Mudança de Planos






 


 


-Puxa, Sirius, não precisava trazer a casa toda! –
exclamou Tiago ao ver o amigo desfazer as malas.


-É que depois daqui, eu... Ei! – disse, retirando
bruscamente da mão de Tiago uma foto de uma garota do quarto ano – Não mexa nisso!


-Você tem uma foto da Amanda? – disse Tiago, rindo.


-Tenho... Ela disse que era para eu guardar com todo o meu coração – disse, fazendo uma cara besta de apaixonado, no que fez Tiago rir.


-Tá... continua falando, pra onde você vai?


-Bom, eu vou para o Caldeirão Furado depois daqui.


-Por que? Você não vai pra casa? Eles te deram férias?


-Não, eu fugi daquela loucura toda. Nunca mais eu vou voltar!


-Eu ainda não entendi... Por que você vai para o
Caldeirão?


-Tiago, eu não tenho para onde ir!


-Claro que tem!


-Eu não posso ficar na casa da Andrômeda. Narcisa e Bela me denunciariam.


-Ô, anta! – exclamou Tiago. – Você não precisa ir
nem pra um lugar nem pro outro! Fica aqui em casa!


-Posso? – perguntou Sirius, com cara de cãozinho
abandonado.


-Claro que pode! Você acha que eu ia deixar você morar no Caldeirão Furado? – disse o moreno, fazendo cara de indignado, no que o amigo pulava de alegria.


-Então, mudando de assunto... – disse Sirius, ainda sorrindo por causa do convite. – Quem vai vir?


-Bom, o Remo disse que vinha no fim de semana. O Pedro viajou. – disse Tiago, contando nos dedos. – Sarah e Ângela devem estar estourando por aí e da Lily nem notícias – completou triste.


-Bom, se as outras duas tão vindo, a Lily acaba vindo também – disse Sirius, mais para animar Tiago.


-Você acha?


-Claro! Aquelas três nem Deus nem o Coisa-Ruim em pessoa separam. – disse Sirius.


Depois de um tempo, depois que Sirius terminou de arrumar suas coisas, Tiago sugeriu irem na cozinha para “fazer uma boquinha”. “Ótima idéia” dissera Sirius.


Depois de meio bolo de chocolate, três copos de suco de abóbora, uns brigadeiros e uns doces beijinhos, Sirius se sentiu meio cheio demais. Os dois amigos decidiram dar uma voltinha no jardim enorme que tinha na casa de Tiago.


 


 


**


 


Sarah estava cochilando. Depois de muito pensar e chorar por causa de Logan, ela adormeceu e teve longos sonhos... Com Logan.


A loira acordou com uma batidinha na porta.


-Entre – disse, enxugando o rosto inchado. Era sua mãe, Carla.


-Então, o que você tem planejado fazer nessas férias? – perguntou com a voz animada, tentando animar a filha também, indo se sentar com ela na cama.


-Ah – disse a garota, meio desanimada – o Tiago me chamou para passar as férias na casa dele, mas eu num tô muito a fim de ir não.


-Por que não?


-Eu tava afim de não fazer absolutamente nada.


-Ah, não, filha, vai lá pra casa dele. – disse Sra.
Conrhoy, olhando com muita dó pra a filha. – Lá você se diverte... Não
gosto de ver você triste.


-Ah, mãe... – disse, muito mais que desanimada.


-Vai, sim. Assim, você pára de pensar naquele traste do seu antigo namorado. Ele não merece sua atenção... – disse, passando a mão no rosto da filha, num gesto de consolo maternal.


-Tá bom, eu vou... – disse, dando um sorriso forçado.


-Assim que se fala – disse Sra. Conrhoy, levantando-se e saindo do quarto.


A garota esperou um pouco e voltou a se deitar na cama e pensar em Logan.


Sarah Conrhoy, ele NÃO merece você! Pára de pensar nele pensou se levantando decidida. Ela foi ao banheiro, lavou o rosto, ajeitou os cabelos, trocou de roupa e saiu. Ela não ia passar as férias pensando nele; ele não merecia esse sofrimento todo. Afinal, ele nunca fora o namorado ideal mesmo...


Ela atravessava a propriedade a largos e decididos passos, e logo, logo chegaria no bosque que havia ali.


 


 


 


**


 


 


-Então, Sirius, o que eles fizeram dessa vez para você ficar assim tão transtornado?


-Eles insultaram meus amigos (como sempre), eu desafiei minha mãe e ela me pendurou no teto. Mas eu me livrei... Afinal, eu sou um Maroto, ou não sou?


-Digno – sorriu Tiago.


Eles estavam perto da fonte que havia ali. Não
resistindo, Sirius se transformou num cachorro negro e saiu correndo.


-Você é louco? – disse Tiago – Minha mãe pode
estar olhando pela janela!


-Desculpa! – disse o amigo, voltando ao normal (mas ele não parecia sentir-se culpado) – Não pude resistir. Faz tempo que eu não faço isso.


-Sei, faz duas ou três semanas... Eu também mal consigo me segurar... Mas EU tenho alto controle – disse, dando um tapa na parte de trás da cabeça de Sirius.


-AI! Ei, isso dói! – disse Sirius, esfregando onde
Tiago batera.


-Ah, às vezes ele não tem controle de sua força. – disse uma voz nas costas deles. Era Sarah, que, pelo visto, acabara de sair do bosque. Os dois amigos correram de encontro a ela para dar um bom “abraço Maroto” (conhecido mais como “Abraço de Urso”, pois eles abraçavam muito forte).


-Vejo que saiu do luto – comentou Tiago, enquanto a abraçava.


-Aí! É... Bom, não posso ficar triste para sempre, não é – disse, esfregando as costas, e se virando para Sirius, para “acabar de
quebrar as costelas”. – Vocês não podem abraçar mais delicadamente, não?
Já tô toda moída... – disse, quando Sirius a soltou.


-Bom, é que se fizermos isso, não seria mais Abraço Maroto, não é? – disse Sirius, sorrindo marotamente.


-Bom, pelo menos comigo vocês podiam pegar leve...


-Nem pensar! São todos iguais, do ponto de vista maroto – disse Tiago.


-Tá... Depois eu mando a conta do hospital para vocês,
certo?


-Certo... Ei, a Lily vem?


-Não sei... Ela não me mandou nenhuma carta até agora...


-Hum – fez Tiago.


 


 


 


**


 


 


 


Lily estava analisando as possibilidades de ir. Logo ela
tirou esse pensamento da cabeça. Pra casa o idiota do Potter eu não vou!
Nem arrastada!
Pensou com raiva dos outros e de si mesma.


Não era a primeira vez que faziam isso... Iam todos para
a casa dele nas férias, menos ela. Mas, claro, era sempre ela que recusava o
convite. Nunca, nunquinha na vida dela, que ela ia passar sequer uma hora na
casa do Patético Potter.


Ela ouviu uma batida na porta.


-Mamãe mandou chamar – disse a voz de sua irmã do
outro lado.


-Diga a ela que eu já vou – disse a ruiva
simplesmente. Esperou um pouquinho, para ficar atrás de sua irmã e depois
desceu para a cozinha.


Lá embaixo, na sala, estavam Petúnia e seu namorado que
era gordo pra caramba. Lílian passou por eles em direção a cozinha. Para
parecer simpática, ela deu um sorrisinho para o tal do Valter, mas ele a olhou
com indiferença. Simpático...


Quando ela entrou na cozinha sentiu um cheiro muito bom.


-Huuuum – disse, chegando perto de sua mãe, que estava
de costas pra ela. – O que estamos fazendo, Sra. Evans?


-Batatas recheadas com frango – disse mexendo uma
panela. – E começando um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Mas,
esses são só para o jantar – disse, batendo de leve na mão da filha, que
escorregava lentamente para a vasilha onde estava a cobertura.


-Ruim! – disse a ruiva, se referindo a mãe. – Mamãe,
por que me chamou?


-Pra saber se ainda estava viva... Nunca vi, todas as férias
de verão é a mesma coisa, você se tranca no quarto para ler (segundo o que
você diz) e só sai para as refeições. E os seus amigos? Não tem nada
programado?


-Ah, - disse a ruiva, meio triste; até a sua mãe? –
eles me chamaram para passar as férias na casa de um deles... Só que eu não
vou não.


-Por que não?


-Ah, sei lá... Tô sem animo. – a mãe dela fez cara
de essa não colou – Ah, mamãe, eu não me sinto confortável na casa
dele... – inventou.


-Mas, você já foi lá?


-Não.


-Como você sabe que não se sente confortável lá?


-Sei lá!


-Quem vai estar lá na casa desse seu amigo?


-Quase todo mundo – resmungou a ruiva, de cara
emburrada.


-Outra razão pra ir... Você sempre enfornada naquele
quarto... Tem que se divertir um pouquinho, não acha?


-Está me empurrando para a casa dele? Quer se livrar de
mim mais cedo? – brincou a ruiva.


-Não, minha Lily, é que até parece que você não tem
amigos...


-Tá, mamãe, já que a senhora tá me pedindo, eu os
aviso que eu vou sim – depois disso, abraçou a mãe. – Eu te amo, sabia?


-Eu sei, eu também.


Depois disso, a ruiva saiu da cozinha, pensando. Conspiração!
Ah... Não tem outro jeito... Buuáá, eu vou pra casa do Potter... Não
creio...
pensava, enquanto entrava no seu quarto.


Ela se sentou na escrivaninha e pegou um pergaminho.


 


Sarah,


 


Eu mudei de idéia, acho. Dá para avisar o Potter que
dessa vez eu vou?Fala pra ele não se animando não porque se ele começar com
aqueles “Minha Ruivinha”, eu volto pra casa, depois de matar ele, claro. Ah,
e que eu quero um quarto bem longe do dele... Acho que é só... Vejo-te em
breve.


 


Lily


 


 


Eu devo estar doente, pensou a ruiva, se
levantando e pegando sua coruja marrom, Adelaide e lhe entregando a carta.
Levou-a à janela e a observou voar para longe. Quando ela sumiu, Lily deu um
longo suspiro e se voltou para o malão.


 


 


 


**


 


 


Depois de muito rir das piadas dos dois marotos, Sarah
estava até com dor no estômago. Parecia que eles nasceram para fazer piadas,
marotices, idiotices e palhaçadas. 


Enquanto ela ria, ela observava os dois... Tiago estava
agindo como sempre agira, um besta total, já Sirius estava um tanto
diferente... Ele parecia um tanto nervoso... Ainda mais quando ia falar com
ela... É só a minha imaginação tentou se convencer. Mas ele estava
mesmo muito diferente... Até parecia sorrir diferente... Sarah, você está
imaginando coisas... Sirius não está diferente... Você está tendo ilusões...


Ela se levantou do banquinho de jardim em que estivera
sentada, dizendo aos marotos que iria dar uma voltinha par esticar as pernas,
mas o que ela queria mesmo era ficar sozinha um pouco. Como ela queria que Ângela
chegasse logo; ela não queria ficar ali só com aqueles dois... Principalmente
Sirius...


Ela se sentou perto o canteiro de rosas cor-de-rosa que
havia ali. Logo, seus olhos estavam com lagrimas novamente. Ela se lembrou de
quando Logan a pediu em namoro... No meio do Salão Principal, cheio de gente,
em voz alta, para todos ouvirem... Ele estava com um buquê enorme de rosas
cor-de-rosa nas mãos... Pára, Sarah! Não pense nele... Você estava tão
feliz
pensou, esfregando os olhos.


Ela olhou a sua volta, tentando ao máximo não olhar
para os marotos...  Ai, que
besteira, Sarah. Eles não mordem
pensou, rindo se si mesma. Nisso ela se
levantou e foi em direção a eles novamente.


-Está tudo bem? – perguntou Tiago, vendo que a amiga
tinha a aparência que estivera chorando.


-Está tudo ótimo! – disse, sorrindo para eles. –
Por que não estaria?


-Eu sei lá... – disse Tiago – Você parece meio
triste...


-Ai, Tiago, tira isso da cabeça – disse, fazendo um
gesto de que besteira para ele – Eu já estou cem por cento! Bom, cem não...
Mas eu tô uns oitenta... Já não tá bom?


-É, já é alguma coisa – disse o moreno. – Você
ouviu isso?


Os três olharam pro céu. Bem perto deles, vinha
descendo uma coruja marrom, com uma carta no bico.


-É Adelaide!


-Quem? – disseram os marotos juntos.


-A coruja da Lily! – disse, estendendo o braço para a
coruja. Ela pousou nele, e ficou olhando para ela. Sarah fez um carinho na cabeça
dela e depois pegou a carta. Enquanto a loira abria a carta, a coruja levantava
vôo, e Tiago olhava para as costas da carta, esperançoso. – Tiago, meu
amigo, você está com sorte – sorriu a loira, enquanto terminava de ler a
carta.


-Por que? O que ela diz? – perguntou, quase tirando a
carta da mão da amiga, só que ela conhecia bem aquele Maroto; ela se manteve
distante do alcance de suas mãos.


-Ela disse que, dessa vez, ela vem – disse, no que fez
o Maroto pular de alegria. – Só que é pra você não se animar muito porque
ela diz aqui que vai embora na primeira investida sua, depois de te matar.


-Bom, mas ela vem, o que já é um avanço. – disse
ele, ainda com um sorriso no rosto. – Eu sabia que ela não resistia ao meu
charme.


-Haha, sei... – disse a loira, revirando os olhos. –
O que pode ter acontecido é a Petúnia estar enchendo muito o saco dela, ela não
suportar mais a irmã, e ter se rendido a menos ruim das hipóteses... Ou seja,
vir para cá. E eu não duvido que isso tenha acontecido...


-Bom agora quase toda a turma vai vir – disse Sirius.


-É, finalmente todos juntos nas férias...


-Quase todos, Sarinha, quase todos – disse Sirius,
deixando a loira muito irritada; odiava ser chamada de “Sarinha”. – O
Pedro não vai vir.


-E ele conta? – perguntou a loira com indiferença.


-Conta, ele é nosso amigo! – respondeu Sirius.


-Com amigo daqueles, quem precisa de inimigos –
murmurou baixinho, a loira; ela nunca foi com a cara dele.


-O que disse?


-Eu? Nada.


-Vamos entrar? – sugeriu Tiago, que ainda estava nas
nuvens.


-Dá pra jogar um balde de água fria nele? Pra ver se
ele acorda? – murmurou Sarah para Sirius.


Ele sorriu para ela e saiu de perto deles. Um tempinho
depois, ele voltava com um balde cheio de água. Sarah saiu de perto de Tiago,
para não se molhar. E, assim que ela saiu, Sirius derrubou a água na cabeça
de Tiago, que ficou nervoso. Os outros dois riam.


-Por que você fez isso? – disse Tiago, muito nervoso.


-Pra ver se você acorda – riu Sirius. – Vamos, meu
amigo. Vamos entrar.


-Você me paga, Sirius Black!


-Foi a Sarah quem deu a idéia...


-SARAH!


-Seu chato, não era pra contar... – disse a loira,
ainda rindo muito.


Logo em seguida, ela e Sirius saíram correndo, Tiago
correndo logo atrás gritando “VOCÊS ME PAGAM!”.


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