Terceiro Dia



Capítulo 4 – Terceiro Dia

Gina se sentou à mesa do café ao lado de Crable, que lhe lançou um olhar estupidamente idiota e começou a conversar com ela sobre Quadriboll. Gina revirou os olhos e deu uma gelada no garoto que continuou falando, como se ignorando o fato de que Gina simplesmente não abria a boca.

A garota suspirou e então seus olhos se encontraram com os olhos de Draco que estava sentado na mesa da Grifinória, foi aí que Gina viu, sobre a mesa, ao lado do prato de Draco Malfoy, estava seu diário.

O diário estava aberto.

“Não pode ser!”

Gina sentiu um enorme ímpeto de correr até ele e dar umas boas bofetadas na cara do loiro, mas resistiu a isso, apenas lhe lançou um olhar assassino que fez com que ele fechasse o diário e o guardasse dentro da mala de qualquer jeito.

“Eu não acredito nisso!”, pensou, nervosa. Se levantou da mesa e saiu às pressas, depois, parou no meio do corredor e ficou em silêncio, enquanto sua mente assimilava tudo o que havia acabado de acontecer.

“Vamos lá, Gina! Pensa!”, disse uma voz sarcástica na sua mente.

“Isso, pensa! O que nós escrevemos em diários?”, perguntou uma meiga.

“Vamos... Não pode ser tão difícil!”, mas a verdadeira Gina continuava em silêncio, olhando para os próprios pés, tentando entender.

“Segredos! Nós escrevemos segredos naquela merda de diário! Sinceramente, você tem alguma problema, Gina? Depois do que Voldemort te fez, você continua preferindo confiar em folhas de papel do que confiar nas pessoas, do que confiar em você mesma!”, disse uma terceira voz, que se assemelhava muito com a voz de Marcela, uma amiga de infância que falecera alguns anos antes ‘Quando nós éramos amigas, você nunca me contava nada, sempre fingia que não era importante, mas eu sabia que era importante. Talvez seja mesmo bom que o Malfoy leia sobre você, assim...”

“Eu não quero mais te ouvir!”, disse Gina, tapando os ouvidos, mas a voz vinha de dentro da sua cabeça, e, tampando os ouvidos, parecia que ela só fazia a voz se tornar mais alta ainda.

“Gina...”, uma mão fria tirou as mãos de Gina dos ouvidos e ela abriu os olhos, olhando o moreno de olhos verdes, “... está tudo bem?”

“Harry...?”

O menino hesitou antes de balançar a cabeça em sinal negativo.

“Não, Joel. Lembra...? Do Banheiro?”

“Ah... Eu não te vi mais...”, então Gina se lembrou que estava no corpo de Draco “Eu devo estar patética com os olhos marejando... To fazendo o Malfoy parecer um maricas.”

O moreno deu um sorriso e segurou um dos ombros dela e disse, com calma.

“Isso não é culpa sua, Gin... Você é você, não importa no corpo de quem você esteja.”

“Como você sabe de mim e do Malfoy?”, perguntou Gina, olhando-o com uma curiosidade infantil.

Ele deu um sorriso.

“Muitas perguntas.”

“Mas eu só fiz uma!”

“Muitas perguntas.”, replicou ele “Muitas, mesmo.”

“Oh... Certo, então.”

“Calma, ruiva, um passo de cada vez. Acho melhor você e o Malfoy se encontrarem hoje de noite, as coisas entre vocês andam meio abaladas e vocês só tem mais vinte e sete dias”

“Obrigada por estar contando um tempo, para mim parece que já se passou mais de um ano que eu estou nesse corpo desprezível”

Joel sorriu, Gina abaixou os olhos e quando ergue-os novamente, ele sumiu.

“Joel...?”


XxXxX


Draco queria ler o diário, mas resolveu deixar isso para depois da aula, não daria para ler com os olhos de Gina grudados nele, prontos para matá-lo a qualquer momento, além do mais, ela poderia querer se vingar.

“Um Malfoy prevenido vale por dois, mesmo que no corpo de um Weasley pobretão”, pensou ele, como se num mantra. Foi então que se deu conta que estava falando alto e que Hermione, a sangue ruim, estava olhando para ele, assustada.

“Do que está falando, Gina?”

“Que um Malfoy precavido vale por dois, porque acho que o Malfoy está...”, Draco procurou por algo decente para dizer nessa hora “aprontando algo para mim!”

“Aquele loiro azedo? Não teria inteligência nem mesmo para matar uma mosca.”

Draco sentiu que as suas testas tinham franzido e que estava olhando feio para a morena, mas continuou em silêncio, pensando em algo para rebater sem parecer que estaria se defendendo.

“Acho que... não devemos subestimá-lo.”

“É você está certa...”, então a trouxa começou a rir que nem uma maluca “ele pode chorar pro papai dele!”

Draco cerrou os punhos e fechou os olhos, tentando controlar a sua ira.

“Ele... não... é... um... covarde...”, resmungou, tentando segurar sua raiva.

“Você ta bem? Parece estar brava?”

“É só... impressão... sua.”, sibilou Malfoy, raivoso, começando a andar mais rápido.

“Gina! Gina! Me espera!”, berrou Hermione, tentando acompanhá-lo.

“Não dá. To atrasado... a. A gente se vê... Até... nunca mais, espero. – Draco sussurrou a última parte para si mesmo, lançando um olhar matador para a morena.

“Uma trouxa... Até parece... Eu, chorando para o meu pai!”, pensou ele, chutando um arbusto que estava a sua frente.


XxXxX


Gina estava sentada na batente da janela, olhando para o sol que se punha, enquanto esperava pelas seis horas da tarde, depois das seis ficaria no jardim, esperando o Malfoy ter a boa vontade de aparecer para se esclarecer.

Quando deu seis horas, ela bufou e pegou sua jaqueta, colocou-a e estava prestes a começar a andar, quando encontrou Pansy na sua frente, com os olhos marejando. Ela correu até Gina e a abraçou.

“Draco... Eu... preciso saber o que você sente por mim...”, disse a menina, sem conseguir olha-lo nos olhos “Porque... eu não agüento mais...”, então começou a soluçar.

Gina se afastou, deixando a garota sem o calor do corpo do loiro e a analisou. Não poderia mentir para a garota, mas realmente precisava sair e mentir para ela poderia ser a maneira mais rápida...

“Ou não”, completou ela, em pensamentos, decepcionada.

É, ou não. Resolveu que talvez fosse melhor ficar neutra.

“Eu ainda não tenho certeza... Vou pensar um pouco e te respondo mais tarde, Pansy...”, dizendo isso, saiu quase que correndo da sala.

“Malfoy maldito, lê meu diário e ainda me obriga a quase ter que dar uma de lésbica... Ah, mas ele que me aguarde!”, pensou, morrendo de raiva “Eu só espero que aquele viadinho não tenha lido meu diário...”

Mas Gina sabia que ele havia lido e isso era o que mais a irritava.

As seis e meia, Gina estava sentada em um dos bancos, se encolhendo de frio, enquanto esperava por Draco Malfoy, mesmo que uma parte dela berrasse que ele não viria, porque o loiro não era estúpido e sabia que ela estaria puta de raiva com ele.

Porém, lá pelas seis e quarenta e cinco, Draco chegou, usando uma jaqueta bem quentinha que Gina havia ganhado de presente no aniversário do ano passado. Ele se sentou ao lado dela e ambos ficaram em silêncio, até que Gina resolveu abrir a boca.

“Você é um filho da puta, sabia?”, perguntou, nervosa.

“Eu sabia que você ia falar isso”, resmungou Draco, abraçando os joelhos.

“Não tinha o direito de ler meu diário.”

“Eu também não deveria ter o direito de estar no seu corpo.”

“Mas isso não é culpa nossa, você ter aberto meu diário é sim culpa sua”, cuspiu a menina no corpo do loiro.

“Gina, olha, eu sinto muito... Eu nem queria descobrir a senha, foi a sua amiga loira que disse.”

“Madeline?”

“É, é... Que seja... Bom, amanhã você tem treino, então eu tenho que ir indo.”

“Malfoy...”, chamou Gina, fazendo o garoto olhá-la.

“O que é?”

“Como faremos para voltar para os nossos corpos?”

“Se eu soubesse, eu certamente não estaria mais no seu corpo, Weasley e você seria a primeira à saber da descoberta”, disse, seco, saindo sem olhar para trás.

“Grosso”, pensou, de mau-humor.


Continua...

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