A Menina-Sem-Casa
Capítulo 6
A Menina-Sem-Casa.
As carruagens pararam em frente à entrada do castelo. Uma enorme porta de carvalho se abriu e os alunos foram entrando organizadamente, apenas um burburinho interrompia o silêncio da noite. Algumas pessoas apontavam para o lago, enquanto outros estudantes tentaram se aproximar inadvertidamente.
Eric estava preocupado com sua irmã, pensou que talvez tivesse sido muito rude com ela lá na cabine, mas Tevolli estava por perto, ele não podia fraquejar. Tentou avistar ao longe a aglomeração de barquinhos que se aproximavam das margens do lago. O primeiro trazia Hagrid, um homenzarrão de quase três metros de altura que era difícil de ser confundido com qualquer outra pessoa, então começou a procurar por algum sinal de Robin numa das embarcações, mas apesar da luz proporcionada pela Lua que brilhava no alto, ele não pode reconhecer sua irmã. Tentou então encontrar os outros dois irmãos em meio àquela multidão de alunos que estavam parados à porta do castelo.
Ele avistou um garoto alto e robusto, cabelos castanhos enrolados e curtos andando meio desengonçado no meio de integrantes do time da Grifinória, que só poderia ser Adam. Ao lado estava Jonathan. Eric aproximou-se do grupo:
- Jonan! Adam! -ele gritou ao longe. -Ei! Vocês viram Robin?
- Deve estar com os outros pirralhos...
Jonathan disse sem prestar muita atenção e continuou subindo as escadas de pedra que davam acesso hall de entrada do castelo. Eric se adiantou e finalmente os alcançou, então os segurou pela manga e continuou:
- Ouçam! -os irmãos se viraram para escutá-lo. -Não vi Robin com as outras crianças! Sinto que algo está errado...
- Oras, Eric! Relaxe, cara! Você sabe como ela é atrasada... Deve ter pego a última embarcação! Vamos esperar para ver o que aconteceu, se ela não estiver na seleção para casas, ai sim devemos nos preocupar! -disse Jonathan apressando o passo para alcançar o resto de sua turma.
- Tudo bem... -disse Eric resignado, voltando para a companhia de seu inseparável amigo, Andrew, que o seguia a distância.
Os dois se juntaram à multidão que seguia pelo corredor à direita que dava acesso ao Salão Principal, onde o banquete de abertura do ano letivo era realizado. Eles puderam observar quatro longas mesas dispostas no meio do salão se enchia de alunos, cada qual na mesa de sua casa.
O lugar era ladeado por paredões de pedra e centenas de velas, dispostos à meia altura, iluminavam o ambiente. O teto refletia o céu limpo e repleto de estrelas que podia ser visto pelas janelas do salão. A lua ficou um pouco perdida num canto do teto, mas ainda sim, estava alta e resplandecente. As quatro mesas estavam repletas de pratos, copos e talheres dourados, e alunos conversavam animadamente enquanto esperavam a cerimônia começar.
Eric, ainda preocupado, abandonou os seus amigos para ir atrás de um garoto de cabelo claro preso em um rabo-de-cavalo, conversando com outros alunos na mesa da Corvinal. O jovem magricelo atravessou salão até Evans, que parecia surpreso ao vê-lo.
- Alô Eric! Saudades? -Pette riu acompanhado dos colegas.
- Eu só queria saber se você colocou minha irmã num dos barcos... Eu tenho certeza que não a vi no lago!
- Ela estava na última carruagem com as outras garotas, portanto não podia ser vista num dos barcos! -ele riu.
- Carruagem?
- Sim! Ordens dos professores...
- Mas, se ela estava na carruagem, já não deveria ter chego?
- Não sei... não sou babá dela! -todos riram com Evans.
As atenções do salão inteiro pareciam se voltar para os dois quando um homem alto, de longos cabelos brancos apareceu, acompanhado de uma mulherzinha magra, muito branca, um óculos fundo-de-garrafa que lhe concediam um ar de lunática, vestindo vários xales velhos, colares e pulseiras que pareciam ter sido moda no século passado. O homem pôs a mão no ombro de Eric, que estava de costas e disse, assim que este se virou:
- Algum problema, Sr. Stanford? -o homem tinha uma expressão de calma tanto na voz quanto nos olhos azuis.
- N-n-não, vo... Alvo... Quer dizer, Sr. Diretor... -ele ficou vermelho e pigarreou antes de conseguir falar. -Bem, Sr. Diretor, a minha irmã... Robin... o senhor sabe, não sabe? Bem... estou preocupado...
- Explique-se melhor, meu jovem... -disse o homem com um tom de voz muito brando.
- Bem, eu não sei onde Robin está. Ela devia estar com Hagrid e os outros alunos... mas... Sr. Evans disse que veio de carruagem... E eu não a vi em lugar algum!
- Eu não te disse? Eu disse... -a mulherzinha, de ar muito misterioso, abriu a boca pela primeira vez. -Eu previ isto! Eu previ... -e ela olhou fundo nos olhos do garoto, se aproximou e disse. -Mas se acalme, rapaz... Ela não morreu... ainda... -esboçou um sorriso maquiavélico num canto da boca, então ela fez meia volta e se dirigiu à mesa dos professores.
- Não dê atenção a tudo que a Profa. Trelawney diz... Às vezes ela é muito pessimista. Vá se sentar agora. Eu vou dar um jeito em tudo isso...
Alvo Dumbledore, o respeitado diretor de Hogwarts, foi até a mesa dos professores, e disse algo a eles e depois saiu por uma porta que ficava atrás da mesa principal em que estavam, antes que a cerimônia começasse.
*****
Assim que os últimos alunos desciam das carruagens e entravam castelo adentro, os barquinhos que traziam os alunos do primeiro ano se aproximavam das margens. Todos ficaram assustados quando uma carruagem desgovernada veio deslizando pela borda do lago até que parou definitivamente. Algumas malas caíram e uma menina loira começou a fazer um escândalo:
- Minhas malas! Meus vestidos! Meus livros! Como isso pode acontecer comigo!?! Alguém me ajude, preciso pegá-las antes que fiquem inteiramente molhadas! -a menina parecia furiosa.
Hagrid, o guarda-caças de Hogwarts, precipitou-se em direção da menina e educadamente ofereceu ajuda:
- Acalme-se! Eu a ajudo... -e ele sorriu.
- Então ande logo com isso! -esbravejou Emily, muito mal educada.
- Tenha mais respeito! -disse Anne invocada com a reação da outra.
- Cale-se! Preciso pegar minhas malas!
- Por que não pega você mesma!?! -Pandora retrucou.
- Não vê que vou me molhar!?! -Emily disse isso como se fosse a coisa mais importante deste mundo.
O homem, vendo a atitude da menina e a reação das outras duas que o defendiam prontamente, pegou a garotinha loira pelas vestes e, meio desengonçado, entrou com ela no lago para tirar suas malas de lá. Os alunos do primeiro ano, que assistiam a tudo atentamente, aplaudiram quando ele largou a menina no meio da água, caindo de quatro e fazendo com que ela se molhasse quase que por inteiro. Enquanto ele retirava quatro malas de dentro do lago, ela se deslocava até a margem e brandia aos quatros ventos:
- Você não sabe com quem está se metendo, seu trasgo! Eu sou uma Lancaster! Ouviu bem?
- Não sou trasgo, nem surdo, senhorita... - disse Hagrid manso. -Não faço idéia de que família você vem, mas com certeza lá eles não ensinam as pessoas a terem bons modos... -e ele riu, acompanhado da platéia.
- Quero ver se amanhã você estará rindo desse jeito quando não mais tiver um emprego! -ela disse, adiantando-se até as grandes portas do castelo.
Pandora colocou as duas malas secas que ainda estavam na carruagem dentro de sua caixinha e, seguida de Anne, acompanhou os alunos até os degraus do castelo onde Emily esperava ensopada e emburrada. Hagrid verificou se todos estavam lá, então bateu três vezes na porta.
As portas se abriram como que por mágica, e todos puderam ver a silhueta de uma bruxa alta, magra de ar austero e imponente, esperando por eles na entrada. Ela usava vestes cor vinho, um chapéu pontudo que escondia seus cabelos negros um pouco grisalhos, presos em um coque que lhe conferia ainda mais um ar de respeito e autoridade.
- Alunos do primeiro ano, Profa. Minerva McGonagall. -disse Hagrid.
- Sim, certo... Muito obrigada, Hagrid. Agora pode ir. Eu cuido deles daqui por diante. -disse ela com autoridade.
- Professora, eu posso lhe falar por um instante?
- Agora? -ela parecia intrigada.
- Sim... -ele foi adentrando o castelo. -Aconteceu algo... -e ele apontou para três meninas que estavam com ar assustado e um pouco molhadas.
Ela observou as meninas com cuidado e fez uma expressão de quem realmente estava preocupada, puxou o guarda-caças pelo braço para um canto perto da imponente escadaria de mármore que havia no meio daquele imenso saguão. Pandora ficou impressionada com o tamanho daquele lugar, que possuía paredes de pedra tão altas que mal podia se enxergar o teto, e um chão de lajota de pedra, como nos antigos castelos medievais dos contos de fadas. Se Robin estivesse ali, estaria tão maravilhada quanto ela, pensou a amiga.
Os professores sussurravam e a única coisa que pode ser compreendida foi o olhar preocupado que aquela senhora lançou aos alunos, que estavam atentos a tudo que se passava. O único barulho que podia se ouvir era uma zoeira que vinha de um salão à direita, que estava de portas fechadas, e passos num corredor ao fundo, que foram se aproximando.
- Alguma de vocês pode me informar o que aconteceu aqui? -disse McGonagall para as três meninas que estavam inquietas. Cadê a quarta criança?
- Tanta coisa aconteceu, professora. -disse Anne.
- É mesmo! Esse monstro me jogou no lago! -disse Emily já se alterando.
- Como assim?
- Não é nada disso professora! -Pandora falou. -Nós fomos em uma carruagem, então algo assustou os tresálios, que perderam o controle e começou a nos levar direto para o lago!
- Foi terrível! -disse Emily dramaticamente.
- Robin subiu na carruagem, então lutou bravamente contra seus medos e pulou na montaria sem nem ao menos poder vê-la, ai então ela desamarrou os tresálios e saiu flutuando pelos campos até sumir por trás do castelo e...
- Não exagere, Pandora! Ela estava montada no bicho, eu mesma vi... -Anne interrompeu a menina. -Ela foi muito corajosa... Nem eu, que podia vê-los, teria pulado com a carruagem em movimento...
- E onde está a menina!?! -McGonagall parecia ainda mais preocupada com tudo o que estava ouvindo.
- Não sabemos! Mas alguém devia ir procura-la logo! -Anne parecia muito preocupada com a garotinha.
- Pobrezinha, deve estar por ai, perdida lá fora... -Pandora argumentou.
Os professores cessaram a conversa e foram até o corredor, de onde podia se ouvir o barulho de passos cada vez mais altos, e eles ficaram tão surpresos quanto os alunos quando um homem alto, magro, com cara de poucos amigos, cabelos pretos ensebados adentrou o hall com uma menina no colo. Ele olhou para os professores, que estavam parados atônitos e desatou a falar:
- McGonagall, o inevitável aconteceu... -ele disse com uma voz fria.
- Não... -ela engoliu seco. -Hagrid, vá chamar Dumbledore!
- Não será preciso... -disse uma voz calma que ecoou pelo corredor atrás do homem que segurava a menina.
Todos voltaram seus olhares para o senhor de longos cabelos brancos e ar sereno que acabara de sair da penumbra. Ele observou a menina, passou a mão em sua testa, ajeitando sua franja e continuou.
- Ela está bem... Desmaiada com o susto, mas bem. Venham todos comigo.
Eles acompanharam o diretor pelo acesso até um salão vazio, que ficava atrás do Salão Principal onde o banquete estava sendo realizado. Era bem grande, paredes e chão de pedra, iluminado precariamente por archotes que ladeavam as paredes. Com um aceno de varinha, ele fez o fogo arder mais forte para iluminar melhor o ambiente e com outro conjurou uma espreguiçadeira aveludada onde o outro professor pode colocar a menina deitada.
- O que aconteceu, Snape? -disse o diretor para o homem que acabava de ajeitar a garota no sofá.
- Eu fui até o pátio e vi uma criança correndo desesperadamente até o castelo, a única coisa que disse foi “Me ajude.”, depois simplesmente desmaiou.
Ele fez as três garota repetirem a mesma história e a menina loirinha só sossegou um pouco quanto ele secou suas vestes com a varinha. Ele pediu a Hagrid que as ajudassem com a bagagem e ele saiu com elas pela mesma porta pela qual entraram. Dumbledore pediu também que chamasse os Stanford e a enfermeira. Alguns minutos depois pode se ouvir um clamor no salão onde centenas de alunos gritavam “Começa! Começa! Começa!”
O tempo havia passado e ninguém tinha se dado conta de que os alunos, após vinte minutos de espera e sem a presença do Diretor, haviam ficado incontroláveis. Dumbledore riu da situação de saiu por uma porta que dava acesso ao grande Salão Principal. Ele se posicionou na frente da mesa dos professores, fez um aceno com as mãos pedindo silêncio e logo o barulho cessou. Ele sorriu e com o mesmo tom habitual, disse:
- Perdoem-me pela demora, mas estamos tendo um contratempo e peço a todos a vossa colaboração. Vocês, jovens, tem muita energia e não posso culpá-los pela vossa pressa. Acredito que dentro de vinte minutos estaremos iniciando a seleção para as casas, mas para que vocês até lá já não tenham morrido de fome ou tédio, permito que saboreiem a sobremesa primeiro.
Ele fez mais um aceno com as mãos, e taças de sorvete e travessas de bolos apareceram na frente dos alunos, que o aplaudiram. O diretor, após se despedir com um cumprimento, se retirou pela mesma porta pela qual havia adentrado.
Enquanto esperavam pela enfermeira, Minerva instruiu os novos alunos, que agora estavam tão inquietos quanto o restante da escola.
- Desculpem a confusão que se sucedeu. Quero lhes dar boas vindas a Hogwarts. -disse ela com um sorriso discreto. - O banquete de abertura vai começar dentro de instantes, assim que a jovenzinha recuperar a consciência. O salão é dividido em cinco mesas: a mesa principal para os professores e quatro mesas, uma para cada casa, que são Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina. Mas antes que vocês possam se sentar nas suas devidas mesas, vocês devem passar pela Seleção das Casas.
As crianças começaram a discutir entre si em qual casa cada um ficaria, ou então como seria a seleção. Um dos garotos disse que era preciso lutar contra um trasgo para poder ser aprovado, ou então seria mandado de volta pra casa. Alguns riram do exagero do menino, outros realmente acreditaram. McGonagall pediu silêncio aos alunos mais exaltados.
- A tradicional cerimônia de Seleção é muito importante, já que, enquanto vocês estiverem aqui, sua casa será com uma família: vocês estudam, comem, dormem e passam todo o tempo livre juntos na Sala Comunal e lutam pelos mesmos objetivos, como a Taça das Casas e a de Quadribol. Há oito anos que Grifinória não perde uma taça, e eu como diretora responsável pela casa, espero que os novos alunos que lá entrarem sejam dignos de sustentá-la em nossas mãos por mais alguns anos. Cada casa foi fundada por um grande bruxo, possui sua história de glórias e conquistas, além de ter produzido grandes bruxos e bruxas, responsáveis por grandes feitos. Enquanto estiverem em Hogwarts, seus atos positivos os farão ganhar pontos, enquanto os negativos os farão perder. No final do ano, a casa que tiver mais pontos ganhará a Taça das Casas, uma grande honra para aqueles que aqui estudam.
Dumbledore voltou à sala, onde os alunos ouviam atentamente a professora.
- Enquanto esperam, peço a vocês que se ajeitem o melhor que puderem.
Uma mulher entrou apressada com uma maleta preta numa das mãos. Ela olhou para Dumbledore, que apontou para a garotinha que ainda estava desacordada no sofá. “Pobrezinha...” disse ela enquanto se sentava e tirava algo da maleta. Ela pegou um pedaço de algodão umedecido com um líquido meio amarelado e passou perto do nariz da garotinha, que recobrou a consciência quase que instantaneamente.
*****
Quando Robin abriu seus olhos, estava numa sala com paredes de pedra iluminada por alguns archotes. Encontrava-se deitada num sofá de veludo bordô, e uma mulher segurava perto do seu nariz algo de cheiro muito forte. “Acordou...” Aquela mulher de vestido bordô e chapéu branco disse, se levantando do sofá onde estava. Olhou a sua volta: estava rodeada de vultos de pessoas, todos falando ao mesmo tempo, fazendo o alvoroço parecer um zumbido dentro de sua cabeça. A cicatriz ardia bastante. Levantou-se num sobressalto quando avistou um rosto familiar: era Eric. Ele parecia muito preocupado com ela, sentou-se numa beirada do sofá e deu-lhe um forte abraço ao ver que a menina parecia estar bem.
- Você me assustou! -ele fez uma pausa para examina-la melhor. -O que foi que aconteceu? Suas amigas tentaram explicar porque sumiu, mas elas não souberam bem ao certo o que havia acontecido com você!
- Eu... consegui?!? -Robin parecia atordoada.
- Ei! Olhe pra mim! O que foi que aconteceu?
- Eu... não sei... Aquele gato apareceu de novo... e eu pulei no tresálio... ai o gato estava me levando pra floresta...então cai... minha mão ta doendo.
- Eu posso dar um jeito nisso em pouco tempo! -disse a enfermeira segurando a mão da menina e apontando a varinha na região dolorida. Uma luz verde percorreu a mão da menina. -Prontinho! Bem melhor agora, não?
- Sim... obrigada, senhora! -a menina ficou surpresa com a rápida melhora.
- Eu me chamo Madame Pomfrey, querida...
Um senhor bem alto de barba e cabelos brancos na altura da cintura apareceu. Ele usava uma túnica azul royal, tinha um nariz pontudo e por trás de seus oclinhos meia-lua, a cor dos seus olhos, mais azuis que o céu e o mar, foi ressaltado pela sua veste. Apresentava um ar sereno e brando, parecia muito feliz por vê-la e assim que se aproximou, tocou sua cicatriz de leve, ajeitando sua franja para encobrir tal marca. Robin sentiu a dor parar repentinamente e passou a sentir muito alívio por ele estar por perto.
- Sente-se melhor?
- S-sim... -para Robin, ele parecia tão familiar.
De repente, Jonathan chega e pergunta:
- Ela já acordou? -ele afasta uma pequena multidão de curiosos e ao vê-la sentada, prossegue dizendo. -Robin, você está bem?
- Estou...
- Que bom... -disse Adam logo atrás.
- Eu disse que ela estava bem... -disse Jonathan para um Eric ainda inconformado com o relapso dos outros irmãos.
- Mas e a Seleção para as casas? -Robin perguntou, ainda confusa.
- Isso pode ser feito mais tarde! Não se preocupe, Dumbledore vai dar um jeito! -ele se virou para o senhor de cabelos brancos e continuou. -Não vai?
- Sim. Podemos resolver isso agora mesmo. -ele abriu um sorriso. -É só trazer o Chapéu Seletor!
Ele olhou bem ao redor e chamou a Profa. Minerva. Dumbledore disse algo em seu ouvido e, alguns minutos depois, ela voltou com um chapéu muito velho e cheio de remendos numa mão, um banquinho de madeira noutra, e três meninas logo atrás. Eram Anne Franklin, Pandora Fawkner e Emily Lancaster.
- Robin! -disseram em coro.
- Alô! Vocês estão bem? Deu tudo certo!?! -a menina sentia-se aliviada em vê-las inteiras e seguras.
- Ah! Você foi tão corajosa! -brandiu Pandora enquanto corria em sua direção para abraça-la.
- Não, você foi fenomenal! Excelente! Precisa! Astuta! Perfeita! -Anne tentava achar mais elogios à altura do ato da menina.
- Muito obrigada! Você salvou nossas vidas!
- Eu não teria feito melhor! E olha que eu ainda podia ver os tresálios!
- Nossa, você foi tão corajosa! Acho que eu já disse isso, não? ...Eu nunca teria pulado daquele jeito sem poder vê-los!
Emily era a única que não falava nada. Estava lá, parada, só observando, talvez esperando o momento certo de se aproximar. Mas Robin entendeu o olhar da menina, havia muita gratidão lá. Então esboçou um sorriso por cima do ombro de Pandora, e foi correspondida. Anne agachou ao seu lado e disse:
- Nós ficamos tão preocupadas quando você desapareceu...
- Mas eu estou bem! Acho que todas nós estamos... O importante é que não perdemos a Seleção para as Casas!
- Não mesmo! Nem o banquete começou... Estão todos à nossa espera!
- Mas quem disse que você precisa do Chapéu Seletor?!? A escolha dele é mais do que óbvia! -disse Jonathan, todo orgulhoso com a atitude heróica da irmã.
- É mesmo! Depois dessa prova de coragem, não há dúvidas! Você pertence à Grifinória! -Eric disse em alto e bom tom para todos os colegas que estavam ao fundo ouvissem.
Ouviu-se alguns alunos do time da Grifinória gritarem o nome de sua casa em coro, mas logo a agitação cessou pois Dumbledore se pronunciou:
- Bem, o banquete ainda não começou, mas os outros não vão esperar para sempre! Só estávamos esperando por vocês. Os alunos no Salão Principal também estão alvoroçados, à espera de uma explicação. -ele sorriu misterioso. -Mas é claro que eles já sabem... Acho que os outros novatos também devem estar cansados de esperar. Assim que todos forem selecionados, vocês podem ir se juntar ao restante do grupo para aproveitar o delicioso banquete de boas vindas. É claro que, se não se sentir disposta... -ele olhou para Robin. -você pode ficar por último de todos.
- Então... eu acho melhor ficar por ultimo mesmo...
Os alunos dos outros anos, que vieram lá para acompanhar os irmãos, voltaram com eles para a mesa da Grifinória. Já os novatos foram enfileirados pela professora, que pediu que a seguissem pela porta que dava acesso ao Salão onde novamente os alunos faziam algazarra.
O silêncio invadiu o lugar assim que a profa. McGonagall entrou com toda sua pompa, ar ríspido e expressão sisuda, seguida pelos alunos do primeiro ano. Carregava um banquinho numa mão e um chapéu velho e remendado na outra.
Ela os posicionou na frente da mesa principal, de forma que pudessem ver todos os alunos nas quatro mesas, ajeitou o banquinho na frente deles e colocou aquele velho chapéu em cima. Os novatos pareciam amedrontados e tentavam esconder o pavor do desconhecido teste que iam ter de enfrentar antes de entrarem em suas casa. Todos ficaram de olhos e ouvidos bem abertos, como se esperassem alguma coisa. Um rasgo se abriu junto à aba do chapéu, que começou a cantar:
Hoggy, Hoggy, Hog-warts!
Hoje canto esta canção.
Sou o chapéu mais astuto,
Dispenso apresentação.
Sou velho, mas não caduco!
Entendo bem de seleção.
Há séculos e séculos,
Venho eu a decretar
Sei das mentes mais brilhantes,
Onde podem se encaixar.
Os bruxos mais auspiciosos,
Juntos vão conjeturar.
Os amigos de jornada,
Que de mãos dadas vão andar.
E os intrépidos guerreiros
Que pelo bem vão pelejar.
Cada mente e coração
Já conhece o seu lugar.
Dentro dessas cabecinhas,
Há muito pra se ver.
Cada um traz em si
A centelha do saber.
Desde jovens, todos sabem
Muito bem o que vão ser.
A Corvinal, muito exigente,
Quer as mentes mais ilustres,
Justas, sedentas de saber.
Tem os alunos mais esclarecidos,
Sábios e disciplinados,
E que tudo desejam aprender.
A Sonserina, seletiva,
Quer os bruxos sangues-puros
E de linhagem soberana.
Possui os jovens mais astutos,
Falaciosos e resolutos,
Que sempre alcançam tudo.
A Grifinória dos bravos corações,
Toda a injustiça vai combater.
Conhecem o valor da bravura,
Lealdade, retidão e dever.
Eles lutam pela verdade,
E a integridade do ser.
A Lufa-lufa, sabe como escolher,
Quem conhece o valor da bondade.
Os que são puros de coração,
Merecedores de confiança e amizade.
Tem os bruxos mais benevolentes,
Dedicados ao bem e à humanidade.
Hoggy, Hoggy, Hog-warts!
Hoje canto esta canção.
Sou o chapéu mais astuto,
Dispenso apresentação.
Sou velho, mas não caduco!
Entendo bem de seleção.
Venha agora, não tenha medo
Quero conhecer o seu universo
Deixe me ver seu segredo
Desvenda-lo através destes versos
Agora em minhas mãos
O seu futuro é minha decisão!
Todos os presentes no salão, entre alunos, professores e fantasmas, prorromperam em aplausos assim que o chapéu terminou sua canção e antes de ficar novamente inerte, ele fez uma reverência a cada uma das quatro mesas. Até mesmo Pirraça, um poutergaist que sempre dá um jeito de atrapalhar as coisas, parecia muito contente com aquela comemoração.
- Quando eu chamar pelos seus nomes, quero que se sentem no banquinho e coloquem o chapéu na cabeça para começar a seleção. -disse Profa. Minerva, que se posicionou ao lado do banquinho e estendeu um longo rolo de pergaminho.
Bruce Adams disse a profa., e logo um garoto baixinho de cabelos escuros bem lisos se adiantou até o banquinho, e meio trêmulo, colocou o chapéu que lhe cobriu até as orelhas.
- Corvinal!!!
A segunda mesa à direita aplaudiu o garotinho e o cumprimentou calorosamente quando ele finalmente se sentou ao lado de uma mulher fantasma.
Jacob Armenante, um garoto esguio e moreno, de traços latinos, cabelos escuros e lisos, ficou um bom tempo com o chapéu na cabeça, até ser mandado para...
- Corvinal!!!
E ele foi recebido com a mesma ovação que o primeiro. Christine Barlow, a primeira menina a ser convocada, foi andando com porte elegante e mal o chapéu encostou-se em sua cabeça, ele anunciou:
- Sonserina!!!
E a segunda mesa à esquerda, recebeu a menina com uma salva de palmas, e ela se sentou ao lado de seus conhecidos. Emily acenou para a garota, como se soubesse que logo estaria lá.
Kurt Bennett foi o primeiro a ser anunciado para a...
- Lufa-lufa!!!
E ele se dirigiu à mesa entre as de Corvinal e Sonserina, e lá ele foi muito bem recebido por todos, que fizeram questão de cumprimenta-lo. Albert Boyer foi para Sonserina. John Brotherton e Joedy Burns foram os primeiros a serem mandados para a Grifinória, que aplaudiu com muita vontade seus novos integrantes. Gloria Carnaham foi para a Corvinal e logo em seguida Íris Carpenter foi para a Sonserina. Lawrence Chandler ficou por quase três minutos com o chapéu na cabeça, até ser mandado para a Lufa-lufa.
Foi a vez de uma menina oriental, Lee Wu Chang, muito quieta e nervosa, se dirigir ao banquinho. Ela tropeçou na barra da sua veste e quase caiu sobre o chapéu. Assim que ele assentou na cabeça da menina, anunciou:
- Lufa-lufa!
Christensen, Colassante, Collins, Cuthill, Delahunt… Até que finalmente anunciaram Pandora Fawkner. Ela foi andando bem devagar, para ter certeza de que não ia errar o caminho, então se sentou no banquinho e apertou as abas do chapéu com tanta força que se pode ouvir o chapéu resmungar.
- Lufa-lufa! -anunciou o chapéu logo em seguida.
Depois foi a vez de Anne Marie Franklin. Esta andou com ar decidido até o banquinho, como se soubesse muito bem o que estava fazendo, e assim que o chapéu assentou-se em sua cabeça, ele bradou:
- Corvinal!
Profa. Minerva foi seguindo a lista, até que Emily Elizabeth Lancaster II foi anunciada. Esta se conduziu até o banco de madeira com o nariz empinado e mal o chapéu tocou os seus cabelos loiros, anunciou:
- Sonserina!
Ela sorriu, como se já soubesse, e seguiu até sua mesa onde foi recebida como uma velha amiga, com direito a abraços e muitos aplausos. O pergaminho já estava chegando no final, mais de uma hora havia se passado, talvez o número de novatos tivesse aumentado, pois os alunos que já estavam sentados em suas mesas, pareciam vibrar quando a professora chegou nas últimas letras do alfabeto. Wallace... Wilckinson... Woodson... Wyble… Até que anunciou Chris Zion, que foi para a Grifinória, e Joshua Zuiderweg, que acabou indo para a Corvinal.
Minerva enrolou o pergaminho, e ajudou Robin a se levantar da cadeira que Dumbledore havia conjurado para ela. Meio tonta, a menina tentou caminhar com suas próprias pernas. O pânico que sentira a pouco começou a voltar, sua boca estava seca e as mãos geladas quando a professora finalmente pousou o chapéu em sua cabeça.
- Hum... Vejamos... Vejo bondade no seu coração, amizade... Amigos são muito importantes para você... É inteligente, determinada... Mas acima de tudo, vejo muita coragem! Coragem para se arriscar pelos outros... Não há como negar... Você pertence à Grif...
Robin não soube ao certo o que aconteceu, mesmo porque tudo se passou tão rápido que ela mal teve tempo de ver a coruja roubando o chapéu de sua cabeça e saindo por uma porta aos fundos, que dava acesso à sala onde estivera há pouco tempo.
A pobre garotinha ficou lá, sentada, a observar a ave fugindo. Era como se ela tivesse lhe tirado não só o chapéu, mas também a esperança de se tornar uma bruxa um dia e quem sabe conseguir corresponder às expectativas de sua mãe. Robin ficou atônita, ainda sentada, esperando por algo... “Por que isto está acontecendo comigo? O que foi que eu fiz de tão errado? Esperei tanto... Me preparei tanto... estudei tanto... tanto... tanto... pra nada? Tudo o que aquele velho chapéu precisava era dizer um simples nome!!!” ela pensou.
Quando se voltou para frente, viu aquela platéia observando-a com a mesma indignação e surpresa que ela. Todos ficaram calados, como se a coruja pudesse ter piedade dela e lhe devolver o chapéu. Robin sentiu suas bochechas queimando de tão vermelha que estava... E o pânico a tomou de súbito mais uma vez: era uma Menina-sem-Casa.
Os professores estavam tão surpresos quanto todos os presentes no salão. Dumbledore rapidamente trocou um olhar com McGonnagal, que então pegou a menina, o banquinho e chamou quatro fantasmas para a sala aos fundos. Robin olhou mais uma vez para trás antes de acompanhar a professora. Numa das mesas, Robin viu Pandora de relance, que parecia tão confusa quanto ela e isso, no presente momento, era um alívio.
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Prontinho! O capítulo 6 na integra... Espero que ninguém repare muito na canção do Chapéu Seletor... Sou péssima com poemas, versos e rimas... e não quero que a qualidade da história caia só porque minha deficiência nesse assunto é grande... "Perfeito" eu sei que naum ficou... mas dá para vocês lerem...
Eu gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando a minha história! Fiquei tão empolgada quando vi que 500 pessoas leram (ou ao menos entraram...) a minha fic que resolvi mandar "Os 12 Passos" pro espaço e postar logo isso aki!!!
É claro que agora eu acho que vou demorar mais um pouquinho pra postar, já que assim que terminar de fazer isso aqui, eu tereri de passar meus dedos à ferro em brasa e enfiar a minha cabeça no forno!!! Hahaha!! Dolby mau! Dolby mau! Dolby muuuito mal!!!
Muita obrigada atodos que comentaram a minha fic, espero que vocês continuem gostando e voltem sempre para ler mais um pedacinho da minha história que promete ser cheia de surpresas e acontecimentos engraçados... Um beijão para todos e.......
Té mais!!! =o)
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