O Segredo de Narcisa
Capítulo 5: O Segredo de Narcisa
Enquanto as coisas iam correndo maravilhosamente bem na Academia de Aurores, na Mansão Malfoy a história era outra. Em partes, por assim dizer, já que, para Draco, estava tudo bem. Nada de Isabella Lestrange, tinha um bom emprego e sempre marcava encontros com sua esposa, Virgínia. Era com Narcisa que as coisas não andavam bem. Nada bem, para falar a verdade.
As manhãs da loira haviam se tornado um verdadeiro inferno particular. Dores fortíssimas de cabeça e náuseas eram o que tornava o resto do dia horroroso. Ela estava estranhando aquilo pois era raro ela ter dores de cabeças, e mais raro ainda sentir náuseas.
Nos primeiros dias, ela ainda que conseguiu controlar aquilo tomando algumas poções. Sempre dava uma desculpa para Draco, já que não estava indo tomar café da manhã com ele. Dizia que estava cansada e indisposta, mas que em breve iria melhorar.
Mas o breve não veio. A cada dia aquilo apenas piorava. Narcisa estava ficando ainda mais magra já que não estava conseguindo ingerir nada. Quando conseguia, passava mal e vomitava. Além da mudança de personalidade, às vezes sentia fraqueza nas pernas e mal conseguia manter-se em pé.
Na noite do dia 16 de agosto, quando Draco estava chegando de mais um encontro com sua esposa, encontrou sua mãe sentada no sofá da sala de estar. Estava lendo algum livro. Mas não foi aquilo que o incomodou. Foi se aproximando.
- Desde quando você usa óculos? – perguntou o loiro enquanto sentava-se ao lado da mulher.
Narcisa fechou o livro calmamente e tirou os óculos de armação delicada.
- É somente para leitura, Draco. – respondeu ela, fazendo pouco caso.
- Sei. Você sempre teve uma ótima visão, mãe. Conseguia enxergar marcas de batom na minha nuca até quando estava escuro. – comentou ele sério, mas fazendo a loira rir divertida.
- É a idade...
- Então admite que está ficando velha! – exclamou o rapaz.
Os dois riram suavemente. O relacionamento dos dois estava melhorando com o passar dos dias. Draco estava preocupado com a mãe e isso o fazia tratá-la muito melhor. Outro fator considerável era que ele não precisava mais dividi-la com Isabella, ainda que soubesse a falta que a loira sentia daquela jovem. Porém, como ele continuou insistindo em saber se Narcisa estava bem mesmo, ela foi ficando nervosa. O que impressionou o loiro, foi a agilidade como o temperamento dela havia mudado.
- Já disse que estou bem! – exclamou ela rispidamente enquanto se erguia.
Narcisa sentiu novamente a fraqueza nas pernas. Fraqueza que ia se tornando mais freqüente. Cambaleou para frente e teria caído se seu filho não a tivesse amparado.
- Não se preocupe...levantei rápido demais e me deu tontura...Só uma tontura... – mentiu enquanto se endireitava.
Ela não dera tempo para Draco falar mais nada, desvencilhou-se dele e começou a sair da sala. Parou no meio do caminho.
- A propósito, irei fazer compras do dia 31 de agosto. – disse sem olhá-lo e retirou-se da sala.
Enquanto ia caminhando pela mansão, lembrava-se de seu verdadeiro compromisso...Não iria fazer compras...Iria ao St. Mungus. Estava cansada de tentar se automedicar e não conseguir chegar ao resultado esperado: a melhora.
Na sala de estar, Draco ainda estaca em pé, estacado no chão. Fitando o corredor por onde sua mãe saíra. Estava atordoado e perdido em seus próprios pensamentos. Porém, algo lhe chamou a atenção: a iluminação da sala. O local ganhara uma leve coloração esverdeada. Como estava esperando por aquilo, não se surpreendeu. Respirou fundo e virou-se para a lareira.
- Que bom que já chegou... – disse ele, contemplando o belo rosto de sua esposa e se aproximando da lareira, ajoelhando-se em seguida.
- Viu? Eu disse que não tinha problemas para aparatar. – brincou ela.
Gina, ao ver que o marido não rira, apenas forçara um sorriso, estranhou e logo parou de rir. Ficou olhando nos olhos azuis e penetrantes de Draco, tentando descobrir o que o preocupava. Sim, pelo visto, estava muito preocupado. Mas, com o quê? Havia deixado-o há pouco mais de cinco minutos e ele estava sorrindo, completamente descontraído.
- O que foi, meu amor? – perguntou a ruiva, sem entender direito o que se passava.
- Nada Virgínia, não é nada. – respondeu Draco, tentando ocultar seu sentimento de preocupação para com sua mãe.
- Nada? Tem certeza? Eu te conheço, sei que está preocupado com alguma coisa... – ia dizendo Gina, mas fora interrompida pelo loiro.
- Acalme-se, está tudo bem. Tenho uma novidade para você. Minha mãe vai fazer compras no dia 30 e quando ela sai para fazer compras, fica a tarde toda fora. Vamos poder fazer aquela nossa despedida aqui em casa. Que tal? – disse ele, fugindo do assunto.
Sabia que despistar Gina não era lá uma tarefa tão simples. Tinha certeza que ela iria falar sobre isso no próximo encontro deles, mas pelo menos naquele momento, ela compreendeu que sua vontade era de não tocar no assunto que o incomodava.
- Certo...Eu vou adorar passar o dia ai na sua casa. Finalmente vou poder conhecê-la. – disse ela, sorrindo animada.
- Sim. Prometo que será um ótimo dia, Virgínia.
- Vou cobrar essa promessa depois. Mas agora tenho que ir, antes que alguém aqui em casa comece a ralhar comigo...
Os dois se despediram e então as chamas da lareira voltaram a cor natural de antes. Draco ficou um tempo fitando o fogo crepitante, perdido novamente em seus pensamentos. Será que sua mãe estava realmente bem? Se não, por quê não falava com ele? Frustrado, o rapaz levantou-se e rumou para seu quarto...seu refúgio...
***
Agosto foi passando lentamente para Narcisa. Estava definhando mais a cada dia. Naquela brincadeira, já havia perdido cinco quilos e sua pele começou a ficar acinzentada, já que, como não conseguia ficar de pé por muito tempo, não saia para o jardim e ficava trancafiada na mansão. Vomitar se tornara algo constante, porém, ela proibira os elfos de mencionarem aquilo para Draco.
Nas poucas vezes em que sentia-se mais disposta, percorria a mansão até chegar nos aposentos de sua querida afilhada, Isabella. O perfume da jovem ainda impregnava aqueles ambientes da mansão. Podia ouvir o doce riso dela...Era uma onda de alegria que invadia o coração da loira. Alegria, seguida de saudade.
Arrumar a posição dos travesseiros ou dos livros de Isabella, havia se tornado crucial para Narcisa. Era como se ela fosse ver a afilhada adentrar no quarto, pronta para se jogar na cama com um dos livros que Lúcio havia recomendado.
A loira às vezes ficava sentada em uma poltrona, diante da janela que tinha vista para o jardim. Abraçada a um porta-retratos com a foto de Isabella...Assistindo o pôr-do-sol.
A madrugada do dia 30 de agosto foi a gota d’água para Narcisa. Isso porque ela havia conseguido jantar, porém, às duas da manhã, botou tudo para fora, quando vomitara. Sentada no chão do banheiro, recostada na banheira, ela chorava. Sentia-se sozinha. Sentia que estava enfrentando uma doença, mas sozinha. E sentiu medo...
***
Na manhã do dia seguinte, 31 de agosto, Narcisa agradeceu a Merlim por acordar viva. Chegou a pensar que não sobreviveria àquela madrugada...mas sobreviveu. Não que estivesse com sua força física renovada, mas sua força de vontade estava brilhando intensamente, como nunca. Precisava ter coragem para sair de casa, necessitava ir ao médico. Ao menos não sentia náuseas, era somente a costumeira dor de cabeça, que nem estava tão forte assim. Ainda estava suportável.
Arrumou-se lentamente, vestiu uma de suas melhores roupas e desceu para tomar café, a tempo de ver Draco. Estranhou um pouco, sabia que seu filho não costumava se demorar em casa.
- Bom dia, mãe. – disse o loiro, contente por ver a mãe bem melhor do que nos últimos dias.
- Bom dia. Draco, você não deveria estar no Ministério a uma hora dessas? – perguntou a mulher desconfiada, enquanto sentava-se a mesa.
- Estou de folga hoje. – respondeu ele calmamente.
- Desde quando você pode pegar folga no primeiro mês de trabalho?
- Desde que nasci filho de Lúcio Malfoy.
Narcisa forçou um sorriso e começou a se servir. Não comeu muito, como sempre. Apenas o suficiente para poder se manter em pé.
- Vai passar o dia todo em casa? – perguntou a loira.
- Não sei, talvez eu saia e vá te buscar...
- Não quero. – interrompeu Narcisa imediatamente.
Os dois olharam-se nos olhos.
- Tudo bem...eu te espero em casa. – disse Draco, fingindo estar chateado.
- Ora, sei que detesta ir fazer compras comigo ou simplesmente ir me buscar. Poupe-me de seus resmungos.
A loira consultou o relógio.
- Bem, eu vou indo. Não me espere para o almoço. Mas me agradaria tomar chá da tarde com você. – dizia ela enquanto levantava-se.
Narcisa despediu-se de Draco e rumou até o hall da mansão, onde James a aguardava.
- O carro está pronto, senhora. – disse o homem enquanto abria a porta para a mulher.
Os dois saíram da mansão e foram até o jardim, onde o carro estava estacionado. James abriu a porta para Narcisa entrar e em seguida sentou-se no banco do motorista.
- Fará compras naq...
- James, vamos para o st. Mungus. Nada de perguntas. – ordenou Narcisa.
- Sim, senhora...
James ligou o carro, meio trêmulo. St. Mungus? O que a Sra. Malfoy faria lá? Estava doente? Pelo visto, sim. Mas sabia que não era da sua conta, sendo assim, dirigiu em silêncio. E assim foi o percurso todo, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Isso até o motorista estacionar diante da entrada do hospital, que ficava na rua trouxa de Londres. Desceu do carro e ajudou a loira sair do carro.
- Me espere aqui, James. Vou sozinha agora. – disse ela aproximava-se da vitrine de vidro com manequins sem roupas e a atravessava.
Narcisa deparou-se com o enorme saguão de entrada do hospital. Ficou um tempo parada, apenas observando o local. Então rumou diretamente para o consultório de seu médico, que ficava num corredor exclusivo no saguão mesmo. Ele já estava a sua espera quando entrou.
- Bom dia, Sra. Malfoy. – disse o Dr. Sigfreid e beijou as costas da mão direita da mulher.
Ele ajudou-a a sentar-se e em seguida sentou-se novamente, em sua cadeira.
- O que a traz aqui, senhora?
Narcisa respirou fundo e então começou a relatar com detalhes sobre o que andava sentindo. As dores de cabeça, as náuseas, fraquezas nas pernas, mudanças de comportamento...E enquanto falava, notava que aquilo não devia ser bom, já que o homem a sua frente estava demasiadamente sério.
- Isso...lhe diz alguma coisa, doutor? – perguntou ela, preocupada.
- Vou fazer um exame rápido em você...apenas para confirmar minha suspeita... – dizia Sigfried enquanto levantava-se, empunhando sua varinha.
Narcisa sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo quando a ponta da varinha do medi-bruxo encostou em sua têmpora esquerda. E foi encostando em mais alguns pontos de sua cabeça até que, quando tocou no topo, esquentou. O suspiro do homem a perturbou. Observou-o sentar-se em sua cadeira novamente, ansiosa.
- Então...o que é que está havendo comigo? É só uma virose ou...é algo mais sério? – indagou ela.
- Não é uma virose, sra. Malfoy. – respondeu ele, olhando-a nos olhos. – A senhora está com um tumor...Está com câncer cerebral...É um...tumor maligno.
Narcisa parecia feita de gelo naquele momento. Seus olhos, vidrados, estavam perdidos. Era grave então. Iria morrer. Mais cedo ou mais tarde, iria morrer. Digerir aquela notícia, aquela informação, não era fácil. Respirou fundo, puxando forças de seu âmago. Não podia desistir. Era por Lúcio...para não desapontá-lo...Era por Draco, para guiá-lo e prepará-lo um pouco mais para o mundo...Era por Isabella, havia feito-lhe uma promessa e não a quebraria...E era por ela mesma.
- Existe um tratamento...certo? – perguntou ela, engolindo o seco.
- Certamente, e muitos, senhora. Tanto métodos trouxas quanto métodos bruxos. Todos muito eficazes, eu garanto. Podemos ir tentando até acharmos um tratamento que traga resultados bons...Enquanto isso, vamos jogar no escuro, vamos jogar dardos na parede e torcer para que eles fiquem presos. – explicava Sigfired, dando esperança para a loira.
- E remédios? Para aliviar os sintomas? Há poções próprias para isso?
- Sim...Nós vamos fazer alguns exames hoje...Se a senhora quiser, é claro...
- Sim, tenho o dia todo.
- Ótimo, sra. Malfoy.
Enquanto isso, na mansão...
- Pensei que ia desistir de vir. – brincou Draco, enquanto ajudava a esposa a sair da lareira.
- Desculpe...minha mãe ficou implicando comigo, para variar. Mas não vamos falar sobre isso... – disse a ruiva, tirando a fuligem da roupa, com a ajuda do loiro, que ia aproveitando para acariciar o corpo esbelto da jovem.
Draco riu levemente e abraçou-a fortemente. Perdeu-se naqueles olhos de íris castanhas que tanto amava. Ficou observando-a enquanto sentia ser envolvido pelos braços delicados de Gina. Não resistiu e a beijou apaixonadamente. Quando finalmente pararam de se beijar...
- Venha...vou lhe mostrar a mansão...seu futuro lar. – disse o loiro enquanto segurava uma das mãos da esposa e a guiava pela luxuosa mansão.
Estava tudo correndo bem, até que chegaram no corredor da tapeçaria luxuosa da ala oeste. Draco ainda tentou levar Gina para a direção oposta, mas ela estava encarando a porta de vidro com detalhes em relevo.
- O que é ali? – perguntou ela, indo em direção a porta.
- Nada. – mentiu Draco.
- Fale a verdade. O que tem além dessa porta?
- São os aposentos da Isabella. – respondeu o loiro num suspiro. – Querida, vamos, tem outras coisas para ver.
- Quero entrar aí. – disse Virgínia, séria.
- O que...? Mas, para que?
- Quero ver.
Draco resmungou algo que Gina não entendeu e abriu a porta. Os dois, ao passarem pela porta, puderam sentir o perfume da dona dali...podiam sentir a presença dela...A presença de Lestrange.
- Draco...quero que faça amor comigo. – disse Gina, enquanto estavam no quarto de Isabella.
- Claro, minha preciosa...Vamos lá para o meu quar...
- Não, Draco. Quero aqui... – pediu a ruiva, toda dengosa, enquanto jogava-se na espaçosa cama de sua ex-rival.
Aquilo chocou o loiro. Ficou parado, apenas observando a esposa começar a tirar as sandálias vermelhas que calçava e jogá-las no chão. Olhou ao seu redor. Havia fotos ali. Fotos dele com Isabella, dela com seus pais...dela sozinha...Todos o encaravam. “São só fotos...” pensou enquanto aproximava-se da cama...Cama onde fizera de Isabella sua mulher por tantas vezes...Ainda assim, despiu-se e em seguida, tirou o vestido azul e florido de Gina, de modo meio selvagem.
- Está animada, hein... – sussurrou Draco enquanto tocava Virgínia em seu íntimo e ver que estava bem molhado.
- Você nem sabe o quanto... – disse a ruiva, rindo baixinho.
O loiro deitou-se sobre ela, entre suas pernas e passava a beijá-la. Suas mãos percorriam lentamente pelo corpo alvo de sua bela esposa, ateando fogo a sua pele. Mas ele não a fazia delirar somente com suas carícias, não, ele sabia qual era o principal ponto de Gina. Ele conhecia aquele corpo.
- Sei que você ama quando faço isso... – sussurrou ele, fazendo-a ficar deitada de bruços.
Como resposta, vieram gemidos de prazer, pois ele estava mordiscando suavemente e roçando a barba mal feita na região próxima da nuca. Pronto. Bastou aquilo para deixar sua doce Virgínia querer subir pelas paredes. Então se pôs a brincar com ela, torturando-a enquanto não a penetrava, ficava apenas roçando seu membro no clitóris dela.
- Ahhhh Draco...não faz assim... – murmurava Gina entre os gemidos.
O loiro sorriu marotamente e então a penetrou de uma vez só, fazenedo-a contorcer-se embaixo de si. Passou a ponta da língua pelo lóbulo da orelha direita da ruiva, outro ponto fraco, e começou as investidas. Suas mãos estavam apoiadas no colchão, firmes, para que pudesse estocá-la prazerosamente.
Gina estava delirando de prazer. Não era apenas seu marido, mas o ambiente também ajudava naquela loucura. Estavam transando na cama de Isabella! Estava bom demais, e se ela pudesse pegá-los, seria ainda melhor. Mas sabia que ela estava longe. De qualquer forma, estava perfeito daquele jeito. Empinava um pouco o bumbum, instigando-o a ir mais rápido.
Draco fitava fixamente a ruiva. Não era só porque estavam tendo uma relação sexual...mas enquanto que para ela estava perfeito, para ele, era torturante. Sua mente pregava-lhe peças. Os cabelos ruivos cresciam e ficavam negros, levemente ondulados e brilhosos. O corpo ganhava curvas graciosas, os seios mais volumosos...os lábios mais carnudos...os olhos...E de repente via Isabella embaixo de si e não Virgínia. Piscava e lá estava sua querida Gina de volta.
Outra coisa que o torturava...as fotos. Ergueu a cabeça e deparou-se com uma Isabella olhando-o com decepção. Outra foto...a única dele com ela que havia no quarto. Eu seu eu na foto abraçava a jovem, impedindo-a de ver a cena, enquanto fuzilava-o com o olhar.
Não conseguia se concentrar direito daquela forma, sendo assim, voltou a olhar para sua esposa e viu que a estocava devagar.
- Está se segurando amor? – perguntou Gina, de olhos fechados, sorrindo.
- É...
Draco e Gina passaram o resto da manhã ali, no quarto de Isabella, amando um ao outro. Às vezes de forma selvagem, às vezes mais calmos. Ainda assim, se amando. Tomaram uma ducha e vestiram roupões, para almoçarem. No almoço, a ruiva interrogou o marido, querendo saber o por quê que ele andava preocupado.
- É minha mãe...
- O que ela tem? – perguntou e jovem, fingindo estar preocupada.
- Não sei...Está estranha...Mas não vamos falar sobre isso agora...
Draco, ao ver que a ruiva ia continuar a fazer mais perguntas, calou-a com um beijo e levou-a, no colo, para seu quarto...E lá, sem fotografias de Isabella, sem o perfume dela, sem a presença dela...O rapaz concentrou-se apenas em Gina. Dedicou-se apenas para sua doce Virgínia até as duas horas da tarde. E nesse horário, ele achou que era melhor se despedirem.
- Minha mãe vai chegar em duas horas no máximo...Não acho que seja bom um encontro entre nós três agora...Você entende? – perguntou o loiro em voz baixa, quando já estava diante da lareira, que tinha chamas verdes, da sala de estar.
- Eu sei, amor. Entendo. Não se preocupe... – sussurrou GIna, forçando um sorriso.
Porém, Draco estava enganado. Narcisa estava entrando na sala de estar quando ele estava dando um beijo de despedida em sua esposa.
- Espero que tenham aproveitado bem enquanto estive fora. – disse a loira friamente.
Os dois afastaram-se rapidamente, surpresos com a chegada repentina da mulher. Gina encarou sua sogra e, sem nada dizer, partiu de volta para sua casa, via flú, deixando para trás uma mãe raivosa e um filho decidido. Um clima pesado pairava sobre os dois, que permaneciam em silêncio, apenas olhando um para o outro. O silêncio foi quebrado pela loira.
- Como pôde trazer essa....essa...essa...
- Meça suas palavras antes de falar da Virgínia. – dizia Draco, sério.
- ...tratante da Wealsey...
- Ela é uma Malfoy agora!
- ...para nossa casa?!
- Exatamente! NOSSA casa! Trago quem eu quiser, tenho esse direito! – bradou o loiro, ficando nervoso também.
- Você desgraçou nossa família quando se casou com aquela cretina! Ladra! Falsa! Traiçoeira!
- Eu não admito que você fale assim da minha mulher! – berrou Draco, fora de si.
- Você não tem que admitir nada. Falo o que eu bem entender. Se estiver incomodado com isso, a porta da rua é a serventia da casa, sabe disso. – disse Narcisa, em voz baixa, com um tom cortante.
- Não venha querer me expulsar. Sabe muito bem que tenho o direito de posse dessa mansão tanto quanto você...
- E Isabella. – lembrou a loira.
- ...e trago para morar aqui quem eu quiser. E não venha tentar impedir. Já vou logo avisando, Virgínia virá morar comigo quando completar os estudos, sendo assim, espero que pare com esses shows. Acostume-se com isso. É sua única escolha, mãe. – disse Draco secamente e em seguida saiu da sala de estar.
O loiro saiu andando pelos corredores. Cegado de raiva, não sabia nem mesmo para onde estava indo. Não estava controlando seus pés, então...não sabia até onde ele poderia ser levado. Estava muito semelhante a um robô trouxa, agindo mecanicamente. Suas engrenagens estavam trabalhando a mil, permitindo-lhe que pensasse.
“É bom mesmo ela se acostumar...Virgínia VAI vir morar aqui. Ela é minha esposa...e é uma Malfoy. Dei meu sobrenome à ela!” pensava ele, raivoso. Então, quando finalmente parou de andar, deparou-se com a biblioteca principal da mansão. Respirou fundo e fechou a porta atrás de si.
“Ela não vai poder me impedir de trazer minha esposa para cá. Não mesmo.”. O rapaz ficou ali, enfurnado, o resto da tarde. Viu o sol se por da varanda, Observou a noite cair e o céu ficar estrelado. A lua...iluminando com esplendor o belo jardim. “ Está uma linda noite...” pensou enquanto saia da varanda.
Quando Draco retornou, por volta de quinze minutos mais tarde, trazia consigo um telescópio, que flutuava logo a sua frente. Com um gesto da varinha, depositou o objeto com cuidado no chão e, em seguida, guardou sua varinha.
Não que fosse fã de Astronomia, mas, às vezes, contemplar o céu o fazia sentir-se bem. Não que acreditasse que almas vagassem lá em cima...mas podia sentir a presença poderosa de seu pai. Sim...era um alívio para ele sentir que Lúcio ainda estava, de alguma forma, ali...Vigiando Narcisa...cuidando dele...
Em questão de segundos ele conseguiu ajustar o telescópio e logo se pôs a observar as estrelas. Seu olhar vagou “sem rumo” por um tempo. Até que localizou algo que há muitos meses seus olhos cinzentos não contemplavam.
“A estrela Isabella...” pensou enquanto ajustava novamente seu telescópio, para ver melhor. Ela brilhava graciosamente...como sempre brilhara e sempre brilharia, ao menos em sua alma. Suspirou e largou o objeto ali, na varanda. Atravessou a biblioteca com passos ligeiros e silenciosos.
Enquanto caminhava, agora bem mais calmo do que quando deixara sua mãe, pelos corredores, lembrava-se do que ele e Gina haviam feito horas antes. “Foi no quarto dela...Foi na cama dela! Ai Merlim...” pensou enquanto abria a porta de seu quarto.
Não sentia fome alguma. Comer era a última coisa em que pensava fazer agora. Rumou direto para o banheiro. Precisava relaxar...Deixou a água perfumada e morna encher a banheira enquanto se despia. Instantes depois estava de olhos fechados, deitado na banheira, apenas com a cabeça para fora da água. Relaxou...Como se estivesse purificando seu corpo e livrando sua alma de alguns pecados.
Ao sair do banheiro, meia hora depois, ou um pouco mais que isso, estava usando apenas uma cueca, verde-musgo, de seda. Deitou-se em sua cama, ou melhor dizendo, ele jogou-se na cama. Ficou deitada de qualquer jeito. Estava bloqueando sua mente. Não queria pensar em nada mais...Queria apenas dormir...
Enquanto isso...
Narcisa estava sentada na mesa da sala de jantar. Sozinha, já que Draco não havia descido para comer. “Ele não vai querer me encarar tão cedo...Sabe que não vou parar de atormentá-lo em relação a notícia de que aquela cretina da Weasley virá morar aqui.” Pensava ela enquanto afastava seu prato, praticamente intocado.
A voz de seu filho ecoou em sua cabeça. “Ela é uma Malfoy Agora!”. Fechou os olhos e suspirou cansada. “Isabella é tão Malfoy quanto ela...e quanto Draco. E Bella não precisa nem mesmo ter o sobrenome da família...Basta olhá-la e já se reconhece a grandeza e o poder de um verdadeiro Malfoy emanando dela.” Pensou, enquanto levantava-se e ia até a imensa janela.
Ficou ali, parada, com o olhar perdido em algum canto do jardim...Nas laranjeiras...Sorriu suavemente ao recordar-se de quando ouviu sua afilhada tocar violino. Ela tocava do mesmo jeito que Lúcio costumava tocar. “Estava tão linda naquela manhã...”. A imagem da jovem preencheu sua mente. ..Ela estava sentada no banco...a brisa fresca da manhã tocava-lhe a face com suavidade, ao mesmo tempo em que fazia o cabelo negro e sedoso esvoaçar delicadamente.
Lágrimas cristalinas surgiram e passaram a marejar os belíssimos olhos azuis de Narcisa. “Será que vou agüentar três anos? Queria tanto que você estivesse aqui comigo, Isa...Me ajudando...Cuidando de mim...como me prometeu quando era apenas uma menina...”. Foi a vez da voz de sua afilhada ecoar em sua mente... “Vamos dar um jeitinho nisso...”.
- Vou dar um jeitinho...Isa... – sussurrou a loira para si mesma e então afastou-se da janela.
Estava com câncer cerebral...Não havia uma cura certa, mas existia tratamento. Uma cirurgia agora não era necessária, ao menos, não por enquanto. Como o Dr. Sigfreid recomendara, iriam fazer algumas tentativas de tratamentos.
- Começaremos com a quimioterapia...É forte e muito eficiente. Os trouxas também usam esse método, mas com aparelhos eletrônicos...Nós fazemos o tratamento com poções. O que, cá entre nós, é muito melhor e mais seguro. Você deve tomar uma dose da poção e ficar deitada. Iremos fazer exames para estipular a sua dosagem e o tempo de repouso... – disse o médico, na consulta.
De acordo com os exames que fizera naquele mesmo dia, ela deveria ingerir 50 mililitros da poção, por dia, e ficar repousando por duas horas, para que a poção pudesse agir em seu corpo. O ideal seria que ela dormisse, para evitar qualquer problema.
- Vou ser sincero com a senhora. Não é um tratamento fácil. Não mesmo. Principalmente no começo. Vai sentir-se esgotada com muita facilidade. E as dores de cabeça e suas fraquezas podem vir a piorar um pouco, mas dentro de algumas semanas isso pode passar. Do contrário, passamos para outro tratamento.
“Vou tentar...Vou lutar até o fim...ele estando próximo ou longe, vou até o final de cabeça erguida...” pensou, com as esperanças renovadas.
***
Já passava das dez da noite e Gina ainda estava acordada, perambulando por seu quarto. Em algumas horas estaria indo para Hogwarts, cursar seu último ano letivo. Sua mãe costumava arrumar suas roupas e colocá-las no malão com todo cuidado e carinho.
- Só jogou na minha cama... – resmungou ela enquanto arrumava seu malão.
Não estava com um humor muito bom. E quando finalmente viu-se deitada em sua cama, ficou ainda mais irritada: não estava conseguindo dormir. Sua cabeça estava cheia de coisas, mal conseguia analisar cada um de seus pensamentos. Respirou fundo quatro vezes seguidas e começou a “organizar as idéias”.
“Aquela víbora da Narcisa...Vai infernizar minha vida e a de Draco lá naquela mansão....Mas tudo bem, eu vou dar um jeito...Pelo visto, as chances de eu conquistar a confiança dela não existem...só pelo jeito como ela me olhou. E aposto que é fã da vaca da Lestrange. Só me resta uma coisa: me fazer de vítima...E, de fato, não deixo de ser uma. Foi ela quem começou essa briga...Bem que me falavam que sogra é a pior raça do mundo.” Pensou Gina.
Aquele pensamento não ajudou em nada a tentativa frustrada da ruiva de se acalmar. Então...pensou em Draco. Um sorriso apaixonado surgiu em seus lábios rosados. A imagem do loiro acalmou-a em questão de segundos. Afinal, recordou-se das horas maravilhosas que passou com ele.
“A primeira vez que fiz amor com ele na mansão foi com estilo...foi na cama da Lestrange...Vou fazer questão de que ela fique sabendo disso...Ah se vou...” pensou a ruiva.
Depois disso, não demorou mais que cinco minutos para cair num sono profundo e tranqüilo.
***
O dia 1 de setembro amanheceu cinzento. O céu estava nublado e uma chuva fina e gelada caia do lado de fora d’Toca. Assim como do lado de fora, o lado de dentro não estava com um clima animador, alegre. As únicas pessoas que estavam ali eram Gina e a Sra. Weasley. Ambas sentadas à mesa, tomando café da manhã...em silêncio. Silêncio que foi quebrado pela mulher.
- Não quer que eu a acompanhe até a plataforma? – perguntou Molly com um tom de voz neutro.
- Para ir de má vontade, mamãe, é melhor que nem vá. Irá me aborrecer e acabar com o meu dia...e com o seu também. – respondeu a ruiva vagamente.
Depois disso as duas voltaram a ficar em silêncio. Cada uma perdida em seus próprios pensamentos. “Ah...minha doçura...o que foi que aconteceu? Em que momento do nosso caminho você soltou minha mãe e se perdeu em meio a essa floresta escura e tenebrosa para onde correu...junto com o menino Malfoy...?” perguntava-se a Sra. Weasley tristemente.
Gina consultou o relógio.
- Estou indo. Adeus, Molly...Até qualquer dia. – disse a ruiva, novamente com um tom de voz vago, enquanto se levantava da mesa.
Enquanto saia da cozinha, não pôde deixar de ouvir os soluços de sua mãe. Ignorou-os...”Foi você quem escolheu esse caminho...não eu. Um dia, talvez, possamos no perdoar...Até logo, mamãe...” pensou a jovem, indo para a sala. Caminhou até seu malão e segurou-o com firmeza. Fechou os olhos. Naquele momento, muitas lembranças invadiram sua mente. Momentos quem passara com sua família naquela casa. Momentos felizes e completamente mágicos...inesquecíveis.
Sim, estava deixando tudo para trás. Era por Draco. Pelo amor maravilhoso que compartilhavam. Se um dia voltaria a ver aquela casa, não sabia. A única certeza que tinha é de que estava indo embora para ser feliz e seguir o caminho que escolhera...Ao lado de seu marido.
Quando abriu os olhos, deparou-se com a locomotiva vermelha que a levaria para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Havia aparatado e estava na Plataforma 9 ¾ segurando seu malão. Olhou ao seu redor e lá estava o motivo pelo qual deixara sua família e seu lar. Largou seu malão e correu até o loiro. Agarrou-se a ele enquanto lágrimas escorriam por sua face. Estava feito...Finalmente, o momento de deixar seu lar e entes queridos havia chegado e passado...Ela os havia deixado. E, por mais que eles a tivessem tratado mal, doía muito ter que deixá-los.
- Estou aqui...Eu vou sempre estar com você, Virgínia. Estou te prometendo a felicidade eterna e não faltarei com essa promessa. – sussurrou Draco contra o ouvido de sua esposa, enquanto abraçava-a fortemente.
Ele deixou que ela chorasse. A compreendia. Sabia que estava sendo doloroso. Mas ele faria valer a pena. Quando ela deu um passinho para trás, enxugou-lhe as últimas lágrimas e sorriu.
- Eu estou muito orgulhoso de você. – disse o loiro.
- Obrigada, Draco.
Em seguida, os dois voltaram a se aproximarem e se beijaram demorada e apaixonadamente. Quando pararam...
- Vai me visitar todas as vezes que eu for para Hogsmeade, não é? – indagou a ruiva.
- E nos seus sonhos também. – murmurou o rapaz.
Ouviram o apito do trem soar pela plataforma, avisando que estava partindo para seu destino: Estação de Hogsmeade.
- Eu te amo... – disse Gina, entre o beijo rápido que dava em seu marido.
- Eu te amo muito.
Draco apanhou o malão da jovem e ajudou-a a embarcar. A ruiva, após se acomodar em uma cabine vazia, colocou a mão para fora da janela. Sentiu os lábios do loiro depositarem um beijo cálido nas costas de sua mão. Então, recolheu sua mão e ficou olhando seu marido diminuir conforme o trem ganhava velocidade.
“Nos encontraremos em breve, meu amor.” Pensou o rapaz, observando o trem sumir através de uma curva. Abaixou a cabeça e suspirou. Não se demorou muito mais na plataforma...aparatou.
N/A: E ai galera? Tudo bem? Ah...até que não demorei muito para postar né? Era para eu ter postado na sexta, mas fiquei sem pc e não tive meios para acessar a Internet...Fico feliz por estarem gostando da Fic ^^. Tio Angel agradece a todos hehehe
Beijos para a bonekinha da Pa, a fofa da Mari, a lindíssima da Alessandra, a princesa da Re que eu amo demais também ^^, e a gatinha da Miaka. Obrigado minhas meninas perfeitas. Adorei todos os comentários.
Abraço pro Thiago e pro Paulinho, valeu por comentarem. Gostei pakas dos coments.
Acessem o blog da fic: www.sentimentos-inesqueciveis.zip.net
Valeu e até o próximo cap
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