A Floresta Proibida





DISCLAIMER: Não é meu! É tudo da J. K. Rowling.

AVISO: Esta história se passa no futuro e contém spoilers do livro 6! Esteja avisado/a!

BETA READER: BastetAzazis - muito obrigada!

A/N: Capítulo Oito, já? :0) Alguém substitui Lupin durante a lua cheia e tem alguma coisa acontecendo na Floresta Proibida. E agora? Vamos descobrir…



Capítulo 8: A Floresta Proibida

Hermione Aparatou de seu apartamento quando o final da manhã se aproximava. Queria passar em seu escritório antes de encontrar Harry e Gina para o almoço, pois ainda tinha que buscar alguns dados na universidade Trouxa onde trabalhava como professora e pesquisadora. Mesmo aos sábados, os jardins do campus estavam cheios de jovens estudantes aproveitando o dia de sol, lendo, brincando ou simplesmente passando o tempo.

Ela cruzou os jardins saindo do lugar escondido que usava para Aparatar e entrou no Departamento de Química, dirigindo-se ao seu laboratório. A imagem dos estudantes embaixo das árvores a fez lembrar-se dos finais de semana em Hogwarts. Ela sempre gostou da atmosfera do castelo, especialmente dos jardins – o lago, as árvores, os canteiros de flores.

Andou pelos corredores da universidade, mas sua cabeça estava nos corredores do castelo onde vivera por quase sete anos, e em Nathan também. Ela recebera uma carta dele naquela manhã, e novamente o tópico principal era Severo Snape. Estava começando a ficar preocupada com o interresse de Nathan em Severo. Claro que suas intenções eram que Nathan não odiasse seu pai, mas ela nunca imaginara que Nathan fosse ficar tão... tão obcecado por ele. Essa era a palavra: obcecado.

Nathan sempre foi devotado a tudo que se propunha a fazer. Sua matéria preferida enquanto ainda estudava na escola Trouxa era química, então era simplesmente lógico que ele fosse gostar tanto assim de Poções. Ele costumava ajudar Hermione a preparar algumas poções simples em casa, e desde então ela podia ver que Nathan era talentoso nesta arte. Talvez fosse só isso: uma aptidão para Poções.

Sua mente voltou-se para a coleta de dados quando chegou ao laboratório. Tomou algumas notas, aumentou a pressão do hidrogênio no complexo sistema na bancada, e quando estava certa de que tudo estava bem, deixou o prédio para Aparatar novamente. Agora estava na hora de encontrar seus amigos.

Chegando ao quintal do largo Grimmauld, número doze, Hermione encontrou a jovem Lílian em sua vassoura. – Oi Lílian. Vejo que está praticando suas manobras de quadribol. Muito bom! – exaltou.

– Obrigada, Tia Mione – a menina gritou de sua posição no céu.

Hermione entrou na casa pela porta da cozinha e encontrou Gina, que a recebeu com um abraço. – Hermione! Que bom que já chegou!

– Oi Gina. Estou um pouco adiantada, eu sei. Tive que passar na universidade antes de vir para cá e acho que superestimei o tempo que gastaria lá. O Harry já está em casa? – Hermione perguntou.

– Já, ele acabou de chegar. Está com Rony na sala – Gina informou e, depois de dar algumas instruções ao Dobby, conduziu Hermione para fora da cozinha para encontrar Harry e seu irmão.

As mulheres entraram na sala e foram recebidas entusiasticamente pelos homens. – Ei Mione! Pensei que não veria o dia em que nos visitaria novamente – Rony disse, abraçando-a.

Harry veio em seguida. – Ela virá com mais freqüência agora que o Nathan está no mundo bruxo, não é mesmo Mione? – disse, abraçando-a também.

Sentaram-se no sofá e em cadeiras perto da lareira e Hermione respondeu – Provavelmente você esteja certo, Harry. Agora que o Nathan está em Hogwarts, acho que deveria me envolver mais com o mundo bruxo novamente.

– Ótimo, porque estava justamente convencendo o Harry aqui a ir assistir minha próxima partida de quadribol – Rony disse, e a conversa animada encheu a sala até que Dobby anunciou que o almoço estava pronto.

Hermione ajudou Gina com as crianças e logo todos estavam comendo na cozinha. Falavam sobre as muitas atividades em que estavam envolvidos até que Harry comentou sobre o caso de uma poção contaminada em que havia trabalhado na semana passada. Isso trouxe o tópico do odiado mestre de Poções para a conversa. – Tem certeza que o Snape não estava envolvido? – Rony provocou Harry, que o encarou.

– Ele estava entre os meus suspeitos – Harry respondeu com um sorriso malicioso e todos começaram a rir, menos Hermione.

– Falando no Snape, como o Nathan passou na detenção dele? – Rony perguntou a Hermione.

– Que detenção? – ela perguntou de volta.

– Opa! Acho que você acabou de deixar o Nathan encrencado, Rony – Harry disse.

– Que detenção? – perguntou Hermione novamente, olhando alternadamente para os dois.

– Bem… - hesitou Rony e então acrescentou sob o olhar fatal de Hermione – Nathan teve uma detenção com o Snape. Pensei que você sabia.

– Quando? Por quê? – Hermione continuou perguntando, agora muito irritada com Nathan, o mestre de Poções, e os dois homens à mesa também. – Como vocês sabem disso e eu não? – perguntou, agora com uma expressão aflita. Por que o Nathan esconderia isso de mim? O que mais ele está escondendo? Sua mente ficou cheia de dúvidas.

– Calma, Mione. Não deve ser nada parecido com os motivos pelos quais nós recebíamos detenções, tenho certeza. Só descobrimos porque o Nathan nos enviou uma coruja perguntando como eram as detenções do Snape. Já faz um tempo agora, então se acalme – Harry assegurou-a.

– Quando? – Hermione perguntou de novo, em um tom de voz mais controlado dessa vez.

– Na segunda semana – Rony respondeu, sem pensar duas vezes.

– O quê? – exclamou Hermione, perdendo o pouco controle que conseguira antes. – Ele já se meteu em encrenca depois de apenas uma semana lá! O que diabos ele fez? – estava quase gritando devido sua indignação e raiva agora.

– Acalme-se Hermione – Harry tentou de novo, olhando feio para o Rony.

– Está exagerando, Mione. Teve um ano que Harry e eu tivemos detenção em nossa primeira semana – se você lembra do incidente do carro voador – e nunca fomos expulsos – Rony disse por entre garfadas, ignorando a reação de Hermione às suas palavras, e acrescentou – Provavelmente foi apenas o Snape tentando tornar miserável a vida de um Grifinório, só aconteceu de ser o Nathan dessa vez.

– Provavelmente Rony está certo, Hermione – Gina concordou.

– Por que o Nathan esconderia isso de mim, então? – Hermione perguntou com um olhar aflito novamente. – O que ele fez, afinal? Deve ter sido alguma coisa muito errada, se ele escondeu isso de – sua mãe! – acrescentou.

– Não é nada disso, Hermione. Ele deve ter dito algo que o Snape não gostou, e você sabe o quão sórdido aquele bastardo é – Harry disse com um olhar penetrante.

– Sei lá Harry – Hermione disse balançando sua cabeça, recusando-se a aceitar suas palavras. – Pensei que o Nathan estava se dando bem com o Professor Snape. Parece que ele até gosta das aulas dele – comentou, e acrescentou depois de refletir um pouco – Talvez ele goste até demais para o seu próprio bem. Nathan está sempre escrevendo sobre as aulas e tarefas do Professor Snape. Só achei que era porque ele gosta tanto de Poções, mas agora... – interrompeu, balançando a cabeça novamente.

Ela não estava mais certa de nada. Nathan não estava lhe contando tudo, e era uma revelação perturbadora. E se o Severo descobriu a verdade sobre o Nathan e não me procurou? E se ele contou para o Nathan e o Nathan estiver escondendo isso de mim? E se o Nathan descobrir, de alguma forma, que o Severo é seu pai? Sua mente enchia seu coração de incertezas. Seu desejo era deixar todos aqui e correr para Hogwarts. Precisava saber o que estava acontecendo lá!

O almoço terminou e eles se transferiram mais uma vez para a sala, mas Hermione manteve sua mente nos dois homens de sua vida, lá em Hogwarts: Nathan e Severo. Harry trouxe sua mente de volta, percebendo que ela não estava prestando atenção na conversa deles. – Hermione, você não deveria estar tão preocupada com essa detenção.

– Não é a detenção que está me preocupando, Harry – ela admitiu com um suspiro. – É o fato do meu filho estar escondendo coisas de mim o que me preocupa. Ele sabe que pode confiar em mim. Temos um relacionamento bem aberto, pelo menos achei que tivéssemos, mas agora... – interrompeu-se.

– Ele provavelmente não lhe contou porque sabia que isso a decepcionaria. Não acho que ele esconderia coisas de você, Hermione, se fossem importantes – disse Harry, dando batidinhas leves no seu ombro.

– Está certo, Harry. Estou só exagerando. Nunca vivemos longe um do outro antes, e não saber de cada detalhezinho da vida dele é duro para mim – ela admitiu, revelando somente parte de seus sentimentos. Não iria dizer uma palavra sobre Severo.

– Tudo bem, Hermione. Acho que posso entender o que está sentindo. Não sei como eu vou reagir quando a Lílian e o Sirius forem para Hogwarts também – Harry disse compreensivamente, e acrescentou – Deixa eu lhe dizer uma coisa: Estarei em Hogwarts para substituir o Remo, e prometo que vou esclarecer toda essa coisa de detenção e contar-lhe tudo depois. O que você acha?

– Obrigada, Harry. Eu gostaria muito – Hermione respondeu com um sorriso triste, e então franziu a testa, acrescentando – Por favor, diga ao Nathan que terá que se ver comigo por ter escondido isso de mim, está bem?

– Pode deixar – Harry assegurou-a.

*-*-*-*


A lua cheia estava chegando e, com isso, era a vez de mais um professor substituto de Defesa aparecer em Hogwarts. Confirmando a previsão dos alunos, a Diretora McGonagall levantou-se de seu lugar durante o jantar e anunciou – Como vocês podem ver, o Professor Lupin está indisposto. Ele estará de volta depois da lua cheia, mas até lá os Grifinórios podem vir até mim se precisarem de seu Diretor de Casa, e as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas serão ministradas pelo Sr. Harry Potter.

Esse pedaço de informação trouxe um pouco de barulho de volta ao Salão Principal. Em cada mesa, os alunos viravam-se uns para os outros para comentar sobre o bruxo famoso com entusiasmo. Nathan estava feliz com a notícia de que seu padrinho estaria em Hogwarts, claro, mas sua reação não se comparava à dos meninos e meninas ao seu redor. Os Grifinórios estavam comemorando alegremente.

O Professor Snape revirava seus olhos com o entusiasmo dos alunos. Todo ano era a mesma coisa. Bastava só um anúncio de que o Harry maldito Potter estaria vindo para Hogwarts para os alunos deixarem seus hormônios subir à flor da pele, até mesmo seus Sonserinos. Mas os piores eram os Grifinórios.

No almoço do dia seguinte, Harry Potter entrou no Salão Principal por uma porta lateral acompanhado da Diretora McGonagall, conversando animadamente. Tomou o lugar à esquerda dela e tentou ignorar o entusiasmo dos alunos por causa da sua presença. Severo já estava ocupando o lugar à direta da Professora McGonagall, como sempre, quando eles chegaram.

– Não vai saudar seus fãs, Potter? – Snape disse sarcasticamente - Tenho certeza que ficariam encantados com um aceno do herói.

– Se você quer ver os alunos comemorando, Snape, talvez eu deva levá-lo comigo ao Ministério para que possa fazê-los mudar de idéia e colocá-lo em Azkaban. Tenho certeza que os alunos celebrariam por uma semana – Harry retrucou.

– Chega! Parem com essa besteira agora mesmo! – McGonagall disse entre eles – Eu não vou tolerar vocês dois se provocando mutuamente durante a estadia do Sr. Potter.

Eles ainda estavam fuzilando-se com os olhos, mas não disseram mais nada. Harry desviou seus olhos do mestre de Poções para observar o salão. Como sempre, os alunos o olhavam com admiração e, depois da desavença com Snape, com curiosidade também. Harry encontrou Nathan no mar de Grifinórios e sorriu para ele. Nathan sorriu de volta e ambos começaram a comer.

O almoço tinha acabado, mas o Salão Principal ainda estava lotado. Mesmo sendo um belo domingo, os alunos não queriam sair antes do Harry Potter. De vez em quando eles observavam O Escolhido, até que Harry levantou-se de seu lugar e saiu. No entanto, ele não escolheu a porta lateral. Desceu da plataforma onde ficava a Mesa Principal e atravessou o salão em direção à mesa da Grifinória.

Parou ao lado de Nathan e colocou uma mão no ombro do seu afilhado – Como vai, Nathan? Tudo bem? – perguntou.

– Tudo bem, Tio Harry. Estou feliz que esteja aqui – Nathan respondeu com um sorriso.

Nathan sacudiu quando um cotovelo o atingiu do lado esquerdo de sua costela; era o Kevin. Harry sorriu.

– Tio Harry, esses são os meus amigos Kevin Brown e Andy Wood. Eles ficaram babando sobre os pratos desde que você chegou – Nathan disse, encarando os amigos em questão. Harry riu.

– Prazer em conhecê-los, meninos – Harry disse, ainda sorrindo – Você é parente do Oliver Wood, Andy?

– Você se lembra do meu pai? – Andy perguntou em admiração.

– Claro que eu lembro. Ele era o capitão do time de quadribol quando eu entrei – Harry disse.

– Eu sei! Meu pai me contou tudo sobre isso – Andy disse.

– Bem, mande lembranças a ele – Harry disse e então, voltando sua atenção para Nathan, disse – Estava pensando que talvez queira se juntar a mim e ao Hagrid para um chá mais tarde.

– Claro. Que horas? – Nathan perguntou.

– Às três, no Saguão de Entrada? – Harry perguntou.

– Certo – Nathan concordou.

– Vejo você lá – Harry disse, apertando o ombro do Nathan em uma demonstração de afeto. – Vejo vocês na aula amanhã – acrescentou para os outros meninos e saiu.

– Harry Potter lembra do meu pai. O que pode ser mais legal que isso? – Andy disse. Nathan revirou os olhos com a satisfação dos seus amigos. Deixaram o Salão Principal logo depois de Harry e dirigiram-se de volta à Torre da Grifinória.

*-*-*-*


Nathan encontrou Hagrid no Saguão de Entrada na hora marcada. Harry ainda não estava lá. Cumprimentou o professor de Trato das Criaturas Mágicas – Oi, Hagrid.

– Olá, Nathan. Você também vem para o chá? – o meio-gigante perguntou com um sorriso.

– Vou, o Tio Harry me convidou – Nathan respondeu.

Nesse momento, o Professor Snape entrou no saguão, vindo das masmorras, e dirigiu-se para onde estavam esperando por Harry.

– Boa tarde, Hagrid – Snape saudou. – Estou precisando dos seus serviços. Meu estoque de pêlo de unicórnio acabou e precisarei dele reabastecido para minhas aulas dessa semana – Snape disse, ignorando totalmente a presença de Nathan.

– Claro, Professor Snape. Vou recolher um pouco para você amanhã à noite – Hagrid respondeu.

– Será tarde demais para as aulas de amanhã de manhã. Não pode ir buscar um pouco hoje à noite? – o Professor Snape insistiu.

– Sinto muito, Professor, mas tenho alguns negócios da escola para resolver em Londres – Hagrid disse.

– Bem, neste caso terei que mudar o planejamento das aulas de amanhã – Snape disse e com uma inclinação leve de sua cabeça, deixou o saguão em direção às masmorras assim que Harry chegou.

– Ei, Nathan, Hagrid – saudou. – Desculpem o atraso. Minerva me prendeu um pouco mais do que eu previa – acrescentou.

– Sem problemas, Harry – o meio-gigante assegurou-lhe, e eles saíram em direção aos jardins do castelo e à Cabana do Hagrid.

*-*-*-*


– Como foi o chá com Harry Potter? – Josefina perguntou assim que Nathan entrou na sala comunal. Com isso, todos na sala voltaram suas atenções para ele.

Nathan parou e então, com as sobrancelhas franzidas, respondeu – Foi bom, não que isso diga respeito a nenhum de vocês. – Sua cara feia fez com que os Grifinórios que o olhavam voltassem para seus afazeres. Mesmo sendo um aluno do primeiro ano, Nathan era respeitado entre seus companheiros Grifinórios por sua ligação com o Trio Dourado; afinal de contas, ele era o famoso filho de Hermione Granger. Nathan localizou seus amigos em um canto da sala e foi juntar-se a eles.

– Ei Nathan. Você vai contar para a gente, certo? – Andy perguntou.

– Claro que ele vai, Andy. Nós somos os melhores amigos dele, certo, Nathan? – Kevin completou.

– Certo – Nathan suspirou, resignado ao seu destino. – O que vocês querem saber?

– Sobre o que vocês conversaram? – Andy perguntou, trazendo sua cadeira mais perto para escutar.

– Primeiro, o Tio Harry e o Hagrid conversaram sobre as coisas do Ministério. Realmente chato – Nathan disse, tentando desencorajar o interesse de seus amigos.

– E depois disso? – Kevin perguntou.

Falhou.

– Bem, ele queria falar comigo sobre a minha detenção. Minha mãe descobriu e ela ficou muito brava comigo – Nathan disse, ainda refletindo sobre as palavras de seu padrinho. Ele havia desapontado sua mãe.

– Só isso? – Kevin perguntou, desapontado.

– É. Praticamente é isso – Nathan respondeu.

Os meninos voltaram aos seus deveres, mas Nathan já havia terminado o seu, deixando-o com tempo livre para pensar nas palavras do seu padrinho. Tinha que consertar a situação com sua mãe. Ele a desapontara e agora tinha que pensar em algo para fazê-la sentir orgulho dele novamente. Sua mente estava movendo-se rapidamente. Foi quando lembrou de uma conversa que ouvira mais cedo. Olhou pela janela, o sol está se pondo, perfeito! Levantou-se abruptamente, o que chamou a atenção dos seus amigos.

– Aonde você vai? – Andy perguntou.

– Preciso pegar alguns ingredientes de poções. Vejo vocês mais tarde – ele respondeu, já chegando à Mulher Gorda para deixar a sala comunal.

Ele encontrou apenas alguns poucos alunos perambulando pela escola no caminho para o Saguão de Entrada, mas ninguém parecia interessado no menino passando com pressa por eles, nem mesmo quando ele abriu as grandes portas que davam para os jardins. Ele deixou a segurança do castelo e andou com passos largos diretamente para as bordas da Floresta Proibida.

Nathan não tinha mentido para seus amigos lá na sala comunal. Estava ali para buscar alguns ingredientes de poções. O que ele não disse a eles foi que tais ingredientes não eram para ele, mas para o Professor Snape. Encontraria um bando de unicórnios e levaria um pouco de seu pêlo de volta consigo. É uma idéia brilhante! Farei o Professor Snape me dar pontos e minha mãe ficará muito orgulhosa de mim por conseguir pontos dele, sem dúvida! E com aquilo em mente, entrou na mata.

Encontrar os unicórnios não deveria ser difícil. Poderiam ser encontrados em clareiras, viviam em bandos e seu pelo branco brilhava ao luar. Nathan lera tudo sobre isso. Entretanto, andar na mata estava se mostrando ser um pouco mais difícil do que ele esperava. As árvores estavam ficando cada vez mais próximas umas das outras conforme ele avançava mais fundo na floresta. Os galhos mais baixos estavam o arranhando e as sombras que as árvores faziam bloqueavam a maior parte da luz vinda da lua cheia que brilhava naquele começo de noite.

Todavia, ele não parou. Continuou avançando até que encontrou a primeira clareira, mas nenhum unicórnio estava lá. Sem se dissuadir, andou ainda mais fundo na floresta, procurando pelas criaturas, até que finalmente encontrou-as descansando na terceira clareira que alcançou.

Nathan estava fascinado pelos unicórnios. Nunca vira tal beleza antes. Já tinha lido sobre isso sim, mas nunca visto. Ele ficou lá parado por um tempo, admirando as criaturas, até que um movimento repentino assustou-os para fora da clareira. Nathan foi então acordado de seu estupor e olhou em volta, procurando a fonte que assustara os unicórnios, mas não viu nada. Entrou, então, totalmente na clareira, querendo seguir os unicórnios, e foi quando ele as viu: três aranhas gigantes apareceram, entrando na clareira pelo lado oposto ao que os unicórnios saíram.

Nathan não teve tempo de gritar. Ele foi para a mesma direção que as criaturas brancas foram. Correu o mais rápido que pôde pelas árvores grossas, emaranhadas. As aranhas foram atrás dele e ele continuou correndo, sem se preocupar para onde estava indo, sem se preocupar se os galhos das árvores estavam machucando sua pele, até que um galho cortou profundamente sua perna e ele caiu no chão. As aranhas ainda o perseguiam; podia ouvi-las. Levantou-se e continuou sua corrida mesmo mancando e sangrando.

Nathan estava conseguindo se manter à frente das aranhas gigantes quando tropeçou em uma raiz saliente e machucou seu tornozelo esquerdo. Gritou de dor, caiu e ficou lá, na cama de folhas em decomposição, sem energia, respirando depressa. É isso, pensou, uma lágrima deixando seu olho. Lutava para permanecer consciente enquanto a fraqueza abateu-o depois de todo o sangue que perdera.

*-*-*-*


Kevin e Andy estavam no Salão Principal terminando o jantar. Cansaram de esperar por Nathan e deixaram a sala comunal na esperança de encontrá-lo na biblioteca, mas não o encontraram. Entraram no Salão Principal pensando que o encontrariam ali, mas também não estava lá. O jantar já tinha acabado e ainda não havia um sinal do Nathan.

– Onde você acha que ele está? – Andy perguntou.

– Não sei. Ele disse alguma coisa sobre ingredientes de poções. Pensei que ele tivesse ido para as masmorras ou coisa assim, mas agora... – Kevin respondeu.

– Talvez o Snape tenha matado ele. Não acho que ele goste muito do Nathan – completou Andy, olhando-o com uma expressão horrorizada.

– Não seja bobo, Andy – foi a resposta de Kevin, sua voz não muito convincente.

Decidiram aproximar-se da Mesa Principal e dizer à Professora McGonagall que eles não sabiam onde o Nathan estava.

– Olá, meninos. Precisam de alguma coisa? – a Diretora perguntou aos Grifinórios que se aproximaram.

– Sim, Diretora. Nathan não apareceu para o jantar e não conseguimos encontrá-lo em lugar nenhum – Kevin informou.

Aquilo chamou a atenção do homem sentado à esquerda de McGonagall.

– Procuraram por ele na biblioteca? – perguntou Harry.

– Procuramos, sim, Sr. Potter – Andy respondeu.

– Estava com ele hoje à tarde. Vi-o entrando no castelo. – Harry estava falando com a Diretora agora.

– Bem, vocês o viram nessa tarde, Sr. Wood, Sr. Brown? – ela perguntou aos meninos.

– Sim, ele voltou de seu encontro com o Sr. Potter, mas então saiu de novo dizendo que precisava de alguns ingredientes de poções, e não o vimos desde então – Kevin disse.

Aquele pedaço de informação trouxe o homem à direita de McGonagall para a conversa. Anteriormente, ele estivera só escutando, fingindo desinteresse.

– Não o vi nas masmorras hoje – Snape declarou.

– Onde ele foi, então? – perguntou Harry, de certa forma retoricamente.

Foi quando o Professor Snape levantou-se e dirigiu-se à Diretora. – Precisamos começar a procurar pelos jardins e pela floresta.

– O que você quer dizer? – Harry perguntou – Você sabe onde ele está?

– Acho que aquele estúpido foi envolvido por sua imprudente coragem Grifinória e foi para a floresta, recolher pêlo de unicórnio – Snape disse, amaldiçoando em voz baixa.

– Como você pode ter certeza disso? – a Professora McGonagall perguntou, agora nervosa.

– Ele ouviu uma conversa minha com o Hagrid mais cedo. Não imaginei que aquele estúpido tentaria conseguir o maldito ingrediente sozinho – o mestre de Poções respondeu, já deixando o Salão Principal. Logo atrás dele estava Harry Potter, que também não queria perder mais tempo algum com comos e porquês. Teriam tempo para aquilo depois.

Estavam nos jardins em um instante, e nas bordas da floresta em outro. – Pegarei essa trilha que segue para a direita, você pega aquela ali, para a esquerda – Harry disse, e se foi antes que Snape pudesse construir uma resposta.

Snape rosnou por causa da exigência de Potter, mas compeliu-se, tomando a trilha que lhe tinha sido apontada. Iluminou seu caminho com a luz da ponta de sua varinha. Com palavras sussurradas, Snape executou um encantamento localizador que apontou para o interior da floresta. – Por que não estou surpreso – murmurou irritado, antes de começar a segui-lo. Logo atingiu a clareira onde Nathan encontrara os unicórnios. Franziu a testa. O encanto localizador não apontava para a trilha, mas para um mato trançado e bem fechado de árvores. Alguma coisa não está certa, pensou e seguiu naquela direção com mais urgência.

O menino tinha definitivamente ido naquela direção. Os galhos quebrados eram evidências suficientes. Snape parou no meio do caminho quando viu algo no chão. Sangue, percebeu, confirmando que o menino Granger estava mesmo em dificuldades. Snape estava quase correndo agora.

Seguiu a trilha de sangue, que era mais longa do que esperava. Quando a quantidade de sangue aumentou, Snape ouviu um grito. Granger, reconheceu, e começou a correr na direção que o som viera. Logo encontrou quem estava procurando, e então entendeu o grito do menino. Três aranhas gigantes tentavam chegar até ele no chão. Snape sacudiu sua varinha e apontou-a para a aranha mais perto do corpo caído, mas nenhuma palavra escapou da sua boca. Uma luz vermelha preencheu a escuridão e atingiu uma das aranhas, que começou a se contorcer desamparadamente. As outras duas foram atingidas com o mesmo feitiço e subseqüentemente sacudidas de varinha de Severo.

Com as aranhas agora dominadas e inofensivas, Snape passou por elas e ajoelhou-se ao lado do menino no chão. Amaldiçoou a estupidez do menino mais uma vez enquanto observava Nathan, medindo a extensão de seus ferimentos. O menino só tinha arranhões e cortes menores, a não ser pelo corte fino em sua perna direita; estava sangrando muito. – Sr. Granger! – Snape disse com sua voz forte. Não teve resposta e tentou novamente, agora chacoalhando os ombros do menino – Sr. Granger! – Nathan abriu de leve os olhos, mas os fechou novamente quase que instantaneamente. – Maldito Grifinório! – Snape amaldiçoou baixinho antes de chamar o menino de novo, desta vez pelo seu primeiro nome – Nathan!

Nathan abriu seus olhos novamente e encontrou-se consciente o bastante para reconhecer, com uma voz fraca – Professor Snape – e então acrescentou, depois de tomar um fôlego dolorido –, sabia... que você viria.

As palavras de Nathan não foram ignoradas por Snape. Ele esperava que viesse em sua ajuda, constatou, com uma palpitação estranha em seu peito. Dominando suas emoções, perguntou – Pode ficar em pé? – a acidez de seu tom de voz completamente ausente. Notou e franziu a testa consigo mesmo.

– Não – foi a resposta chorosa de Nathan. – Meu tornozelo...

Snape pôs seus braços ao redor do menino e levantou-o do chão. Nathan deixou escapar um som de dor com o movimento repentino. Snape começou a andar de volta para a borda da Floresta Proibida, carregando Nathan. O menino entrelaçou seus braços no pescoço de Snape e descansou a testa nos seu ombro. – Permaneça acordado, Granger! Você perdeu muito sangue – Snape disse quando percebeu que o menino em seus braços fechava os olhos mais uma vez. Apertou o passo.

Na metade do caminho até a borda da floresta, encontraram Harry muito preocupado. – Ouvi o grito. Ele está bem? – perguntou, tomando fôlego.

– Ele machucou a perna e perdeu muito sangue – Snape respondeu, sem desacelerar o passo para se dirigir ao outro homem.

– Deixe-me levá-lo – Harry disse.

– Não há necessidade, Potter. Ele está comigo – Snape respondeu.

– Eu o levo a partir daqui – Harry insistiu, estendendo os braços para tirar Nathan dos braços de Snape.

– Tudo bem... Tio Harry – disse uma voz fraca. – O Professor Snape… me salvou – Nathan acrescentou e fechou os olhos mais uma vez.

– Continue acordado, menino! – Snape vociferou novamente. Nathan abriu os olhos de novo e segurou mais forte nos ombros de Snape.

Os três continuaram andando em direção à escola. Quando chegaram à borda da floresta, Snape virou-se para Harry – Potter, avise aos outros que eu o encontrei. Eu o levarei para a Ala Hospitalar.

Harry hesitou por um momento, mas então obedeceu. Snape alcançou a porta principal e foi direto para a enfermaria. Madame Pomfrey já esperava por eles. – Coloque-o naquela cama, Severo – instruiu.

Snape fez o que lhe foi pedido, bem suavemente, e saiu do caminho. – Ele perdeu uma grande quantia de sangue. Está chegando a um estado hipotérmico – informou à medibruxa.

– Obrigada, Severo. Agora me dê espaço para que eu possa trabalhar direito – Poppy cortou.

Ele obedeceu, mas não deixou a ala. Sua mente estava no menino deitado na cama. Ele preferiu eu ao Potter. Por quê? Eu o salvei, certo! Mas mesmo assim… não conseguia entender as razões do menino. Estava sem palavras e parece que sem idéias também. Afastou-se ainda mais da cama quando Harry entrou com McGonagall; Snape estava, agora, parado em um canto escuro da ala, observando a medibruxa trabalhar.

– Como ele está? – Harry perguntou.

– Ele ficará bem, Sr. Potter – Madame Pomfrey assegurou-lhe. – Ele perdeu um pouco de sangue e fraturou o tornozelo. Eu já consertei – acrescentou e virou o conteúdo de um frasco de poção na boca de Nathan.

– Para que serve isso? – Harry perguntou.

– É a Poção para Repor o Sangue. Agora, deixe-me fazer o meu trabalho! – a medibruxa vociferou.

Naquele momento, o fogo na lareira brilhou verde e uma mulher rodopiou para fora dela. – Onde está o meu filho? – Hermione perguntou, e não precisou de uma resposta. – Nathan! – Ela o viu na única cama ocupada da ala e foi até ela, nem mesmo Madame Pomfrey impediria Hermione. – O que ele tem? – ela perguntou com lágrimas nos olhos, tirando os cabelos negros do Nathan de sua testa.

– Ele vai ficar bem, Hermione – Harry disse, envolvendo um braço em volta dela e tirando-a do caminho da Madame Pomfrey.

– O que aconteceu? Recebi uma mensagem dizendo que meu filho estava ferido. Como isso aconteceu? – ela perguntou, observando a medibruxa trabalhar em Nathan.

– Ele foi encontrado na Floresta Proibida – McGonagall falou. – Ainda não sabemos o que ele estava fazendo lá.

– Quem o encontrou? – Hermione perguntou, olhando para o Harry.

– Snape – Harry respondeu, desviando seus olhos dos de Hermione.

O silêncio caiu sobre a ala.

A figura alta com vestes negras manchadas de sangue que permanecia despercebida no canto escuro da sala também não disse nada. Snape estava observando a mulher que surgira da lareira com curiosidade. Ela estava fisicamente mudada; uma mulher madura, ele notou. Temerosa por seu filho, e ferozmente protetora. Claro, ele concluiu, ela é uma Grifinória, afinal de contas.

– Onde ele está? – Hermione quebrou o silêncio desagradável.

– Não sei. Provavelmente de volta às masmorras – Harry disse.

– Eu quero vê-lo – Hermione declarou.

Aquela declaração fez o corpo do Snape ficar tenso. Ele não queria encontrar com ela. Não podia encará-la.

– Para quê? – Harry perguntou.

– Para agradecê-lo, é claro – ela respondeu.

O coração de Snape doía. A última coisa que ele queria era Hermione Granger lhe agradecendo por qualquer coisa. Eu não mereço sua bondade, Srta. Granger, pensou, a de ninguém para falar a verdade, mas especialmente não a sua. Fechou seus olhos, tentando tomar algum controle de suas emoções.

– Eu poderia chamá-lo – McGonagall ofereceu.

– Eu agradeceria – Hermione disse agradecidamente. Madame Pomfrey terminara de curar os ferimentos superficiais de Nathan, e Hermione aproximou-se da cama mais uma vez – Ele agora já o salvou mais de uma vez – ela disse ao menino inconsciente com uma voz baixa, acariciando o rosto dele com as costas de sua mão.

Entretanto, não foi baixo o suficiente. Snape ouvira e estava agora franzindo a testa. Quando foi que eu salvei o menino antes? Ele não conseguia se lembrar. Eu nem sabia que ela tinha um filho até esse semestre começar, raciocinou.

Professora McGonagall aproximou-se da lareira e lançou uma mão de Pó de Flú lá dentro, chamando a sala de aulas de Poções, mas não teve resposta. Tentou o escritório de Severo sem sucesso. Por último, chamou os aposentos privativos dele, mas ninguém respondeu lá também. A Diretora virou-se na direção de Hermione e disse – Não consigo encontrar o Professor Snape; talvez ele esteja patrulhando os corredores.

Hermione assentiu. Severo soltou a respiração que nem percebera que estava segurando.

– O horário de visitas acabou – Madame Pomfrey disse, retornando à ala depois de um tempo. – O Sr. Granger precisa de descanso e ele não acordará até amanhã, quando os efeitos da leve Poção do Sono acabarem – acrescentou.

– Não vou a lugar algum – Hermione disse. Poppy olhou feio para ela.

Harry conhecia aquele olhar da medibruxa muito bem. – Venha, Mione, voltaremos assim que amanhecer. Você ouviu a Madame Pomfrey, ele vai dormir a noite toda – disse, conduzindo sua amiga pelos ombros.

– Você pode ficar em um quarto aqui por esta noite, Hermione – McGonagall acrescentou, e os três deixaram a enfermaria. Madame Pomfrey retirou-se para seu escritório no final da ala. Os únicos que restaram na sala foram Snape e o menino adormecido.

Severo aproximou-se da cama e ficou lá por um momento. – O que sua mãe quer dizer? – perguntou à figura que dormia. – Nunca salvei você antes.

Ficou ali por mais um tempo, observando o peito do Nathan subir e descer com cada respiração, antes de deixar a ala também.

Porém, ele não pegou o corredor que levava às masmorras; não queria ser encontrado. Ao invés disso, decidiu patrulhar os corredores de verdade. Tinha muito em mente para até mesmo tentar dormir esta noite. Seus pés o levaram para o único lugar que não havia entrado desde que retornara a Hogwarts depois da guerra: a Torre de Astronomia.



A/N: É, eu sei! Já me disseram que o mistério ficou no ar, mas tenho certeza que podem esperar até a minha próxima atualização, certo? Prometo que não demora como demorou essa. :0)

Quero saber o que acham da história até agora, então deixem reviews!

FerPotter :0)

No Próximo Capítulo… Snape vai ter um dia cheio de encontros desagradáveis e alguém finalmente descobre o segredo de Hermione.

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