Menininha
Parecia que o tempo tinha contribuído com o meu plano, um único dia quente no meio do inverno. Se eu pensava em dar pra trás, com certeza isso mudara a minha cabeça. Quando passei no corredor principal da escola a única coisa que eu consegui ouvir foi o barulho do meu salto sobre o piso. Ninguém mais falava e aos poucos as cabeças iam virando pra mim em espanto. Minha saia do colégio estava no meio das coxas e a blusa branca com os primeiros botões abertos, não usava gravata nem capa. Meus cabelos estavam num estilo meio bagunçado como se eu acabasse de me agarrar com alguém no corredor, mas com certa graça. Eu parecia aquelas patricinhas do sétimo ano.
Logo eu vira Draco no seu grupinho de sonserinos, eu sabia que ele me esperava. E pela cara não estava muito feliz. Jack foi o primeiro a me notar e deu apenas um tapinha apreensivo no ombro de Draco que finalmente me vira, ninguém pareceu dizer nada até eu “desfilar” até o grupo. Eu sabia que podia estar parecendo um palhaço, nunca fui de usar batom e lápis de olho. Só nos bailes, e mesmo assim não de forma ousada como hoje.
– Está indo para alguma festa a fantasia? – disse a voz engasgada de Pansy, mas nem sua amiguinha cara de pato conseguiu rir.
Eu apenas a olhei com meio sorriso no rosto e dei o beijo mais tarado da minha vida no Draco.
Tenho certeza que ninguém desviava o olhar da gente, eu apenas o agarrei de forma tão íntima e ousada que sabia que devíamos estar sendo a nova atração do corredor e uma atração constrangedora. Mas fazia parte do plano, e Draco parecia ter perdido a noção de espaço. Tive a impressão que ele estava prestes a rasgar as minhas roupas ali, no meio do corredor. Estava meio doido já. E antes de desgrudar meus lábios dos dele, eu fiz... Dei-lhe uma mordida no lábio inferior. Aí ele tinha pirado, mas eu me afastei dele e apenas roçando os lábios disse: “Menininha o bastante para você?”, e me virei pros outros deixando-o desnorteado.
– Só vim para dar bom dia. Então, bom dia. – eu disse rindo e dando mais uma olhada fatal pro Draco fui na direção contrária. E quando finalmente virei o corredor, me joguei na parede respirando com dificuldade, não acreditando no que havia feito. “Tudo bem, primeira parte do plano feita...”.
Aulas, começando pela minha favorita: poções!
Naquele ano todos já adoravam as aulas de Poções, pelo menos as que eu estava, pois sabiam que significava barraco. Já estava famosa pelos seus acontecimentos. E eu podia sentir que todos estavam falando de mim quando eu cheguei, pois sabe aquela sensação de que todos se calam quando você chega? Bem, já me acostumei com ela. Passei pelas carteiras, mandei um beijinho pra Draco dizendo que já ia me juntar a ele e me dirigi até Ron e Harry. Pra ser mais clara eu sentei em cima da carteira do Harry. Ron parecia ter visto um basilisco em volta do meu pescoço. Draco soltara uma exclamação revoltada, Harry olhara pras minhas pernas e olhara pra mim tentando somar um mais um. Sem contar o resto da sala que prendera a respiração toda junta. Na boa, eles ensaiam isso.
– Oi. – eu disse pros dois. Ron tentara dizer algo parecido, mas não teve sucesso.
– O que você tem? – Harry dissera me encarando.
– Calor. Está quente hoje, não acha? – eu disse naturalmente me abanando. E eu senti que minha cabeça ia cair no chão se todos continuassem a me encarar daquele jeito.
– Tá... – disse Ron de forma nervosa. Acho que ele não estava falando do tempo.
– Não, sério, você está diferente.
– Por Merlin, Harry, todos mudam com o tempo. Você e Ron, por exemplo, quando a voz de vocês ficou grossa eu não fiz nenhum drama. Agora se eu me visto um pouco mais a vontade parece o fim do mundo. – então encarara Harry mais maliciosamente. – Se fosse a Cho que estivesse vestida assim tenho certeza que você não ia reclamar, não é, Harry? –
Ok, imagina a cena. Eu debruçada sobre Harry com o decote todo aberto. Eu senti um pouco de pena dele sabe, mas como os homens são fáceis de torturar! Estou impressionada.
– Foi o Malfoy, não foi? O que ele fez com você depois que eu fui embora?
– Deixa eu pensar... Me agarrou, se escondeu embaixo da minha cama, me jogou na cama dele... Nada que já não tenha feito antes. – eu ri. – Relaxa, Harry. Ele não fez nada... Ainda. – eu disse maliciosamente e num pulinho saltei de sua carteira indo me sentar no meu lugar.
– O que foi aquilo? – disse Draco revoltado.
– O que?
– Aquilo! – então o seboso entrara na sala na sua forma morceguesca de ser, roubando a atenção de todos.
– Shii, Draco. A aula vai começar. – eu disse pra ele.
Snape aquele seboso me encarou como se eu não freqüentasse aquela escola, fosse uma intrusa, me olhou de cima à baixo com repugnância.
– Srta. Granger, tendo estudado 6 anos nessa escola seria interessante que soubesse que está terminantemente proibido usar saia acima dos joelhos.
– Por que? Você fica incomodado com pernas femininas? – ele virou um tomate podre e gaguejou umas sete vezes antes de responder, sem contar que a turma ainda não tinha terminado seus ataques de riso.
– Vá agora mesmo para a diretoria da sua casa, Srta Granger!
– Mas a professora McGonnagal está de viagem, professor, não lembra?
– Apenas saia da minha sala! – eu bufei...
– Tudo bem. – eu disse saindo de sala, com todas as cabeças me acompanhando é claro.
– E pare de babar Mr. Finnigan!
Bem, já estávamos quase na metade do dia e não havia feito muita coisa, depois da aula fui com Draco almoçar nas mesinhas colocadas do lado de fora da escola, graças ao calor que fazia. E bem... Lá eu perdi a linha.
– Por que você ficou se insinuando daquele jeito pro Potter? – Draco me perguntou furioso.
– Ai, Draquinho... Eu fiquei me “insinuando” porque eu sou bonita, porque eu posso... E você como todos os homens desse castelo estão me comendo com os olhos. – ele levantara uma sobrancelha em deboche.
– Já haviam me contado que com o tempo os casais ficam parecidos, mas eu nunca acreditara.
– Ai, que calor! – eu disse o ignorando e abrindo mais um botão da minha camisa. Muitos já haviam desistido de comer para olhar a cena.
– Pára com isso. – ele disse fechando os botões da minha camisa até o pescoço.
– Hei! – eu brigara.
– O que houve com você? – ele brigara.
– Cansei de ser menininha!
– E agora quer ser vulgar? Ha-ha! Hoje está sendo um desastre.
– Hoje? Só hoje? – eu comecei a rir, gargalhar pra ser mais exata. Como era divertido vê-lo furioso daquele jeito. Subi na cadeira e depois subi na mesa.
– O que você está fazendo? Desce daí. – ele mandara, mas quase fora pisoteado, pois toda a volta da mesa já estava sendo tumultuada e o pátio se enchia de gritos masculinos.
Com um aceno da varinha fiz tocar uma música começada apenas pelo som de uma guitarra e com o Sonorus na garganta, para que todos pudessem me ouvir, comecei a rebolar ousadamente.
– Onde está você, Balazer? – eu gritara para o povo.
– Estou aqui, Granger! – gritara o coitado sendo esmagado na multidão.
– Ótimo, se mantenha vivo, porque agora você vai ter uma matéria e tanto! – o pátio se enchia cada vez mais em gritos. – Eu acho que está calor... Vocês acham que está calor? – eu perguntara pro povo e todos gritavam afirmativamente. – Bom, então vamos esquentar um pouco mais! – eu começara a rebolar abrindo um por um os botões da camisa, enquanto eles gritavam por mais. – Eu dedico essa música ao meu namoradinho lindo Draco Malfoy! – disse apontando pra ele que parecia conter uma fúria assassina.
Crash, That was you and Me
(Desastre, Isso era você e eu)
Started out so innocently
(Comecei tão inocentemente)
Shattered on the ground, I hear the sound
(Despedacei no chão, eu ouvi o som)
Crash, Ringing in my ears
(Desastre, Zumbido em minhas orelhas)
I still feel the sting of my tears
(Eu ainda sinto a ardência do meu rasgão)
Someone wake me, I can't seem to break free
(Alguém me acordou, eu não posso parecer solta)
Go on, get out of my head
(Siga em frente, saia da minha cabeça)
I'm on the wrong side of a parallel universe
(Eu estou no lado errado de um universo paralelo)
Am I alive or just dead?
(Eu estou viva ou apenas morta?)
I've been stumbling in the dark
(Eu tenho estado no caminho da escuridão)
Living in a crash world
(Vivendo em um mundo desastroso)
Hush, Don't say one more word
(Cale-se, não diga mais nenhuma palavra)
At this point the truth seems absurb
(A questão é que a verdade parece absurda)
'Cause who we were is gone forever
(Porque quem nós éramos se foi pra sempre)
Crushed, Underneath our fears
(Aglomerado, por baixo dos nossos medos)
Everything's so twisted and weird
(Tudo é tão enrolado e esquisito)
Someone, save me, I can't seem to break free
(Alguém me salve, eu não posso parecer solta)
Go on, get out of my head
(Siga em frente, saia da minha cabeça)
I'm on the wrong side of a parallel universe
(Eu estou no lado errado de um universo paralelo)
Am I alive or just dead?
(Eu estou viva ou apenas morta?)
I've been stumbling in the dark
(Eu tenho estado no caminho da escuridão)
Living in a crash world
(Vivendo em um mundo desastroso)
Slow motion, Devastation
(Câmera lenta, Devastação)
Should of seen it coming but I couldn't do nothin'
(Devia ter visto que está chegando, mas eu não podia fazer nada)
Emotion, Desperation
(Emoção, Desespero)
Someone save me, I can't seem to break free
(Alguém me salve, eu não posso parecer solta)
Go on, get out of my head
(Siga em frente, saia da minha cabeça)
I'm on the wrong side of a parallel universe
(Eu estou no lado errado de um universo paralelo)
Am I alive or just dead?
(Eu estou viva ou apenas morta?)
I've been stumbling in the dark
(Eu tenho estado no caminho da escuridão)
Living in a crash world
(Vivendo em um mundo desastroso)
Go on, get out of my head
(Siga em frente, saia da minha cabeça)
I'm on the wrong side of a parallel universe
(Eu estou no lado errado de um universo paralelo)
Am I alive or just dead?
(Eu estou viva ou apenas morta?)
I've been stumbling in the dark
(Eu tenho estado no caminho da escuridão)
Living in a crash world
(Vivendo em um mundo desastroso)
Crash World, yeah...
(Mundo desastroso, yeah...)
Todos estavam abaixo, gritando algo como “Linda, Gostosa, Perfeita...” um pequeno exagero, mas que caia muito bem naquele plano. Já com todos os botões abertos eu insinuava arrancá-la, mas eu fora puxada pela cintura e colocada de cabeça pra baixo no ombro de alguém. Eu gritava aterrorizada quando vi que essa pessoa era Draco e ele ameaçava amaldiçoar cada um com sua varinha, caso não desse passagem.
E ele me carregou assim no ombro com toda a facilidade do mundo enquanto eu batia nas suas costas e gritava, até a sua sala da monitoria, onde me jogou no sofá com brutalidade enquanto trancava a porta. Então se virara pra mim com toda a fúria do mundo.
– O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTAVA FAZENDO?
– Stripper. – eu disse com um sorriso sapeca.
– Você ficou doida? O que aconteceu a Hermione que eu namorava? Com quem eu fazia guerra de bola de neve?
– Como você é dramático, Draco... – eu disse debochada, então ele socara um vaso ao seu lado que ficou em mil pedaços e se sentou na sua mesa com a cabeça entre as mãos. Foi então que eu percebi que sua mão estava jorrando sangue e toda a Hermione puta se fora e eu fracassei voltando a ser a de antes. Levantara desesperadamente.
– Você está sangrando! – eu disse pegando um remédio e atadura no armário e me ajoelhando ao seu lado puxando sua mão. – Merlin, Draco. Você perde a cabeça! – eu o censurara enquanto passava o remédio nele. Comecei a enfaixar sua mão quando vi que ele me encarava. – Pare de me encarar, Draco. Chega de briga por hoje, olhe sua mão. – mas ele não parara de me encarar.
– Porque está fazendo essas coisas? Volte a ser a minha menininha...
Então eu levantei voltando pro meu ar vulgar, me debruçando sobre ele desafiadoramente. Só então que eu percebi que minha camisa continuava aberta, deixando a mostra todo o meu sutiã preto.
– Eu não sou mais uma menininha, Draco, eu sou uma mulher... E eu recomendo que você enxergue logo isso antes que outro enxergue. Se bem que... Eu acho que o único que não enxergou isso ainda foi vo...
Eu terminei de falar? Preciso mesmo responder? O desesperado me agarrara com um ardor que eu nunca vira antes. Me colocara em cima da mesa sem parar de me beijar, enquanto suas mãos mapeavam todo o meu corpo. Ele descia os beijos pelo meu pescoço meu colo... Até que eu já desesperada o empurrara e correra pra porta, destrancando com toda velocidade do mundo e correndo pra bem longe dele o mais rápido possível ignorando seu chamado, fechando a blusa com todo o desespero.
Tudo bem, ser ousada não era tão simples assim, eu ainda era medrosa. Mas ele estava querendo ir longe demais. Por que ainda não terminara comigo? Por que? O que eu estava fazendo de errado?
Eu me sentei na beirada do chafariz chorando que nem uma criança assustada, quando senti uma mão ao meu ombro, por um momento achei que fosse Harry, mas só quando virei que dei de cara com os olhos cinzas de Draco. Tão maduros e compreensivos. Ele se sentara ao meu lado e respirara fundo, pior que eu estava tão assustada que não tinha forças nem pra continuar com o plano.
– Você pensa que me engana, Hermione? – ele disse daquele jeito como que para uma criança de cinco anos. – Não sei porque está com esse teatrinho, mas eu sei que você não deixou de ser a minha menininha assustada.
– Eu não continuo nada. – eu disse revoltada me levantando. – Eu só, só... – ele se levantara me encarando meigamente, segurando meus ombros.
– Eu nunca disse que não te via como mulher. Só digo que você não é vulgar como outras. Essas garotas que eu desprezo. Eu gosto da sua meninice, Hermione.
Então ele estava apenas me testando? Que idiota, eu devia saber que ele não ia fazer nada demais. E eu caí direitinho na dele.
– Hei, Draco! – era Roger. – Não vai pro treino, não?
– Estou indo. – ele gritara em resposta. – Vou treinar... Sabe como é, jogo no sábado! Preciso treinar pra humilhar a sua casa. – ele disse brincalhão. Ele não se cansa de perder pro Harry? Ele me dera um beijo na testa e fora pro treino.
– Ei, Hermi... Que show foi aquele, hein? – disse Roger me deixando vermelha, Draco dera um tapa na cabeça dele.
Mas que droga, que dom ele tinha pra destruir os meus planos... Eu não podia desistir, tinha que fazer Draco me desprezar, terminar comigo.
Tudo estava coberto com um vapor que vinha do único chuveiro ainda aberto na outra Ala do vestiário. Eu sabia que era o de Draco, pois eu tomara o cuidado de esperar todos os outros saírem. Eu me encostara à grande mesa que havia no centro do vestiário. “Bem apropriada...”, eu pensei vermelha. Mas então eu percebi que o barulho do chuveiro cessara, respirei fundo. E logo vi Draco saindo da outra Ala com apenas uma toalha enrolada na cintura enquanto esfregava os cabelos com as mãos tentando secá-lo.
Céus ele era lindo. Às vezes dava vontade de esquecer o maldito plano e continuar sendo sua prisioneira. Como ele era...
– O que faz aqui? – ele me perguntou curioso, me tirando do meu transe. Eu assumi a minha pose decidida.
– Eu vim te provar que eu não sou essa sua menininha. – ele rira.
– Você ainda não desistiu disso? Hermione, pára com isso.
– Draco, às vezes eu desconfio de você. Harry não pensaria duas vezes antes de aproveitar uma oportunidades dessas.
Ele revirara os olhos. Meu nariz é vermelho? Será que ninguém me leva a sério? Eu num pulinho sentei em cima da mesa com as pernas cruzadas.
– Você me recusa? – então ele viera até mim. Apoiando um braço em cada lado de mim na mesa.
– Eu tive a impressão de já termos passado por uma cena parecida agora pouco e quem caiu fora não fui eu. – eu rocei meus lábios nos dele desafiadoramente.
– Você me recusa? – ele respondera com apenas uma meia risada seca antes de me beijar calorosamente, apaixonadamente ficando cada vez mais por cima de mim na mesa.
E eu o mordera no lábio inferior e assim meio maluco com um gesto simples abriu a minha camisa. Ok, eu estava tensa, ele beijava o meu pescoço esfregando todo aquele tórax em mim. Suas mãos me pressionando da cintura às coxas. O que estava acontecendo comigo? Era pra ele dizer “SIM TE RECUSO, SUA VADIA!”, mas não... Ele me agarrara. E eu quase já estava perdendo o pouco do controle que eu continha. Eu pensava: “tá, pelo visto ele não vai parar então é hora de cair fora.”. Mas eu não caia... E sua respiração descera um pouco abaixo do meu colo já. Brincava com a alça do meu sutiã quando seus lábios desciam para quase o meio dos meus seios. Quando chegou num espaço crítico ele percebera minha respiração tensa e falara com voz tensa e a boca ainda roçando na minha pele.
– Ah! Achei, aqui está... A minha menininha assustada, que você tanto finge não existir mais.
– Eu não sou sua menininha assustada, Draco. Eu sou vulgar agora, daquelas que você despreza. – eu respondera no mesmo tom.
– Ah, entendo. – ele subira novamente, agora até o meu ouvido. – Você quer que eu despreze você. E achou que se oferecendo pra mim conseguiria isso. – tudo bem ele descobrira o plano. – Não vai conseguir isso, Hermione. Não adianta fingir ser alguém que não é.
– Pois vamos ver se você não vai me desprezar, Draco... – eu disse o empurrando e saindo do vestiário enquanto fechava novamente minha camisa.
Eu estava furiosa, estava tudo dando errado naquela droga, não era possível!
Eu andava pelo jardim de Hogwarts furiosa tentando pensar em alguma coisa, algo terminantemente terrível, para que Draco terminasse logo comigo, quando vi Harry no meio do meu caminho, furioso. Era só o que me faltava, ainda por cima tinha de levar lição de moral dele.
– Você anda usando drogas, é? – ele dizia atrás de mim, já que eu estava disposta a não ouvi-lo. – Tirar a roupa no meio do colégio? O que aconteceu com você? Malfoy subiu a sua cabeça? Eu esperava isso de muitas, Hermione, mas nunca de você! Ron quase teve um infarto. Você não tem vergonha de ficar parecendo vulgar desse jeito? – ele ia falando atrás de mim e eu nem sabia pra onde estava andando. – Eu estou ficando com nojo de você, Hermione, você não era assim. Eu não consigo acreditar que você é a minha melhor amiga, dá vontade DE NUNCA MAIS OLHAR NA TUA CARA...
Então eu me virara e o beijara. Não pensei, mas fora perfeito.
Primeiro porque ele calou a boca e acho que lembrou que me ama.
Segundo porque Merlin já me promete isso a um bom tempo, e realmente valeu a pena essa loucura. O beijo era carinhoso e tenso como eu sempre sonhara.
E terceiro: quando nos separamos vi o bem que eu tinha feito, pois Draco presenciara toda a cena. E pela cara dele, alguém ia morrer aquele dia. Eu estava livre.
Ele veio até a gente até parar muito próximo de mim, apenas me encarou já que eu estava no meio do seu caminho. Ele me empurrara para me tirar do caminho, eu caí sentada no chão e deu vontade de cuspir na cara dele, mas o contrário era o mais possível. Olhou pra Harry que o encarava. E deu-lhe um soco tão forte que eu achei que tinha quebrado o maxilar dele. E os dois começaram a cair na porrada, e alguém tinha de fazer algo ou Draco ia acabar matando ele, então eu separara os dois com um único feitiço.
Draco não tentara continuar, pelo visto ele já estava satisfeito. Harry também estava cheio de hematomas enquanto Draco continha apenas uma sobrancelha sangrando. Eu estava preocupada com Harry, mas antes de qualquer coisa tinha de resolver algo. Eu corri atrás de Draco.
– Draco. – eu o chamara e ele parara ainda de costas pra mim. – Está terminando comigo?
Eu perguntei sem a menor mágoa, como se estivesse perguntando as horas. Ele respirara fundo e respondera ainda de costas pra mim.
– Não era o que você queria?
– Sim. – eu respondi sincera, porém com um pingo de culpa na voz.
Então ele se virara pra mim e fazia tempo que eu não via aquele olhar, olhar de desprezo. Ele viera até mim ameaçadoramente.
– Você fez besteira, Granger. – ouvir meu sobrenome depois de tanto tempo doía, mas eu levantara ainda mais o nariz. Pois havia vencido.
– Mas estou livre agora. – eu respondi querendo jogar na cara dele tudo o que ele fizera comigo. – Quem diria, Draco, você conseguiu manter uma namorada por uma semana.
– E você conseguiu planejar tudo isso direitinho, não é?
– Você devia saber, Draco, que não se deve mexer com uma menininha como eu. Eu disse que me vingaria.
Ee me olhou como se eu fosse uma barata e até eu fiquei com pena de mim, não acreditava que era eu.
– Bem... Parabéns então. Você queria o meu desprezo, conseguiu. Queria ser livre, conseguiu também. Acho que estamos quites agora, Granger! – e assim ele fora embora.
E eu tinha a impressão de que devia estar muito mais feliz do que estava naquele momento. Fora a coisa certa a se fazer... Mas por que doera tanto?
Eu não queria magoá-lo. Mas foi mais fácil assim, o nosso ódio realmente era o mais saudável pra nós. Naquela guerra pelo menos. Não adiantava misturar os lados. Porém eu sabia que ia sentir a falta dele, menos dos nossos momentos de risada, quando eu esquecia que odiava dele.
Logo eu vira a cena da guerra de neve novamente na minha cabeça. Que merda... Eu não consigo me sentir bem, nem quando ganhava alguma parada. Eu sou mesmo uma infeliz. Mas às vezes parece que alguém quer se vingar da minha mente.
Chega de vinganças... Agora eu estava livre. Poderia voltar a ser a mesma Hermione de sempre, respirar aliviada... A vida voltaria a ser normal. Lógico que agora eu teria de explicar aquele beijo pro Harry, mas tudo bem... Eu só queria agora ir pro meu quarto e ter uma boa noite de sono para acordar e ver que enfim tudo valera a pena.
The trouble with love is
(O problema do amor é)
It doesn’t care how fast you fall
(Não se importa quão rápido você caia)
And you can’t refuse the call
(E você não pode negar sua chamada)
See you’ve got no say at all
(Veja, você não tem o que dizer)
Boa noite, Querido Diário.
Continua...
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