...Quero lhe Contar uma Histór

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N/A: Eu já tinha um rascunho dessa fic em um caderno e resolvi passar a limpo, com algumas mudanças. Espero que gostem!

Cap. 1 - Quero lhe Contar uma História

A porta da Ala Hospitalar se fechou. Agora que ela havia parado para respirar, sentiu-se ainda pior pelo que havia feito. Remus nunca ia perdoá-la por isso. Mas, apesar de tudo, havia sido simplesmente a gota d’água ver Fleur tratar os últimos acontecimentos daquela maneira, e ficar tudo bem. Ela não se importava por Gui ter sido mordido. Ela ainda se casaria com ele. Como queria que assim também fosse com ela e Remus.
Como se lesse seus pensamentos, ele se aproximou dela alguns passos. Ainda não tinha coragem de encará-la nos olhos. Abriu a boca para dizer algo, mas Tonks se adiantou.
- Eu... eu preciso... ir – disse parecendo um tanto ofegante.
Ela saiu da sala o mais depressa que pôde, respirando cada vez com mais dificuldade. Passara o ano inteiro agüentando tudo em silêncio, agora simplesmente não agüentava mais. Ela correu pelos corredores desertos, até o ponto em que as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, e, com os olhos marejados, ela confiava inteiramente em seus pés para levá-la onde quer que fosse, pois já não podia enxergar com clareza o caminho.
Chegou aos jardins. Viu a grande árvore à beira do lago, onde costumava passar aquelas lindas tardes quentes de verão com seus amigos, quando não tinham dever de casa, nos tempos de colégio. Agora, com a casa de Hagrid destruída ao fundo, e os destroços da batalha espalhados pelo gramado, tinha um ar melancólico.
Sentou-se ali, então, abraçando os joelhos, o rosto escondido, e pareceu desabar sob o peso dos últimos meses. Queria ficar ali, sozinha, chorando, para sempre. Não queria enfrentar mais nada que fosse. Não queria mais ser forte.
Diante do manto negro que cobria o céu, as estrelas brilhando ali há tantos milhões de anos, ela se sentia extremamente insignificante. Era como se, perante toda a magia, toda a guerra e a grandeza daquele universo, seus problemas não tivessem a menor importância. E ela queria apenas esquecê-los.

Remus saiu atrás dela minutos depois. Como pudera ser tão burro, tão cego? Alegara que a única coisa que queria, era poupá-la do sofrimento, sem se dar conta de que a estava fazendo sentir-se cada vez pior. Tivera a ilusão de que ela iria esperá-lo para sempre, mas agora ela havia se cansado de sua teimosia, de sua incapacidade de deixar as coisas se desenrolarem simplesmente, sem tentar complicá-las.
De certa forma, era como se estivesse hipnotizado. Porque mesmo que não a tivesse visto, parecia saber exatamente onde achá-la. Quando chegou aos jardins, não hesitou nem um segundo a porta. Seus passos eram abafados, Tonks não o ouviu aproximar-se. Ainda assim, não havia ficado realmente surpresa quando ele se sentou ao seu lado e, timidamente, pôs o braço ao redor de sua cintura. Sem mais forças para discutir, ela fechou os olhos e deitou fracamente a cabeça em seu ombro.
- Eu odeio você – murmurou. Ele soltou um pesado suspiro.
- Eu sei.
- Odeio quando discorda de mim, e ainda mais por estar sempre certo.
Odeio por se preocupar tanto com os outros, e tão pouco consigo mesmo, por não se dar o valor que merece.
Odeio por ser tão racional.
Odeio o modo como faz meu coração disparar a cada vez que sorri, ou como me deixa arrepiada ao simples som da sua voz.
Odeio você por ter mudado minha vida e a mim mesma com a facilidade de um olhar e depois abandoná-la.
-... E te odeio por não me amar como eu te amo.
Ela reabriu os olhos, fitando o nada, apenas parcialmente consciente do que acabara de declarar a ele. Parecia não ser sua voz, a que saía de seus lábios. Era como se seus sentimentos falassem por si. Ela obviamente não conseguiria dizer tudo o que havia dito se tivesse parado para pensar, mas uma pequena parte dela sentia-se aliviada por ter conseguido finalmente desabafar. Uma única lágrima correu solitária por sua face.
O tempo pareceu se arrastar por longos minutos, em que nenhum deles conseguiu pensar em nada para dizer. O vento frio da noite soprou e Tonks instintivamente se aproximou mais dele, aconchegando-se. Se pudessem continuar assim, a par de todo o resto que acontecia, apenas contemplando o céu, quietos, eles o fariam. Mas por fim, Remus respirou profundamente mais uma vez e então disse:
- Vai me ouvir agora?
Como ela nada respondera, ele provavelmente tomara seu silêncio como um sim, e continuou.
- Ótimo, então... eu quero lhe contar uma história.

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