Vigésimo Terceiro Dia
Draco não havia pregado os olhos de noite. Estava sentado em uma cadeira desconfortável, olhando para Gina que, adormecida, parecia quase em paz, a não ser por umas caretas que fazia de vez em quando, em seus sonhos.
“Gina!”, murmura a voz de Harry. Draco olha em volta, não achando nada, então, Harry simplesmente aparente em sua frente, segurando a capa de invisibilidade.
“Harry? Você me assustou! O quê... faz aqui?”, perguntou Draco, forçando-se a agira como a ruiva agiria.
“Juntei dois mais dois, depois de saber o que houve com Malfoy, achei que você estaria aqui, de qualquer maneira... Ouvi dizer que o Malfoy entrou no dormitório e que você saiu com ele”, Harry não conseguia disfarçar o quão aquela notícia o chateou.
“Sinto muito, Harry... Digo, sobre nós... mas as coisas entre eu e o Malfoy são tão recentes, que...”, Draco fica em silêncio, querendo encontrar um modo mais ameno de dizer aquilo “... que ainda sinto algo por ele...”
Harry apenas assentiu com a cabeça, puxou uma cadeira, e sentou-se ao lado de Malfoy.
“Imaginei que não tivesse... mas você parecia tão decidida naquele momento... querendo voltar comigo, e tals...”
Draco ficou um pouco em silêncio, então decidiu por algo.
“Potter, eu tenho que te contar uma coisa”, disse decidido a contar a verdade, sobre o feitiço e tudo o mais “Uma coisa séria, provavelmente, você não vai gostar muito de saber isso, mas eu tenho que falar para alguém ou vou acabar ficando louco. Lógico que, em circunstâncias normais, eu não falaria exatamente com você, o Zabini é bem mais gente boa, mas o que eu poderia fazer?”
“Gina...?”
“Ah, podemos começar por aí”, interrompe Draco “Eu não sou a Gina, eu sou o Draco Malfoy. Sim, aquele que você odeia. Eu mesmo, em carne e osso”
Harry fica olhando para Draco, inexpressível, então, antes que Draco sequer conseguisse processar a informação, uma varinha estava apontada para o seu nariz.
“O que você fez com a Gina? Você a obrigou a ficar com você, não é? Por que está fazendo isso com ela? Ela nunca te fez nada de mal, seu idiota!”, bradou Harry.
Draco continuou com uma expressão impenetrável.
“Eu não achei mesmo que você fosse entender”
“Como você quer que eu aceite que você está no corpo da Gina e que não teve culpa disso?”
“Olha, se eu tivesse feito o feitiço, se fosse culpa minha, significaria que eu teria que escolher em quem me transformar... Por que, diabos, eu me transformaria em uma Weasley? Quero dizer, eles parecem um bando de coelhos desabrigados que mal tem comida para uma só pessoa e tem que alimentar o número de pessoas que daria para encher dois ônibus trouxas!”
Harry pareceu ponderar, então, abaixou a varinha e, sentindo um nó na garganta...
“Quanto tempo faz que você estão... assim?”, pergunta, temendo a resposta.
Draco cora violentamente.
“Algum tempo...”
“Algum tempo, quanto, Malfoy?”
“Vinte e três dias, para ser mais exato”, disse Malfoy, sem erguer os olhos dos próprios sapatos.
Que nojo!
Ele havia beijado Harry Potter – contra a vontade, mas havia – e, agora, Harry Potter o descobrira.
“Você... Eu não... a Gina... era você?”, pergunta o moreno, pasmo.
“Er... Tá, ouvindo você falar assim, soa muito mais gay do que eu imaginava!”
“CLARO QUE SOA GAY! EU NÃO ACREDITO NISSO!”, berrou Harry, correndo para o banheiro da Ala Hospitalar.
Draco lançou um feitiço na porta, de maneira que a enfermeira não ouvisse os dois discutindo.
“Que bosta, pare de falar como se eu fosse culpado por isso!”
“VOCÊ É CULPADO POR ISSO!”, acusou-o Harry, saindo do banheiro, com uma escova de dentes, enquanto escovava-os compulsivamente.
“Calma, dá pra você me ouvir?”, berrou Draco Malfoy.
“Tá, eu ouço... Mas não espere que eu pare de escovar os dentes!”, resmungou Harry, com a voz pastosa, devido o excesso de pasta de dente que tinha na boca.
E Draco começou toda a longa história, se controlando pois o barulho que o “coch-coch” da escova fazia, enchia o saco.
“...então, eu só te beijei, única e exclusivamente, porque achei que era o que a Virgínia queria, logo, eu não sinto atração, você continua sendo o mesmo Testa-Rachada-Perfeito-Idiota-Potter, se quer saber a minha mais sincera opinião”, argumenta Draco Malfoy.
“Primeiro, sua opinião não me interessa... Segundo, OH MEU DEUS, QUE NOJO! FICA LONGE DE MIM!”
“Sabe, você não precisa fazer todo esse escândalo, tá bom?”, resmungou Draco Malfoy, nervoso “Além do mais, nós temos que nos concentrar em Gina!”
Aquilo pareceu fazer Harry se acalmar um pouco, tanto que o barulho constante da escova cessou.
Ele voltou para o banheiro, cuspiu a pasta na pia, fez gargarejo e fitou-se, com nojo, no espelho.
“Iugh... Eu não acredito nisso...”, comentou baixinho, depois, sentou-se na cadeira e puxou-a para mais perto de Gina “O que houve com ela?”
Era estranho olhar o Malfoy caído na cama, acinzentado e saber que, na verdade, era Gina quem estava lá.
“Ahn... Ela foi soltar um Cruccio em mim... mas... daí... eu fiz um feitiço de proteção, e o feitiço ricocheteou e bateu nela...”, disse Draco, e a cada palavra que ele ouvia-se dizer, sentia que a culpa pelo o que acontecia com a Gina era culpa dele.
“O quê? Como assim?”, perguntou Harry, cruzando os braços e se preparando para mais uma longa e cansativa história.
Logicamente, ele foi desapontado.
A verdade é que Draco pouco sabia sobre o ocorrido da noite passada. Esperava que Gina acordasse para lhe contar o que aconteceu, mas contou para Harry tudo da maneira mais fiel à verdadeira que o possível.
“Quer dizer que, a Gina tá inconsciente porque, basicamente, um feitiço que era pra ser pra você, foi para ela e, ela sofreu tanto, mas tanto, de dor que perdeu todos os sentidos e já fazem quase doze horas que ela mal da sinal de vida, a não ser pela respiração?”
“Uau. Você sabe fazer alguém se sentir bem, Potter”, ironizou Malfoy.
“Mas é verdade, Malfoy, tudo isso é verdade! Se não fosse por você...”
Draco sabia que não agüentaria mais daquilo.
Deu as costas para Harry Potter e abriu a porta da Ala Hospitalar, antes de sair, virou-se e pediu:
“Você poderia, por favor, falar para ela que eu estive aqui?”
Harry apenas olhou o garoto, inexpressivo.
Minutos depois, Draco deitava-se na cama do dormitório da Grifinória e pensava no que Potter disse.
Estaria, ele, certo?
Continua...
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