A Mui Chique e Elegantíssima S



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Ela acariciava de leve a mobília antiga e bonita da sala que se seguia acima da sala principal da qual ela conhecia. Na verdade era um quarto coberto de um luxo morto. Perfeito pela sua antiguidade, que lhe doía o peito, causando uma saudade de algo que não havia acontecido. 

Ela sabia que ali ela viveria para sempre. Parecia mais um apartamento pequeno, com banheiro, cozinha e um quarto que tinha uma escrivaninha e estantes cobertas de livros. Tudo acima da salinha da monitoria-chefe. E uma cama grande de casal tão antiga e bela como o resto. Tudo isso quase fora dela, se não fosse aquele maldito loiro, com aquele maldito beijo.
Mas o pior não era isso, e sim o cheiro que exalava naquele lugar... Aquele perfume, aquela loção, ela não sabia o que era, mas era o cheiro dele, que tanto a deixava tonta quando estava muito perto do loiro. E agora? Como escapar daquela sensação se o cheiro estava em toda sua volta? Era terrivelmente desconfortável, mas ela não podia negar... Era muito bom.

– O banheiro é logo ali, pode tomar um banho se quiser. – disse o loiro abrindo as portas do armário de madeira escura. – Pode usar alguma roupa minha.

– Somos bruxos, Malfoy. Acho que posso arrumar uma roupa para mim quando quero. – disse a castanha de modo grosseiro. Logo com a varinha transfigurara uma muda de roupas em cima da cômoda.

– Que pena. – suspirara o loiro. – Você realmente ficaria muito sexy só com as minhas. – disse ele com um sorriso perigoso. A castanha ficara vermelha o que fez o loiro rir mais ainda. – Você ficou sem graça, Hermione!

– Cala essa boca, eu vou tomar banho. E vê se não fica me espionando. – disse ela ameaçadoramente.

– Sabia que tinha que treinar mais oclumência... Droga! – brincou o loiro.

– Muito engraçado... – disse a castanha entrando no banheiro. O banheiro parecia um sonho, todo da mesma mobília do quarto, madeira escura e antiga. Mas com espelhos e uma luz fraca que tornava o lugar sonolento e aconchegante. 

– Está tudo bem aí? – disse a voz de Malfoy do outro lado da porta do banheiro enquanto a castanha se ensaboava na banheira.

– Eu não vou me afogar na banheira, Malfoy, se é isso que te preocupa. – ela dissera sarcástica. Ele encostara na porta de costas.

– Você podia falar direito comigo às vezes, sabe... Parar de me agredir um pouco.

– Malfoy pedido clemência? – ela debochara, repetindo a frase do loiro.

– Engraçadinha... Sério, não temos que brigar sempre.

– Eu não estaria brigada com você se você não tivesse quebrado o trato. – ele riu de lado do outro lado da porta.

– Pra quem detesta tanto os meus beijos até que você pensa bastante neles.

– Eu não penso neles! Foi você que tocou no assunto... Agora me deixa tomar meu banho em paz! – disse ela enquanto rindo o loiro saía da porta se jogando na cama.

Hermione ali, dormindo debaixo do mesmo teto que ele, era até difícil de acreditar. E como seria? Como ele se conteria? Draco esfregara o rosto com as mãos agressivamente. “Não pense, não pense!”.

No banheiro, Hermione brincava com a espuma da banheira, rindo sozinha, fingido que aquilo tudo era dela e que ao sair não teria de dar de cara com aquele loiro insuportável. Até que deixara a cabeça apoiada na beirada da banheira, fitando o teto. Viu novamente a cena dele com a Pansy na sala de baixo. Eles tão perto um do outro, com as bocas quase se tocando.

– Idiota... – ela dissera baixinho, seus olhos estavam embaçados. 

Ela olhava agora para a vidraça do banheiro que dava para a noite chuvosa de Hogwarts. “Céus, Hermione, não somos inimigos! Quando é que você vai entender que eu te amo? Quando é que você vai aceitar que me ama também?” ela lembrara deles no campo de quadribol, o olhar magoado e chateado do loiro. “Você é orgulhosa demais para admitir isso.”. A castanha respirara fundo, “Às vezes ele parece tão convincente...”, ela pensara dando um pequeno sorriso para o nada. 

Já seca e vestindo sua calça de moletom junto de sua blusinha de alça do mesmo tecido, ambos num cinza claro e com os cabelos ainda encharcados, ela saíra do banheiro e encontrara um Draco Malfoy vencido pelo sono, deitado de qualquer jeito na cama.
Ela se aproximara aos poucos e logo sentara na beirada da cama rindo silenciosamente de como Draco parecia um garoto de 10 anos dormindo. Os cabelos jogados de qualquer jeito nos olhos e um braço jogado relaxadamente pra cima. Depois de longos minutos só observando a cena, Hermione descera até o rosto dele, as bocas quase se tocavam, mas engolindo em seco ela se afastara mais um pouco, seguro o suficiente, mas ainda inclinada sobre ele, com um braço em cada lado do corpo dele, apoiado na cama.

– Draco. – ela chamara. – Draco... – mas ele não acordava, então rindo da própria idéia a castanha espremera um pouco os próprios cabelos deixando algumas gotas caírem no rosto dele, que levantou assustado, até parar centímetros do rosto da castanha que parara de rir na hora, agora vermelha de vergonha. – Eu só... Só... Achei que você quisesse tomar um banho... Antes... Antes... De dormir. – disse ela muito vermelha, gaguejando. A


 tensão era grande entre eles, ele parecia dividido entre respondê-la ou agarrá-la. Depois de longos minutos em silêncio ela se recompôs voltando a se sentar normalmente, quebrando o contato visual e qualquer outro pensamento que fosse.


– Desculpa te acordar. – ela dissera. O loiro se recompôs também, respirando derrotado. 

– Não... Foi uma boa idéia. Obrigado. – ele disse apressadamente, pegando sua roupa e uma toalha que estavam separados e entrando no banheiro.
Hermione terminara de pentear os cabelos quando ouviu a voz de Draco de dentro do banheiro.

– Hermione...

– Que?

– Tem suco e biscoito em cima da mesa, caso tenha fome.


 Ela logo reparara na mesinha do quarto com lugar pra duas pessoas, repleto de coisas gostosas pra comer... Muito mais do que biscoito. “Quantas vezes Pansy e ele já devem ter tomado café da manhã aqui?!”, ela pensava. 

– Onde arrumou isso tudo? 

– Sempre tenho um pouco disso por aqui. – ele dissera do banheiro. 



E foi quando ela começou a encher o copo de Limonada Suíça que aquele quarto pareceu se encher de uma música angelical e seu corpo fora tomado por uma brisa quente. Tudo conseqüência da visão que a castanha tivera. O loiro saíra do banheiro com sua calça azul escura de moletom, o que era sua única peça de roupa visível. Os cabelos molhados, os fios loiros jogados rebeldemente em todas as direções. E seu peitoral, como Lilá dissera, desprovido de pêlos. Com seus ombros largos e seus braços assim como a barriga, abençoados pelo bem do Quadribol.

Ele fora em direção ao armário, pegara o desodorante que agora ele exalava pelo corpo, todo o ritual Hermione observara ainda boquiaberta, pasma, sem perceber que seu copo já transbordara. Logo percebendo o estrago causado, ela voltou sua atenção para o suco tentando limpar aquilo tudo. Logo Draco percebera a confusão que acontecia com a castanha e deixou que um sorrisinho perigoso aparecesse em sua face uma vez que desconfiava do motivo.

– Está tudo bem? 

– Está. – disse ela logo bebendo todo o suco de uma vez pra disfarçar o nervosismo. – Muito gostoso. O suco! O suco é muito gostoso! Limonada Suíça, não é? Realmente muito bom! E é do suco que eu estou falando! – ela falava nervosa. O loiro se divertia ainda mais com o nervosismo da garota conforme ele se aproximava.

– Está tudo bem mesmo, Hermione?

– Cl-claro. Então onde eu vou dormir? – ela disse se afastando dele.

– Na cama, eu suponho. – disse ele distraidamente se servindo de um pouco de suco.

– E você? – ela perguntou. Ele a olhara sem entender.

– Só tem uma cama, Hermione...

– Você não está insinuando que a gente vai dormir junto, está? – ela perguntara ameaçadoramente. 

– Bem, desde que você não saiba como transfigurar algo em colchonete, acho que não tem outro jeito. – a garota ficara sem falas.

– Mas... Mas... Você não tem um reserva? – o loiro fez que não com a cabeça.

– Não é possível! Você deve saber transfigurar.

– Eu? Essa matéria ainda não foi dada, Hermione... Se você não sabe, o que te faz pensar que eu sei? – a castanha dera um grito histérico.

– Pois muito bem. – ela disse deitando num canto da cama e se cobrindo. Ele sorrira de lado e fizera o mesmo, deitando na outra ponta e se cobrindo também.

– Boa noite.

– Boa noite. – respondeu ela secamente e ele apagara as luzes com um estalar dos dedos.

Algum tempo de silêncio, respirações, escuridão... Ele ali tão perto, era impossível pegar no sono assim, era incômodo demais, ele era lindo demais... Por que ele simplesmente tinha de ser o maior filho da puta do universo? Por que simplesmente não era o cara que ela pensou que ele fosse na Ala-Hospitalar? Merda!

– Draco. – ela chamara baixinho, ele se assustara com o som do seu próprio nome e sentiu o coração bater muito forte.

– Hum... – ele dissera tão acordado quanto ela.

– Você está acordado?

– Agora sim... – ele disse divertido. – O que foi?

– Eu... Eu não consigo dormir. – ela disse como uma criança mimada. Ele rira divertido e se virara agora para ela. Ambos se encarando.

– Por que não? – ele disse com a voz carinhosa e ela sentiu todo seu corpo gritar: “Porque você está aqui e semi nu...”.

– Acho que não estou com sono. – ela disse olhando pra baixo. Ele sorrira.

– O que você quer fazer? 

– Não sei... Conversar talvez.

– Hermione Granger querendo conversar comigo? Eu só posso estar sonhando...

– Bem, você é o único aqui pra isso, não é?

– Ahh... Obrigado. – ele disse mal humorado. – Que tal brincarmos de alguma coisa?

– Brincarmos? Está louco? De que?

– Verdade ou conseqüência. – ele ofereceu com um sorriso perigoso.

– Vai a merda.

– Então só verdade. – ela pensara por um tempo. – Não tem mais nada pra fazer agora, quer dizer, eu consigo pensar em um milhão de coisas, mas acho que você não ia gostar. – ele disse safado e ela lhe dera um tapa no braço. – Brincadeira... Brincadeira...

– Verdade, então... Nem adianta me perguntar se eu te amo.

– Não tenho porque fazer perguntas das quais já sei a resposta. – ele disse a deixando vermelha.

– Começa logo vai.

– Ok. – ele pensou por um tempo. – Quando você deixou de amar o Potter?

– Esse tipo de pergunta é muito pessoal.

– Mas tem que responder... E a verdade.

– Aff! Eu não sei... Eu ainda o amo... Mas é diferente...

– Diferente como?

– Ahh... Eu não sei explicar, parece mais uma saudade de um amor que aconteceu, apesar de nunca ter acontecido. Não consigo mais sentir tudo o que eu sentia antes... 

– E o que você sentia antes?

– Acho que... – ela disse olhando pro teto, já viajando em lembranças. – Eu só pensava nele, o mundo parava quando ele aparecia, olhar para ele me dava vontade de rir, tudo nele me intimidava... Ahh, muita coisa. Era bom estar com ele. Ainda é, mas agora tudo é muito puro. Não fico mais nervosa e cheia de pensamentos românticos.

– E quando foi que mudou, Hermione?

– Eu não sei... Quando dei por mim já tinha mudado. – eles ficaram calados por um tempo. – Minha vez. – ela disse animada se virando pra ele. – Quando você vai me libertar?

– Ah! Boa noite – ele disse estressado se virando de costas pra ela.

– O que foi? Foi uma pergunta como outra qualquer...

– Você só quer motivo para brigar...

– Não quero não... Vira, Draco. – ela disse como uma criança cutucando ele nas costas. O que deixava a castanha vermelha. Ele não respondia. – Ah, Draco, a brincadeira estava tão legal... Hein... Anda... Vira... - Ela dizia balançando ele pelo ombro.


 Ele continuava em silêncio, mas gostando da insistência da garota. Como se ela houvesse esquecido seu ódio por ele. Ela se aproximara dele, se inclinando sobre ele pra ver se ele estava dormindo, como uma criança mal criada.


– Dracooo... Pára de fingir que está dormindo... Vem brincar comigo... Hein, seu loiro aguado!

– Pra quem questionou tanto dormir comigo até que você está numa posição bem suspeita. – ele disse ainda de olhos fechados. A garota ficara vermelha e observara que estava já quase com todo o corpo em cima dele e voltara pro seu lugar. Rindo ele voltara virado pra ela. – Você ficou sem graça de novo.

– Cala boca... É minha vez. Você e a Pansy... – ele rira perigosamente. – Vocês... Foram mesmo... Namorados?

– Eu sempre tive muitas namoradas, Hermione... – ele disse vitorioso. Ela fechara a cara.

– Sempre foi um galinha você quer dizer.

– Mas agora eu só tenho uma, não é?

– Não sei. Vocês estavam tão íntimos aquela hora lá embaixo.

– Eu sabia que você estava com ciúmes...

– Eu não estou! Foi só um comentário, droga.

– Não ia acontecer nada. – ele a cortou a olhando sério. E ficaram em silêncio novamente.

– Sua vez...

– Qual é a melhor lembrança que você tem?

– Difícil... Acho que do meu pai, ele rindo comigo, brincando comigo... Ele enfim. Estou com muitas saudades. – disse ela sorrindo triste para o nada. – Não vejo a hora de revê-lo. Se você quisesse matar alguém na escola... Quem seria?

– Fácil! Potter!

– Aff...

– Qual a sua pior lembrança?

– Meu pai.

– Não entendi... – a castanha respirara pesadamente antes de continuar.

– Uma vez, há alguns anos... Eu ouvi uma conversa dos meus pais, por um momento me pareceu que ele não era o meu pai verdadeiro. – ela disse de modo sombrio.

– O que? – perguntou o loiro se apoiando no cotovelo.

– É... Falavam algo como me dizer a verdade, um dia eu teria de saber e blá-blá-blá.

– E aí?

– Foi tudo um mal entendido, no fim estavam falando de uma coisa que não tinha nada a ver... Nem me lembro mais.

– Nossa... Menos mal.

– É... – ela se virara pra ele de modo intrigante. – Você aprova o que seu pai faz? – ele respirara pesadamente antes de responder sem desviar o olhar.

– Não mais. Você acredita em mim? – ela demorara um pouco pra responder.

– Às vezes. Você já pensou em se matar?

– Já.

– E por que não se matou? – perguntou a castanha sarcástica, ele riu irônico.

– Eu não costumo fazer tudo que me dá na telha. E eu nunca facilitaria as coisas pra você. – completou ele, ela rira irônica. – E você, já pensou em se matar?

– Ôôô já! – ela disse se lembrando em quantas vezes só esse ano ela pensara nisso.

– E o que te impediu?

– Eu me faço essa pergunta todos os dias. Acho que quero te matar antes. Qual é a sua pior lembrança? – ele desviara o olhar.

– São duas... Uma é de uma “discussão” entre meus pais, quando eu era ainda muito pequeno. Eu não gostava do modo como ele... A tratava. – ele disse se lembrando das surras que o pai dava na mãe dele.

– E a outra?

– O que eu fiz com você. – disse a olhando sério. – Na noite que Hogwarts foi atacada.

– Ahh... Eu já até esqueci isso. – ela disse relaxada.

– Você esquece isso, mas não esquece coisas idiotas e simples que eu fiz na noite que fui embora.

– Foi muito pior... Eu preferiria ter sido atacada 5 vezes por você transformado do que ter ouvido tudo aquilo. – ela disse magoada, ele respirou com dificuldade sentindo os olhos arderem.

– Eu já pedi desculpas...

– Dessa vez “desculpas” não vai funcionar... Mas anda, sua vez.

– Do que você mais tem medo?

– Acho que meu maior medo já aconteceu, que alguém que eu odeio lesse meu diário, meus pensamentos... Mas acho que não foi um mal tão grande porque no fim você não o usou pra nada terrível. Agora, se a Pansy pegasse meu diário... Não quero nem imaginar.

– Eu duvido que a Pansy saiba ler. – disse ele e os dois caíram na gargalhada.

– Qual é o seu maior medo? – ela perguntara ainda rindo, ele se calara.

– Isso eu não posso responder...

– Tem que responder, eu respondi, Draco!

– Faz outra pergunta!

– O que? Isso não vale! – eles ficaram quietos. – Grr! Que seja. Por que você não pode me dizer qual é o seu maior medo? – ela perguntou rindo vitoriosa.

– Porque isso não me ajudaria a fazer você admitir que me ama.

– Tsii... Você tem problema.

– Aquele dia que você se atrasou pra ir à monitoria por causa do Potter... Vocês se beijaram?

– O que? Não! – ele riu satisfeito.

– Ótimo.

– Você e a Pansy já... 

– O que?

– Ahh, bem...

– O que?

– Fizeram aquilo?

– O que? Ahh, Hermione! Eu não vou responder isso...

– Você já respondeu! – ela disse revoltada. – Eu não acredito! Que nojo! Eu... Eu nem consigo mais olhar pra você! Sai de perto de mim... – ela dizia com raiva enquanto ele ria.

– Ei, o que você esperava? Ela se joga em cima de mim. E eu sou homem.

– Ah! Cala a boca.

– Isso foi há muito tempo... Vira, vamos continuar a brincadeira.

– Não quero mais.

– Hermione, pára! Isso foi muito antes de eu te beijar pela primeira vez.

– NÃO ME LEMBRA ISSO!

– Vira... Vamos continuar... – ele disse a virando de frente pra ele que ainda estava emburrada.

– Quantas vezes?

– O que? Não, Hermione, pára de falar disso.

– Eu não acredito! Tantas assim?

– Não, pára, esquece esse assunto pelo amor de Merlin!

– Ela é nojenta!

– Ela é bonita...

– Então porque não dormiu com ela hoje? Ela estava se esfregando em você!

– Porque ela não me interessa mais... Ela nunca representou nada pra mim, Hermione!

– Então você a usava? – ela disse com a cara escandalizada.

– Não!! Esquece esse assunto, droga!

– Quanto mais eu descubro sobre você... Grr!

– Quais são as coisas que você mais ama na vida?

– Livros!

– Ah, é... Por que perguntei?

– Tem outras coisas também... Gosto de chuva... – ela disse sorrindo pro teto imaginando. – Margaridas amarelas, chocolate, música... Tanta coisa. – ela falava enquanto Draco ficava hipnotizado por sua voz e seu sorriso bobo. Era perfeito estar ali com ela, estar conversando com ela. – Você é um Comensal? – ele ficara sombrio.

– Não. – “Eu não estou mentindo...”, pensava ele. “Eu sou só o herdeiro de Voldemort, não exatamente um Comensal, certo?”. E de fato ela sorrira aliviada ao ouvir tal resposta.

– Você vai voltar a me odiar amanhã?

– Eu ainda te odeio agora.

– Aff...

– A Pansy foi a única?

– Hermione... De novo não.

– Responde, Draco, eu sou sua namorada não sou? – ele sorrira perigosamente. – Quer dizer... FALA LOGO, DROGA.

– Não... Não foi a única. Satisfeita?

– Eu tenho nojo de você.

– Aff...

– Foi a Chang?

– Hermione, está na minha vez! – ele brigara. – Quem você mataria do colégio?

– Você.

– Ah, outra pergunta idiota.

– Foi a Chang?

– Céus! Dá pra esquecer um pouco o meu passado sexual?

– RESPONDE!

– Lógico que não, nós tínhamos uns 13, 14 anos... 

– Então quem? Aquela amiga loira da Pansy?

– Minha vez. O Weasley já chegou em você?

– O que? Lógico que não!

– Por que lógico? Ele sempre foi caído por você... Coitadinho.

– Não muda de assunto, Draco... Quem foi?

– Quem foi o que?

– A outra... Ou outras... – ele suspirara entediado. – Conte o nome de todas elas!

– Tá, Hermione! Aí esquecemos esse assunto, ok?

– Ok, agora fale!

– Pansy, Jackeline Fendron, Pámela Scrimm, Kate Kley e mais uma que não é da escola. – ele dissera, Hermione ainda ficara com a boca entreaberta.

– Cinco? Nem houve tempo pra tudo isso...

– Houve, te garanto que houve...

– Você... Você... Ahh, nem vale a pena. – disse ela se virando. Draco suspirara derrotado.

– Hermione... Pára, isso foi muito antes de eu me envolver com você!

– Não estamos envolvidos, seu idiota! – ela se virara pra falar. E logo voltara de costas pra ele.

– Tá bom, podemos esquecer isso agora e voltar a brincadeira. Foi você que perguntou!

– E a amiga loira da Pansy? – ela se voltara pra ele.

– Ah... – ele se jogara derrotado na cama.

– Hein?

– Eu só fiquei com ela há muitoo tempo.

– Só?

– Céus, Hermione, eu sei que sou lindo, mas não transei com todas as garotas de Hogwarts não!

– Menos mal, achei que você teria coragem de fazer isso com a própria amiga da Pansy!

– Está preocupada com a Pansy agora?

– Ela que morra. Mas você não precisa ser um completo canalha, não é? Ah, esqueci... Você já o é.

– O que você quer ser na vida?

– Auror... – respondeu ela ainda emburrada.

– Achei que ia fazer algo em relação à Runas Antigas ou no Ministério.

– E assistir as pessoas que amo lutarem? Não, eu estarei ao lado de Harry, Ron e toda a Ordem nessa guerra... Nessa maldita guerra. – a castanha dissera com a boca seca.

– Pode ser perigoso...

– Estamos sempre correndo algum tipo de perigo... E você? O que quer ser da vida? – ela perguntara, o loiro se virara pra cima, encarando o teto.

– Não quero ser sozinho. – tudo desabara na hora, Hermione sentira a cama sumir sob ela. Uma tristeza imensa a invadir... Uma onda de medo a corroer o corpo. Medo de perdê-lo... De nunca mais poder conversar assim com ele...


“Não é ele, ele está fingindo, igual na Ala-Hospitalar...”, ela tentava se convencer. Ele fizera algum barulho com a garganta pra quebrar o silêncio.


– Minha vez. Qual a primeira coisa que você pensou quando eu te beijei no armário de vassouras?

– Em um monte de palavrões, pode ter certeza. – ele rira divertido.

– Isso foi o que você escreveu no seu diário... Mas no que exatamente você pensou?

– Ah, sei lá... – ela disse estressada. – Eu não lembro. Em não pensei em nada, eu acho. Eu não consegui pensar em nada.

– Está vendo? – ele disse se inclinando sobre ela. – Você me ama, Hermione. Nem pensar você consegue quando eu te beijo. 

– É lógico, eu fui pega de surpresa... E quer fazer o favor de sair de cima de mim? – ela pedira com raiva.

– Sabe o que eu acho, Hermione?

– Estou muito curiosa...

– Que você tem medo de se apaixonar de novo... De sofrer como sofreu por causa do Potter... Tem tanto medo que ainda não percebeu que já é tarde demais. – ele dissera perigosamente quase roçando seus lábios nos dela.



Ela apenas respirava nervosamente, imobilizada. Não tinha o que dizer. Não conseguia pensar. Só tinha raiva, muita raiva. E a raiva só aumentou quando ele saiu de cima dela voltando para o seu lugar. Ele havia tentado-a, brincado novamente com os sentimentos dela.

– Pois quer saber o que eu acho, Draco? – ela disse agora sedutoramente, se inclinando sobre ele, de forma perigosa, o deixando tenso.


Ele estava deitado com os braços atrás da cabeça, e ela se inclinava cada vez mais roçando agora os seus lábios nos dele. Deixando que ele sentisse e se arrepiasse com o leve toque do seu corpo no dele.


– Que você está perdendo o seu tempo... – ela continuava com seu tom perigoso e ele estava contando mentalmente pra se conter. – Que você me conhece muito pouco... E que se você venceu uma infeliz aposta... Saiba que foi a única. – agora suas respirações estavam unidas numa só. Seus lábios quase se unindo. – Eu não vou me apaixonar por você. – ela disse e quando ele já havia dado impulso para beijá-la ela saíra com um sorriso vitorioso nos lábios. E se virara de costas pra ele o deixando boquiaberto e pasmo. – Boa noite. – ele ainda ficara por um tempo olhando pras costas dela furioso.

– Muito esperta, Hermione, mas pouco convincente. Agora me dá um pouco desse cobertor. – ele disse, puxando o cobertor com raiva.

– Ei, me dá. – ela disse puxando também.


E ficaram assim por um bom tempo puxando o cobertor um do outro. Até que ela numa força só puxara todo o cobertor só pra ela, o deixando sem nada. Ele ainda ficou olhando pras costas dela abobado e então puxara com toda a sua força também o cobertor só pra ele. Mas dessa vez Hermione viera junto com ele, indo de encontro ao seu corpo.

E assim ficaram por um tempo pasmos, se encarando, seus corpos colados. E dessa vez Draco não conseguia achar uma só saída, seu corpo parecia um animal que estava prestes a agir por conta própria. Ela estava ali com a boca entreaberta mais vermelha que nunca, por onde respirava também. Ele sentia seu corpo por inteiro, seu peito subir e descer de nervoso. Suas coxas enroscadas nas suas. Todas as curvas de seu corpo ali meio que implorando pra que ele se apossasse delas. E sem mais conseguir se conter ele a beijou, com mais paixão e possessão do que já a beijara antes. 
Ela não conseguira segurar uma exclamação o que só o incentivou mais ainda. Ele se posicionara por cima dela agora, a beijando com mais desejo que qualquer um pudesse sentir. Ela também não tivera nem chances de reagir, pois o desejo dele se apossara dela assim como o desejo dela parecia se apossar da situação. Enfim o desejo de ambos estava de mãos dadas nessa história.

Ele beijava-lhe o pescoço, as respirações ali já se confundiam com outros sons comuns nessas situações. A mão que ela levantara para empurrá-lo ele agarrara com a própria segurando-a acima da cabeça dela. Depois ele novamente capturara seus lábios de forma tão simples e eficaz que ela não acreditava mais que era a boca dela. Ele puxara mais sua cintura de encontro ao seu corpo de modo que a cabeça da jovem caíra pra trás. O que o fez perder mais ainda a razão, beijando-lhe do pescoço ao colo se contendo pra não descer mais ainda. Subindo novamente para o pescoço e assim para a boca da qual mordera com um pouco mais de força que o normal, o que fizera a castanha exclamar mais uma vez mais alto. 

– Desculpa... Te machuquei? – ele perguntara assustado, ambos ficaram em silêncio com os corpos ainda colados as respirações ainda ofegantes.


Ela virara então o rosto de lado deixando que os cachos caíssem sobre os seus olhos, o empurrando para o outro lado com certa dificuldade. Ele ainda observava suas costas ansioso, quando ela falou.

– Você quebrou o trato de novo... – ela disse com a voz sofrida. – Isso que dá eu ficar tendo conversas amigáveis com você... Por um momento esqueço que te odeio.

– Devia é lembrar que me ama. – ele dissera, ela se virara pra ele com ódio.

– Mas que merda, Malfoy! – ele se assustara ao ouvir o sobrenome. – Não pode ficar fazendo essas coisas, não pode ficar brincando com os outros desse jeito. Eu tento não odiar você... Tento me convencer que você continua sendo aquele Draco da Ala-Hospitalar. Mas não é! Você não presta! Faz tudo isso por uma maldita aposta!

– Não! Esquece a aposta! Esquece tudo!

– Sim, exatamente o que eu vou fazer... Esquecer tudo o que houve aqui!

– Não isso, Hermione! – disse Draco irritado. – Céus! Você é impossível! Não sei mais o que fazer pra você acreditar em mim... –ambos ficaram em silêncio, Hermione ainda de costas pra ele.

– Quer saber? Eu vou dormir no sofá lá em baixo. – disse Hermione se levantando.

– Não, você dorme aí – disse ele no mesmo tom grosseiro a empurrando na cama de volta. – Quem vai dormir lá sou eu.

– Não, a cama é sua... Fica aí você!

– Hermione não vamos discutir agora pela posse do sofá, por favor! – brigou o loiro descendo as escadas em direção a salinha de baixo.

– Você me perguntou o que eu pensei... – disse ela fazendo com que ele parasse no meio da escada para ouvir, ainda com a cara amarrada. – Pensei que você ficaria ainda mais insuportável depois daquilo. – terminou a castanha em tom travesso, e rindo gostosamente Draco descera as escadas. 

Ambos demoraram pra pegar no sono, relembrando tudo o que ocorrera aquela noite. Hermione pensava em todas as garotas que Draco havia falado, elas eram realmente lindas. E ela não conseguia entender o porquê dela agora ser a namorada dele. Ela não se imaginava nem aos pés delas, pelo menos em beleza. Pelo menos na cabeça da castanha. 



Draco repassara os beijos dos dois minutos antes, era torturante tê-la assim, tão profundamente pra depois fingir que não aconteceu. Era insuportável beijá-la daquele jeito, ouvir sua aprovação e depois se afastar... Enfim os dois adormeceram. Esperando pra acordarem pra a rotina de sempre... Mas uma pergunta Hermione esquecera de fazer aquela noite, o que a fez acordar no meio da noite.


 “Afinal... Qual foi a primeira coisa que se passou pela cabeça dele quando me beijou no armário de vassouras?”.

Continua... 

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