Consequências
[OFF: Desculpem os longos meses que eu fiquei sem atualizar. Eu não estava com inspiração para continuar a história, mas creio que agora talvez eu consiga. Deixem comentários. Agradecido.]
Em todas as direções estavam as estrelas sentinelas, luzindo esplendorosamente sob o antigo e decadente prédio de um orfanato qualquer, cada qual em sua constelação, em sua posição fixa emitia um precioso brilho cintilante, como se luz divina houvesse em cada orbe incandescente por meio de suas revoluções constantes transmitidas para todo o universo.
Esta mesma luz lupina, divina que desde início dos tempos iluminou á tudo e á todos, iluminava agora uma cena tão cruel e tão bárbara que nem mesmo o mais selvagem dos homens seria capaz de fazer. Indiferente, iluminava á essa cena sem intervir, sem ajudar a pobre criancinha que neste exato momento sofria pelas mãos de uma tirana vaidosa.
No segundo andar do prédiozinho toscamente construído, uma mulher de olhar sério e propositalmente superior aplicava algo que ela chamava de ‘pequeno corretivo’ numa das mais sofridas, mais confusas e mais delicadas crianças que já pisou no orfanato. Ela batia em Tom Riddle.
A mulher estava sentada numa cama miseravelmente dura, e deitado em suas pernas com as calças abaixadas deixando as nádegas á mostra, estava Tom. A mulher tinha em mãos uma rígida vareta de bambu, e a cada espaço de tempo contado por ela, sua mão decia numa força descomunal e precisão cirúrgica até as rosadas nádegas da criança, batendo-nas sem dó nem piedade repetitivamente. As nádegas de Tom já não estavam mais apenas avermelhadas...Elas tinham definidos e arroxeados hematomas na forma da vara de bambu, vários arranhões que ardiam como se estivessem espremendo limões ali e diversos equimoses estavam dispostas ali.
A dor era a única companheira, a única coisa que Tom compreendia naquele momento...Dor, sofrimento, ódio, lágrimas. Tudo isso estava misturado, tudo isso era a vida de Tom. As vezes o garotinho perguntava á si próprio “Porque tudo isso acontece logo comigo? Porque não com outra pessoa, com alguém que mate, e roube e traga sofrimento? Eu não faço e nunca vou fazer isso...”.
Á aquela altura do “corretivo”, Tom já não via nada á sua frente, seus olhos estavam embaçados, sua cabeça parecia que iria explodir á qualquer momento, sua noção de tempo e espaço já á muito o abandonara. Aquilo era um verdadeiro Pandemonium.
Aquilo durou mais algumas horas, até que, dando um último olhar de satisfação á um Tom delirante de dor, a Sra. Cole foi finalmente dormir, pois teria um dia muito cheio. Ela só não imaginava o quão cheio aquele dia seria...
...
No outro dia, o sol mal podia ser visto, tão encoberto por nuvens e névoa ele estava. O clima daquele dia era seco e frio, o que dava um desânimo, uma aparência monótona e sombria para tudo e a todos. Era o clima perfeito, o clima que mais propício, mais certo para definir a forma como os moradores do orfanato amanheceram.
- Em nome do pai, do filho e do espírito santo. Amém – Dizia uma voz rouca e aparentemente bondosa, a voz de um senhor de idade que devia estar nos seus sessenta e tantos anos. Era a voz de um Padre.
O Padre com sua batina negra de colarinho branco estava de pé tendo um grosso livro em mãos, enquanto dizia palavras bonitas, palavras de reconforto para um grupo de mais ou menos vinte crianças guiados por uma senhora de idade bem alta. Quase todos tinham um semblante sério, de tristeza e alguns poucos até choravam. Menos uma criança. É claro que era Tom Riddle.
Tom estava ligeiramente afastado do grupinho de alunos, de pé embaixo de uma cerejeira á olhar aquele patético grupo de crianças com um olhar...De felicidade?!
Sim, Tom estava feliz, Estava feliz em meio aquele simples velório, estava sorrindo de orelha a orelha, mas não era um sorriso normal, um sorriso que uma criança saudável lhe dá quando ganha uma balinha...Era um sorriso ligeiramente psicótico, um sorriso insano. Sim, os dois meninos Felipe e Gabriel haviam morrido...Inexplicavelmente.
Segundo Sra. Cole, ela havia ido acordar todas as crianças, uma por uma em seus quartos como fazia todos os dias. Mas para seu espanto, quando adentrara o quarto número 02, dividido pelos amigos Gabriel e Felipe, ela se deparara com a mais macabra visão que já pensou algum dia em presenciar.
Gabriel e Felipe estavam tão brancos e duros como um boneco de porcelana, algumas veias azuladas aparecendo de longe. No calcanhar de Felipe havia um par de furinhos, enquanto o mesmo par de furinhos se encontrava no pescoço de Gabriel. Seus olhos e bocas estavam abertos ao nada, demonstrando sua atual situação. E o pior: Rastejando-se por entre os corpos dos dois garotos, havia uma peçonhenta Mamba Negra, um tipo de cobra africana detentora de um dos mais fatais e dolorosos venenos já descobertos. Como aquele cobra africana foi parar em Londres no quarto dos meninos? Um completo mistério...
O fraco vento de outono balançava a copa das pomposas e floridas árvores no cemitério, inundando as narinas de Tom com seu delicioso aroma natural, balançando seus curtos e negros cabelos. Finalmente ele não teria mais que agüentar aqueles dois o atormentando, o humilhando, o enganado...Agora eles nunca mais poderiam fazer mais nada contra Tom. Eles haviam recebido o que mereciam.
Logo uma figura feminina alta e de face séria chegou e desarmonizou todo o local á volta de Tom, afastando dele o cantar dos pássaros, o aroma das flores. Era a Sra. Cole, rígida como sempre, á observar Tom de cima para baixo fazendo o máximo para demonstrar superioridade. Logo, entre os dentes como se estivesse sendo forçada á dizer isso, a Sra. Cole deu um pequeno recado á Riddle. Um recado que aquela hora poderia parecer sem-graça, sme importância e insignificante, mas que mudaria todo o curso da vida de Tom:
- Um tal de Sr. Dumbledor foi hoje de manhã á creche á sua procura. Ele parecia bastante rico, por isso eu não sei o que alguém como ele queria com você. Mas o que importa é que ele disse que voltaria hoje a noite á creche para vê-lo, por isso, ás oito horas da noite é bom que esteja arrumado e pronto para recebê-lo. Se ele vier me reclamar de alguma falta de educação sua, você vai desejar nunca ter nascido!
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