Uma Gota de sorte



As semanas que se seguiram após a detenção da Prof.a McGonagall foram demasiadamente calmas, se no entanto se tornarem excessivamente enfadonhas. Claire Driver ainda parecia bastante obstinada a evitar Neville a todo custo, de forma que nas poucas vezes em que a garota cruzou com o jovem bruxo, ela estava entrando apressada em alguma sala ou desaparecendo atrás de alguma das muitas passagens secretas da escola.
Aquilo já não incomodava mais o rapaz, mas no entanto ainda levantava uma incógnita sobre o que passaria pela mente de Claire. Já Luna e Anna haviam se tornado duas visagens corriqueiras e agradáveis nos dias de Neville, não havendo um dia em que não passasse ao menos uma hora ou mais acompanhado de uma das garotas.
Costumava dar longas caminhadas nos terrenos ao redor do castelo acompanhado de Luna, passeios nos quais costumavam ter calorosas discussões sobre os mais variados assuntos, e sem se dar conta, pouco a pouco, Neville ia cada vez mais se aprofundando na personalidade desvairada de Luna, ao ponto de quase compreender a mente mirabolante da jovem bruxa, fato que mesmo o agradando muito, também o perturbava um pouco.
Nos fins de semana, quando a grade de aulas se tornava levemente mais flexível, costumava passar um bom tempo na companhia de Anna, frequentemente ficavam próximos as estufas, sentados sobre a arvore que Neville elegera como seu “local de descanso” algum tempo atrás. Tinha também adquirido o habito de assistir os treinos de quadribol de Anna, fato que Neville havia descoberto não ser apenas uma suposição, ao constatar que a garota era uma eximia batedora jogando pelo Corvinal.
Haviam até mesmo voltado a sala precisa duas ou três vezes naquele tempo, mas o incidente daquela tarde de domingo não havia voltado a se repetir. Em geral haviam passado apenas longas tardes conversando, e aproveitando as conveniências da sala, que dês do desmembramento da AD, haviam ficado sem utilidade.
No entanto, Neville notava algo de estranho no comportamento da garota, embora ainda fosse à mesma Anna daquela tarde de domingo, a mesma pele cor de canela, os meus olhos cor de mel, os mesmos cabelos castanhos e encaracolados e a mesma voz doce e suave daquela tarde memorável, algo parecia faltar àquela cena. Parecia faltar ímpeto a garota, toda a obstinação do olhar da jovem bruxa parecia haver se esvaído, de forma que não eram raras às vezes as quais Anna ruboriza-se sem motivo aparente, talvez induzida por um comentário mais ousado por parte do garoto, um leve roçar de pele quando estavam sentados sobre as arvores próximas à estufa ou enquanto conversavam sentados no sofá da sala precisa.
Embora achasse um tanto peculiar a mudança da atitude da garota em tão pouco tempo, sua presença agradável, gestos macios e palavras doces, tornavam a inquietação do garoto quase insignificante em comparação ao enorme prazer de ter Anna por perto.
E de fato, aquele dia parecia transcorrer tão normal quanto qualquer outro, havia se sentado sobre uma de suas arvores favoritas próxima á estufa com Anna, havia colocado a cabeça sobre o colo da garota e observava as nuvens que passavam por entre os galhos, agora vazios de folhas, da anteriormente frondosa arvore.
A garota afagava carinhosamente seus cabelos e aparentava estar perdida em devaneios, pois fixava obstinadamente um ponto perdido no espaço.
--- Em que esta pensando? --- Perguntou o garoto curioso.
--- Ah em nada --- Respondeu Anna ruborizando levemente.
Aquela situação já não era mais nenhuma novidade para o jovem bruxo. Já perdera as contas de quantas vezes notara aquele olhar perdido em Anna, que parecia sugerir que a garota buscava um momento perdido no tempo, momento o qual Neville tinha certeza saber o qual se tratava.
Uma lufada de ar frio irrompeu sobre ambos, parecendo sugerir que as nuvens cinzentas que se abatiam sobre o castelo já há alguns dias, estavam por trazer grossas tempestades, características do inverno da região.
Ambos se levantaram da confortável posição, afinal, por mais agradável que fosse a situação, o frio que se abatera sobre os terrenos da escola, teria sido capaz de acalmar a libido do mais incendiado casal de amantes.
Foram caminhando pela pequena trilha que guiava até a entrada principal do castelo, os corpos comprimidos numa tentativa vagamente infrutífera de se aquecerem.
Quando finalmente chegaram ao inicio da escadaria, seus corpos pareciam levemente dormentes. Neville espremia os braços contra o corpo esfregando-os contra o tronco ferozmente, enquanto Anna, mesmo tremendo de frio, parecia anormalmente ruborizada.
--- Anna, você esta bem? --- Perguntou Neville atônito.
--- C-claro, só com um pouco de frio – Respondeu a garota, aparentando ter bem mais que apenas um pouco de frio.
--- Bem, acho que podemos ir para a sala precisa, acho que ficar próximo à lareira iria cair bem agora.
--- Ah eu adoraria, mas acho melhor deixar para outra hora --- Exclamou a garota desviando o olhar.
--- Bem, já que você pref...
Porem antes que Neville tivesse chance de terminar a frase, Anna já estava à meia escadaria de distancia. O garoto ficou ali olhando confuso enquanto a garota desaparecia pelos lances de escada, se indagando se havia dito algo que não deveria, pois tivera a nítida impressão de que a jovem bruxa havia fugido dele.
Sem ter nenhuma opção pelo resto da tarde, se recolheu à sala comunal da Grifinória, onde ficou até o inicio da noite ponderando os acontecimentos daquele dia.

Logo a continuação desse capitulo...

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