SAMHAIN
Na manhã do dia 31 de outubro, Snape resolveu dar trabalho dobrado para a turma. Todos pediam ajuda a Alex, e este dava uma atenção especial a Gina - sempre foi assim. Ela notou também, com uma careta de desgosto, que as outras meninas inventavam desculpas para chamar a atenção do monitor.
Nas suas aulas, Sianna aproveitava a data comemorativa para contar a origem da festa.
- Os bretões comemoravam o Ano Novo neste dia. Era o Samhain dos druidas. Rituais especiais de renascimento eram celebrados na noite mais escura do ano. É o dia ideal para quem deseja se comunicar com os mortos, os antepassados e outras criaturas mágicas, pois a barreira entre os mundos é tênue. As premonições são fortes, poderosas. É a noite em que todos os desejos serão atendidos.
Todos na escola estavam ansiosos. À noite, as velas flutuantes, como todo ano, estavam dentro das abóboras. Os morcegos adejavam, iluminados pelas estrelas, anormalmente grandes este ano. As mesas das casas haviam sido trocadas por mesas pequenas para dar espaço no meio do salão. Havia alguma coisa diferente naquele salão que ninguém soube o que era...
- Boa noite – Dumbledore começou um pequeno discurso. - Este ano, a nossa festa vai ser um pouco diferente. Creio que a Profa. Sianna explicou a todos o que significa este dia... alguns devem ter percebido um ar diferente. É a junção de vários acontecimentos mágicos. Como sabem, o quinto ano está estudando Vitórias-Régias, e hoje é noite de lua nova. Mais um motivo para a noite ser bem especial. Uma boa festa para vocês. - Ele sentou e, no momento seguinte, as mesas do salão se encheram de comida.
Gina sentara-se na mesinha de Rony e seus amigos, calada.
- Por que você não vai dançar um pouco? - cochichou Hermione para a amiga.
- Não tô com vontade... prefiro ficar só olhando.
Nesse momento, Harry foi ao encontro de Cho, que saía do grupo de amigas do seu ano. Se cumprimentaram com um beijo e Gina, ao ver, se levantou:
- Vou tomar um pouco de ar...
Lá fora, ela sentou-se de frente para o lago, em um banquinho que havia. Começou a admirar o céu, o brilho das estrelas refletindo em seus olhos castanhos, e uma brisa suave tocou o seu rosto...
- O que faz aqui, Gina? Parece triste...
- Ah, Alex... Harry, ele nem olha pra mim... eu sou feia, não sou? Ninguém olha pra mim..
O rapaz agachou-se em frente a ela e olhou-a nos olhos:
- Isso é mentira, você sabe... eu olho pra você, e você é linda!
Gina virou seu rosto.
- Você tá mentindo...
Ele se sentou do lado dela e disse:
- Então tá. Pra você acreditar, a partir de hoje só vou te chamar assim: Linda. Agora, pára com essa carinha... vamos lá pra dentro, estão todos comemorando!
- Pensando em mim? - por um momento feliz, ela pensou que fosse Harry. Mas ao olhar para cima, viu que não.
- O que você tá fazendo aqui?
- Não te vi lá dentro e deduzi que estivesse aqui... Há um ano, conversamos nesse mesmo lugar, lembra, Linda?
- Não, e não me faça lembrar - mentiu.
Ele se sentou ao lado dela e tirou algo de dentro da capa.
- Não sentiu falta disso?
- Meu diário! - ela olhou assustada pra ele, tomando o caderno da sua mão. - Você tava com isso...? Como?
- Você deixou cair quando nos esbarramos, só esperei a melhor oportunidade para entregar. Relaxe, eu não li. Nem conseguiria, você trancou com feitiço... mas garanto que sei mais da metade do que você escreve aí.
- Não tem como você saber.
Ela ficou olhando para o lago, esperando que ele fosse embora, mas isso não aconteceu.
- Vai ficar aí plantado me olhando até quando?
- Por mim, ficaria aqui a noite inteira... quando é que você vai me explicar o que tá acontecendo?
- Um dia.
- Gina, é sério... você não vê?? Hoje é um dia diferente... por que não aproveitamos pra voltarmos a ser amigos?
- Eu não posso... não posso...
- Por que não? Olha, aquele beijo, eu sei que você não quer se lembrar, e para você não significou nada... então, vamos esquecê-lo, vamos ser amigos!
- Não sei, Alex... Alexander ... Estou com sono, vou subir.
- Eu te acompanho até lá.
- Não precisa.
- Ah, precisa, não quero que nenhum Malfoy venha te perturbar.
Ao passarem perto da sala da Profª. Lake, escutaram sussurros e pararam para ver de onde vinham. Logo, Gina viu um ponto luminoso vindo em direção à porta da sala. O som vinha de perto da luz. Apurando os ouvidos, ela distinguiu uma canção.
“O ano cumprirá seu ciclo,
A terra fria será libertada,
Tudo que se perdeu será encontrado!
Agora, na hora sagrada,
O verbo do poder foi dito;
E o gelo termina...”
Instintivamente, ela procurou a mão de Alex. Quando não achou, ela olhou para o lado e viu que ele estava de joelhos, profundamente concentrado.
- Alex, o que você está fazendo? – ela murmurou, nervosa. – Vamos dar o fora daqui!
Ele nem dignou-se a responder. Gina começou a acreditar que ele estava enfeitiçado, só que não teve tempo de agir. A luz aproximou-se mais e se revelou uma tocha.
- Por Merlin! – ela exclamou quando viu Sianna Lake, numa túnica branca, passar carregando a tocha, entoando a melodiosa e estranha canção.
“Trazem notícias abençoadas,
Do inverno se faz a primavera,
Essa é a verdade que cantamos
Agora, na hora sagrada,
O verbo do poder foi dito;
E o medo termina...”
Gina arregalou os olhos quando viu que Alex se levantara e estava seguindo a professora. Eles entraram na sala e ela foi atrás.
- O que você pensa que está fazendo? – perguntava para o garoto, meio desesperada.
- Isto é um Samhain, Virgínia. – ele respondeu, muito sério. Pelo menos não a ignorava mais, não é?
Sianna acendeu archotes que se encontravam pendurados nas paredes e depois dirigiu-se para o centro do aposento, onde estava uma pilha de madeira e palha seca, que incendiou-se em contato com a tocha. Então, a professora virou-se para os dois e sorriu.
- É bem melhor fazer isso acompanhada!
Gina foi imediatamente atraída pelo fogo da pira. Ele dançava e estalava, criando formas aos seus olhos. Às vezes pareciam mulheres andando em fila, outras vezes uma lua crescente, árvores altas que ela pensou serem carvalhos. Imagens tão familiares. Ela não sabia por que, mas eram conhecidas, e ela teve saudades não sabia do quê. Acabou mergulhando em visões de névoas e pântanos.
Quando voltou a si, a professora não estava, e Alex sentara-se ao seu lado. Ele, apesar da estranheza de tudo aquilo, sorria.
- Estava esperando você acordar, Linda.
- O que aconteceu? Cadê a profª. Lake? – perguntou, sentando-se e olhando em volta. A fogueira continuava acesa, assim como os archotes.
- Nós participamos de um ritual, Gina. O ritual do Samhain, o Ano Nov...
- Eu assisti essa aula, Alexander! – ela se levantou, dirigiu-se para a porta e saiu. Lá fora estava muito frio. – Já deve passar da meia-noite.
- Sim. – ele concordou, juntando-se a ela e fechando a porta. - A luz só pode chegar depois da meia-noite. Na cerimônia, todas as fogueiras são apagadas e acesas novamente a essa hora, simbolizando a vitória da vida sobre a morte. Por mais rigoroso que seja o inverno a primavera sempre chega.
- Como você sabe alguma coisa sobre isso?
- Eu...hã.... Eu já li sobre o assunto. Que tal voltarmos agora?
Gina percebeu que ele estava escondendo algo, mas perguntaria em outra ocasião, pois, nesse momento, ela viu Harry e Cho passeando de mãos dadas perto do lago.
- Vamos embora! – exclamou, decidida. Alex correu para alcançá-la.
Ele a acompanhou até a escada que subia para a torre da Grifinória, e ela entrou. Parou na atrás da Mulher Gorda, dentro do Salão, e deu meia volta, mas Alex não estava mais lá. "Foi melhor assim...", pensou ela.
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