me apaixonando
-vamos sair daqui? –eu perguntei.
-claro.
A gente tava quase numas daquelas saídas quando ele disse:
-hum...eu preciso do meu relógio. – relógio dele tava do outro lado do salão.
-ah, draco aquele relógio não vai fazer falta, eu tenho certeza que não foi tão caro, depois eu te compro outro. –(preguiçosa? Eu?) Ele murmurou alguma coisa lá atrás, mas eu não escutei direito, a música tava alta.
A gente foi pra praia. Tava uma brisa boa...a gente sentou na areia e ficou conversando sobre um monte de besteira. (lógico! A gente tava bêbado!) até que o assunto acabou. A gente ficou observando o mar e eu comecei a pensar nele. “De repente ele aparece na minha vida e faz esse auê aqui dentro. Ele não tem esse direito! Eu não dei permissão! Ou será que dei?” – você existe? – eu acho que eu falei alto demais.
Ele olhou pra mim sério e ficou me encarando por um tempo. E eu não conseguia desviar o olhar daqueles olhos azuis cinzentos que eu tinha passado a amar e que eu dificilmente conseguiria deixar partir por mais dois anos. Aí ele começou a falar:
-no meu sexto ano eu virei comensal. Meu pai foi preso e depois da besteira que ele tinha feito, o voldemort me incubiu de matar o Dumbledore. É claro que ninguém recebia uma tarefa daquelas, muito menos um garoto de 16 anos de idade. Ele disse que ou eu cumpria a tarefa ou eu morria, eu e a minha mãe. No início eu pensei que ele acreditava na minha capacidade, mas depois eu abri os olhos e vi que ele só queria me matar. Era humanamente impossível matar o velho, mas era tarde demais, não dava mais pra sair da cova do leão. O que é que eu tava fazendo? Eu não ia matar um homem! – ele deu um suspiro cansado. –eu era um idiota mesmo.
-não fala isso draco.
-eu não tinha outra escolha, mas eu não queria. Naquela noite ele disse pra mim .”a gente vai te proteger, draco, a ordem da fênix”. Ninguém tinha dito isso pra mim antes. Eu juro que eu ia me entregar, mas aí todo mundo chegou e acabou tudo.A partir daí eu não consegui ter um dia sequer de paz, uma noite de sono. Depois eu fugi, e desisti de tudo. Da minha vida, dos meus dias e decidi mudar. O snape não deixou eu me matar sabe. Pode um negócio desses? Uma pessoa não ter o direito nem de acabar com a seu própria vida? Aí eu disse ao voldemort que eu não ia mais participar daquilo e que não ia ser mais um comensal. É lógico que ele não aceitou assim de bom grado, mas como “eu tinha matado o velho” a gente fez um acordo: eu sumia, saía daquela guerra, de tudo e não me envolveria com nada que tivesse relacionado a ele ou a ordem da fênix e ele deixava eu e qualquer pessoa que “eu amasse”, eu entendi como sendo a minha mãe, em paz. É claro que não foi uma coisa de acordo, mãos dadas e aquele blá, blá, blá. A gente fez um voto, magia antiga e tudo mais. Então eu fugi, um ano depois meu pai fugiu de azkaban, matou minha mãe, eu matei ele e agora eu estou totalmente apaixonado por uma garota incrível e... – ele tava olhando pro mar enquanto ele me contava aquela história, aí ele se virou pra mim pra terminar de falar, mas como nem tudo é perfeito... – e que não escutou nem uma palavra da minha declaração idiota. – eu tinha apagado! Vocês queriam o quê? Eu tava bêbada! Mas voltando ao assunto...ele se deitou ao meu lado e dormiu um tempo depois.
Eu tava dormindo quando eu senti uma claridade enorme e praguejei baixinho. Quando eu abri os olhos eu tava na tal praia e já era de manhã. Eu olhei pro lado e nem sinal do draco, mas tinha um papel rabiscado na minha mão. Era a letra dele e dizia:
“Eu tinha uma reunião importante hoje, então tive que sair mais cedo (ótimo começo de ano, não?)
Até outro dia Virgínia.
D.M
P.S: eu quero o meu relógio de volta.”
-agora eu só vou ver ele daqui a dois anos mesmo. – eu disse meio a contra gosto amassando o papel e bagunçando a areia com raiva.
Eu juro que eu tentei, mas eu não conseguia parar de pensar nele nem um minuto! –mas que droga! Eu não tô apaixonada! – eu teimava em repetir pelo menos 500 vezes por dia, mas não funcionava. E o cafajeste nem pra ligar pra mim! Dois dias depois ele ligou. Quando eu escutei aquela voz rouca do outro lado da linha eu quase caio pra trás. Na verdade eu caí, já que eu fui me sentar na cama pra me recuperar do choque, mas eu tava muito na beirada e caí.
-Virgínia? – ele perguntou do outro lado da linha.
-oi?
-tudo certo aí?
-tudo, tudo. –eu disse me segurando na cama. –foi só um...probleminha aqui.
-hum... –acho que ele não acreditou muito.
-então? Eu tenho uma coisa pra te entregar, você quer vir aqui em casa?
-claro. – eu tenho quase certeza que ele deu um sorrisinho malicioso.
-já sei, 2 minutos.
-até logo.
-até.
2 minutos...
-oi. –ah, aquele sorriso malicioso dele! – então, o que você queria me dar?
-nada do que você está pensando. Pervertido! – eu disse mais num tom de brincadeira do que de raiva e o puxei pra dentro.
-eu não disse nada!
-claro.
-senta aí.
-estou bem em pé, obrigado. – então ele começou a passear pela casa. (bem despachado, não?)
-eu volto já.
Eu fui lá em cima, peguei o relógio que ele deixou na festa e desci.
-recuperei o seu super-relógio.
-que ótimo. – ele disse pegando o relógio e começou a ver se tava tudo certo.
-todos os parafusos estão aí.
-nenhum senso de valor, weasley. Tsk, tsk, tsk...Quanto você acha que vale esse relógio? – ele disse recolocando no pulso.
-não sei. 50 galeões? – eu disse desinteressada. Aí ele começou a se aproximar, mais e mais, e aquilo estava definitivamente me deixando nervosa. Eu podia sentir o perfume dele...Draco, draco...sempre elegante apesar de estar no fundo do poço. E aquilo tava me deixando louca. Então ele chegou no meu ouvido e sussurrou rouco:
-50 galeões não foi nem o ponteiro dessa belezinha. – eu senti os meus joelhos tremerem. Mas que droga de hormônios!
-sabia que eu não devia ter devol...-eu nem terminei de falar e lá estava ele me beijando. Num sei se eu já cometei, mas o Draco beija muito! É lógico que eu me aproveitei né? Ninguém é de ferro! E lá estávamos nós, nos agarrando como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Aquelas mãos frias dele passeando pelas minhas costas e a outra chegando em uma área proibida quando eu tive que acordar e acabar a festinha. Nada disso! Isso aqui num é casa da mãe Joana não! –opa! –foi a única coisa que eu consegui dizer, eu tava recuperando o fôlego! Aí ele deu aquele sorriso charmoso dele.
-vamos passear?
-claro. – eu peguei o meu casaco e a gente começou a andar pela rua. – e então, como foi a reunião?
-péssima. Eu achei que eu ia resolver tudo de uma vez, mas na verdade só me complicou mais. – ele disse colocando as mãos nos bolsos e olhando pro nada.
-hum... – então a gente passou por uma loja de pinturas e eu comecei a tagarelar. Eu geralmente faço isso quando eu tô nervosa. E ele não conversava comigo! Então eu falei, falei, falei...falei como eu achava bonitas as cores e que merlim devia ter sido pintor, já que as cores eram tão perfeitas, etc, etc, etc. até que ele disse.
-você fala demais sabia?
-eu não consigo evitar. Você sabe né? Mulheres.
-nenhuma igual a você Virgínia. Pode acreditar. – ele disse sorrindo. Bom, eu acho que foi um elogio, num sei.
-você é que é calado demais. Eu quero ver quanto tempo você agüentaria sem falar nada.
-isso é uma aposta?
-entenda como quiser.
-eu posso passar dias sem falar weasley.
-vamos ver.
a gente continuou andando calados até que ele apontou pra um restaurante chinês e a gente entrou. Ele pegou o menu dele e começou a olhar as opções. Eu fiz o mesmo. Era um lugar realmente calado. Nenhum barulhinho! E eu já tava me coçando pra falar da mulher que tava sentada na mesa do lado. Tava realmente ridícula! Eu vi que o draco também percebeu porque eu vi o olhar discreto que ele lançou pra mim. Eu não agüentei e prendi o riso, mas eu não conseguia! Ele olhou pra minha situação e deu sorriu. De verdade! Eu já cometei que ele rindo era impagável? Fofo! Mas ele se recompôs logo continuou a olhar o menu. Ele pediu dois saquês apenas apontando pro menu e fez os pedidos. Eu num tava mais agüentando! Eu tinha que falar! Mas se eu falasse eu ia perder a aposta! Então eu fingi que tava me engasgando e fui fazendo o meu teatrinho. Eu chamei a atenção do local todinho! Todo mundo tava preocupado, me oferecendo água, tudo! Mas o draco tava ali calmo, olhando pra mim como se fosse gargalhar a qualquer momento. As pessoas chegavam pra falar comigo e ele apenas fazia um sinal de que tava tudo bem e as pessoas voltavam para os seus lugares. Finalmente eu desisti. Me recompus, dei uma suspirada de “ufa” e olhei pra ele com a minha melhor cara de raiva e fiz biquinho:
-chato!
-eu sabia que você não ia agüentar nem meia hora. – ele disse.
-meia hora! Isso pareceu meio dia! – eu disse falsamente indignada.
-eu posso passar dias sem falar Virgínia. –ele repetiu o que tinha dito antes da gente começar o jogo.
-tudo bem você venceu.
A gente terminou a refeição, ficamos conversando sobre quadribol até que a conta chegou. O cara deixou o caderninho na mesa e saiu. A gente olhou pro caderninho e ele pôs a mão sobre ele.
-eu pago. –ele disse.
-eu não quero incomodar, eu pago.
-não é incomodo nenhum, eu pago.
-se você insiste.
-ótimo.
Ele pagou e a gente saiu andando.
-e então? Como eu me saí?
-perfeita. Eu quase acreditei que você queria mesmo pagar a conta.
-tudo bem, eu pago o sorvete então. – eu disse me virando pra uma sorveteria que a gente tava passando.
-eu não gosto de sorvete. – por que ele nunca podia aceitar uma gentileza?
-ah draco, você não vai fazer essa desfeita comigo né? – eu fiz a minha melhor cara de santa.
-tudo bem.- ele disse revirando os olhos.
Eu pedi duas casquinhas de chocolate e a gente continuou andando.
-você come demais. –ele disse com aquela cara deslavada dele. Eu tenho certeza que foi pra me fazer raiva.
-eu não como demais! – eu disse indignada.
-eu adoro te ver com raiva ruivinha.- ele disse sorrindo. (eu realmente podia me acostumar com aquilo) então ele segurou o sorvete que tava a 10 centímetros da minha boca e empurrou até ela! Aquilo foi o fim! – opa! – ele disse com carinha de santo.
-olha o que você fez draco!
-deixa que eu limpo. – ele me encostou num muro qualquer e começou a me beijar. É lógico que eu correspondi. E lá estávamos nós de novo, nos agarrando! Aquilo só podia ser um imã! Mas eu queria muito aquele imã pra mim!
-seu cachorro. – eu disse brincando depois da sessão agarramento tirando um espelhinho de dentro na minha bolsa e me limpando de verdade com um lençinho. – dá pra você parar de me agarrar a cada oportunidade?
-acho que não. – ele disse de recostando na parede e me olhando.
-ótimo. – eu dei um sorriso malicioso e ele piscou pra mim.
-vamos?
A gente continuou passeando. Tava escurecendo, eu não tinha a mínima idéia de onde a gente tava indo, mas eu não queria deixar ele ir embora. Os dias com ele eram mais do que perfeitos e tive a ligeira impressão de que ele tava flertando comigo. Quem diria que a última pessoa do mundo com quem eu esperava ter qualquer tipo de relacionamento fosse o cara mais perfeito do mundo? Bom, paciência né? E eu continuei nos meus devaneios quando ele disse:
-ali é o meu apartamento. Você quer entrar?
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