Capítulo VI
Noite e dia se completam.
O nosso amor e ódio eterno.
Eu te imagino, eu te conserto.
Eu faço a cena que eu quiser.
-- Sem data comemorativa, nem nada? – Lena riu, comendo mais uma bolacha. – Me parece obvio que isso é obra de nosso Tiago.
Lílian mordeu o lábio, preocupada e ao mesmo tempo feliz. Era intervalo entre as aulas, o horário em que todos eles tinham um horário milagroso livre. O dia ia quase chegando ao final e Lílian, Lena e Jane estavam na sala comunal, discutindo o buquê de flores.
-- E, é maravilhoso! – exclamou Lena, pulando no sofá e rindo. – Imagine só, Lils. Você nunca ganhou nada assim. Alias. – completou ela pensativa e cruzando as pernas em índio. – Nenhuma de nós nunca ganhará. Eu se fosse você não largava mais aquele homem.
Lílian riu, mais porque sabia que ela tinha razão do que pela piada.
-- Lily, ele te deu aquelas flores maravilhosas – comentou Jane, os olhos brilhando a menção das flores que agora enfeitavam o dormitório. – Simplesmente pra você ter um dia florido.
As três sorriram, sonhadoras.
-- E se não for de Potter?
Lena encarou a amiga, entre debochada e instigante.
-- E você, por acaso, tem alguma duvida? Isso é coisa dele, você sabe como ele é com você. Absolutamente insano. E, -- começou ela, antes que Lílian interrompesse com novas duvidas. – Por Deus, conhecemos aquela letra há sete anos. É a letra dele.
Lílian ia contestar novamente quando Lena e Jane ergueram-se abruptamente.
-- Esse é o horário livre de Remo, e prometi ficar com ele. – explicou Jane.
Lílian encarou-a, severa.
-- Vai perder a aula, Jane?
-- É só uma, mãe. – brincou Jane, beijando a face da amiga e abraçando-a levemente.
As duas observaram a cabeça loira de Jane deixar a sala sob o buraco do retrato.
-- Ela fica muito abatida quando chega essa porcaria de noite de Lua Cheia. – comentou Lena, como se em transe. Então, despertou e comentou com a amiga, alegre: -- Bom, eu vou para minhas aulas.
Agora, cada um deles tinha aulas em horários diferentes, conforme tinham sido aprovados nos N.O.M.S e conforme a carreira que gostariam de seguir. Mas mesmo assim, algumas aulas necessárias para os dois cursos, os amigos e amigas acabavam fazendo juntos.
-- Antes que você comece a contestar... – riu Lena. – Por que não pergunta logo pra ele? – ela sorriu de novo e desapareceu sob o retrato, segundos depois de Jane.
Lílian soltou o ar dos pulmões com força e deixou-se cair novamente no sofá, largada. Lena fazia tudo parecer fácil, fácil demais. E não era assim. Agora, o sol que se punha anunciava que essa seria a sua ultima aula do dia. E que dia! Ela tentara prestar atenção nas aulas, mas sua concentração sempre era desviada pelas flores que ela nem tinha certeza de lhe dera.
Ela analisou os alunos presentes, todos do quarto ano para baixo. Bons anos em Hogwarts, sem exames preocupantes. Então, se corrigiu. Aquilo não era nem de longe os bons tempos que costumavam ser. Agora, com Voldemort solto tudo parecia perigoso, até mesmo caminhar nos jardins. Então, de repente ela sentiu raiva borbulhar dentro dela, raiva daquele homem e do que ele estava fazendo.
Mas antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, o retrato abriu-se dando passagem a risadas que não pareciam se preocupar em ser altas.
-- Bom, de qualquer forma espero que ele não nos mate... – comentava a voz animada e conhecida.
Ela encarou Tiago Potter e Sirius Black quando eles emergiram na sala, perguntando-se levemente sobre o que eles estavam conversando. Ela observou Sirius distribuir tapinhas nos ombros do amigo, e desaparecer dormitório acima. Sentiu seu coração disparar quando Tiago aproximou-se lentamente, sua sensualidade não tão sutil movendo-se junto com ele.
Ela fez alguns gestos com a varinha e prendeu seu cabelo num maravilhoso rabo de cavalo alto e esticado. Tiago sorriu.
-- Você não pode ser boa em tudo.
Ela franziu as sobrancelhas, confusa. E ele explicou.
-- Você faz todos os feitiços e poções com perfeição. Você é muito boa. – ela riu e ele continuou, feliz. – Qual seu calcanhar-de-aquiles?
Lílian encarou-o nos olhos, fingindo superioridade brincalhona.
-- Não tenho um. Sou realmente muito boa. – ela piscou um olho e ele riu. – E você? Qual é seu ponto fraco?
-- Sou alvo fácil de ruivas más.
Lílian encarou-o erguendo as sobrancelhas, e riu junto com ele.
Ele jogou-se no sofá, e permaneceu largado da mesma maneira que ela. Ele assoviou algumas canções e encarou os retratos por alguns instantes, então se virou para ela, sorrindo.
-- Gostou das flores, ruiva?
Lílian Evans perdeu a fala por alguns segundos. Ali estava a conformação de que as flores realmente foram enviadas por ele. Ela sentiu um sorriso se aproximando, e não lutou contra.
Tiago observou maravilhado o sorriso inundar o lindo rosto dela, que estava totalmente amostra devido aos cabelos presos. Ele sentiu um impulso de contar as sardinhas em seu nariz e em suas maças do rosto. Quando ela sorria assim, revelava a criança risonha que existia dentro dela, dentro daquela casca dura, quase impenetrável, mas que ele, por fim sentia estar conseguindo adentrar. De repente sentiu uma absurda necessidade de abraçá-la.
-- Elas foram a melhor coisa que eu já ganhei.
Ele sorriu e eriçou os cabelos.
-- Está claro que você precisa de alguém que te de mais coisas.
Ela encarou-o, sem saber ao certo se ele falava sério, ou brincava. E então riu, porque com Tiago era assim, nunca dava pra saber quando as coisas eram serias e quando as coisas eram de brincadeira.
-- Você sempre acha que tudo é uma grande piada?
Ele piscou um olho por trás das lentes.
-- Só as coisas importantes.
Ela observou-o, levemente admirada. Provavelmente por isso era tão fácil viver bem na companhia do maroto. Coisa que ela estava começando a perceber naquele seu ultimo ano ali, a sensação de que logo isso acabaria fez seu estomago embrulhar-se terrivelmente.
Então ela percebeu que não tinha o que falar. Mordeu o lábio e desviou o olhar, parecendo irritantemente irresistível assim tão nervosa. Mas, foi salva pelo gongo. No mesmo momento, Remo e Jane entraram rindo na sala.
-- Ah! – exclamou ele, erguendo as sobrancelhas no rosto pálido. – Ora, me desculpem. Vejo que não foi um momento muito preciso.
-- Nunca é, Aluado. – disse Tiago, mas para a surpresa da ruiva a voz dele saiu num tom divertido e brincalhão, e não arrogante como qualquer um esperaria.
Lílian Evans afundou mais no sofá, suspirando discretamente e encarando o moreno ao seu lado pelo canto dos olhos.
Ah, alguma coisa tinha que estar errada com ela.
________________________________________________________________________________
A noite chegou com a mesma rapidez que sempre acontecia nas noites de Lua Cheia. No raiar do sol restante, que já ia se pondo com pressa, a sala comunal da Grifinória estava cheia.
Os três Marotos estavam sentados a um canto, miraculosamente silenciosos, conversando baixinho e neuroticamente, como sempre acontecia naquelas noites.
-- Pelo amor de Merlin! – suspirou Remo, cuja pouca cor presente em seu rosto se evaporara nos últimos minutos. – Não vão, hoje. Por favor. Hoje em dia os tempos estão perigosos... – ele passou a mão pelo rosto, cansado. Todas as noites em que eles faziam aquilo, ele insistia e a essa altura do campeonato, sabia que não daria em nada.
-- Só temos um problema, Aluado. – comentou Sirius, cujos olhos estavam fixos no canto distante da sala, em Lena, que ria mexendo nas poucas mechas soltas do cabelo cor de chocolate. – Nós nunca vamos te abandonar, ainda não captou isso? Você costumava ser mais inteligente nos anos passados...
Potter, ao reparar que seu amigo encontrava-se em estado de hipnose, revirou os olhos e aproximou-se do ouvido do garoto até estar a poucos centímetros dele, então berrou a plenos pulmões.
-- SIRIUS ANTHONY BLACK!
Não só Sirius, como também toda a sala comunal, olhou feio para Tiago.
-- Tiago, meu caro. Não tenho certeza se você já chegou a perceber, mas por acaso eu não sou surdo. – antes que o amigo interrompesse, ele continuou: -- E você sabe o quando eu odeio essa porcaria de nome pomposo.
-- Parece que quando você olha para Lena você tem algum desvio cerebral, que inclui afasia. (N/A: Termo médico, é a completa incapacidade de falar ou de entender linguagem escrita e falada.)
Lena, que ouvira tudo e prestava atenção atentamente, assim como toda a sala, corou de leve e virou a cabeça para suas amigas novamente.
Sirius revirou os olhos, desgostoso.
-- Viu só o que você fez? Estávamos estabelecendo contato visual!
Remo e Tiago não puderam deixar de rir do comentário.
Quando a sala comunal pareceu retornar as conversas animadas, e todos pareceram esquecer o pequeno drama feito ali, Madame Pomfrey entrou pelo buraco do retrato, com suas roupas brancas de curandeira, que Lílian tanto admirava.
Para evitar perguntas de todos, ela precisou apenas encostar de leve o olha em Remo e Jane, que os dois logo se levantaram e caminharam até o buraco do retrato, com Sirius berrando muito discretamente um “VEJO VOCÊ DEPOIS, REMOZINHO!”.
-- Me parece claro que Jane também é uma. – comentou Tiago, com seus aguçados sentidos de apanhador gritando.
Sirius deu de ombros.
-- Acho provável. Assim teria motivo pro Aluado não continuar com a ladainha de “Oh, eu não posso!”. – ele sorriu. – Jane deve ir para casa durante a transformação.
-- E nós, precisamos nos mexer logo. – completou Tiago, espreguiçando-se e bocejando apenas uma vez.
Sirius concordou com um aceno de cabeça, o tempo que eles deveriam dar para Remo era o tempo de ele entrar na Casa dos Gritos e de Madame Pomfrey afastar-se dali para refugiar-se em seu escritório.
Eles submergiram do dormitório masculino do ultimo ano e rumaram para a cama de Tiago, a segunda ao lado da janela (a de Sirius era a primeira num consenso que eles chegaram no terceiro ano, tendo em vista que Sirius fora tão sufocado pela família, ele deveria dormir ao lado da janela, para que se pudesse se sentir mais livre.) Com um pontapé,Tiago abriu o malão no chão, e pegou o Mapa do Maroto. Sirius observou-o analisar atentamente e checar que Remo já estava em segurança lá dentro.
Ah!... Aquele mapa fora outra de suas travessuras e esforços próprios, mas isso é historia pra outra hora.
Então, Tiago puxou a maravilhosa capa feita de um tecido luzidio, prateado, que se assemelhava com uma seda, mas aprecia ainda mais fina. De fato, a capa dava a impressão que se rasgaria a qualquer segundo. Mas eles sabiam que não, por algum motivo que eles desconheciam, aquela capa era fantástica e única, diferente das demais.
Eles sumiram debaixo da Capa de Invisibilidade e sob sua proteção, rumaram para a escada do dormitório, enfrentando problemas para encaixar as duas costas então largas, na estrita escada.
-- Pelo amor de deus! – exclamou Sirius, empurrando Tiago com o cotovelo. – Juro que gostava mais de você quando você tinha aquele corpinho de frango.
Tiago resmungou algo inaudível, mas riu. A verdade é que ele havia mudado mesmo nos últimos anos.
-- Vá mais para lá, por Merlin.
-- Não dá. – revirou Sirius. – Estou esmagado!
-- Ah, pelo amor. Usemos o cérebro. – bufou Tiago. – Vire de costas, Almofada.
Os dois apoiaram costas com costas, facilitando a passagem e deslizando sala comunal adentro. Ao passar pelas garotas, que estavam agora no meio do corredor de passagem e já de pé, Sirius deslizou a mão pela cintura de Lena, que imediatamente virou-se, levemente surpresa.
-- O que aconteceu, Len? – eles ouviram Lílian perguntar, franzindo a testa.
-- Eu pensei que... ah... ei, você viu Sirius por aí?
Sirius sorriu, enquanto agarrava Tiago pela capa negra, impedindo-o de andar para que ele pudesse ouvir mais um pouco da conversa. Era uma cena que seria considerada cômica, um segurando o outro, que por sua vez se debatia silenciosamente. Sirius suspirou de leve, ela conhecia seu toque.
Lílian revirou os olhos, brincalhona.
-- Não vive um minuto sem!
Lena riu de leve.
-- É que eu achei que ele... bem, esqueça... devo estar ficando doida.
Sirius sorriu novamente, satisfeito e finalmente soltando Tiago que lutava com a capa para ir embora. Ele lançou-lhe um olhar feio por trás das lentes dos óculos. Um dos olhares expressivos de Tiago Potter. Tão expressivos de fato, que sempre nunca precisavam de palavras.
-- Finalmente. – ele ouviu o amigo murmurar quando saíram da Torre da Grifinória e seguiam pelo castelo, por precaução ainda cobertos.
Quando chegaram as escadas de pedra e desceram para o jardim, a noite estava fria e a lua cheia já reinava no céu aberto. Os amigos aproximaram-se do Salgueiro Lutador.
-- É isso aí, cá estamos. – comentou Sirius, encarando a arvore com respeito digno. – E agora?
-- Não faço idéia. – Tiago coçou o queixo e agarrou a capa, guardando-a no bolso das vestes.
O fato era que nos anos anteriores, fora Pedro Pettigrew que em forma animada de rato, deslizava pelo chão sem atrair a atenção da arvore e acionava a raiz que a imobilizava.
-- Vamos tentar. – exclamou Tiago, achando que aquela seria a única opção. – Juntos.
-- Você está louco?! Pelo amor de Merlin, você sabe como essa arvore é.
-- Não seja covarde.
Pronto. Ele falara a palavra mágica. Sirius tinha horror a covardia. Sua família toda era ridiculamente covarde. Tiago observou o amigo encher o peito de ar, passar a mão pelos cabelos e dizer:
-- No três. – ele lançou um olhar para o amigo e iniciou a contagem. – Um... dois... três!
Os marotos aproximaram-se correndo, o maximo que podiam, desviando-se de alguns galhos que o Salgueiro lançava para cima deles. Tiago, com seus reflexos perfeitos, saltava e se desviava com perfeição. Até que o Salgueiro acertou o abdômen dos dois, que foram jogados para longe.
-- Ai! – exclamou Sirius, ainda no chão enquanto analisava o rasgo de sua camisa na altura do abdômen.
-- Eu estava quase conseguindo. – reclamou Tiago, erguendo-se.
-- Claro. Excelente idéia, Pontas. – Sirius disse, revirando os olhos enquanto Tiago estendia a mão para ajudá-lo a erguer-se.
-- Bem, foi uma idéia não é mesmo? – sorriu Tiago, sempre otimista.
Ele pensou por alguns instantes.
-- Certo, Sirius. Tente você, arrastar-se até a raiz como Pedro costumava fazer.
-- Não! – o maroto pareceu indignado. – Já cai uma vez. Por que você não vai?
-- Como cachorro, seu imbecil!
-- Ah, sim. – comentou Sirius, o sarcasmo brilhando nos olhos. Ele sempre tinha uma resposta. – Esqueci que você não pode, porque tem chifres. – e rindo, transformou-se num enorme e ameaçador cachorro negro.
Tiago observou o cão rastejar o mais rápido e rasteiro que pôde, enquanto emitia alguns ganidos típicos, até a raiz. Pressionou-a com a pata.
Ele transformou-se novamente em homem, com os braços erguidos.
-- Parabéns!
-- Que? – Tiago pareceu confuso.
-- Você pensou!
Potter riu.
-- Mente brilhante, idéias brilhantes, meu caro Almofadinhas.
Sirius revirou os olhos, arrogante.
-- Bem, vamos?
-- É claro! O que você está esperan...
Mas Tiago não pôde terminar a frase, foi jogado para longe por uma criatura monstruosa que irrompeu de dentro da passagem.
-- DA PROXIMA VEZ, TENTA NÃO DEIXAR ABERTA! – berrou Tiago, deitado no chão onde foi atirado.
Sirius transformou-se em cão enquanto Tiago sentava e analisava sua camisa rasgada no tórax e o corte profundo que sangrava copiosamente. Murmurou um ”droga!” enquanto tratava de transformar-se em cervo e correr para ajudar Sirius que tentava controlar Remo, em forma de Lobisomem.
________________________________________________________________________________
Lena Marlinson revirava-se na cama, agoniada.
Ouvia a respiração ressonante das garotas com que partilhava o dormitório, avisando que ela era a única acordada.
Nunca tivera insônia, de fato sempre dormira bem demais, e não sabia dizer o porquê disso. Talvez fosse simplesmente à falta de sono e a vontade de respirar um ar puro. Graças a isso, não mediu esforços ao ergueu-se de um pulo e colocar seu robe de seda.
Mesmo sabendo que era errado e até perigoso, daria uma volta pelo castelo. Afinal, se fazia bem a ela, que mal tinha?
Dez minutos mais tarde ela andava pelo castelo analisando as sombras difusas que a luz cheia fazia nos retratos, nem ao menos sabia onde estava indo. Depois de sete anos ali, seus pés a guiavam sozinhos.
________________________________________________________________________________
Tiago, recém transformado em cervo, ao correr ao encontro do cão negro que brigava para controlar o lobisomem, ouviu um grito horrorizado. Imediatamente virou-se para ver quem era.
Seus olhos encontraram uma morena de cabelos trançados. Lena.
Então, o lobisomem como se percebendo a presença dele, correu em sua direção, animalesco. E antes mesmo que o cervo pudesse pensar em fazer qualquer movimento, o cão passou em disparada por ele, colocando-se na frente da garota.
Lena observou aterrorizada enquanto um enorme cachorro negro rosnava para o lobisomem, que imediatamente decidiu ficar com o cervo. Tremendo, observou quando o cão virou-se para encará-la.
Alguma coisa mexeu em seu estomago quando ela encontrou os olhos negros dele. Puxando o robe fino para mais perto do corpo, tentando aquecer-se, ela chegou mais próxima dele.
-- Sirius...? – questionou, insegura enquanto acariciava sua enorme cabeça peluda.
Com a boca, ela observou o cão puxar seu robe. Delicadamente, como se para não rasgar. Com o focinho, ele indicou o castelo. Lena assentiu, mostrando que entendia e comentou em voz baixa:
-- Eu sabia que era você na sala comunal.
Sirius observou enquanto ela voltava. Sorriu por dentro enquanto voltava para ajudar Tiago a controlar Remo.
________________________________________________________________________________
Tiago e Sirius resistiram bravamente, mas daquela vez aos olhos de Tiago, Remo levava vantagem. Ele não sabia se era por estarem cansados, mas sentiu forte o golpe na cabeça que recebeu.
A ultima coisa que viu, foi a sombra difusa do lobisomem parecendo render-se e voltar para dentro do Salgueiro. Então, tudo ficou escuro.
________________________________________________________________________________
Quando ele voltou a abrir os olhos, viu tudo angustiantemente embaçado.
Que diabos aconteceu?, pensou enquanto apalpava a mesinha de cabeceira ao seu lado, em busca dos óculos. Quando o colocou, viu-se na Ala Hospitalar. Uma mulher com rosto bondoso, mas predestinado estava ao seu lado, mexendo nas gavetas.
-- O que aconteceu, Madame Pomfrey?
-- Ao que parece vocês foram encontrados no chão, perto do Salgueiro Lutador. – ela franziu os lábios, demonstrando descontentamento. – Dumbledore acha que foi ataque de Comensais da Morte, que os enfeitiçaram para que deixassem suas camas. – uma pausa, e um suspiro. – Mas, conhecendo vocês... eu sei que ele mentiu.
Tiago franziu a testa, sem deixar de sorrir, e lembrou-se de Remo. Suspirou, perguntando-se mentalmente como estaria o amigo e se ele estaria em algum lugar ali na enfermaria. Virou o rosto, e Sirius encontrava-se encarando a janela, levava toda a barriga enfaixada.
Ele inspecionou levemente o próprio corpo, e viu que o peito e o ombro estavam devidamente enfaixados e mostravam manchas de sangue em algumas pequenas partes do curativo. Foi quando Pomfrey jogou uma poção rosa com péssimo gosto em sua boca, murmurando um “Você vai se sentir melhor.”
-- Psiu! – Tiago tentava chamar a atenção do amigo.
Sirius encarou-o, abrindo um sorriso.
-- Olá Pontas!
-- Escuta, Sirius. – começou ele, sem dar atenção à animação do amigo. -- Você acha que eu consigo me recuperar até o jogo? É depois de amanha!
Black revirou os olhos.
-- Ah, eu estou bem, obrigado.
Tiago sorriu, os olhos brilhantes, mas antes que pudesse completar qualquer coisa, a porta de carvalho, dupla, abriu-se com estrondo. Dando vista a uma cabeleira ruiva.
-- TIAGO!
O maroto sorriu ainda mais enquanto via simplesmente Lílian Evans correr até ele, com os olhos verdes atormentados de preocupação.
-- Oh, meu Deus! – ela levou à mão a boca ao ver o peito enfaixado do garoto. – Você está bem? O que aconteceu?
Como não queria responder a ultima pergunta, fingiu não ouvi-lá. Enquanto sentia o ombro reclamar, sorriu de leve para o rosto delicado.
-- Já estive melhor. -- ele observou o queixo da garota tremer. – Mas vou sobreviver, ruiva.
-- Perdoe interromper os dois pombinhos, mas... – Sirius sorriu, mexendo nos cabelos. – Onde está Lena, Lily?
-- Ah, sim! Ela ia com Amos até a aula de DCAT. Pediu que eu, por Merlin, te mandasse um beijo.
-- O que?? – exclamou Sirius, arregalando os olhos e sentando-se rapidamente. – Ela está com Diggory??
Madame Pomfrey pareceu horrorizada e apareceu correndo.
-- Black! Deite-se ou eu não os libero até Dezembro!
-- NÃO! – exclamaram Sirius e Tiago ao mesmo tempo, o que fez a mulher erguer as sobrancelhas.
-- Hogsmeade! – explicou Sirius.
-- Quadribol! – replicou Tiago.
A enfermeira revirou os olhos, afastando-se. Os olhos de Lílian revelavam uma fagulha de diversão.
-- Não se preocupe, Sirius. Você sabe como Lena é amiga de todo mundo.
Sirius soltou um som desgostoso. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa a porta abriu-se novamente, dando espaço para Remo, branco e fraco seguido de Dumbledore.
Lupin murmurou um oi confuso aos amigos e deitou-se quieto na cama do outro lado do corredor, enquanto a curandeira lhe oferecia diversas poções.
Dumbledore aproximou-se da cama dos dois devagar, e sorriu ao constatar que Lílian Evans estava sentada na beirada da cama de Tiago Potter. Os dois soavam bem juntos.
-- Ah! – exclamou Lílian, ao notar o olhar do diretor sobre ela. – Me desculpe, vou saindo...
-- Srta. Evans, tenha um bom dia.
-- Ah! – Lílian corou furiosamente por baixo das madeixas acaju. – Ao senhor também.
Os três observaram em silencio enquanto Lílian saia da sala imensa, e então com muita calma, Dumbledore dirigiu-se a Pomfrey.
-- Papoula, será que a senhora poderia deixar o Sr.Lupin aí por alguns instantes? Preciso dar uma palavrinha com eles.
A enfermeira assentiu, levemente curiosa. E deixou a Ala, indo em direção a sua sala no fim do corredor.
Uma pausa, até que Dumbledore suspirou pensativamente e juntou as mãos.
-- Muito bem... – ele virou-se para Tiago e Sirius. – Quero que saibam que eu sei muito bem o que vocês fizeram nessa noite. E eu não vou procurar saber se vocês já a fizeram antes, porque meu palpite é de que já. E, como de costume, meus palpites são os melhores.
Tiago fez menção de interrompê-lo, mas o diretor ergueu a mão em sinal de espera. Então, virou-se para Remo.
-- Saiba, Sr. Lupin. Que eu, de forma nenhuma, o culpo. Até porque conheço o espírito digamos, traquinas... que os senhores Potter e Black carregam.
Remo sorriu fracamente.
-- Mas devi pedir e alertar... – continuou Dumbledore. – Que não façam mais isso. Sei que é difícil deixar o amigo nessas horas, mas é pela própria segurança de todos. – seus olhos azuis brilharam por trás das lentes dos oclinhos de meia-lua. – E, por Merlin, não pretendo nem pensar em cogitar a possibilidade de que os senhores já tenham feito isso antes. – Siirus e Tiago riram de leve. – Prometam de que não voltaram a fazê-lo.
Tiago e Sirius hesitaram, relutantes em mentir para o velho e bom Dumbledore. Então, devagar, assentiram com um movimento de cabeça.
-- Professor.. – Lupin interrompeu o silencio. – Desculpe perguntar, mas o que aconteceu?
-- Ora, sim! Naturalmente o senhor não sabe. Peço desculpas. – uma pausa, enquanto o diretor mediu o garoto, avaliando-o. – Seus amigos foram atrás de você esta noite, e pelo que me pareceu, vocês travaram uma batalha que me pareceu uma luta e tanto.
Remo ficou alguns segundos em silencio, as sobrancelhas franzidas levemente. Então, após aquele silencio impessoal, ele sussurrou levemente rouco:
-- Professor Dumbledore? Quando Jane volta?
Dumbledore, que ia em direção a porta, parou no meio do caminho e virou-se, sorrindo levemente para Lupin.
-- Daqui a aproximadamente três dias. Sugiro que os senhores descansem um pouco. – seus olhos brilharam carinhosos para os três, e então ele virou-se e deixou a enfermaria.
________________________________________________________________________________
Nota da Autora:
Uma mini nota, por assim dizer. Bom, comunicados:
Minhas aulas recomeçaram. O que significa sobrecarga enorme, tempo escasso, correria. Tudo para o vestibular da vida.
Mas isso significa menos tempo para escrever =(
O que leva a capítulos irritantemente mal-construidos e demorados. Não gostei desse, se salva a parte T/L do começo. Mas o próximo será melhor. Prometo dedicar tudo o que resta do meu tempo para fazer a fic render.
Pessoal, estou morrendo de sono e não vai dar pra responder aos comentários hoje. Mas no próximo eu tento. Alias, obrigada a quem tem dado sua opinião. =) e um beijo para minhas meninas.
Ah, quase ia me esquecendo, a musica em questão lá em cima, que mostra explicitamente tão bem a relação T/L NÃO é aquele pagode terrível que Jeito Moleque, ou sei lá que horror regravou. É a Só pro meu prazer. versão original, o que significa que é cantada pelos Heróis da Resistência. uma bandinha dessas de pop gostosinho, bem antiguinhas, sabe?
Quem gosta dessa musica nesse ritmo de pagode terrível, não percam a oportunidade de baixar a versão desses caras! =)
É só. Beijos e
Stay beautiful.
P.
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!