Começa a Aventura
- Lucy! Lucy! ACOOOOOORDAAAAA!! – Lily gritou no ouvido da amiga enquanto a chacoalhava, fazendo Lucy pular assustada.
A loirinha esfregou os olhos para tentar acostuma-los à claridade.
- Você bebeu? – Perguntou indignada.
- Eu prometi que um dia me vingaria de você! – Lily deu de ombros – E esse dia finalmente chegou!
Lucy balançou a cabeça inconformada e murmurou um ‘eu mereço, mesmo’ enquanto se arrastava até o banheiro.
- Porro raber o que te fez alorrar tão cedo, ‘dorrinhoca-Evans’? – Lucy tentou perguntar enquanto escovava os dentes.
- O ar de Nárnia. – A ruiva respondeu simplesmente.
- Não...
- Lucy, termine de escovar os dentes e depois conversamos, ta?
A loirinha sinalizou que sim.
Lily aproveitou para abrir o novo guarda-roupas da amiga, escolheu um vestido azul claro, comprido até a altura do joelho, com uma fita dourada na cintura.
- Você pensa que eu vou usar isso? – Lucy perguntou ao voltar para o quarto.
- É lindo, Lucy!
- Detesto azul! Você devia saber...
- Eu sei, mas pensei que você não se importaria. – Lily guardou o vestido e pegou outro quase no mesmo modelo, mas na cor vermelho-sangue – Que tal?
- Perfeito! Vou adorar andar no meio do mato com um vestido curto desses. Nem imagino que minhas pernas vão voltar vermelhas de picadas de pernilongos e arranhões.
- Odeio quando você acorda mal-humorada, sabia? – Lily largou o vestido em cima da cama.
- Não estou mal-humorada, só gosto de acordar naturalmente, sem ninguém gritando no meu ouvido.
Lily deu um sorriso significativo.
- Eu adorei acordar com alguém me chamando... – Falou sonhadora, mas logo se recompôs – Você sabe chegar sozinha ao saguão de entrada?
- Pode me explicar essa história, Lis! – Lucy interceptou a saída da ruiva. – Me diz, quem foi que te acordou pra você estar tão bem disposta?
- Não acho que eu deva te contar...
Lucy deu um passo para o lado.
- Tudo bem, pode ir. Achei que era minha melhor amiga... – Falou em tom de fingida mágoa.
- Peter. – Lily abriu um sorriso.
- Peter>?
- Sim, Peter.
- O que tem Peter?
- Foi ele quem me acordou criatura! – Lily alargou ainda mais o sorriso.
Lucy a olhou desconfiada.
- Ele entrou no seu quarto e sussurrou no seu ouvido?
- Não exatamente, ele bateu na porta e me chamou. Mas a voz dele foi como uma música entrando no meu ouvido, acordei na hora, me vesti e o encontrei no corredor. Tomamos café da manhã juntos.
- Tenho que aprender a imitar a voz dele! Porque quando eu te chamo, você só acorda com gritos...
Lily deu um sorrisinho de canto.
- Troca logo de roupa, ou vamos te levar de pijaminha pra batalha.
- Sabe de uma coisa, esse vestido vermelho é realmente lindo. – Lucy falou mais animada, esquecendo completamente de sua teoria sobre pernilongos e arranhões.
Todos já tinham tomado café da manhã quando Lucy finalmente desceu. Como já estavam atrasados, a garota passou rapidamente na cozinha e encheu uma sacola com frutas, suco, pão e doces.
- Está levando comida para o exército? – Lily perguntou de olhos arregalados.
- Não sei quando é que vamos voltar, é melhor estar prevenida!
Lucy não sabia como estava certa, pois com a empolgação da saída, ninguém além dela tinha pensado em levar comida para a ‘viagem’. Os seis jovens andaram cerca de duas horas pela floresta antes de Lily pedir para pararem um pouco.
- Estou muito cansada! – Falou a ruiva sentando em uma pedra.
- Somos duas. – Concordou Lucy. – Alguém quer comer alguma coisa?
Apenas as irmãs Pevensie aceitaram. Peter e Edmund deram uma volta de reconhecimento pelo local que, segundo eles, era povoado por ursos gigantes.
- É só conversar com eles, ‘Senhor Urso, não me coma, eu sou jovem e tenho uma vida inteira pela frente...’. – Falou Lucy E. rindo.
- Não são ursos falantes. – Explicou Edmund. – E pra falar a verdade, são muito perigosos.
Assustadas, as garotas concordaram em descansar poucos minutos e comer durante a caminhada.
Apesar de cansativa, as grifinórias não tinham do que reclamar daquela caminhada. O ar era puro e o vento nunca passava de uma leve e deliciosa brisa.
- Estou sentindo um cheiro diferente...
- Eu também, Lucy. – Falou Lily.
Lucy Pevensie abriu um sorriso.
- Devemos estar perto do mar.
E ela tinha razão. Não demorou muito para que os seis se desvencilhassem de algumas árvores baixas e despontassem em frente ao mar.
O mar era tranqüilo como o vento. Apenas uma ou outra onda baixa avançava pela praia. A areia era fina e quase branca.
Peter olhou de soslaio para o irmão e depois encarou o céu.
- Deve ser quase meio-dia. – Falou o primogênito.
Lily e as duas Lucys logo tiraram os calçados e foram caminhar na água.
Susan depois de um alongamento, estendeu um tecido sobre a areia e sentou de frente para o mar.
- Pode me falar, rei Peter. Estamos perdidos, não estamos?
- É claro que não, Su. Não se preocupe.
- Eu vi o olhar surpreso que vocês dois trocaram – Apontou para os dois irmãos - quando avistaram o mar.
- Vamos voltar pela trilha por alguns minutos. Desviamos muito pra nordeste. – Sugeriu Edmund.
- É melhor fazermos isso logo então. Já devíamos ter chegado no acampamento há muito tempo, pelas minhas contas. – Susan falou enquanto levantava e balançava a toalha que estava sentada.
- Deixe-as brincar na água mais um pouco. – Falou Peter.
Resolveram não falar para as outras três meninas que tinham seguido a trilha errada, esperaram elas saírem da água e adentraram novamente a floresta.
Andaram por mais de uma hora na mesma trilha procurando em que ponto do caminho tinham desviado pro lado errado. Peter não se conformava, conhecia aquela floresta como a palma de sua mão e Susan já estava ficando preocupada com o que iriam comer.
- Tempo, tempo! Pelo amor de Merlin! – Pediu Lucy E. sentando em uma pedra.
- Desculpe, Lucy, mas não podemos parar agora. – Falou Peter.
- Eu não consigo dar mais nenhum passo.
- Já estamos perto. – Ajudou Edmund.
- Edmund, você nos disse a mesma coisa há duas horas atrás. – Falou Lucy Pevensie sentando ao lado da xará.
- Eu estou morrendo de fome. – Falou Lily.
Peter deu um suspiro e resolveu ceder.
- Ta bom, vocês venceram. Vamos parar por um tempo pra comer e depois retomamos a caminhada. Combinado?
Todos concordaram. O problema agora era o ‘que’ comer. Susan e Lily dividiram o pão em seis partes e uma fruta para cada garota. O suco que restou do café da manhã de Lucy, também foi dividido em seis partes iguais.
Deixaram apenas o bolo pra comer mais tarde, caso ainda demorassem a chegar no acampamento.
Depois de descansarem alguns minutos, retomaram a caminhada.
- Agora falta pouco. – Peter falou animado ao reconhecer uma goiabeira no caminho.
Mal sabia ele o quanto estava errado. Continuaram a andar sem rumo o resto da tarde. Quanto mais adentravam naquele caminho, mais se afastavam do ponto certo.
- Confesse Peter, você não faz a menor idéia de onde estamos. – Falou Lucy P.
O garoto diminuiu o passo até parar e virou lentamente para a irmã.
- Nós pegamos alguma trilha errada. Mas acho que já voltamos para o caminho certo e penso que estamos perto de verdade agora.
- Era o que eu temia. – Falou a garota encostando-se a uma árvore.
- No caminho certo ou não, logo vai escurecer. – Falou Susan – É melhor procurarmos agora um lugar seguro para passarmos a noite e amanhã retomamos a caminhada.
- É, você sempre foi a mais sensata, Su. Vocês têm algum problema em dormirem por aqui? – Peter perguntou para Lily e Lucy E.
Lily respondeu que não via problema algum, mas Lucy fez sua melhor cara de alarmada.
- Você quer dizer aqui, sem nenhum tipo de abrigo, cama, cobertor ou comida?
- Vamos lá, Lucy. Não pode ser tão ruim assim. – Falou Lily.
Com um exercício fora do comum de persuasão de Lily, Lucy resolveu concordar que poderiam se divertir muito naquela noite.
Decidiram que passariam a noite na encosta de um pequeno morro, era quase uma clareira, imensas árvores cercavam o lugar.
Lily, Peter e Edmund foram atrás de algumas lenhas, as outras meninas ficaram ali para arrancar os matinhos e plantas baixas que tomavam conta do lugar.
Enquanto Lily e Peter faziam uma fogueira, um pouco antes de escurecer, Lucy E. saiu pela redondeza em busca de frutas que pudessem servir de refeição naquela noite.
Voltou com algumas laranjas, goiabas e maçãs. Não conseguiu pegar mais nada porque já tinha se afastado muito e as estrelas já tinham se firmado no céu.
- É tudo o que temos pra essa noite. – Falou colocando as frutas em cima de uma mesa improvisada que Susan fizera.
- Já está bom. Com as laranjas, podemos tentar fazer mais suco, que tal?
Lucy adorou a idéia de Susan, afinal tanta caminhada tinha deixado a loirinha morrendo de sede.
Depois da ‘refeição’ pronta, eles sentaram em volta da lareira e Lily pediu que lhes contassem uma história de Nárnia.
- Ripchip nos disse que vocês adorariam contar a história do dia em que os ratos começaram a falar. – Falou a ruivinha.
Lucy P. bateu palmas e Susan abriu um sorriso.
- É mesmo uma linda história! – Falou a mais velha – Vejamos, por onde eu começo...
Um vento gelado passou por eles, que se juntaram mais perto da fogueira.
- Eu fui a primeira a chegar em Nárnia. – Começou Lucy P. – Mas voltei para casa no mesmo dia. Contei aos três sobre a aventura mas eles não acreditaram em mim, pensaram que era fantasia da minha ‘mente criativa’.
- Um tempo depois, ela voltou a Nárnia, mas eu também vim, logo atrás dela. – Continuou Edmund. – Quando cheguei em Nárnia, encontrei a Feiticeira Branca, que pra mim parecia muito bondosa, e ela ficou mais do que contente em saber que eu tinha um irmão e duas irmãs.
- Deixe-me explicar. – Flou Susan – Havia uma... como posso dizer? Era como se fosse uma profecia, dizendo que quando dois filhos de Adão e duas filhas de Eva se sentassem nos quatro tronos de Cair Paravel, seria o fim da Feiticeira Branca.
- Então ela não os queria aqui? – Perguntou Lucy E.
- Pra falar a verdade, ela queria sim. Mas para nos impedir definitivamente de tomar o trono um dia. – Falou Lucy P.
- Edmund prometeu trazer-nos até ela e em troca seria educado pela “rainha” – Susan fez o sinal de aspas com as mãos – como um príncipe e depois de sua morte ele se tornaria o rei de Nárnia.
- Que tentação! – Falou Lily se permitindo um sorriso.
- Ainda mais pra mim, que tinha sempre que obedecer as ordens e decisões de Peter e de Susan. Mal sabia eu que era sempre para o meu próprio bem. – Falou ele com pesar.
- Como nós não aceitamos ir com ele até o castelo da feiticeira, Edmund decidiu ir sozinho e tentar ganhar mais manjar branco. – Lucy P. falou com um sorriso – Como chegou lá sem a gente, virou um prisioneiro da rainha, nenhuma das promessas dela eram verdadeiras. Tentando agradá-la, Edmund contou onde estávamos e ela foi atrás de nós.
Os quatro irmãos contaram em ricos detalhes sobre a perseguição da feiticeira, como chegaram até a Mesa de Pedra, que era o ponto de encontro com Aslam, e como libertaram Edmund das garras de Jadis.
- Mas acontece que Edmund já era considerado um traidor. E mesmo Aslam tendo o perdoado, não adiantava nos termos da Magia Profunda. – Falou Susan.
- O que isso quer dizer? – Perguntou Lily se ajeitando melhor perto do fogo.
- Estava gravado na Mesa de Pedra, que todo o traidor pertence a Jadis, e ela pode matá-lo se quiser. – Falou Edmund.
- Mas se Aslam decidisse não lhe entregar pra doida? – Perguntou Lucy E.
- Nárnia pereceria em água e fogo. – Foi Peter quem respondeu.
- Oh! – Exclamaram as duas grifinórias.
Susan abriu um sorriso bondoso.
- Foram momentos muito difíceis. Achamos que perderíamos nosso irmão. Mas Aslam pediu para conversar a sós com a feiticeira e voltou dizendo que ela renunciara ao direito do sangue de Edmund.
- Fácil assim? – Lucy E. perguntou atônita.
- Foi o que pensamos. – Falou Peter – Mas logo Aslam nos disse que teríamos que acampar na margem do Beruna, pois a Mesa da Pedra seria utilizada para outra coisa. Nós fomos sem contestar, Ele estava muito misterioso e triste, mas não nos contava de jeito algum o eu estava acontecendo.
- À noite, Susan e eu não conseguíamos dormir, tínhamos um pressentimento que algo não estava bem. – Falou Lucy P. – Decidimos sair e procurar Aslam, não demoramos a encontrá-lo, estava ainda mais abatido do que durante o dia. Aslam nos permitiu seguir com ele, desde que parássemos quando ele mandasse.
- Ele fez isso quando chegamos na encosta do morro da Mesa de Pedra. – Continuou Susan – Lá em cima, uma multidão de seres terríveis.
Susan continuou o relato sobre aquela noite. Contou que Aslam pediu que parassem quando chegaram na encosta do morro onde estava a Mesa de Pedra. De lá, seguiu sozinho para o alto do morro onde uma multidão de seres malignos, inclusive a feiticeira Jadis, o esperavam. Eram lobisomens, minotauros, espíritos de plantas más, bruxas e todo o tipo de ralé que era a favor da Feiticeira Branca.
Lucy e Susan observaram Aslam se aproximar do grupo, ainda cabisbaixo, e não reagir diante da multidão que o xingava e o agredia. Eles o amarraram tão forte, que as cordas lhe cortavam a carne, depois a feiticeira mandou que lhe cortasse a juba. Zombaram dele tanto que as duas meninas não conseguiam conter as lágrimas vendo aquilo.
Por fim, amordaçaram Aslam e o prenderam à Mesa de Pedra. A feiticeira afiou o facão e se aproximou de Aslam, dizendo que o sacrifício dele em se entregar no lugar de Edmund de nada adiantaria, pois com Ele fora do caminho seria ainda mais fácil acabar com os quatro irmãos.
- Não tivemos coragem de ver o que aconteceu depois. – Falou Lucy P. – Tapamos os olhos e só saímos do nosso esconderijo quando a feiticeira e aqueles bichos terríveis foram embora.
As meninas se aproximaram chorosas de Aslam que jazia morto na Mesa de Pedra. Arrancaram-lhe a focinheira e tentaram desamarrá-lo, sem sucesso.
Ficaram ali tanto tempo chorando e acariciando Aslam, que o dia começou a amanhecer.
- Foi então que percebemos muitos ratos subindo pela Mesa de Pedra. – Falou Susan – Mandei-os sair dali, irem embora, mas eu não tinha percebido o que eles estavam fazendo.
- Eles roeram as cordas em que Aslam esteve amarrado. Depois que foram embora, saímos um pouco para dar uma volta e nos aquecer, foi então que ouvimos um barulho enorme, a Mesa de Pedra havia se partido ao meio e Aslam tinha desaparecido.
- Ficamos inconsoladas até que uma voz forte nos disse que aquilo era magia. Era Aslam. Ele tinha ressuscitado! – Susan falou alegre, como se revivesse a felicidade que sentira naquele momento – A Feiticeira Branca pensava que conhecia a magia profunda, mas não conhecia realmente bem. Se uma vítima inocente de traição fosse voluntária para ser executada no lugar de um traidor, então a Mesa de Pedra estalaria e a morte começaria andar para trás.
Lily e Lucy tinham lágrimas nos olhos.
- É uma história muito linda. – Falou Lucy E.
- Será que um dia teríamos coragem de nos sacrificar por alguém? – Perguntou a ruiva.
- Se você amar muito alguém, sim, você terá essa coragem, Lily. – Falou uma voz forte e profunda.
Lily conhecia bem aquela voz, seu coração se encheu de alegria ao se levantar e ver que Aslam estava ali.
- Oh, Aslam! – Falou a ruiva sem conter a felicidade que sentia.
Os quatro reis correram até o Leão, Susan e Lucy Pevensie lhe acariciaram a juba. Apenas Lucy E. não sabia o que fazer. Não conseguia olhar para o leão sem sentir temor, mas a presença dele lhe transmitia uma paz de espírito tão grande quanto ela jamais sentira.
A loirinha ficou em pé ao lado de Lily.
- Sejam bem-vindas a Nárnia, filhas de Eva. – Falou Aslam.
- Obrigada, senhor. – Falou Lily.
- Obrigada. – Lucy falou tímida.
- Não tenha medo, Lucy. Estive esperando muito tempo pela visita de vocês!
Lucy não sabia explicar o porque, mas as palavras do Leão lhe causaram uma sensação tão confortante, que se sentiu segura para perguntar.
- Porque eu vim pra Nárnia? O senhor só aparecia para Lily no nosso mundo.
- Eu apareci pra você também, Lucy. Mas você estava tão preocupada e envolvida com seus próprios problemas, que não me reconheceu e sentiu medo de mim quando nos vimos.
- Era você aquele dia na escola?
- Sim. E era preciso conversar com Lily porque ao contrário de você, ela não acreditaria em Nárnia sem ter visto antes. – Aslam se virou para Lily – Não estou certo?
Lily pensou por um momento e respondeu sinceramente.
- Lucy aceitou bem mais rápido do que eu aceitaria.
- Mas eu também tenho uma missão aqui em Nárnia?
- Tudo a seu tempo. – Falou Aslam e elas assentiram.
Conversaram mais um pouco em volta da lareira, até que Peter avisou que deveriam ir dormir, pois a caminhada começaria cedo no dia seguinte.
Sem que percebessem, Aslam havia desaparecido. Lucy Pevensie explicou o que aprendera a muito tempo atrás, quando foi coroada rainha de Nárnia:
- Ele é sempre assim: vem e vai quando é importante o fazer. Não se preocupem, certamente ainda irá voltar muitas vezes.
Foi com essa promessa que Lily e Lucy se sentiram mais confiantes. A história que os irmãos Pevensie contaram sobre o sacrifício de Aslam no lugar de Edmund as fez admirar ainda mais aquele enorme animal falante.
Sem contar que a visita dele trouxe uma segurança e uma alegria tão grandes para as duas meninas, que elas passaram a contar os minutos para vê-lo novamente.
- Vamos deitar todos perto da fogueira. – Falou Peter – Assim nos aquecemos e evitamos os insetos.
Todos seguiram o conselho dele e deitaram pertinho um dos outros em volta do fogo. Lucy E. improvisou pra ela e pra Lily dois travesseiros enchendo de folhas de árvores as sacolas que trouxera a comida.
Apesar de ser esse o único conforto das grifinórias, nem elas nem os irmãos Pevensie demoram a adormecer, pois tinham tido um dia bastante cansativo.
Com o passar das horas, o vento foi se tornando ainda mais gelado e o fogo diminuindo. Quando o fogo finalmente acabou, Lucy E. escutou um barulho e acordou assustada.
Olhou para os amigos, todos estavam num sono profundo. Pensava em voltar a dormir quando escutou o mesmo barulho novamente, era o som de passos.
Quase acordou Lily, mas a ruiva parecia dormir tão bem naquele chão duro e frio que Lucy não teve coragem de fazer isso. Levantou lentamente tentando não fazer barulho e saiu da clareira, mas a luz da lua não era suficiente pra iluminar dentro da floresta.
Apalpou os bolsos do casaco que Edmund lhe emprestara, tinha guardado ali a lanterna que usou em Hogwarts, quando saiu pra passear com Edgar nos terrenos da escola.
Aquilo já parecia ter sido a tanto tempo que Lucy se pegou perdida em lembranças quando escutou novamente o barulho de passos, desta vez muito perto dela.
- Olá... Tem alguém aí? – Perguntou enquanto dava uma volta em si mesma iluminando tudo a sua vota.
Mas tudo estava no mais absoluto silêncio.
- Olá... – Chamou mais uma vez.
Nenhuma resposta.
De repente ela sentiu uma presença atrás de si, girou nos calcanhares, mas com o susto que levou a lanterna caiu no chão. Foi a última coisa que pôde perceber antes de sentir uma pancada na nuca.
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