A NOVA PROFESSORA E O VELHO CO
No dia seguinte, Mione, agora monitora da Grifinória, distribuía os horários.
Gina sentou-se muito quieta ao lado dela e começou a se servir de mingau de aveia. Ainda estava abalada com a visão do garoto. As lembranças martelavam dolorosamente em sua cabeça. Ela desejava apenas ser ignorada e terminar seu café em paz. Percebeu que o assunto era, como sempre, as aulas.
- Ah, não, Poções com a Sonserina outra vez, Harry... - comentava Rony, enquanto comia um bolinho. - Quem faz esses horários? Será que Malfoy vai nos perturbar eternamente?
- Rony, eu acho que você dá atenção demais a Malfoy - disse Hermione, com um ar superior. - Você sabe que é inveja. Não ligue!
- Ainda bem que Trelawney não dá mais aulas de Adivinhação - comentou Harry. - Não agüentaria vê-la prevendo minha morte mais dois anos... Vocês repararam a nova professora?
- Ontem ela não parava de falar com Dumbledore - disse Rony, completando com um sorriso nada inocente: - Ela é bem bonita... Ai, Mione! Que beliscão! Calma, ela é nossa professora, VOCÊ é minha namorada! - ela sorriu e deu um beijinho nele.
- Misteriosa, não acharam? - Harry disse, olhando para ela na mesa dos professores. - O que será que significa essa lua crescente na testa dela?
- Eu tenho um palpite – Mione disse, com uma curiosidade mal-disfarçada. Eles não souberam qual era o palpite porque a garota acabara de notar a ruivinha olhando fixamente para um ponto na parede. - Gina, - chamou - você está melhor?
- Sim, Mione - a garota respondeu, bem mais calma do que no dia anterior. - Hoje meus sonhos não me perturbaram, finalmente... – “Droga, Gina, não deixe isso acabar com o seu dia... Pare imediatamente... Eu te proíbo de continuar agindo como uma boba...”
- Você não acha preocupante - Hermione continuou, num tom pouco mais baixo. - a freqüência com que você tem esses sonhos?
- Não, acho que mamãe estava certa. Eu não posso dormir tarde que tenho sonhos... hum... estranhos. – Ela nunca comentara o conteúdo dos sonhos com ninguém, nem planejava fazê-lo, é claro. - Bem, está na minha hora... aula de Herbologia! Nos vemos depois. - dizendo isso, saiu em direção às estufas.
A Profa. Sprout levou os alunos do quinto ano para o lago. A superfície estava coalhada de enormes plantas redondas que mais pareciam pratos verdes. Eram Vitórias-Régias.
- Nos períodos de lua nova, a Vitória-Régia se transforma em mulher. Nas demais noites do ano, ela floresce. Seu perfume é usado em Poções do Amor e suas flores em Poções de Fertilidade. Mas não pensem que conseguirão vê-la em forma humana; somente algumas pessoas conseguem sentir sua presença, mesmo que seus encantos afetem a todos. Se vocês prestarem atenção, vão reparar as pequenas mudanças que ocorrem quando não vemos a lua no céu. Vamos, me ajudem a pegar algumas flores. Com cuidado, pois se ela achar que a estamos maltratando, suas flores murcham...
Hagrid mostrou aos alunos o Dedo-Duro (“Demorei a achá-los , mas são bem bonitos, não acham?”), numa aula dupla com a Lufa-Lufa. Gina não gostou muito de ficar dois horários dando insetos a eles, mas era divertido conversar com Hagrid.
Depois do almoço, aula dupla de Poções com a Corvinal, e Adivinhação.
“Isso é o que você ganha, garota”, Gina recriminou-se. “Nem sabe o nome da professora nova... Talvez assim você aprenda a manter assuntos impertinentes fora das suas prioridades...”
- Gina - chamou Hermione, no único tempo livre que tinha para conversar com a amiga entre as aulas: o almoço - Aquele garoto que do trem não pára de olhar para você...
- Deixa ele, Mione - respondeu ela, com voz de tédio, suspirando. “Parece que o assunto não quer ser esquecido...” - Desde que não venha até aqui, está tudo ótimo pra mim.
- Aconteceu alguma coisa entre vocês? Quero dizer, você parece ter muita raiva dele...
- Não, não é isso... – ela ficou um tanto desconfortável na cadeira, estranhando aquela pergunta. “Será que ela desconfia de alguma coisa?” - Esquece esse assunto, tá? Não é nada demais...
Na masmorra, Snape entrava na sala com o comum mau humor. Grifinória não fazia essa aula com a Sonserina, o que Gina encarava como uma vantagem, pois não haveria motivo para o professor descontar pontos à toa de sua casa.
- Gostaria de informar que, mais uma vez, teremos um monitor em nossas aulas. – ele disse, um tom mais alto que um sussurro, olhando os alunos com seus frios olhos negros. Era ótimo ter ajuda em Poções, se você não pertencesse à Sonserina. - A experiência do ano passado foi muito produtiva e resolvi manter. Sr. Alexander Brandon, por favor, entre.
“Droga!!! Esse garoto me persegue!”
- O Sr. Brandon ficará conosco durante as aulas para auxiliá-los, como no ano passado. Lembrando que isso não alterará seu desempenho, pois as aulas que ele perde nesse horário são repostas.
A aula corria normalmente e Alex, como todos o chamavam, passeava entre os caldeirões para ver se estavam fazendo tudo certo. Até que resolveu parar onde Gina estava.
- Oi, Linda, tudo bem? - ele perguntou, encarando-a.
- Não tenho dúvidas, você pode seguir seu caminho. - ela não levantou os olhos para ele.
- Eu não vim saber se você tem dúvidas. Você agora vai me ver todos os dias... mas eu ainda quero descobrir por que você ficou com raiva de mim depois de... você sabe, do b...
- Esquece isso, Alexander. - disse ela, com uma expressão estranha no rosto, desejando que ele realmente parasse de persegui-la e, o importante naquele momento, não dissesse o que estava tentando dizer. - E não fala mais comigo, por favor.
- Eu não consigo entender, Gina... eu era o seu melhor amigo!
- Sim, você disse certo: ERA! Por que Snape tem que ter tanto ódio da Grifinória?? Se não, Hermione poderia estar no seu lugar... Olha, aquele garoto ali tá te chamando.
- Eu vou AGORA – ele avisou, virando-se para onde estava o aluno - Mas não pense que não vou descobrir o que aconteceu, Virgínia Weasley.
“Você que pensa, Alexander Brandon.”
Nem mesmo Gina sabia muito bem por que fugia dele assim. Ela sabia que tinha a ver com Harry, era a única coisa que ela tinha certeza. Mas é óbvio, ela amava Harry. O que ela fez foi muito, muito errado. “Mas fui eu... Não faz sentido! Por que, por quê??”
A aula de Adivinhação havia mudado de lugar. Não era mais na torre Norte, e sim numa nova sala que fora instalada nos jardins do castelo. Um grande cômodo redondo, feito da mesma pedra do corpo do castelo, que ninguém notara na propriedade. Olharam entusiasmados para a enorme porta de carvalho com um dragão esculpido, positivamente impressionados com aquele aparato todo e a mudança de ares. A sala tinha um leve cheiro resinoso, contrastando com o ambiente sufocante da Torre Norte.
A professora estava lá e levantou quando os alunos entraram. Ela tinha cabelos negros que lhe caiam pelas costas, a pele branca e os olhos azuis muito brilhantes; vestia uma capa lilás por cima de um vestido um pouco mais claro, ambos de tecido fino e, tatuada na testa, havia uma lua crescente azul turquesa.
- Boa tarde. - cumprimentou, sorrindo para os alunos curiosos. – Como vocês obviamente perceberam, sou a nova professora de Adivinhação. Meu nome é Sianna Lake. Julguei mais apropriado termos aula aqui fora, pois esse ano faremos estudos onde usaremos bastante os quatro elementos.
Os alunos olhavam fascinados para a professora. Ela parecia ter um encanto... algo diferente...
- Aprenderemos - continuou ela - a interpretar as mensagens que a Natureza passa, e trabalharemos quase sempre sem a varinha mágica. Não se preocupem, farei o máximo para que se sintam à vontade na minha aula. Passaremos a maior parte do tempo fora da sala. Hoje não vou começar nenhum tema, deixarei vocês à vontade para perguntas e dúvidas.
A Profª Lake explicou que eles iriam aprender a ler sinais no vôo das aves, na maneira como a folha de uma árvore cai ou no canto das águas, por isso era de suma importância uma sala fora do castelo. Os alunos aproveitaram para contar da fama ruim que Sibila conseguiu, e vários meninos tentavam fazer pequenos feitiços para chamar a atenção de Sianna, que achava graça.
Gina percebeu o quanto a nova professora era ligada à Natureza e sentiu uma simpatia instantânea por ela, como se as coisas que ela dissesse estivessem dentro da sua cabeça, meio adormecidas e começassem a despertar ao som da voz calma e sussurrante dela. A ruiva foi uma das que saiu exultante da sala redonda.
Na hora do jantar, os todos comentavam sobre as primeiras aulas do ano, muito empolgados.
- Não acredito que finalmente teremos uma professora decente de Adivinhação! - exclamou Harry, animado.
- Nem eu. - disse Rony - tenho certeza de que essas aulas vão ser bem melhores do que as de Trelawney!
- Para mim, ela veio com um propósito maior do que somente substituir Sibila. Ela tem o sinal do crescente. - Hermione opinou, a expressão séria e pensativa.
- E daí? - perguntou Rony, desentendido.
- Vocês realmente não lêem? - ela fez uma cara impaciente - Ela é uma ‘Sacerdotisa’! Mas... mas como? Avalon não existe mais... Como...?
- Do que você tá falando???
- Nada, Rony, depois eu explico.... – Mione estava ficando chateada por Rony a interromper. Olhou em volta e viu Gina dirigindo-se para o outro lado da sala comunal. - Gina, como foram suas aulas?
Gina olhou na direção em que a chamaram e sorriu para Mione. Ela sabia que a garota sempre tentava uma aproximação, por acreditar (“E é mesmo verdade”, Gina pensava) que a caçula dos Weasley era muito tímida e demorava pra fazer amizades. Gina ficava agradecida pelas tentativas, porque Hermione tornou-se a pessoa com quem conversava, depois que “brigou” com Alex.
- Foram legais... Hagrid nos fez alimentar bichinhos estranhos - ela riu - Só Poções foi chato...
- Por quê?
- Rony, você acha que um dia a aula do Snape vai ser legal??
- Ano passado você parecia se divertir...
- Não, Rony, era impressão sua - a expressão de Gina mudou totalmente. - Nunca gostei de Poções. Vou subir... Boa noite pra vocês.
- Alguém entendeu? - Rony perguntou, intrigado.
- Acho que nem ela se entende, Rony... - disse Harry, olhando para a garota na escada dos dormitórios
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