Voltando Para Casa
-O que você disse pra Lily? - perguntou Sirius com um sorriso maroto para Tiago, assim que o Nôitibus sumiu.
-Nada que lhe interesse, seu cachorro abelhudo. – disse o maroto de volta, devolvendo um sorriso maroto para o amigo.
-Ora, mas é claro que interessa! Quero saber se é digno de receber um tapa no meio da tua fuça!
-Estais contra mim?
-Não, é que eu me divirto vendo você sofrer.
-Quem precisa de inimigos com um amigo desses...
-Ai, meu Merlim, lá vão eles de novo. – disse Sarah, revirando os olhos. – Vocês não se cansam de discutir, não?
-Acredite, Sarah, eu preferia estar fazendo outra coisa – disse Sirius colocando o braço em volta de seu pescoço, no que a loura revirou os olhos.
-Bom, eu acho que eu to sobrando aqui... – disse Tiago, saindo dali.
-Como assim? – perguntou Angie, enquanto Remo corava furiosamente.
-Já tava na hora de você fazer isso! – disse Sirius com um sorriso maroto.
-O que quer dizer com isso, Potter? VOLTA AQUI! – gritou Sarah, ao ver que o garoto já estava longe.
**
Depois do que pareceram séculos em casa, finalmente chegou o dia primeiro de setembro. Passava das sete da manhã Lily ainda estava dormindo em sua cama. Na escrivaninha, cartas e mais cartas das amigas tomaram conta da superfície do cômodo.
“Você deveria ter ficado mais tempo, o jogo foi bem divertido. Sirius ficou tão sem graça depois que o Tornados perdeu, você tinha que ver...”
“É muito estranho, eu não entendi bulhufas do que ele quis dizer. Ele estava sendo irônico?...”
“...Quando é que você vai sufocar a Petúnia e vir passar o resto das férias aqui?...”
“... Sabia que o Potter ta trancado no quarto dele faz uma semana? Não sai quase nunca!...”
“...Isso aqui ta um tédio, a Angs foi embora, o Remo também e to eu sozinha aqui junto com o Black e o Potter. Claro, eu podia ir pra casa, mas não gosto de ficar sozinha, você me conhece. Mas bem que seria ótimo, já que o Black ta com mania de...”
“Oi, Lily, tudo bom? Como estão suas férias? As minhas estão ótimas, caso esteja se perguntando. Ontem eu fui na casa do Frank, e não morri de tédio... Hei, fiquei sabendo que você foi pra casa do Potter. Pra quem dizia que odiava ele, até que vocês estão se dando muito bem, pra você já estar indo na casa dele!...”
“... Todos esperamos que você esteja bem – por todos, inclua os três Potters, Black e eu, claro – e que responda essa logo. To morta de saudades!...”
As garotas lotaram a ruiva de cartas o resto do verão. Até mesmo os marotos escreveram à ela, só que ela teve o cuidado de ler somente a carta de Remo, o único que valia a pena se corresponder dentre os três. E estava louca para descobrir quem foi a criatura que dera seu endereço para o Potter.
No criado mudo, o despertador começou a tocar. E, com rapidez, Lily desligou-o e se levantou. Ela olhou no relógio.
-Mas que droga! – ela corre para o banheiro tomar uma ducha rápida. Eram quase oito e ela ainda nem arrumara as malas. E tinha uma viagem de uma hora até Londres. Odiava deixar tudo pra última hora, mas dessa vez não teve escolha: ajudara sua mãe com a festa de noivado da Petúnia, foi até a casa de um parente distante, foram conhecer a família do gordo, quer dizer, do noivo e a ruiva lera todos os livros que Sra Potter comprara para ela. E se esquecera completamente que o dia primeiro de setembro estava se aproximando cada vez mais.
Como um foguete, ela saiu do banheiro e se trocou. Passou os próximos 60 minutos procurando os livros e outros pertences. Era quase nove e meia quando ela acabou com a mala. Agora, faltava a pior parte: convencer Petúnia a soltar Adelaide.
Sua irmã trancara sua coruja no momento em que chegara em casa. Literalmente trancou o animal, já que ela estava no armário debaixo da escada. Lily havia deixado a gaiola aberta e treinara sua coruja para abri-la, quando não estava trancada. Todos os dias, a ruiva colocava, pela portinhola que havia ali, montes de ração. Durante a noite e quase o dia todo podia-se ouvir a criatura piando tristemente.
-Bom dia, querida! – cumprimentaram seus pais quando ela entrou pela cozinha. Já sua irmã, fechou a cara. E ficou mais feia do que já era, se é que isso é possível.
-Bom dia! – cumprimentou a garota, sentando-se no lugar vazio na mesa. – Petúnia, preciso da chave do armário sob a escada.
-Pra quê? – perguntou a irmã, mais fria que um cubo de gelo.
-Vou dar uma festa lá dentro, sabe. Pra pegar minha coruja, pra que mais seria?
-Pra que você quer aquele animal estúpido?
-Ela é minha, sabe, e ta trancada lá dentro desde que voltei.
-Bem que poderia ficar trancada lá mais uns dois anos. – disse Petúnia com indiferença, voltando sua atenção para seu prato de aveia.
-Olha aqui, ou você abre aquela porta, ou você vira um sapo!
-Lílian! – Sra Evans repreendeu sua filha mais nova.
-Você não se atreveria, sua delinqüente!
-Petúnia! – Dessa vez, ela repreendeu sua filha mais velha.
-Não duvide de mim, sua eqüina falante!
-Estou te desafiando, sua anormal!
-JÁ CHEGA! – explodiu Sr Evans, se levantando de um pulo e batendo as mãos na mesa. – Petúnia, solte a coruja de sua irmã. Lílian, peça desculpas.
-Mas pai...
-Peça!
-Desculpa, Petúnia. – disse a contragosto. E murmurou um “eqüina” quase inaudível.
-Sua vez, Petúnia. – exigiu Sr Evans.
A garota nada disse, e saiu da cozinha batendo os pés. Pode-se ouvir a trinca de uma porta de abrindo e essa sendo aberta com um rangido. Em seguida, um bater de asas e um grito de Petúnia. Lily tentava esconder o riso quando sua coruja apareceu na cozinha e pousou em seu ombro e ouvia sua irmã subindo as escadas a passos apressados.
Sem esperar, a ruiva saiu da cozinha, pegou a gaiola dentro do armário e voltou para o seu quarto. Fez Adelaide entrar na gaiola a contragosto, fechou-a, pegou o malão e desceu as escadas com eles. Lá embaixo, a sua espera, estavam seus pais. Sr Evans, ainda com uma cara meio fechada, ajudou a colocar a mala dentro do carro. Quando a ruiva fechou a porta do carro, a outra se abriu e sua irmã sentou-se ao seu lado. Parecia que esse ano ela não tinha escolha: teria que ir a Londres. Assim partiram, cada uma olhando para a própria janela.
*~*
-Ainda bem que eu disse pra essas malas estarem prontas ontem. – apressou Sra Potter, de braços cruzados, impaciente, encostada no portal do quarto do filho.
-Primeiro de setembro não é primeiro de setembro sem uma boa correria – a voz de Tiago saiu meio abafada, pois ele estava debaixo da cama, tentando desenterrar de lá um livro. Como fora parar lá, o maroto não sabia dizer.
O quarto estava totalmente revirado: a escrivaninha estava com folhas de pergaminho espalhadas por todos os cantos, e havia um Athos em cima delas olhando o dono sair de debaixo da cama com um olhar desaprovador. O lençol da cama estava revirado; afinal, Tiago acabara de acordar. Havia um malão aberto no chão com a tampa aberta, deixando amostra de um emaranhado de roupas trouxas, vestes de quadribol e uniformes da escola. O guarda-roupa estava em igual situação, senão pior. E uma gaiola suja encontrava-se em cima de uma pilha de livros.
-O Katrina passou por aqui? – disse Sirius, postando-se ao lado de Sra Potter.
-Pior. Tiago Potter passou por aqui – disse Alana Potter, olhando o “agregado” com um sorriso brincalhão.
-Isso é preocupante. Temos q ue ficar alertas.
-Ah, parem os dois! – disse Tiago, enquanto os dois riam. – Ô, cadelinha, já arrumou a sua mala, por um acaso?
-Já, tive a decência de acordar mais cedo pra arrumá-la.
-Isso sim é preocupante. Você, acordando cedo pra arrumar mala? Você e o Remo não trocaram de corpos não?
-Pô, Pontas, também não precisa ofender... – disse Sirius, fazendo cara de ofendido. O moreno ficou olhando o outro tentar fechar a mala enorme, com uma cara indiferente.
-Não vai me ajudar não? – perguntou Tiago, olhando o amigo com incredibilidade.
-Eu não, você não pediu ajuda.
-Vamos, garotos, depressa, já são dez pras dez. – disse Sr Potter, aparecendo atrás da esposa. – Você os leva na estação?
-Você não vem? – perguntou Tiago, parando no meio de uma nova tentativa de fechar a mala, no que tudo que estava dentro transbordou.
-Não, recebi um chamado e tenho que comparecer no Ministério. Parece que descobriram quem atacou Surrey. – terminou o homem, mais para a mulher dele do que para os garotos.
-Lily está bem? – quis saber Tiago. Desde que Lily fora embora, houve dois ataques a Surrey, ou bem perto de lá. Foi desde então que as cartas da ruiva pararam de chegar e eles começaram a se preocupar. Mesmo que o Sr e a Sra Potter dissessem que os ataques haviam acontecido muito longe de onde a garota morava, eles não paravam de pensar o que houve com ela, principalmente Tiago.
-Ela foi para o St Mungus esta manhã em coma. – disse Sr Potter, só que em um tom de tédio e irônico, mas o maroto nem percebeu.
-Que?
-Pelo menos assim ele pára de perguntar – disse o homem. Em seguida deu um beijo na mulher e saiu. Tiago ficou olhando a mãe, com uma cara muito estranha.
-Me diz que ele tava brincando.
-Claro que estava, Tiago! – disse Sra Potter, como se fosse obvio. – Você não parava de perguntar, nota-se que era isso que queria ouvir.
O maroto suspirou, aliviado. Ás vezes, seus pais tinham um humor meio estranho.
Minutos depois, estavam os três dentro no Noitebus, sacudindo e sendo jogados para trás conforme o ônibus aumentava de velocidade. O automóvel estava cheio, por isso Sra Potter dera alguns galeões a mais para o motorista para passa-los na frente, já que estavam atrasados. Em meia hora, entravam em Londres.
*~*
-SARAH! – gritou uma voz conhecida a suas costas. Nem deu muito tempo dela se virar e uma cabeleira negra cheia de cachinhos impediram sua visão.
-Oi Angie! – disse a loira, tentando se livrar do abraço forte da amiga de uma forma não muito grosseira. A morena a soltou. – Como foi seu fim de férias?
-Péssimos, eu fiquei em casa o tempo todo, não teve graça nenhuma. – disse a garota, num tom monótono. – Se não fosse o Spike eu morria de tédio. – Spike era o cachorro malhado de Angie, da raça Husky Siberiano. A morena morria de ciúmes do cachorro, e tinha um orgulho imenso dele. – E você?
-O mesmo de sempre – disse Sarah, no mesmíssimo tom monótono de Angie. – Meus pais e as gêmeas passaram todos os dias na Academia dos Aurores e eu tive que ficar na casa do Tiago, agüentando ele e o Sirius, que agora está morando lá, eu acho. Tortura ficar sozinha com aqueles dois.
-E o Tiago não ficou segurando vela? – disse Angie, rindo.
-Você vai levar um candelabro no meio da idéia daqui a pouco. – disse Sarah, mas com uma cara muito engraçada.
-Desculpa – riu a garota.
-Ai, de onde vocês tiraram que eu gosto do Black?
-Vocês?
-É, você e a Lice. Ela ficou dando indireta pra mim pelas cartas.
-Ah, talvez pelo jeito que ele te olhava... Ou que você olhava pra ele...
-Do mesmo jeito de sempre – disse a garota, como se fosse obvio.
-Aham. – disse a morena, num tom incrédulo.
-Ai, vocês me dão nos nervos!
-Credo, desde quando você é estressadinha assim?
-Desde que vocês...
-Alice!
-Não, não só a Alice, mas você e a Lily também...
-Não! Quis dizer que a Lice ta ali! – disse a morena, indicando um ponto atrás da loira. Uma garota da altura delas, de rosto redondo, grandes e expressivos olhos castanhos claros e cabelos cheios e da mesma cor dos olhos sorria para elas enquanto se aproximava.
-Lice!
-LICE! – disse Angie, pulando no pescoço da garota, que quase desabou no chão.
-Ai, alguém me socorre! – disse Alice, numa voz abafada. – E você, ai ficar rindo em vez de tirar essa coisa de cima de mim?
-Vou – riu Sarah. – É só a Angie!
-É, mas ela me dá medo! – disse a castanha, logo depois de a morena tê-la soltado.
-Você vai ter motivos pra te medo de mim em breve, Osbourne. – disse, olhando-a falsamente ameaçadora.
-Tá, isso foi assustador. – disse Alice, esbugalhando os olhos, deixando-os muito maiores do que já eram. Logo em seguida, as três caíram na risada.
-Vem cá, será possível que, de toda a turma, só chegou a gente? – perguntou Angie, olhando em volta.
-Bom... – disse Alice, também olhando em volta. – O pessoal da Corvinal tá bem ali.
-Lice, quem se interessa pelo pessoal da Corvinal aqui é você, não eu. – disse Angie, olhando na mesma direção da amiga. – Ainda não me conformo que você tirou Frank da Lista dos Solteiros Mais Cobiçados de Hogwarts.
-É, Lice, sua sem graça... – disse Sarah, rindo da cara que Alice fazia. A loira identificou, no meio daquele aglomerado de pessoas, um moreno muito atraente. – Ai, se ele não tivesse namorando... – disse ela, num tom suspirante e apaixonado, no que Alice fechou a cara mais ainda.
-É, mas olhar não tira pedaço – disse Angie, com um sorriso maroto.
-Vai, parem, isso não tem graça. – disse Alice.
-Frank fez mal a você. Cadê seu senso de humor? – perguntou Angie, mas parou de “secar” o namorado da amiga. – É.... a Lufa-lufa não fica atrás, sabe.
-Essa garota tá muito saidinha pro meu gosto – brincou Sarah. Ela se virou para o ver melhor o grupo de garotos e garotas da Casa Lufa-lufa e deu de cara com um garoto moreno olhando para elas. – Ah, deixa a Lily saber que ele tá secando a gente!
-Então é pra valer? – perguntou Alice, analisando a cara de Amos Diggory.
-Diz Lily que sim, mas não tenho certeza. Não depois do que houve no verão.
-O que houve no verão? – perguntaram Angie e Lice juntas.
-Não sei, mas que houve alguma coisa, isso houve. E eu vou descobrir. – disse Sarah, seriamente, desviando o olhar de Diggory para as amigas. – E, falando sério, espero que seja algo serio o suficiente pra acabar com o namoro dos dois.
-Credo Sarah, quem te ouve falando assim, até pensa que você quer que a Lily não seja feliz. – comentou Angie.
-Eu quero que ela seja feliz. Merlim sabe como ela merece. Mas não acho que a felicidade dela está com o Diggory.
-Lá vem ela, com seus poderes psíquicos. – disse Angie, no que Alice riu. – Sarah e seus pressentimentos. Até parece coisa de outro mundo.
-Eu tenho o dom de saber o melhor para as pessoas. – brincou a garota, fazendo uma cara de suspense teatral.
-Ih, olha só quem chegou – disse Angie, apontando na direção do portão. As outras duas se viraram e viram Sr e Sra Black atravessando a passagem, seguidos de seu filho caçula, Regulus.
-Eca. – fez Alice, enquanto Sra Black mimava o filho.
-Vá lá agradar a sogrinha – disse Angie, empurrando Sarah de leve.
-Eca digo eu! – disse a garota, fazendo cara de nojo e dando as costas àquela visão dos Black. – Não tenho estomago pra sequer imaginar eu e Sirius juntos.
-Aham. Que vê, pensa. – disse Angie, num to irônico, para irritar a amiga.
-Ah, sossega o facho, Andrews. – disse Sarah, num tom irritado.
-Eu to saidinha e ela estressadinha. – comentou a morena para Alice.
-Vocês me estressam! – disse Sarah, mas num tom divertido.
-Mas já estão brigando?- disse uma voz atrás delas. Elas se viraram e viram Remo andando na direção delas. Como sempre, o castanho era o primeiro a chegar dos marotos.
Como fazia com todo mundo, Angie deu um grande abraço no maroto. Ela não percebeu, mas Sarah e Alice viram o rosto do garoto mudar de ocre claro e rosado para um rubro forte e vibrante.
-E aí, Remo, novidades? – disse Sarah, tentando conter o riso, depois que a morena soltara o maroto. Alice fazia barulhos estranhos com o nariz, tamanha a força de esconder o riso também, e Angie olhava para ela sem entender nada.
-Lice? – disse a morena, no que a castanha explodiu em risadas, seguida de Sarah. Angie olhava de uma para a outra como se elas tivessem algum tipo de doença contagiosa e altamente perigosa. Ela olhou para Remo, que deu de ombros, ainda um tanto vermelho. – Qual é a graça?
A essa altura, Sarah e Alice apoiavam-se uma na outra para não caírem no chão de tanto rir e já chamavam a atenção dos grupos de alunos e pais ali por perto.
-Gente, menos, vai. – disse Angie. As duas agora respiravam em grandes sorvos, parando de rir, ou pelo menos tentando. – Imagino o que a Lily não diria se estivesse aqui.
-Ela provavelmente nos daria razão – murmurou Alice, no que Sarah concordou com a cabeça e segurou mais uma onda de risos.
-Por falar em Lily, alguém tem noticias dela? – perguntou Sarah, ficando séria repentinamente. Os outros três balançaram a cabeça negativamente.
-Eu comentei isso com meu pai, e ele disse que estão tendo muitos casos de cartas extraviadas. Será que as cartas das Lily foram interceptadas? – disse Angie.
-É uma grande possibilidade – comentou Remo. – Rubby chegou duas vezes com a asa machucada lá em casa.
-Não sei não. Todas as cartas dela seriam extraviadas? Que eu saiba, Lily não é tão importante e chamativa assim – disse Alice.
-Em tempos como esse... – murmurou Sarah, como cenho franzido e cara de preocupada.
-A gente chega a pensar... – sussurrou Angie, sentindo um arrepio, tentando evitar pensar no que estava pensando. Remo colocou a mão no ombro da amiga; no que Sarah e Alice se entreolharam novamente.
-Não é ela ali? – comentou Remo, olhando para a passagem da estação, onde uma garota de cabelos vermelhos flamejantes entrava de cara emburrada ao lado de uma garota de cara de cavalo.
-Não sei porque não posso ficar lá no carro esperando – resmungava Petúnia pela enésima vez. Enquanto sua mãe argumentava alguma coisa, Lily revirava os olhos.
-Santa, Petúnia, você tem que reclamar de tudo? – disse a ruiva, no que a irmã fechou a cara.
-LILY! – a voz inconfundível de Angie foi ouvida, por incrível que pareça, por cima de tudo o que fazia barulho na estação 9 ½ . A garota viu a amiga vir correndo em sua direção, seguida de Sas, Lice e Remo. A ruiva podia jurar que ouviu a irmã soltar um muxoxo. Angie, como era previsível, praticamente pulou no pescoço da amiga. – QUE SAUDADES!
-Angs, não precisa grita, ainda não to surda! – riu, logo depois que a morena a soltou. A ruiva foi abraçada por Alice bem longamente, já que não a via desde junho, e depois por Remo.
-Você sumiu! – disse Sarah, abraçando a amiga também. – Onde esteve as férias inteiras?
-Em Surrey, onde mais?
-Ta, mas precisava sumir do mapa?
-A culpa não foi minha, foi...
Mas antes que pudesse se explicar, ela ouviu seu nome mais uma vez e se virou; mas, antes que pudesse ver quem quer que fosse, ela se viu quase sendo jogada no chão por alguém que a abraçara. Não teve duvidas de quem era quando sentiu uma certa colônia masculina invadir-lhe as narinas.
-POTTER!
-Eu estava tão preocupado. – sussurrou ele.
-SE EU FOSSE VOCÊ, ME PREOCUPARIA COM MINHA VIDA SE NÃO ME SOLTAR NESSE EXATO SEGUNDO, POTTER!
A ruiva ainda estava bufando de raiva quando o maroto a soltou. Ela respirou fundo uma ou duas vezes para ver se acalmava-se, enquanto arrumava os cabelos. Ela olhou em volta e viu Sirius parado ao lado de Tiago, olhando para a ruiva de um jeito estranho, como se ela fosse um bicho de sete cabeças ou coisa assim.
-Não vai me abraçar também não, vai Black? – perguntou ela, ofegante, de cara fechada. Daqueles marotos, pode-se esperar de tudo.
-Não – respondeu ele, como se fosse obvio. – Eu ainda tenho amor a vida, Lílian, se não se importa, eu não vou te abraçar.
-Melhor assim – disse ela, ainda de cenho franzido. Ela embolou os cabelos num coque mal-feito e ofegou, olhou em volta, aparentemente esqueceu o que estivera fazendo. – Onde eu estava?
-Abraçada ao Tiago – disse Angie. Lily olhava feio para a amiga, no que ela deu um sorriso divertido e os outros quase se dobravam ao meio de tanto rir. A ruiva sentiu o rosto esquentar.
Um apito foi ouvido. Instintivamente e ao mesmo tempo, eles olharam nos relógio de pulso ou no relógio pendurado numa parede próxima. Já eram dez e quarenta e cinco. Uma mulher de cabelos ruivos escuros e olhos azuis claros chegou de fininho e escorou no filho, colocando o queixo em sua cabeça.
-Mãe! – disse Tiago, saindo de debaixo da mãe e olhando pra ela num tom falsamente irritado. – Assim você me embaraça.
-Não, impossível, não com esse cabelinho chato seu – disse Sra Potter, rindo.
-Não tava falando do meu cabelo – disse ele, no mesmo tom que antes.
-Eu sei, estressadinho. – disse a mulher, passando uma das mãos nos cabelos de Tiago e bagunçando-os do mesmo modo que o maroto fazia, esfregava mais rápido.
-Mãe! – disse Pontas, tirando a mão dela para longe de seus cabelos.
-Ora, você sempre faz isso, porque eu não posso fazer também? – disse ela num tom de riso e teimoso de uma criança.
-Porque eu fazendo isso é maneiro – disse ele, bagunçando os novamente, só que do mesmo modo de sempre. Sra Potter revirou os olhos, divertida. – E você fazendo isso em mim é cafona.
-Cafona? O que posso fazer se gosto de mimar meu pequeno? – disse ela, apertando as bochechas de Tiago como sempre faz aquela tia chata e distante da família quando vê uma criança ou adolescente dando sopa.
-OK, isso não foi nada embaraçador – disse Tiago, afastando as mãos da mãe mais uma vez.
-Ai, você ta cada vez mais parecido com seu pai! – comentou a Sra Potter, fechando a cara de uma maneira cômica.
-Poxa, também não precisa ofender. – disse o maroto, fazendo uma cara de cervo abandonado. Sra Potter riu da cara que ele fez e deu-lhe um beijo no rosto.
-Tchau, mocinho – disse em seguida, dando um abraço no maroto. – Vê se começa a obedecer a regras esse ano, viu?
-Ah, claro, e eu viro um Alan Potter completo – disse Tiago, num tom irônico. Alana Potter riu do comentário, dando mais um abraço nele.
-Vou sentir saudades.
-Aa, não, você não vai começar a chorar como fez no ano passado, vai?
-Não – disse ela, num tom embargado e, ao soltar o filho, enxugou rapidamente uma lagrima teimosa.
-Mães... – resmungou o maroto. Ela sorriu, culposamente.
-Eeeeeeei, assim eu fico com ciúmes! – disse uma voz marota e risonha muito conhecida ao lado deles.
-Cai fora, Sirius, a mãe é minha – disse Tiago, fazendo uma cara engraçada, grudando na Sra Potter.
-Você viu, mãe, como ele é egoísta? – disse Sirius, como uma criança dedo-duro, apontando para o amigo e olhando para Sra Potter.
-Ei, ei, ei, que intimidade é essa? Ela é minha mãe, Sirius Black.
-Olha aqui, ô santo egoísmo, em coração de mãe sempre cabe mais um – disse Sra Potter, desvencilhando-se do abraço de Tiago e dando um abraço em Sirius também. O moreno mostrou a língua para o outro, que fez uma careta.
-Vai se achando, Sirius Black, vai se achando.
-Ô, ciumentinho da mamãe. – disse Sra Potter, fazendo uma voz fina engraçada, no que Tiago riu.
-Essas mães de hoje sempre arranjam um jeito de nos deixar mal na frente dos amigos. – comentou o maroto. Sra Potter abraçou os dois de uma vez só.
-Se comportem, meninos – disse, enquanto eles iam para a porta do trem esperar pelos outros.
-Ah, claro! E como recordação das nossas boas ações... – começou Tiago, com um sorriso maroto.
-... Traremos conosco várias cartas dos professores e monitores... – disse Sirius, incrementando o que o amigo disse.
-... E também um pedaço da Madame Nor-r-ra...
-... Uma pedra extraída da escadaria de mármore...
-... E, pra fechar com chave de ouro, a tampa do vaso sanitário do banheiro feminino.
-Só a tampa? Por que não o vaso inteiro?
-É, com a Murta-Que-Geme dentro, de bônus.
-Claro, aí eu peço pra ela assombrar seu quarto – riu Sra Potter, com as mãos na cintura, num gesto inútil de tentar parecer severa.
-Ai, por Merlim, mais um naquela casa pra me atazanar – resmungou Tiago, no que Sra Potter e Sirius riram.
Uma mulher ruiva estava praticamente chorando nos ombros de Lílian, quando esta foi se despedir.
-Mamãe, calma! – exclamou a ruiva, quando a mulher soluçou. – Eu prometo que volto no Natal!
-Ah... – disse Sra Evans, afastando-se ligeiramente e encarando a filha nos olhos verdes, tão diferentes dos seus. – Minha Lily!
-Mamãe! – riu a ruiva. A mulher deu-lhe um beijo na face e a soltou, afundando nos ombros da filha mais velha, enquanto essa revirava os olhos.
A garota se virou para o homem louro de olhos verdes como os seus e sorriu. Ele sorriu de volta e a abraçou.
-Te amo, papai. – disse, quando Sr Evans a soltou.
-Comporte-se lá, hein – disse o homem, num sorriso de soslaio.
-Se receberem alguma carta reclamando de mim, podem me internar! – riu a garota, fazendo cara de louca. Depois riu e deu um beijo na face de seu pai e se virou para a mãe mais uma vez.
-Tchau, mamãe – disse ela, dando um beijo na mulher, no que esse beijo virou num abraço bem forte.
-Sentirei sua falta.
-Eu também, mamãe, eu também.
A ruiva pegou a mala no chão, deu um breve aceno para a irmã (que virou a cara) e se virou para a Maria-fumaça a sua frente.
-Quer ajuda, Lily? – perguntou uma voz lá da frente, no que ela revirou os olhos.
-Não, Potter, eu tenho minhas pernas e meus braços funcionando muito bem, obrigada. Guarde seu cavalheirismo para outra garota. – disse de volta, bufando e ofegando ligeiramente enquanto andava.
Enquanto Lílian repreendia Tiago por ter pegado sua mala sem ela ter deixado, uma mulher de cabelos negros e olhos azuis escuros dá um abraço em Remo.
-Você tem certeza de que ficara bem? – perguntou Sra Lupin, pelo que parecia ser a milésima vez só naquele segundo.
-Mãe, já disse que sim – disse o maroto ainda no mesmo tom gentil com ela.
-É que eu fico preocupada! Já pensou se...
-Mamãe, fique tranqüila, nada vai acontecer – disse Remo, abraçando a mulher mais forte e calmamente. – E se acontecer, bom, no máximo eu serei submetido a uma seção de balas de prata em brasa.
-Isso não tem graça! – exclamou Sra Lupin, afastando-se e olhando para o filho, repreendendo-o enquanto ele ria da cara que ela fazia.
-Eu estou só brincando. Pode deixar, isso não vai acontecer – disse ele, tentando ficar sério. Ele dá-lhe um beijo em sua face e se livra delicadamente do abraço da mãe pra pegar suas coisas.
-Tchau, te vejo no Natal. – disse ele, recebendo mais um beijo da mãe.
-Tchau, querido. Continue brilhante – disse, sorrindo.
-Ah, isso é algo que posso cumprir! – disse ele também sorrindo, piscando um olho para a mãe e entrando no trem.
Sarah revirava os olhos e ria enquanto Samantha e Samara tiravam par-ou-ímpar pra ver qual das duas se despediria da caçula primeiro.
-Ah, não, Mara, assim não vale!
-Qual é, Sam! Eu ganhei, como não vale?
-Você trapaceou, isso sim!
-No par-ou-ímpar? Acho meio difícil...
-Você mudou os dedos, não pode!
-Ora, prove que eu fiz isso!
-Sarinha ta de prova que você trapaceou, não é, Sarinha? – disse a irmã mais velha, virando-se para encarar a garota, que já encarava o teto, entediada.
-Ai, minha mãe – resmungou Sarah, batendo a mão na testa. – Sabe, eu não tenho o dia todo! Será que dá pra acabar logo com isso?
As gêmeas começaram a discutir novamente, no que Sarah revirou os olhos pela enésima vez. Ela fez um gesto de “deixa elas pra lá” com as mãos e se virou para despedir-se dos pais.
-Tchau, mamãe – disse ela, abraçando uma mulher de cabelos louros escuros e olhos azuis escuros.
-Até mais, querida. – disse Carla Conrhoy, alisando os cabelos da garota. Elas se soltaram e se encararam. – Vê se quebre algumas regras esse ano, ok?
-E a senhora – disse rindo, colocando as mãos na cintura – tente seguir algumas!
Elas se abraçaram mais uma vez e Sarah se virou para um homem alto de cabelos louros dourados e olhos azuis acinzentados.
-Tchau, papai.
-Tchau, menininha.
-Ah, não! O que houve com “meu bebê”?
-Ele cresceu – suspirou Sr Conrhoy, sorrindo e dando-lhe um beijo na face.
A garota se virou mais uma vez para as gêmeas e esperou de braços cruzados. Elas abraçaram a caçula de uma só vez, no que a garota sentiu sair milímetros do chão.
-Tchau, baixinha! – disseram juntas, no que Sarah fechou a cara para elas. Depois deu um aceno geral e se dirigiu ao trem, carregando o malão, e indo a socorro de Tiago, que estava sendo sufocado por Lily naquele momento.
Um homem de cabelos castanhos escuros e olhos de mesma cor estava abraçado a uma garota de cabelos negros e encaracolados.
-Tchau, papai – disse Angie, apertando o abraço por um segundo e depois soltando.
-Até logo, Margarida! – disse o homem, sorrindo.
-Ah, não comece! – riu a garota. Mais um apito foi ouvido e Sr Andrews apressou a garota. Ela acenou pra ele e correu pra entrar no trem, quase atropelando alguns primeiranistas que estavam ali. Ela se debruçou na janela, seguida dos amigos que ainda estavam ali e acenaram para seus respectivos parentes na estação, o que virou várias cotoveladas (principalmente da parte de Lily, que ficou, digamos, acidentalmente no lado de Tiago), um empurra-empurra causado principalmente por Sirius e uma gritaria para tentarem se sobreporem aos demais. Quando o trem fez a primeira curva e os pais sumiram de vista, eles endireitaram o corpo e, os que foram atingidos pela fúria de Lily quando Tiago desviava, ou que foi alvo de Sirius e ficou batendo no peitoril da janela, se esticaram e foi ouvido um murmúrio de dor passar pelo grupo.
-Lily, acho que você me quebrou uma costela – reclamou Tiago, apertando a lateral do corpo onde a ruiva acertara com força.
-Bem feito, é pra aprender a não ficar em cima de mim de novo, Potter. – disse a garota, ajeitando os cabelos.
-OK, dá próxima, eu deixo você ficar por cima – disse Tiago, com um sorriso maroto nos lábios e piscando um olho para a ruiva, enquanto ela corava furiosamente.
-POTTER! – gritou ela, no que o maroto começou a rir.
-Então, quem é a favor de procurarmos uma cabine? – perguntou Sarah, como se para evitar que a ruiva pulasse no pescoço do maroto.
-Não dá, eu vou pra cabine dos monitores – disse Remo, encolhendo os ombros.
-Ô, desgosto – suspirou Sirius. – Dói meu coração ouvir tais palavras saindo da boca dele.
-Puxa, é mesmo! – exclamou Lily.
-Viu, até a Lily concorda que isso é uma vergonha! – disse Sirius, depois de Remo ter revirado os olhos para ele.
-Não seja burro, Black. Seria uma vergonha ter um energúmeno como você na monitoria. – disse a ruiva, no que Sirius exclamou “HEI” para ela, com uma cara fechada. – Eu estava falando que eu esqueci que eu também não vou ficar com vocês...
-Deve chover mais tarde – comentou Angie, olhando pela janela. Os outros olharam, mas viram um céu mais azul que os olhos de Sirius.
-Eu acho que não – disse o moreno, olhando para todo o horizonte que a janela mostrava, sem nem sinal de nuvens.
-Ah, vai sim! A Lily esqueceu que é monitora...
-Ai, meu Merlim, DELUVIO! – exclamou Sirius, colocando as mãos na cabeça e se encolhendo, no que todos riram, menos a ruiva, que fez uma cara de tédio, embora corasse levemente. Ela bocejou falsamente.
-Vem, Remo – disse num tom irritado, se virando e arrastando o malão pelo corredor.
-Vejo vocês depois – disse Remo, seguindo a ruiva, mas tendo o cuidado de se manter longe o suficiente dela; nunca baixe a guarda perto de Lílian Evans.
-Eles vão mesmo pra cabine de monitores, né? – disse Sirius, olhando os dois se distanciando, com um sorriso maroto nos lábios.
-Claro, Sirius, aonde mais eles iriam? – disse Sarah, como se fosse obvio.
-Ora, nunca se sabe... Afinal... A gente nunca os seguiu pra saber se eles realmente vão pra cabine dos monitores. – disse o moreno, encolhendo os ombros, ainda com aquele sorriso travesso a brincar nos lábios.
-Será que não sai nada construtivo da sua cabeça, Sirius? – comentou Sarah, ajeitando o malão para começar a andar pelo corredor.
-Vocês têm o privilegio de fazer parte de um plano criado por Sirius Black! – exclamou o maroto, pulando na frente delas.
-Você chama isso de privilégio, e eu de sacrilégio – comentou Angie, empurrando o moreno para o lado e seguir com Sarah corredor afora.
-Elas não acharam a minha idéia boa? – comentou Sirius, com as mãos na cintura.
-Claro que não, da tua boca só sai merda – disse Tiago, seguindo as garotas.
-Como se seus planos fossem geniais. – disse o maroto, seguindo o amigo.
-Sirius, meus planos são perfeitos quanto nas teorias. Mas tem sempre uma anta que quer improvisar.
-Seus planos são cheios de falhas...
-Ai meu pai – murmurou Sarah, batendo a mão na testa e revirando os olhos para o teto –, agora eles vão passar o dia todo discutindo os planos deles.
-Pensa que assim – disse Angie, rindo -, pelo menos eles não tão falando besteira.
-Bela porcaria. Não sei qual das alternativas é pior.
-Aula de Poções é bem pior – disse a morena, pensativa. Sarah fingiu considerar a alternativa; não gostava nem desgostava de Poções. – Aah! Aula de História da Magia é beeeem pior!
-Pode crer... Eu sou capaz de aturar dez Binns em vez de ter que aturar esses dois. – disse a loura, apontando para trás com o dedão, indicando os marotos atrás delas.
-Que maldade, Sas...
-Ta desculpa. Acho que só dez Binns não seriam suficiente para encobrir a chatice desses dois.
Enquanto Angie caia na gargalhada, pode-se ouvir Sirius dizer:
-Aah, cala a boca, seu veado boióla.
-Ai, Sirius! Assim você me mata! – disse Sarah, virando-se para encarar o maroto, andando para trás.
-O que eu fiz?
-Você quer insultar o Tiago ou a gramática com aquela frase doída?
-Bom, isso depende. Do que você ta falando?
-Ai, depois as loiras que sã... – o malão de Sarah pareceu prender no chão, caindo com um estrépito. Como se o barulho não fosse o suficiente para chamar a atenção de todos, Sarah caiu por cima do malão, de costas no chão, os joelhos dobrados em cima do malão. O corredor explodiu em risadas, principalmente as dos marotos. Sarah fez uma careta para eles depois de se levantar com a ajuda de Angie, que também ria. – Ninguém merece – murmurou a garota, rindo também, apesar da dor nas costas.
-Você ta bem? – perguntou uma voz próxima e muito conhecida. Sarah se arrepiou, sentindo uma raiva crescente dentro de si. Um garoto alto de cabelos louro-avermelhados e olhos castanhos olhava para ela com uma expressão preocupada. Logan Strathmore parecia ter surgido do nada naquele corredor.
-Não te interessa. – disse, fria, agachando e pegando o malão. Empurrou-o para o lado, passou por ele, fazendo questão de passar o malão em cima do pé dele. Angie, Sirius e Tiago a seguiram, ignorando o setimanista que reclamava da dor aguda no pé.
-Você ta bem? – perguntou Angie, quando já estavam fora do alcance auditivo do garoto. A expressão no rosto dela era divertida, mas seus olhos cinza mostravam preocupação. Sarah sorriu; sabia que a amiga não estava se referindo ao tombo.
-Claro que to bem – disse a loira, com um tom de quem dizia que era óbvio. – Apesar de quê eu vou passar a semana toda com dor nas costas, mas nada insuportável.
-Ninguém mandou ficar andando de costas. – comentou Tiago, no mesmo tom divertido de sempre.
-Culpa do Sirius!
-Minha culpa? Você que é desmiolada e a culpa é minha? – perguntou o maroto, num tom divertido entre o acusador e ofendido.
-É claro que é!
-Por que raios a culpa é minha?
-Simplesmente porque eu tenho que culpar alguém. – disse a garota, sorrindo por cima do ombro para um maroto emburrado.
Eles sentaram numa cabine quase no fim do trem e estavam na terceira partida de Snap Explosivo quando a porta do compartimento se abriu, deixando que Lily e Remo se juntassem a eles. A garota estava muito vermelha, aparentemente com raiva. Remo tinha o cuidado de se manter à distância.
-Lily, por que você ta tão irritada? – perguntou Angie, escondendo suas cartas do olhar curioso de Sirius.
A ruiva não respondeu, apenas bufou. Sarah, Angs, Tiago e Sirius olharam para Remo, numa pergunta silenciosa. O maroto suspirou.
-Na reunião dos monitores, a Lily recebeu uma bronca.
-Como assim, bronca? – surpreendeu Sirius.
-Por dois motivos. – disse a ruiva, ainda vermelha de raiva. – Aquela maldita da tua prima me insultou e eu dei um tapa na cara dela.
-Como eu queria estar lá pra ver a cara da Black – murmurou Angie, meio que rindo. Calou-se quando Lily olhou para ela.
-Segundo – disse a ruiva, quase explodindo de raiva – disseram que eu teria meu cargo de monitora suspenso se eu continuasse a agir como no ano passado.
-Vão te suspender por ser uma boa monitora? – surpreendeu-se Tiago.
-Não, Potter, vou ser suspensa por sua culpa! – a garota cuspiu as palavras, que pareciam entaladas na garganta dela. Remo tapou os ouvidos; pelo jeito, já havia ouvido aquele discurso da ruiva, ou simplesmente sabia que ela ia começar a gritar. Os outros olhavam de Lily para Tiago, espantados.
-Mas, o que eu fiz, Lily?
-Disseram que eu explodia demais, gritava e me descontrolava mais do que deveria. E que eu azarava muita gente. Disseram que esse tipo de comportamento não é aceitável numa monitora!
-E o que eu tenho a ver com isso?
-POTTER, COMO VOCÊ É SINICO! VOCÊ ME IRRITA, APRONTA MIL E UMAS COMIGO! SE VOCÊ FOSSE MENOS CRIANÇA, EU NÃO TINHA QUE ATURAR O MACKENZIE FALANDO NO MEU OUVIDO! – explodiu a garota, se levantando e olhando o maroto com raiva. Todos na cabine a olhavam, boquiabertos. Ela respirou fundo, se acalmando ligeiramente. Jogou os cabelos para longe do rosto e disse. – Eu juro, Potter, se eu tiver meu distintivo retirado de mim, você vai pagar caro.
Ela voltou a se afundar no assento, cruzando os braços; Remo achou que já seria seguro soltar as orelhas, e abaixou as mãos. Angie brincava com uma mecha de seus cabelos encaracolados; Sarah achava a barra de sua saia muito interessante. Sirius olhava para Tiago, preocupado, enquanto o amigo tentava achar palavras para responder a ruiva.
-Desculpe, Lily – disse o maroto, finalmente, quebrando o silencio incomodo. A ruiva o encarava, entre a surpresa e a raiva. Pelo visto, isso era a última coisa que ela esperava que ele dissesse. Ele a olhava nos olhos. – Não sabia que eu te prejudicava tanto.
-É, pois é, prejudica muito. – disse a ruiva, olhando os olhos castanho-esverdeados do maroto com raiva. Porém sua voz não saiu tão raivosa assim. Ele a olhava serenamente, e ela sentiu sua raiva esvair. Desviou o olhar para a janela, muito interessada nas nuvens que passavam rápidas.
-Hã – fez Angie, quebrando o longo silencio que se instalara em todos na cabine. Os amigos se viraram para ela, pegos desprevenidos, levando um leve susto. – Então, Lily, onde esteve durante o verão?
-Em casa – respondeu, meio distraída, ainda olhando a paisagem.
-Como assim, “em casa”?
-Em casa, em Surrey, onde mais, Angie? Que eu saiba, eu só tenho uma casa! – disse a ruiva, olhando a amiga meio irritada, num tom de voz como se fosse óbvio.
-Por que não respondeu nossas cartas, então?
-Petúnia trancou a Adelaide no armário sob a escada o verão todo. Não pude responder – disse, encolhendo os ombros.
-Mas, mesmo assim! – teimou Angie. Lily olhou para ela, não entendendo o que ela quis dizer.
-Você podia ter respondido pelas nossas corujas, Lilz – interveio Sarah, falando lentamente, meio apreensiva, como se tivesse medo de levar uma patada da ruiva.
-E quem disse que eu conseguia? Quando as corujas chegavam, sei lá, parece que minha irmã tem um sensor de corujas ou coisa assim. Ela chegava com uma vassoura, espantando os bichinhos! Não me surpreenderia se a Juliet e o Stcky nunca mais queiram entregar cartas lá em casa.
-Mas sua irmã é uma chata mesmo, hein! – indignou-se Angie.
-Eu é que sei...
-Você podia ter mandado um sinal de fumaça, código Morse, qualquer coisa. – disse Tiago, agora que tinha certeza que a ruiva não mais ralharia com ele. – Menos deixar a gente morrendo de preocupação.
-Fala sério, Potter. – disse a ruiva, revirando os olhos. Ela se virou novamente para as amigas – Mas, pra que essa preocupação toda comigo?
-Ah, Lily, sabe o que é... – começou Angie, com uma cara de carente. – É que a gente sente muita a tua falta... Você não deu sinal de vida, e, como amigos, ficamos preocupados...
-Comovente – disse a ruiva, sarcástica, mas com um sorriso leve nos lábios. Por alguma razão, sabia que não era exatamente por isso que eles se preocuparam; ela pensou ter visto Sarah e Tiago se entreolharem por um milésimo de segundo, com expressões sérias.
A viagem correu tranqüila; Pedro chegara pouco depois na cabine dos amigos, com os braços sobrecarregados de doces e afins. Uma enorme turma de garotas do terceiro ano não saia da janela que dava para o corredor, se acotovelando, a fim de terem uma visão desimpedida dos marotos. Após uns quinze minutos que elas estavam lá, Lílian ralhou com elas. Os sete amigos começaram a jogar uma partida de Snap Explosivo, no que todos desconfiavam que, ora Sirius, ora Tiago estavam roubando, pois eles passavam mais de duas rodadas com o rosto totalmente limpo, enquanto os outros estavam cobertos de fuligem. Lílian ralhou com alguns primeiranistas, que estavam fazendo balburdia no corredor. Quando a noite caiu, eles trocaram de roupa, sentindo o conhecido sentimento de que, finalmente, estavam voltando para casa.
Em menos de meia hora, chegavam na Estação de Hogsmeade; a noite estava quente, embora uma brisa fria soprasse, bagunçando os cabelos das meninas e fazendo suas capas farfalharem. Eles se dividiram em dois grupos e sentaram-se nas carruagens aparentemente sem cavalos que os levariam até o Castelo de Hogwarts. Para o desgosto de Lily e o contentamento de Tiago, eles iam juntos numa carruagem, com a adorada companhia de Sirius, que olhava para os dois com um ar siriano de ser. Embora o moreno estivesse do outro lado da cabine apertada, olhando pela janela, ela se sentia incomodada com a presença dele ali. Maldita hora que entrei primeiro nessa carruagem, amaldiçoava a ruiva, olhando pela janela ao seu lado, tendo apenas a visão do lago refletindo a lua minguante.
-Eu vou matar vocês – sussurrou Lily, assim que desceu da carruagem e avistou Sarah e Ângela. Suas amigas sorriam, cúmplices de um crime. Apesar dos dois marotos não terem dito uma única palavra, pelo menos verbalmente, para Lily, estar apenas ela na presença deles já era um sacrifício.
Os sete se sentaram à mesa da Grifinória, por incrível que pareça, ficaram juntos. Alice se juntou a eles pouco depois, aparentemente lamentando ter que passar mais de cinco minutos longe de Frank.
-Que cara de enterro, hein, Lice! – brincou Sirius. A garota apenas sorriu, sentando-se ao lado de Lily. – Fica assim não, depois do banquete, vocês podem matar a saudade – disse o moreno, piscando para ela, no que ela ficou escarlate. Sarah, que estava sentada bem em frente ao maroto, deu-lhe um chute nas canelas. –Ai aí!
-Você não toma jeito! – reclamou a loura, olhando-o de um modo reprovador. – Frank e Lice são decentes e não pervertidos que nem você pra fazer essas coisas.
-Mas eu não disse nada! – disse o maroto, fazendo cara de inocente. Depois, completou, com um lindo sorriso maroto no rosto, e uma piscadela. – Que mente mais poluída, Srta Conrhoy!
-Ora, cala a boca. – disse a loura, virando-se para a mesa dos professores, corando de leve. Sirius riu, calando-se logo em seguida, sob os olhares assassinos de Lily e Remo.
-Aos veteranos, sejam bem-vindos de volta! – disse Dumbledore, após a seleção das Casas, levantando-se de sua cadeira no centro da mesa dos professores e funcionários, fazendo o Salão Principal reinar em silencio. – Aos novatos, façam-se em casa! Espero que tenham tido um verão proveitoso e deixado mais ocas suas cabecinhas-de-vento. No momento, livrarei vocês do falatório desse velho caduco e deixarei vocês colocarem a fofoca em dia, enquanto se enchem dessa comida deliciosa! Bom apetite! – disse o diretor, fazendo um gesto abrangendo todo o salão. Uma explosão se aplausos, os pratos às suas frentes se enchendo de comida e o salão se enchendo de conversas variadas. Aquele ano, em especial, prometia ser o melhor de todos.
Depois do jantar, Prof Dumbledore fez um pequeno discurso sobre o inicio do ano, o que se devia e o que não se devia fazer na escola, avisando os novatos e relembrando os veteranos, olhando para a mesa da Grifinória, mais especificamente para Sirius e Tiago, que sorriam. O Professor deu boa-noite, e todos no Salão se levantaram ao mesmo tempo. Enquanto Lily saía para rebanhar os alunos do primeiro ano para a primeira viagem até o Salão Comunal, Tiago a olhava.
-Hey, Lily! – gritou, pouco antes dela começar a andar com os pequeninos. Ela olhou para trás, contando até mil para se acalmar.
-O que quer, Potter?
-Quer sair comigo nesse fim de semana?
-NÃO! – disse a ruiva, quase gritando, e se voltou para os novatos, sumindo meio a multidão.
-Por que você sempre a pede pra sair, se sabe que ela vai negar? – perguntou Sirius, olhando-o, incrédulo.
-Só pra não perder o costume – disse Tiago, passando a mão pelos cabelos rebeldes, assanhando-os mais ainda, fazendo algumas garotas atrás dele suspirarem.
Revirando os olhos, os seis amigos seguiram caminho para o Salão Comunal, onde suas camas os aguardavam, convidativas.
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By: Te e Cá
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