍTULO 8:
DOM E RESPONSABILIDADE

Durante a semana seguinte, Gina pegava-se continuamente relembrando os momentos com Alex perto da janela do quinto andar, e sorria em cada vez. As colegas de dormitório começavam a acreditar que ela estivesse perdendo o juízo porque acordava suspirando de felicidade e mantinha uma expressão boba o resto do dia. Algumas tentavam descobrir a causa de tal mudança de comportamento, mas a garota sempre desconversava.

Gina estava absolutamente convencida de que a felicidade vinha da comprovação de que tomara a decisão certa, ao menos uma vez. Isso era um bom sinal; significava que estava finalmente deixando de ser tão ingênua. Bom, isso era o que ela dizia a si mesma.

Na verdade, não teve muito tempo para raciocinar sobre sua alegria exultante.
As aulas seguintes da Profa. Lake foram difíceis. Ela mostrou a Gina alguns livros onde poderia encontrar explicações melhores para a Visão que ela estava desenvolvendo. Nas duas aulas durante a semana, Sianna levou-a à beira do riacho que corria a leste do castelo, desaguando no lago. As águas eram rápidas e sonoras.

- Veja, Virgínia. Aqui as águas podem nos dizer o que queremos e esclarecer nossas dúvidas.

- Elas parecem felizes por estarmos aqui, professora. Nunca tinha notado que eram tão barulhentas. – Gina sorriu.

- Bem, deve ser porque hoje trouxe aqui uma turma da Corvinal. – Sianna explicou, não querendo que a garota se sentisse melhor que os outros. – Agora, vamos começar o exercício de hoje. Para que você possa monitorar um aluno é necessário que conheça os efeitos de uma correnteza na mente de quem procura sinais.

- Claro, professora. É só dizer o que devo fazer.

- Deite-se na margem do riacho e mergulhe sua mão. Feche os olhos e concentre-se no som da água... Relaxe... Liberte sua mente... Solte-a para vagar... – a voz da professora ficou mais baixa, mais suave, até ser apenas um sussurro e por fim desaparecer.

A ruiva entrou no estado de suspensão que começava a conhecer. O silêncio arranhado pelo suave borbulhar da água límpida no riacho, o que intensificava a sensação prazerosa de estar solta, flutuando no espaço.

De repente, ela ouviu um grito agudo. Seus pelos se arrepiaram e ela pôs-se alerta, virando para todos os lados. Outro grito seguiu-se ao primeiro, depois outro e mais outro. Em segundos, todo o ar estava gritando tão alto que ela tapou os ouvidos com as mãos.

Então, ao longe ela viu chamas. Fogo. Fogo queimando casas e corpos. Raios coloridos eram emitidos em todas as direções, e as pessoas desesperadas procuravam chegar a um castelo eram atingidas pelas costas. Gina tentou ajudar, mas ninguém a ouvia.

Sem conseguir manter a concentração, ela abriu os olhos abruptamente, e o que viu fez seu coração parar. Sua mão não estava mergulhada em água limpa e corrente, e sim numa torrente vermelha e viscosa, que descia para infestar o lago de Hogwarts. Sangue, sua mão estava cheia de sangue.

- AAAHH!!!! – ela retirou a mão, arrastando-se para longe daquele horror.

- Calma, Virgínia. Volte. Respire. Acabou. – a voz da Profa. Lake chegou por fim à sua parte consciente. Ela olhou-a com enormes olhos. – Acalme-se, minha filha. Foi só uma visão. Respire.

Gina fechou os olhos e respirou fundo várias vezes, tentando controlar seu coração.

- Foi horrível, professora. – disse numa voz fina. – Todas aquelas pessoas morrendo, queimando, sendo amaldiçoadas... Como podem fazer aquilo? – ela forçou-se a não chorar.

Sianna tinha uma expressão preocupada. Esperou que a garota se acalma-se mais e amparou-a em direção à escola.

- Talvez fosse sensato pararmos um pouco, Virgínia. Temo que essas aulas não estejam desempenhando seu papel no fim das contas.

Realmente, ela queria parar. Tinha tantos problemas, tanta confusão na sua vida e aquele aprendizado meio forçado não estava ajudando em absolutamente nada. Mas, ela ponderou, não teria sido escolhida à toa. A professora parecia segura do que fazia e Gina suspeitava de que não estavam lhe contando toda a verdade. Surpreendentemente, sentiu-se ofendida com a oferta, como se ela não estivesse correspondendo às expectativas.

- Não, senhora. Quero continuar. – disse, duvidando da própria resolução. - Já estou auxiliando a senhora com as turmas mais novas e, se a senhora julgar que posso fazer o mesmo com os alunos mais avançados, eu quero tentar.
Sianna sorriu do desafio que ouvia na voz da garota.

- Então, espero você na quinta, no mesmo local, está bem? – Gina assentiu. – Consegue subir sozinha a escadaria?... Ótimo. Ah, antes que eu me esqueça: o Prof. Snape aceitou que você entregue a pesquisa após as férias de ano novo. Ele deve falar com você ainda esta semana. Que a Deusa proteja seus pensamentos. – e sumiu, indo em direção à sala do diretor.

A aula seguinte não foi nem de longe excitante como a outra, mas foi segura. Com sua percepção guiada pela professora, ela descobriu que faria tempo bom na visita a Hogsmeade, e que Rony iria comprar uma corrente muito bonita para Hermione. Gina não pôde esconder o alívio ao ser levada pela professora para visões mais amenas e práticas. Sianna notou o sentimento.

- As visões raramente mostram o que queremos, mas sempre nos alertam sobre o que precisamos saber, Virgínia. Aprendi isso em Avalon e espero que você não se torne arredia ou tente bloquear seu dom por causar-lhe sofrimento.

- Não, professora. – Gina olhou para o chão, envergonhada com a repreensão.

- É através do seu sofrimento que pessoas podem ser salvas e destinos mudados. Você tem grande responsabilidade, criança.

- Sim, senhora. – então ela ergueu os olhos e encarou a outra. – Mas quero assumi-la. Não serei fraca.

- Não se trata de fraqueza. Pense em entrega ou não entrega.

- Como assim?

- Você deseja colocar a sua Visão a serviço da salvação da sua comunidade? – era uma pergunta cerimoniosa. Gina encolheu-se. Não estava preparada para responder. – O que você viu no outro dia, Virgínia, foi um ataque de Comensais da Morte a uma aldeia irlandesa. O Prof. Dumbledore me informou de que ele ocorreu na mesma noite em que você teve a visão.

O rosto de Gina abriu-se todo de espanto.

- E, pela Deusa, seria fundamental sua ajuda nessa guerra. O diretor pediu que eu expusesse o problema a você. Ele deixou que você respondesse na segunda-feira. Pense bem, Virgínia. Ninguém aqui sabe dos seus poderes além de mim e do diretor, e não a julgaremos se você não aceitar, porque só podemos oferecer trabalho e uma estrada escura e incerta. A escolha, como sempre, é sua.

Tudo que a ruiva perplexa conseguiu murmurar, com um nó na garganta, foi um assentimento.

- Agora vá. Precisa de conselhos que eu não posso dar. Este sábado não teremos nosso encontro devido à visita ao povoado... E, Virgínia, não se furte a pedir ajuda. Os amigos são um bem precioso demais para serem desprezados.
“Como ela sabe que estava pensando em não contar a ninguém?... Que pergunta! Se ela pode ver o futuro é capaz de ler mentes... No que eu fui me meter?! Alex, eu preciso dele... Onde se meteu?... Como vou contar isso a ele? Vai ficar chateado por não ter contado nada antes... Paciência...”

Gina vasculhou o castelo inteiro com a cabeça a mil, buscando explicações, gesticulando ostensivamente para um interlocutor invisível (alguns sonserinos chegaram a zombar dela, mas a garota nem ouviu), rastreando o amigo, até encontrá-lo ensinando um grupo de garotas numa sala do terceiro andar.

A ruiva até esqueceu-se dos problemas recém-adquiridos ao vê-lo rodeado por elas. Ele ria de alguma coisa que uma delas tinha dito, uma que tinha a mão no braço dele.

Isso foi demais para Gina. O temperamento Weasley aflorou naquele momento, e ela entrou ruidosamente na sala, parando ao lado dele. Olhou tão incisiva para a mão da garota que ela soltou o braço de Alex como se tivesse sido furada com agulhas. Então, voltou a atenção para o loiro, que estava surpreso com a entrada dela.

- Oi, Gina. Tudo bem?

- Talvez. - Ela fazia o possível para as meninas perceberem que não eram bem-vindas. - Alex, tenho que falar com você. Vamos para um lugar ‘privado’? - Gina Weasley nunca fora mal-educada com alguém. Aliás, ela mal levantava a voz, mas olhava para as meninas de um jeito que certamente demonstrava seus sentimentos. Essa Gina furiosa e com raiva nos olhos era nova e assustadora.

- Tudo bem. Desculpem, meninas – disse Alex, tentando consertar as coisas. - Depois continuamos a explicação.

- Explicação do que? Sei bem que tipo de explicação elas queriam! – a garota exclamou quando a última garota saiu, fechando a porta. O loiro não segurou o riso. – É só eu virar as costas que já tem um monte de meninas em cima de você... não posso mais te deixar sozinho!!

- Nossa, Linda! Do jeito que você fala parece que eu sou uma espécie de pervertido! Sou monitor, esqueceu? E ajudo em Poções. É natural que os alunos venham me pedir ajuda.

- Ajuda! Ajuda... Pois sim... Ajuda... – ele deve ter percebido que ela não estava bem porque o sorriso sumiu rápido.

- O que há de errado?

Gina suspirou. Tinha vindo ali para pedir ajuda. Ela riu intimamente da ironia. Sentou-se ao lado dele, suspirou de novo e começou a contar as suas experiências com a professora de Adivinhação. Não escondeu nada. Descreveu as visões, as sensações, a excitação misturada com o medo. Alex era um bom ouvinte. Não fez nenhuma observação, mas prestou atenção a tudo, seus olhos jamais abandonando o rosto da garota.

- E eu preciso resolver se quero ou não até segunda. – a garota suspirou por fim. – Não sei o que fazer, Alex.

O garoto apenas a encarou por um tempo. Observava a curva do rosto dela e os olhos voltados para ele, esperando uma resposta prática e confortante, como ele sempre tinha para amenizar as situações. Engoliu em seco ao perceber que desta vez não poderia protegê-la.

- As coisas que você acabou de dizer são complicadas, Virgínia. – começou a dizer, pausadamente. – Você se dá conta do quanto é especial? A Visão é um dom poderoso e, por Merlin, precisamos de algo assim para combater aqueles imbecis. – Alex ergueu a mão para parar um protesto dela. – Mas você é jovem demais, e não sabe todas as respostas. Está assustada e confusa. Eu sei, conheço você muito bem. Gostaria... – ele suspirou e baixou os olhos para as mãos. – Gostaria de ajudar, mas não posso. Não posso desobedecer.

- Alex, você está me escondendo alguma coisa? – Gina perguntou baixinho, já adivinhando a resposta.

- Você não deveria estar conversando sobre a sua vida comigo. – ele decidiu levantar e caminhar pela sala. – Não foi uma boa idéia.

- Por que? Você é meu amigo e, como você mesmo disse, me conhece muito bem. Eu preciso de orientação, Alex. Não consigo tomar essa decisão sozinha.

- Virgínia, existem momentos em que só nós temos o direito de decidir qual caminho trilhar. – ele parou perto da porta e colocou a mão na maçaneta. - Mas tenha em mente uma coisa: eu vou estar ao seu lado qualquer que seja sua decisão.

- Você não vai sair antes de me responder: - ela postou-se entre ele e a porta. - o que você está me escondendo?

Alex sorriu triste e passou as costas da mão na bochecha da ruiva. Um arrepio involuntário teimou em subir pela coluna dela.

- Por favor, não quero mentir para você. Não me pergunte o que eu não tenho permissão para revelar. – ela franziu a testa, desconfiada. – Quando eu puder, você será a primeira a saber, prometo.

Então, ele tomou as mãos dela e beijou-as suavemente.

- Nossa hora chegará, minha querida. – murmurou, os lábios roçando a pele fina dos dedos da ruiva. - Até lá, que as bênçãos dos deuses estejam em sua vida.
Por um instante, Virgínia teve uma vertigem e perdeu o equilíbrio, apoiando-se em Alex.

- Tudo bem? – ele indagou, preocupado. Ela passou as mãos nos olhos e respirou fundo.

- Sim. O que foi que você disse?

- Quando?

- Agora a pouco, quando pegou as minhas mãos. – foi a vez de Alex franzir a testa.

- Não sei do que você está falando.

- Você não se lembra? – a voz dela tinha um tom de incredulidade. – Realmente não se lembra?

- Acho que foram emoções demais para um dia só, Linda. Venha, vou acompanhar você até a Torre de Grifinória.

Gina deixou-se levar. Talvez fosse cansaço mesmo.

- Então, vamos juntos a Hogsmeade ou você vai com seu irmão? – ele quis saber ao pararem em frente à Mulher Gorda.

- A gente se encontra no saguão de manhã, que tal? Acho que não vou querer acompanhar Rony escolhendo presentes para a Mione.

- Certo. Então, até mais. – ele saiu apressado, enquanto Gina subia direto para o dormitório com o intuito de se aconselhar com seu travesseiro.

Mas, nem bem ela saíra do campo de visão de Alex, a sensação voltou. Rodou o corpo inesperadamente, encarando o corredor vazio.

“Tem algo muito estranho por aqui...”, concluiu, refazendo seus passos até a estátua de um bruxo gordo segurando uma caneca de bebida na mão. “Não pode ser mera impressão...”

Examinou o caminho e, não encontrando nada, tomou novamente o caminho para a sala comunal. Ao entrar em um corredor, ouviu um barulho de passos abafados.

“Então você quer brincar?... Veja isso.” , e, repentinamente, gritou e saltou para trás.

O truque funcionou. Ela sentiu a resistência de um corpo bem próximo a ela. alguém estava usando uma capa de Invisibilidade. Gina tateou e, na confusão que se seguiu, conseguiu tirar o capuz.

- Você?! – exclamou, aturdida. Recuou instintivamente à visão de Draco Malfoy. – O que você pensa que está fazendo? Por que está me seguindo? Responda!

O loiro apenas ergueu uma sobrancelha e distendeu os lábios no sorriso desdenhoso que reservava para gente de cabelos vermelhos e vestes de segunda mão.

- Isso vai roer o seu cérebro desnutrido, Weasley. – declarou, antes de virar-se e afastar-se apressadamente.

Ele estava certo.

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