Life Goes On
Me lembre de não esquecer que te amo
Autora: Thaís Potter Malfoy
Shippers: Harry/Hermione; Draco/Hermione; Harry/Gina.
Resumo: Hermione sofre um ataque e acorda na enfermaria da escola, sem memória. Agora ela está totalmente perdida e não sabe se deve acreditar em seus sentimentos ou no que as pessoas lhe dizem.
Spoiler: 1 a 5
Capítulo Dezesseis – Life Goes On
Hermione não achava que podia agüentar nem mais um segundo. Ela precisava, com uma urgência que a apreendia, correr em direção às masmorras e dizer poucas e boas na cara daquele sonserino impertinente que era Draco Malfoy.
É claro que todos os estudantes que ela encontrou pelo caminho a olharam como se ela fosse algum tipo de aberração. Veja bem, Hermione não podia fazer nada quanto ao fato de estar vermelha de raiva enquanto andava até o quarto que ela conhecera tão bem nos últimos meses. Então, deixou as pessoas olharem, dando olhares furiosos em retorno.
Não se importava com o que pensariam a respeito da Monitora-Chefe da Grifinória estar descendo até as masmorras. Não se importava se isso chegasse aos ouvidos de Harry e Rony, tampouco. A única coisa que Hermione fazia questão era gritar com Draco até perder o ar de seus pulmões e mostrar a ele o quanto ele fora cruel, vil, desumano, egoísta, e inumeráveis adjetivos que o serviam.
Viu que, à medida que se aproximou da Sala Comunal da Sonserina, sua garganta foi secando. Aparentemente, toda a sua determinação não fora suficiente para acabar com o nervosismo, que insistia em fazer seu coração bater mais rápido.
Mais alguns corredores, e ela avistou a porta de madeira escura a alguns passos de si. Chegou mais perto e ouviu risadas. Hermione fechou os olhos com muita força, para afastar de sua mente o fato de Draco estar se divertindo, mesmo depois do término do suposto namoro deles, mesmo depois de tudo. Com mais raiva do que nunca, ela bateu furiosamente o punho contra a porta. Três vezes.
Os passos de quem quer que fosse ficaram mais audíveis quando a pessoa se aproximou para abrir a porta. No exato momento, Hermione observou o sorriso desaparecer da face de Draco Malfoy. Ela sorriu: era um bom começo.
- Her- Granger? – ele perguntou, por pouco não soltando seu primeiro nome, o que ela percebeu. – O que quer aqui?
Hermione não se incomodou em responder, apenas deu alguns passos adiante e entrou no quarto, de braços cruzados. Seus olhos captaram Pansy Parkinson e Blaise Zabini sentados na cama, parecendo confusos. Assim que Draco juntou-se a eles, Pansy ergueu uma sobracelha para ele.
- Eu quero conversar com você, Malfoy. – Hermione disse, ainda no meio do quarto. – Sozinha.
Devia ter algo nos olhos dela, pois Draco apenas assentiu com a cabeça e disse a seus amigos para voltarem para a Sala Comunal.
- Nos vemos amanhã no café, Pansie – ele disse, quando a morena da Sonserina tentou questioná-lo, assim fechando a porta na cara de Pansy e Blaise.
- Assim é melhor. – Hermione disse. Acostumada ao ambiente, ela foi até a cama e sentou-se espontaneamente, voltando o olhar duro para ele em seguida.
- O que quer, Hermione? – ele perguntou, com um suspiro – Nós não devemos nos ver, como você sabe.
- Oh, não se preocupe. Eu estou totalmente ciente de que nós não temos nada a ver um com o outro. – ela disse, assumindo um tom divertido e irônico. – Já você... Acho que precisa aprender.
- O que isso quer dizer?
- Quer dizer, Draco... Que hoje você vai se arrepender de ter feito isso comigo.
Ela viu, mesmo a uma distância considerável, que Draco engoliu em seco e sua pele começou a empalidecer mais do que o usual.
- Do que está falando?
Hermione não queria rir, mas não conseguiu evitar. Sua risada saiu tão gelada que ela não reconheceu.
- Você é o desgraçado mais cínico que eu já tive o desprazer de conhecer, eu já te disse isso? – Hermione disse, entre dentes.
- Talvez se você me explicasse... – ela quase podia segurar o nervosismo dele por entre os dedos.
- Draco, Draco... Até parece que quem perdeu a memória foi você. – ela comentou. Ela podia estar fazendo piadinhas e até se passar por divertida, mas estava apenas motivada pelo ódio.
Draco apenas se tornava mais ansioso com o passar dos segundos.
- Então vamos fazer um acordo... – ela levantou-se da cama, caminhando para perto dele - Eu te ‘conto’ o que você fez, e você responde às minhas perguntas. Feito?
Ele concordou com a cabeça, molhando os lábios.
- Bom, por onde começar? Oh, sim. Era uma vez uma garota de 17 anos que havia acabado de voltar para a escola depois das férias de verão. – ela pausou, examinando o olhar de Draco, indecifrável - Um dia, a garota foi misteriosamente enfeitiçada e perdeu sua memória. Por sorte, ela tinha amigos maravilhosos que a ajudaram em tudo o que ela precisou. Até que surgiu um loiro charmoso e a seqüestrou.
- Charmoso, é? – ele não pôde evitar o comentário, mas se arrependeu no instante em que Hermione o lançou um olhar repreensivo.
- Charmoso, sim, Draco. Continuando... Este loiro contou à garota algo sobre ela que ninguém parecia saber. Segundo ele, a garota estava fazendo coisas horríveis com as pessoas que ela mais gostava no mundo! Ela chorou muito e ficou muito triste mesmo, mas acreditou no garoto que dizia ser seu... hum... ‘amante’. Agora eu pergunto: Você consegue adivinhar o final da história, Draco?
A cada palavra que Hermione dizia, ela sabia, ela podia sentir que Draco estava entrando em desespero. E o jeito ácido com que as palavras deixavam sua boca não parecia ajudá-lo. Sem obter resposta para sua pergunta, Hermione passou a língua nos lábios e estava pronta para prosseguir. Mas Draco não mais a encarava. Suas mãos oscilavam entre os bolsos e os cabelos.
- OLHE PRA MIM! – Hermione berrou, segurando o rosto dele em suas mãos e fazendo os olhos cinza se voltarem para os castanhos. – Bom, eu vou pular a parte conhecida da história... E vou para o final.
Conforme ela falava, tomou ciência da proximidade que mantinha com Draco e usou aquilo para torturá-lo. Pôde sentir a respiração dele ofegando quando ela se aproximou ainda mais e se apoiou nos ombros dele.
- O que aconteceu foi: Depois da briga horrível que ela teve com o mencionado loiro e o conseqüente término do ‘namoro’ deles, ela começou a ter dores de cabeça. A dor era tão forte, tão forte que ela desmaiou e foi imediatamente levada para o hospital por seu melhor-amigo.
Quando ouviu essa parte, Draco parecia ter prendido a respiração. Outra coisa que Hermione notou foi o punho dele se fechando.
- Dois dias depois, ela acordou. E ao acordar, a garota viu que tinha recuperado todas as lembranças que haviam sido tiradas dela. – Hermione relatou.
O rosto de Draco parecia um pergaminho novo, tão branco tinha ficado. A morena manteve a novidade em suspense para causar o devido efeito no garoto à sua frente.
– O mais engraçado, - ela continuou, e deu uma pequena risada gélida – ou talvez não tão engraçado assim, é que nas antigas lembranças dela não havia nada a respeito do loiro. Absolutamente nada! Adivinhe como ela ficou, Draco. Acha que ela ficou feliz com isso? Nãããão. Pelo contrário... Ela ficou muito, muito brava. Sentiu raiva.
- Você... Você lembrou? – ele perguntou, gaguejando um bocado.
Hermione olhou bem nos olhos dele e disse: - Posso até te dizer quantas vezes você já me chamou de Sangue-Ruim, se você quiser.
Draco fechou seus olhos e deixou a cabeça pender para trás. – Eu... Nós...
- Não existe ‘nós’, Malfoy. Nunca devia ter existido. – ela disse, em voz baixa.
- Eu não sei o que dizer. – Draco disse, depois de um silêncio aflito.
Hermione olhou fundo nos olhos dele, à procura da explicação que tanto precisava. E de uma resposta para a pergunta que mais se fazia: Draco havia sido verdadeiro com ela ao menos uma vez durante esse tempo todo?
A morena não encontrou sua resposta, então se afastou. – Eu sei o que você deve dizer. Deve dizer a verdade, me responder sinceramente tudo que eu te perguntar.
Ele ficou em silêncio brevemente, antes de assentir com a cabeça.
- É o mínimo que posso fazer por você – ele disse, em tom quase imperceptível.
- Eu concordo – Hermione retrucou, dura.
- Acredito que é desperdício de tempo perguntar o porquê. Você deve saber bem que te usei para obter as informações sobre o Potter – ele disse. Não soube se foi uma escolha ruim de palavras, mas Hermione ficou com os olhos cheios d’água.
- Sim, isso eu deduzi. Era óbvio, não? – ela respondeu, fingindo não estar magoada. A verdade era outra: Hermione quase desmoronara quando ele disse a palavra “usei”. – O que eu realmente quero saber é... Qual é o plano de Voldemort? Harry está correndo perigo agora mesmo? Eu não posso deixar nada acontecer com ele por minha culpa. Se algo acontecer, eu juro, Malfoy, eu te mato...
- Não, não mata. – ele disse, aparentando ser mais forte do que realmente era – Você não conseguiria.
- Está me instigando? – Hermione cerrou os olhos.
- Não, apenas sei que você é boa demais para fazer mal a alguém, mesmo que essa pessoa seja eu. – ele disse, dando os ombros.
- Como se você me conhecesse – Hermione disse, o olhar se enchendo de ódio outra vez. – A Hermione com que você conviveu era apenas o meu corpo. Nada mais nela é igual ao que eu sou. Ela pode ter sentido alguma coisa por você, ela pode ter acreditado em cada mentira que saí da sua boca, ela pode ter sido usada e burra... – A essa altura, lágrimas escorriam livremente pela face da garota, o choro tornava sua fala difícil. – Mas eu não, Malfoy. Eu só quero reparar o mal que você causou. Então não pense que você me conhece!
Alguma coisa, um brilho diferente que ela não conseguiu identificar, passou pelos olhos de Draco, e no instante seguinte se foi. Ele suspirou e caminhou até ela.
- Escute, Hermione... Ou Granger, se isso satisfaz a sua vontade de negar o quanto eu te conheço. – ele começou, recuperando seu rotineiro ar arrogante e entediado – Você não precisa se preocupar com o Potter, ele não corre perigo. Você nunca deu uma informação relevante de verdade, e nada vai acontecer com o seu Garoto de Ouro se ele não fizer a besteira de deixar os terrenos de Hogwarts e sair de perto de Dumbledore.
O choro de Hermione deu sinais de diminuir perante as palavras dele e Draco tomou a liberdade de erguer a mão e segurar o ombro dela. Ela levantou os olhos, confusa, e ainda chorando. Em seguida, deu um passo para trás, impedindo que ele continuasse com o contato.
- Você... N-Não me toque. – ela gaguejou, voltando a falar em tom de comando e cheio de desprezo. – Você me fez ter os piores momentos que já tive. – ela pausou – Nem mesmo as batalhas com Comensais foram tão ruins! Vou experimentar te deixar sem memória no mundo dos trouxas, embora não ache que o castigo seja suficiente para gente como você...
- Espere um pouco aí, Granger! Você está pensando que fui eu quem te deixou sem memória? – ele perguntou, sobrancelhas erguidas.
- E quem mais seria?! – ela se exaltou. – Você não vai querer mentir sobre algo tão ridículo, vai, Malfoy? Você me fez perder a memória! E devo dizer a você o quanto seu plano foi ruim, já que você lançou um Feitiço da Memória totalmente reversível. Como vê, seu plano não deu certo, em absoluto.
- Não vou mentir, Hermione, não há porquê. O meu plano não deu certo. Ponto final. Mas eu te garanto que só recebi ordens de me aproximar de você justamente porque o Lord das Trevas foi informado da sua perda de memória. Ele achou que você seria um alvo fácil, e não errou. Apenas nos aproveitamos da situação.
- Eu não acredito. – Hermione cruzou os braços – Ninguém mais teria motivos para fazer algo assim comigo.
- Está sendo teimosa, Hermione, se negando a ver o que está embaixo do seu nariz. – Draco insistiu. – Além do mais, qualquer um da Sonserina acharia a brincadeira muito divertida, e eu me incluo nessa. Até me arrisco a dizer que algumas garotas das outras Casas, provavelmente com inveja da sua proximidade com o Potter, poderiam querer tirar você do caminho. Há milhões de possibilidades.
Afrouxando os braços e mordendo o lábio inferior, Hermione se convenceu. – Ok, uma coisa a menos na sua ficha, Malfoy. Isso não quer dizer nada.
Ele ergueu os braços – Você tem razão.
- O que você pretendia fazer? Pretendia deixar que eu pensasse que era uma traidora para sempre? Que eu lutasse ao lado de Voldemort? Que todos os meus amigos se voltassem contra mim?
- É claro que o plano inicial era esse. Você é uma bruxa talentosa, Hermione, o Lord das Trevas planejava te usar na guerra. Sabia que a Ordem, os Weasleys ou o Potter não teriam coragem de te machucar, então era uma boa vantagem.
Hermione engoliu em seco. As lágrimas voltaram, embora não com tanta intensidade. – Isso é monstruoso. É coisa de gente... Insana, na falta de uma palavra melhor. Eu não acredito que alguém possa pensar nisso, e ainda por cima ter gente que concorde em fazer o serviço!
- Eu não escolho, ok? – Draco se sobressaltou, erguendo as palmas no ar, indignado. – Eu sou um servo Dele, Hermione, tenho que obedecer para manter minha cabeça acima do pescoço.
- Você ainda poderia lutar, poderia resistir. Se ao menos tivesse aceitado contar à Ordem... Ah, deixa pra lá. Por que eu me iludo o tempo todo com você? Você simplesmente gosta de estar do lado das Trevas.
Draco sorriu com o canto da boca, e Hermione pensou que esta seria a confirmação de que ela estava certa.
- Malfoy, – ela começou, com raiva da cara divertida dele – Quando nós decidimos nos separar, naquele dia... Por que você me deixou? Quero dizer, você tentou me impedir de contar a verdade e voltar para a Ordem, Harry e Rony, mas não tentou o seu máximo. Por quê?
- Eu me reservo o direito de não responder a esta. – ele disse.
- Mas o que diria a Voldemort? Ele ficaria furioso com o seu fracasso e te puniria novamente, seria ainda mais severo. Eu não entendo por que você desistiu do seu plano tão fácil!
- Já disse, não vou responder. Pode perguntar qualquer outra coisa, mas isso é assunto meu.
Draco foi até sua cama e sentou-se lá, retirando os sapatos. Hermione observou-o longamente, um friozinho subindo e descendo em seu estômago. Queria perguntar. Queria perguntar se ele gostara dela de verdade um dia, ou se tudo foi fingimento... Por mais que ela jamais fosse admitir, não gostava da sensação de ter se entregado tanto, enquanto Draco ria dela pelas costas.
- Pergunte.
A voz dele a fez tremer, despertando-a – O quê?
- O que você quer perguntar... Prometi responder qualquer outra coisa, certo?
Hermione ficou desconfortável, brincando com os dedos das mãos e encarando os sapatos. Respirou fundo. Era agora ou nunca. Por um lado, ela queria que Draco a dissesse que era tudo um plano, que ele na verdade a odiava, e então ela iria para o seu quarto e superaria todo esse pesadelo, sem vê-lo, falar com ele ou procurá-lo nunca mais. Mas uma pequena parte dela queria muito, muito mesmo, que ele caminhasse como ele só, e a puxasse para um beijo e dissesse que não fingiu, que não havia brincado com ela, feito Hermione se apaixonar...
Ela balançou a cabeça, afastando tudo isso da mente. Tinha que ser forte. Ele havia a usado de maneira imperdoável! Ele é quem deveria estar sofrendo, se sentindo culpado por tratá-la como se não fosse humana, não tivesse os próprios sentimentos.
- Eu não quero perguntar mais nada. – Hermione disse, depois de tanto tempo. – Só quero que você saiba que eu gostei de você, Draco. Gostei de verdade. Estou sendo boba e idiota de dizer isso agora, sabendo que você vai morrer de rir assim que eu pisar fora daqui, mas eu sinto que devia dizer isso. Quem sabe você não crie um coração ou uma consciência...
Ele pareceu surpreso ao ouvir Hermione, antes furiosa, agora nesse tom melancólico. Ela estava sofrendo, e Draco achou melhor não responder à declaração dela. A resposta que daria com certeza traria problemas, e dos grandes.
- Bom, já resolvi o que pretendia aqui. – Hermione disse. Ela foi até a porta, vendo que ele não reagiria. Mas, como se lembrasse de algo muito importante, voltou-se para a cama, onde ele estava: - Ah! Draco! Meus parabéns, você é um ótimo ator, não precisa nem mais praticar! Quem sabe um dia uma ótima atriz não fisgue você? Estou torcendo por isso.
E, dando um breve sorriso, Hermione saiu e bateu a porta, refazendo o caminho de volta para seu quarto.
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Hermione evitou pensar nos seus problemas durante o dia seguinte, e aproveitou para se atualizar com as matérias que havia perdido. Não esperava que Harry e Rony fizessem anotações das aulas, por isso pedira as de Lilá e Parvati. Ocupou-se com isso durante toda a manhã, apenas deixando seu quarto no horário do almoço.
Escolhera roupas leves para que ela e Harry pudessem ir para os jardins assim que terminassem de comer. Estava realmente ansiando por esse momento de distração, precisava refrescar suas idéias. Nada melhor do que conversar com aquele que fora seu melhor-amigo, e talvez um pouco mais, durante tantos anos.
Quando Hermione sentou-se à mesa da Grifinória, todos já estavam lá, discutindo o quanto era injusto o relatório pedido por Snape, ou a montanha de lições dadas por Flitwich. Harry e Rony sorriram ao vê-la, e Hermione pôde notar que apenas Luna estava por perto, enquanto Gina parecia estar na outra ponta da mesa.
- Bom dia. Ou boa tarde? – Hermione cumprimentou-os, sentando-se ao lado de Harry e Neville.
- Boa tarde? É quase boa noite, já tivemos que agüentar cinco aulas. Duas do Snape – Rony resmungou, fazendo careta. – Você é que tem sorte, Mione. Só não sabe aproveitar.
- Aproveitei muito bem meu dia livre, Ronald. – Hermione pôs-se a colocar galinha com batatas em seu prato, sorrindo por estar de volta entre os amigos.
- Se você chama copiar lições de aproveitar... – Rony resmungou.
- Ron, pare de reclamar. – Luna se manifestou pela primeira vez. – Nós ainda temos um tempo livre, graças a Morgana! E a Hermione passou por uma situação difícil, tem certeza de que vale a pena ficar tanto tempo sem memória, só para ganhar alguns dias sem aulas?
- Eu... Não foi isso que eu quis dizer, Loon. – Rony tornara-se muito vermelho, mas mesmo na frente dos amigos segurou a mão de Luna.
- Eu sei, mas pense um pouco antes de falar, meu unicórniozinho vermelho. – ela disse, roçando o nariz no nariz de Rony.
Hermione tomou um susto ao ver Harry cuspir todo o suco que tomava em cima de seu prato. De repente, ele começou a rir descontroladamente, segurando a barriga que doía. Rony quase se enterrou sob a mesa de vergonha.
- A culpa é minha, não é? – Luna perguntou, olhando enquanto Harry ria. Todos ao redor olhavam para eles, e ela continuou: - Eu não vou mais te chamar de unicórnio na frente dos seus amigos, Rony, prometo de verdade!
- O estrago já foi feito – Rony murmurou, ao perceber que Dino e Simas também gargalhavam agora. – Eu disse para não fazer isso, Luna!
- Desculpa, Ronald, não tive intenção. É a força do hábito.
A essa altura, Hermione também ria muito e só parou, assim como o resto da mesa, quando Rony e Luna se levantaram para sair. Todos demoraram algum tempo para retomar o fôlego, e só o fizeram porque começaram a chamar atenção demais dos outros colegas e professores.
- Isso foi hilário – Neville comentou, tomando um gole de água.
- Com certeza, cara – Dino emendou, voltando a rir. – Podemos abrir uma votação... Qual dos apelidos do Rony é pior: “Uon-Uon” ou “unicórnio vermelho”?
A mesa praticamente toda gargalhou da piada, até mesmo Gina e Alice, na outra ponta. Apenas Lilá pareceu ofendida.
- Uon-Uon era um nome carinhoso! – ela disse, emburrada.
- Oh, Lilá, não se preocupe – Hermione começou – Uon-Uon é lindo comparado à “unicórnio vermelho”.
Os ânimos se acalmaram após mais piadas. Até que Parvati surgiu com um novo assunto:
- Hey, Hermione... Você recuperou a memória totalmente, então?
- Oh, sim. – Hermione respondeu, sorrindo. Todos olhavam a encaravam e tinham expressões alegres, aliviados por ela. A morena pensou em como era bom ter amigos. – Graças a Merlin, o idiota que me enfeitiçou usou magia reversível!
- Você foi enfeitiçada!? – perguntou Simas, confuso. – Quem faria isso?
- Provavelmente algum Sonserino – respondeu Lilá. Os olhares da mesa da Grifinória se tornaram ostensivos à medida que eles se viraram para olhar rapidamente para a mesa da Sonserina.
- Esses bastardos – comentou Neville. – Mas é bom te ter de volta, Hermione. – ele ruborizou.
- Obrigada, Nev. – Hermione agradeceu com um sorriso.
- Ele só está dizendo isso porque não tem mais ninguém para ajudá-lo nas aulas de Poções! – Dino alertou, e todos riram, exceto por Neville.
- Eu sei que você não tem interesse só nisso, Neville, não se preocupe. – Hermione tranqüilizou-o, sorrindo outra vez.
Pouco a pouco, a mesa da Grifinória foi ficando vazia, e logo só restaram Harry e Hermione almoçando. Ela observou o jeito dele, quieto e pensativo, enquanto comiam.
- Aconteceu alguma coisa? – Hermione perguntou, posando a mão sobre a dele. Harry balançou a cabeça, negando, ao que ela ergueu as sobrancelhas. – Não minta para mim, Harry.
- Quem sabe eu não te conte durante nosso passeio pelo lago? – Harry adiou a questão, terminando de comer. – Está pronta?
Quando ela assentiu, Harry puxou-a pelo braço; eles caminharam de mãos dadas para a saída.
Hermione sentiu as dezenas de olhares recaindo sobre eles durante todo o trajeto. Contudo, não soltou a mão de Harry, sabia que não tinha nada a esconder de ninguém nessa escola. Quem sabe aquilo não enfureceria a pessoa que a enfeitiçara... Se fosse uma garota, com certeza teria ciúme de Harry, segundo a teoria de Malfoy.
“Malfoy” ela pensou. “Tenho que tirar esse idiota dos meus pensamentos... Tudo tem que voltar a ser como antes, sem Malfoy algum”.
- Herm... – Harry a chamou, não ajudando muito em sua tentativa de tirar o loiro da mente ao usar o apelido que o sonserino lhe dera.
- Sim, Harry?
- O que acha de passarmos no Hagrid? Ele provavelmente gostará de te ver recuperada. – Harry sugeriu. Hermione ponderou, não muito excitada com a idéia.
- Hum... Eu não sei, Harry. – ela respondeu. – Só se você realmente quiser.
- Deixa pra lá, então. Foi só uma sugestão, de qualquer maneira.
Hermione olhou para ele, examinando a expressão cautelosa de Harry. – Eu pensei que a idéia de passarmos esse tempo juntos só incluísse nós dois. – ela explicou.
- Sim, esse é o objetivo. – ele concordou, apertando a mão dela uma pouco mais forte. – Vamos só arranjar uma árvore e ficar jogando conversa fora, então. – ele sorriu para ela, ao que Hermione não pôde evitar retribuir.
Andando por cerca de três minutos, eles encontraram uma sombra do lado oposto do Lago Negro, longe da maioria dos outros estudantes. Harry, parecendo exausto, largou a mochila de qualquer jeito no chão, para logo em seguida fazer o mesmo. Hermione riu dele e sentou ao seu lado, delicadamente.
- O que tiveram em Poções hoje? – Hermione perguntou, buscando engatar uma conversa descontraída com o moreno.
- Tivemos Malfoy bem passado ao molho madeira. – Harry disse, rindo para si mesmo.
- Como assim? – Hermione arregalou os olhos.
- Eu não sei, Hermione, ele simplesmente não parecia ser ele hoje. Não me insultou nenhuma vez. E a poção dele não deu certo. Ao invés disso, explodiu na cara dele, e atingiu cinco sonserinos que estavam ao redor. – Harry riu outra vez. – Você acharia engraçado se tivesse visto.
- Mas ele... se machucou? – ela perguntou, seu subconsciente tomando conta.
- Bem que eu queria, mas Snape o socorreu rápido. – Harry contou, fazendo uma careta – Era só uma Poção Energizante, de qualquer modo. No máximo ele ficaria acordado por uns três dias seguidos.
- Menos mal. – Hermione soltou um suspiro, deitando-se na grama. Fechou os olhos, inspirando o ar fresco.
- Menos mal? – Harry perguntou. – Eu daria tudo para ver Malfoy com enormes olheiras, se arrastando de uma sala de aula à outra... Você não?
- É, pode ser – ela murmurou, sem querer contrariar o amigo. – Está parecendo o Rony, querendo tanto assim ver o Malfoy se dar mal.
- Hermione... Estamos falando do Malfoy aqui. Lembra dele? – Harry brincou, virando de lado para encara-la. Hermione permaneceu de olhos fechados e apenas acenou com um movimento de cabeça.
- Só não quero falar dele agora.
- Tudo bem, então. Tem mesmo algo que eu quero te perguntar.
A morena entreabriu os olhos, os raios de luz que transpassavam os galhos mais finos deixando-a cega momentaneamente. Ela virou-se, ficando na posição em que Harry estava, para poder encara-lo. Era bom poder olhar para ele e reconhecer cada marca de expressão, cada cicatriz; Hermione deu um breve sorriso.
- Sim?
Harry hesitou, baixando o olhar para a boca dela, e Hermione corou ao perceber. Não sabia se estava pronta para voltar a gostar de Harry como gostava antes da perda de memória... Eles acabariam voltando ao mesmo dilema: O que Rony e Gina achariam se eles ficassem juntos? Apesar das perturbações, Hermione esperou que o moreno prosseguisse.
- Herm... – ele começou. – Você começou a me contar algo, na noite em que desmaiou.
- Harry – Hermione gemeu, fechando os olhos pesados. – Eu não quero falar disso.
- Mas eu te prometi que não vou ficar bravo... demais. – ele insistiu, levando a mão até o rosto dela e deslizando dois dedos pela sua bochecha direita.
- Eu sei... – outra vez, ela abriu os olhos e mergulhou no verde-esmeralda – Mas o que eu ia te contar foi algo que eu fiz durante o tempo sem memória. Não importa agora, porque já está completamente resolvido. Eu reparei meus erros, Harry.
- Então não há problema em me contar. – ele pressionou. – Por favor.
- Se eu te contasse, você ficaria irado, perderia a cabeça. Eu não quero que isso aconteça. Já disse, meu assunto foi resolvido, e você provavelmente iria querer se vingar.
- Isso tem relação com o seu agressor? Quero dizer... Com quem tirou sua memória? – ele perguntou, desconfiado, como Hermione disse que ele ficaria.
- De certo modo. – ela respondeu – Eu não falo mais sobre isso a partir de agora.
- Pelo menos está mais feliz? Aquele dia você estava arrasada. – ele perguntou, dando-se por vencido.
- Estou, tirei um peso das costas. Obrigada, Harry.
- Não há de quê – ele bufou e se jogou de costas no chão outra vez. – Hermione... Tem mais uma coisa.
- O quê, Harry? – ela continuava a encara-lo.
- Eu pensei ultimamente... em nós dois. – ele começou, evitando os olhos chocolate.
- Oh, Harry. – Hermione suspirou.
- Me deixa terminar? – ele pediu, ficando apoiado nos cotovelos, como antes. Hermione assentiu – Eu, bem... Quando eu quis terminar com a Gina e ficar com você... Você estava gostando de outra pessoa, não estava? Por isso não quis mais ficar comigo?
“Oh, Merlin”, Hermione pensou. Acabou que Draco Malfoy, mais uma vez, estava certo: Harry tinha sacado que ela estava com outra pessoa. “Bom, não mais”, continuava a pensar, sem saber o que responder; Não mudava o fato de que Harry estava cada vez mais próximo da verdade. Seria melhor contar de uma vez, a história toda, ou manter a teia de mentiras?
- Ouça, Harry. – ela começou, tentando ganhar tempo. – Eu... estava, sim, completamente apaixonada p-
- Eu sabia! – ele não a deixou completar a frase. – Fui um idiota, não fui? Demorei tanto que você gosta de outro cara agora...
- NÃO! – se apressou a negar, segurando o braço de Harry. – Eu estava apaixonada, mas depois que recuperei a memória eu descobri que ele me usou o tempo todo! Foi só uma ilusão, Harry.
- Então você teve um relacionamento com ele? – Harry perguntou, boquiaberto – Como pôde esconder isso?
- Harry, n-... Isso já entra no departamento daquele outro assunto, sobre o qual eu ainda não quero falar. – Hermione esquivou-se.
- O que quer dizer que o cara com quem você namorava tem algo a ver com a sua perda de memória! – Harry apontou. O olhar chocado na face dele dizia a ela que seria inevitável contar a verdade, se quisesse preservar a amizade de Harry. – Hermione...!
Harry a examinou de cima a baixo, sem mais palavras, enquanto ela manteve o olhar nas folhas secas caídas. Ela não sabia o que fazer. Não sabia o que Harry faria se contasse.
- Hermione! Pelo amor de Merlin, o que aconteceu com você esse tempo todo!?
Oh, sim. A pergunta dourada.
Continua.
N/A: Olá meus amoooores e amoras. Mais um capítulo quentinho, que eu particularmente gostei (um dos poucos)! E vocês? Que tal um review/comentário para que eu saiba o que acham?
Bom, como eu ainda não sei o final, vocês terão de se contentar com qualquer um dos dois... Ou Potter ou Malfoy (pelo que podem ver, o Potter tá ganhando). Ainda vou escrever uma fic onde ela fique com os dois, mas nessa não vai dar.
E lembrem-se: seus comentários abastecem a minha imaginação! Comente, e o cap saí mais rápido. Hehe
Um beijo, Tha Potter Malfoy.
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