Voltando ao Normal...
Quando Draco Malfoy acordou, na manhã seguinte, não tomou o mínimo cuidado de se olhar no espelho e, sonolento e sentindo-se pesar, ergueu-se da cama da Ala Hospitalar e, coçando os olhos com a mão – entrou na torre da Grifinória.
Continuou subindo as escadas e abriu a porta do dormitório feminino do sexto ano, encontrando com um monte de garotas abotoando os sutiãs e correndo de calcinha pelo quarto, arrumando-se para um novo dia.
Quando todas pararam e olharam para ele, surpresa e com uma cara de horror, Draco ergueu a mão e balançou-a no ar – como imaginou que Gina faria, obviamente.
“Oi, gente! O que foi?”, e, preocupado com a aparência que Gina pudesse ter – como cabelos desarrumados ou qualquer coisa assim, olhou-se no espelho.
“Oh-oh...”, pensou o loiro, bem no momento em que as grifinórias começaram a berrar alto.
Gina acordou de mau humor e massageando as têmporas.
“Que dia do inferno!”, pensou, nervosa, pondo-se de pé e saindo da Ala Hospitalar, cometendo o mesmo erro que seu querido colega havia feito, e não olhando-se no espelho.
Sentou-se no Salão Principal, ao lado de Zabini que fitou-a com horror.
“O quê é? A pastagem não tá boa, não, criatura?”, perguntou Gina, parando ao perceber que sua voz estava fina, e não grossa como a de Malfoy.
Zabini ergueu uma sobrancelha e fitou-a, num misto de raiva e surpresa.
“Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito, Weasley?”, perguntou o rapaz, pondo-se de pé, como se fosse matar a ruiva.
“Ihhh... To fu...”, pensou Gina, sentindo a cor sumir do seu rosto e imaginando-se em um tom esbranquiçado.
“AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!”, berrou Gina, saindo correndo pelo corredor, fugindo de um certo Zabini que a perseguia com a varinha em punhos.
“Volta aqui, sua pirralha pobretona e traidora! Vem aqui! Ninguém fala comigo desse jeito! VOLTA AQUI, CACETE!”, berrava o sonserino, enquanto começava a correr, na esperança de alcançar a ruiva.
“Olha... eu juro que eu posso explicar...”, começou Draco, recuando, enquanto quase todos os estudantes da Grifinória, munidos de varinhas e bastões aproximavam-se dele.
“ATACAAAAR!”, berrou uma das garotas que Draco havia pego semi-nua, enquanto ele rodava nos calcanhares e fugia do bando de estudantes furiosos.
“Veja pelo lado bom, Gina! Você voltou a ser uma Weasley!”, pensou uma voz na cabeça dela, exultante, enquanto ela corria tentando se safar do seu cruel destino, ao ouvir os berros de Zabini aproximando-se, uma segunda voz adicionou “Uma Weasley morta, mas é melhor que nada... Autch!”, e caiu no chão, rolando com o corpo contra o corpo quente de alguma outra pessoa.
Draco conseguiu alcançar os corredores e, para a sua sorte, quase nenhum feitiço o acertou.
“Tinha que ser... Se fosse os sonserinos eu já tava mortinho no chão!”, pensou, com orgulho, enquanto corria, desviando-se das armaduras que estavam espalhadas pelos corredores longos e iluminados pela luz da manhã.
“Como é bom ser eu de novo!”, pensou ele, sorridente, até que sentiu que tinha se chocado contra alguma coisa e caiu no chão, rolando.
“Aiin”, choramingou Gina, quando caiu de costas no chão e sentiu um corpo quente e pesado contra o seu.
“Caralho, por que é que você não olha por onde anda?”, perguntou uma voz conhecida que fez Gina olhar para cima “Agora aqueles grifinórios miseráveis vão me matar, filhos duma... Gina?”
“Draco! O que faz aqui?”, perguntou ela, sem esconder o quanto estava fascinada por reencontrá-lo.
“Estou lutando pela minha vida, você...?”
“Fugindo do Zabini”, comentou ela, como se estivesse falando do clima “Acho que ele não gosta que as pessoas chamem a comida dele de ‘lavagem’...”, e deu de ombros sorrindo.
Draco ficou em silêncio e já conseguia ouvir o barulho dos grifinórios que vinham como um arrastão atrás dele.
“É, a gente vai morrer”
Gina deu de ombros e passou os braços pelo pescoço dele.
“Eu sempre soube que eu não ia passar dos vinte”
Draco riu gostosamente e pôs-se de pé, enlaçando-a pela cintura.
Quando Zabini e os grifinórios chegaram ao local onde Draco e Gina estavam, pararam, ofegantes.
“Dra-Draco Malfoy!”, berrou, sem fôlego, um quintanista da Grifinória que parecia ter sido o escolhido como porta-voz “Vo-volte aqui”, respirou fundo, levando oxigênio ao pulmão “E aceite sua morte como a pessoa honrada que você não é! Ninguém...”, respirou de novo “vê as meninas peladas e sai sem punição”.
Gina ergueu os olhos para ele.
“Você viu elas peladas?”
“Eu não usaria essas palavras”, disse Draco, rapidamente “Quero dizer, elas estavam de calcinha e sutiã, nem deu pra ver...”, Draco fitou os olhos âmbar da garota e soube que os grifinórios seria sua última preocupação “...direito”
“Você viu elas de calcinha e sutiã?”
“Eu... eu não sabia que... estava tudo... normal”, disse o loiro, dando de ombros.
“Você viu elas com as roupas de baixo e não sabia o que estava fazendo?”, perguntou Gina, cruzando os braços e fazendo beicinho “Idiota”
Draco sorriu e sussurrou no ouvido dela:
“Idiota, mas você gosta, não é, srta. Weasley?”, e Gina sentiu um arrepio incomum percorrer seu corpo, como só Draco conseguia fazer.
Gina mordeu o lábio inferior enquanto via todos os grifinórios, desapontados, se dissipando, ao ver que a reconciliação seria inevitável.
Gina fechou os olhos ao sentir a respiração forte de Draco contra seu pescoço e sentiu o caminho que ele fez, do seu pescoço até seus lábios e os dois se beijaram ardentemente.
Foi quase uma réplica do beijo da noite anterior, mas muito, muito melhor.
Zabini revirou os olhos.
“Não acredito que você voltou com ela, Draco!”
“Ah, Zabini, vai caçar o que fazer! Suas lavagem tá te esperando!”, resmungou Gina, que ainda estava acostumada por responder quando as pessoas chamavam por Draco.
“COMO É QUE É?”
“Ahn...”, Draco tentou apaziguar, abraçou Gina e deixou-a de costas para Zabini, de modo que, abraçando Gina, o rosto de Draco estava virado para Zabini “TPM”, disse, sem fazer a voz se ouvir e fez um gesto mandando o amigo ir caçar o que fazer.
Porque aquela ruivinha era dele e ninguém tocaria um dedo nela, a não ser ele.
Os dois estavam abraçados, sentados observando o lago. Gina recostou a cabeça contra o ombro do loiro e ele encostou o queixo no topo da cabeça dela, enquanto com o dedo indicador, ele enrolava uma mecha de cabelos ruivos, carinhosamente.
“É tão estranho...”, murmurou Gina, aconchegando-se melhor no namorado.
“O quê?”, perguntou Draco, beijando-lhe o topo da cabeça.
“Isso”, murmurou ela, referindo-se àquele momento, onde ambos estavam sentados, juntos, beijando.
“E o quê, exatamente, é estranho, fora o fato de que, com a exceção de dois dos meus piores inimigos, ninguém mais aceita o nosso relacionamento?”, perguntou o sonserino, irônico, fazendo-a rir.
“Não era à isso que eu me referia e o senhor sabe muito bem disso”, falou ela, séria, rindo e, num movimento rápido, deitou-o contra a grama fria e úmida, pondo-se sobre ele, com os narizes tocando “Eu meio que sinto falta de ser você”
Ele riu de leve.
“Eu com certeza não sinto falta de ficar menstruado!”, e Gina riu, jogou a cabeça para trás e gargalhou, depois voltou na mesma posição.
“Eu não sinto falta de ter que fazer xixi de pé, nem de ter a Pansy grudada nos meus pés e muito menos de ficar naquela torre fedida!”
Draco olhou-a com uma pontada de orgulho ferido.
Gina riu.
“Eu estou brincando”, murmurou e beijou-lhe carinhosamente a pontinha do nariz “É muito melhor beijar você quando eu posso te ver... era horrível beijar um espelho, eu me sentia tão... lésbica”
Draco riu gostosamente e puxou-a para perto.
“Eu queria saber onde aquela ruiva pirralha está, agora, para poder agradecê-la por tudo isso”, disse ele, sussurrando no ouvido de Gina, fazendo-a ficar arrepiada e, em um movimento rápido, mudou de posições, ficando ele por cima dela e beijando-lhe o pescoço, fazendo o mesmo caminho até encontrar os lábios doces dela “Aew, o ruivinha sacana”, disse ele, num tom afetado, entre os lábios da namorada, que começou a rir “valeu por tudo”
Os dois se entregaram à um beijo tão intenso que nem perceberam uma ruivinha que havia acabado de tirar uma foto do casal, ao lado de um certo moreno de olhos verdes.
“De nada, papai...”, e sorriu para Joel “Vamo embora, primo! Já fizemos o que tínhamos para fazer aqui!”
Rindo baixinho, Joel inclinou a cabeça.
“Lembre-me, porque fizemos isso, mesmo?”
“Meus pais são ótimas pessoas, mas precisam de uma ajudinha para perceber o quanto são perfeitos um para o outro. O quanto eles... se completam” e lançou um último olhar para o casal, o qual estava ainda ocupado em um novo beijo, muito mais intenso.
Muito mais carinhoso.
Muito mais... perfeito.
Porque, se, em alguma situação, alguém tivesse que descrever Draco e Virgínia Malfoy, seria mais ou menos assim que eles seriam descritos: perfeitos um para o outro.
E ainda alguns comentariam:
“Eu gostaria de saber como eles conseguem se conhecer tão bem...”
Quando isso acontece, o casal dá uma risadinha marota e se entreolha, o que eles quase nunca percebem é que, quando esse comentário é feito, uma certa ruivinha de olhos azuis estufa o peito e sorri orgulhosa.
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