Sem ódio...
Capítulo 6 Sem ódio...
O jantar de Halloween fora fantástico. Mais uma vez os elfos prepararam vários pratos de doce, como pudins dos mais variados sabores. Fora as Delícias Gasosas, sapos de Chocolate, balas de diferentes cores e formatos, Chicles de Baba-bola e, para os fantasmas, bolinhas de ectoplasma cobertas de açúcar, o que deixou Nick Quase Sem Cabeça feliz como nunca. Normalmente os fantasmas não se sentavam com os alunos em banquetes
Ao fim do jantar, todos voltaram as suas Salas comunais, em busca de silêncio e de uma cama confortável. Mas os alunos da Grifinória não concluíram a noite dessa maneira.
Muitos Grifinórios ainda ficaram conversando animadamente pela Sala Comunal. Duas delas eram Lílian e Kelpie.
- Os elfos capricharam hoje. – Suspirou Kelpie, segurando a barriga.
- É... – comentou Lily, distraída – Você viu os Marotos?
- Por que você quer saber?
- Bem, normalmente eles ficam no meio dessa bagunça, pode ser que estejam aprontando alguma...
- Sei... – e lançou um olhar para a entrada do Salão Comunal. – Mas agora você não precisa mais se preocupar com o Tia..., quero dizer, com eles... Veja quem chegou.
Lily virou-se para a entrada e viu Sirius, Pedro e Tiago entrando no Salão Comunal, carregados de doces e muitas garrafas de Cerveja Amanteigada.
- Estranho...Lupin não deveria estar com eles? – perguntou distraída, observando Tiago distribuir as cervejas e doces em cima de uma mesa.
Imediatamente, Kelpie levantou-se rápido.
- Lily,...como pude esquecer! Tenho que falar com McGonaggal sobre aquele assunto...
- Ah, certo. Te vejo depois então. – despediu-se Lílian.
Lily ficou observando a colega desaparecer pelo buraco do retrato, até que um sussurro em seu ouvido a sobressaltou.
-Olá, Lily!
Era Tiago, acompanhado por Sirius e Pedro. Pulou o encosto do sofá e se sentou ao lado de Lílian.
- Desculpe, Lily, mas não pudemos evitar... – disse fingindo inocência.
- Evitar o quê? – perguntou Lily, intrigada.
- Ouvimos Kelpie falar “aquele assunto”... – disse Sirius. – Que assunto é esse?
- Ah, isso. Não é nada, não.
Tiago a olhou intrigado. Sentia que Lílian não estava sendo sincera.
Passaram um tempo assim. Pedro devorando um sapo chocolate, Sirius contemplando o fogo, pensativo, Lílian olhando para seus pés e Tiago a observando.
Como Lílian era bonita. Seus cabelos cor de fogo contornavam seu rosto delicado, valorizando ainda mais seus lindos olhos verde-vivo.
Tiago foi retirado de “transe” pela voz de Sirius.
- Pontas, vou me recolher... Amanhã temos tempo duplo de Feitiços com sonserina e de noite, detenção.
- Pontas? – disse Lílian.
- Sim? –respondeu Tiago, achando que a menina havia o chamado.
- Não...-Lílian riu – eu não estava chamando você. Estava perguntando o por quê desse apelido.
- Ah, isso. Não é nada não... – respondeu, mexendo nos cabelos.
Tiago sorriu, Lílian retribuiu. Sirius falou novamente.
- Hmm... e então, Pontas, vamos?
- Certamente – respondeu, aproximando-se perigosamente de Lílian – Boa noite Lily – e lhe deu um beijo estalado na bochecha.
Riu da reação de Lílian. Ela ficou estática, imóvel de um jeito que nem mesmo um Petrificus Totalus seria capaz de deixar uma pessoa, com a boca entreaberta, com os olhos fixos nele.
Juntou-se a Sirius e Pedro e foram juntos até a escada do dormitório. Lá de cima, Tiago viu Lílian, sentada no sofá, ainda imóvel.
- Pontas... – chamou Sirius, impaciente.
Com um último sorriso, Tiago entrou no dormitório e deitou-se.
A única coisa boa da aula de Feitiços para Tiago fora o fato de ter sentado próximo de Lílian, junto de Sirius, e ver um Lúcio Malfoy atrapalhado, pondo fogo nas vestes de um Snape desesperado.
Na hora do almoço, Tiago chamou os Marotos para sentar com Lily, que estava sentada, absorta na leitura de um livro.
Colocaram os pratos na mesa e sentaram-se, Tiago de frente para Lílian.
- Oi!
Lily apenas levantou os olhos e o encarou, com frieza. Almoçaram em silêncio.
Pedro levantou-se primeiro, para a surpresa de todos.
- Aonde vai Rabicho? – perguntou Sirius.
- Vou...ahn... à biblioteca. – respondeu nervoso, torcendo as vestes com as mãos.
- Certo, então. Pontas, eu vou para o campo. Você demora muito ainda?
- Não se preocupe, eu já vou – respondeu, mexendo nos cabelos.
- Campo? – perguntou Lily.
- Treino de Quadribol. – disse, observando Sirius se afastar. – Não se preocupe – acrescentou ao ver o olhar de censura de Lílian. – a profª Minerva autorizou.
Lílian pareceu mais tranqüila ao ouvir aquilo. E sua reação o fez lembrar de algo.
- Você está diferente, sabia? Ano passado você aproveitava qualquer coisa para me colocar em detenção.
- As pessoas mudam, sabia? Deve saber, por que você está a cada dia mais convencido.
Tiago não entendeu, mas achou aquilo agressivo.
- De onde você tirou a idéia de que pode me dar beijo de boa noite? – perguntou ela, brava.
- Ah, isso. Vamos, Lily admita... – e sorriu marotamente – você gostou...
Lily corou furiosamente, levantou-se e berrou:
- Você é desprezível!
- Ora,vem aqui Lily. – e a segurou pelo braço, forçando-a à encará-lo.
- Olhe bem nos meus olhos e me responda, mas pense bem antes de responder. Por que você me odeia tanto? O que eu faço de errado para você? – perguntou, ligeiramente magoado.
- Por que você quer saber? – perguntou rouca.
Ele a abraçou.
- Porque, a não ser que você não tenha notado ainda, eu gosto de você. Eu realmente gosto MUITO de você.
Ao soltá-la, Tiago viu que os olhos de Lílian estavam cheios de lágrimas.
- Desculpe se tenho sido tão grossa como você diz, nem eu me entendo. – murmurou – E não se preocupe, eu não te odeio. – E o olhou com carinho – Você é um bom amigo.
E subiu as escadas correndo.
Tiago ficou parado ali durante um tempo, vendo os cabelos de Lílian esvoaçarem para trás enquanto ela subia as escadas, antes de sair para os jardins para seu treino. Abraçara Lílian. E pela primeira vez, ela não tentou afastá-lo. Pelo contrário, tinha a sensação de que seus delicados braços ainda o estavam envolvendo. Lily era complicada, e talvez fosse esse o motivo dele ser tão apaixonado por ela.
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