Os conflitos de Ron
Ron demorara tanto tempo para perceber o que sentia por Mione. Passara sempre tanto tempo ao lado dela, sem perceber o quanto ela significava para ele...
Como fora tolo!
Como ele não pode perceber o carinho e o cuidado dela, desde os primeiros perigos que enfrentaram juntos?
O namoro de Harry e Ginny tinha feito o teimoso e cabeçudo Ron parar para pensar, finalmente.
Ele se sentiu tão frágil no enterro de Dumbledore... mas tinha que ser forte por Mione. Ela estava chorando nos braços dele, como um carneirinho perdido, pedindo pra que ele nunca a abandonasse, ouvindo-a dizer o quanto ela gostava dele e tinha medo de perdê-lo... aquela fora a gota d’água. As palavras de Hermione ressoavam na mente e no coração dele, como um sino muito grande reboando, ensurdecedor...
Naquele momento de fragilidade dela, chorando de soluçar, nos braços dele, ele sentiu uma emoção indescritível. Com ela nos braços, queria que tudo e todos desaparecessem... sentindo o perfume gostoso que vinha dos cabelos dela, das roupas, ele só queria que aquele momento nunca acabasse, sentindo-a tão próxima dele, seu hálito morno e suave a brincar com seus sentidos, ele se controlou muito para não beijá-la ali, na frente de todos... o momento seria inoportuno, e se ela não sentisse o que ele sentia agora? E se o chamasse de insensível, se aproveitando de um momento daquele, como poderia?
Olhou para os lados, contendo-se o quanto pode. Sim, a perda de Dumbledore fora demais, mas ele começou a chorar porque teve medo do que estava sentindo... teve medo do amor que aflorava nele, que despertava todos os seus sentidos, que finalmente transformava o menino em homem de verdade...
Sua relação com Lilah fora puramente física. Um garoto da idade dele tinha necessidades que não podiam ser mais contidas ou ignoradas... Lilah sabia como mexer com ele, sempre ressaltando seus pontos mais fracos, como a vaidade. A menina insistia em dizer o quanto ele era másculo, o quanto seu corpo estava mudando e atraindo a atenção das meninas, o quanto ele jogava bem, o quanto beijava bem, o quanto suas mãos eram ligeiras e os braços fortes...
Ele sentia essa necessidade louca de provar a si mesmo que era capaz de conquistar as meninas. Que era irmão dos maiores conquistadores de Hogwarts, George e Fred, que jamais estavam sozinhos... Ele tinha que entender melhor o que estava acontecendo na mente e no corpo dele. As mudanças eram muitas, e todas muito marcantes...
Ele tinha que entender porque não havia notado anteriormente o quanto a melhor amiga dele e de Harry, Hermione Granger, a mandona e chata Hermione, havia se transformado. Ele precisava entender o porque de ficar sempre excitado quando se aproximava demais dela, sentindo o cheiro dela, ouvindo a voz dela... sonhando com ela noites e mais noites, se sentindo um idiota quando acordava durante a madrugada suado e grudento, seu baixo ventre ainda pulsando, latejando de tesão pela amiga.
Como podia pensar em Hermione assim? Ela não era qualquer pessoa, aquilo era errado, imoral, mas ao mesmo tempo tão gostoso, quente...
Bloqueou seus sonhos com Hermione. Tentava não pensar mais nela daquele jeito desrepeitoso, indecente. O que ela pensaria dele? Jamais olharia na cara dele se soubesse o quanto ele a desejava! O quanto ele queria beijá-la com paixão, tocando aquele corpo lindo e imaculado que povoava seus sonhos...
Ele sabia que aquilo que acontecia com ele era normal em sua idade. Não era tolo, além do mais tinha irmãos demais para não saber das coisas...
Por isso, também concluiu que não era nada sério que queria com ela. Desejava-a. E Hermione sendo tão amiga, jamais poderia ser uma conquista, um mero objeto do desejo. A amizade dos dois era algo muito importante, que Ron aprendera a valorizar cada vez mais.
Mal sabia ele que seus sentimentos eram mais profundos, até aquele momento no enterro de Dumbledore.
Quando sentiu que Voldemort poderia acabar com tudo e todos aqueles que eram sua vida, e que a vida poderia ser bem mais curta à partir daqueles acontecimentos cruciais, não teve dúvidas sobre seus sentimentos.
Amava Hermione com todas as suas forças. Queria poder protegê-la em seus braços pra sempre...
Mas a realidade falou muito alto quando pegaram o Expresso Hogwarts, e sentaram-se, ele, Hermione, Harry, Ginny, Neville, Luna, para traçar os planos dessas que poderiam ser as últimas férias de todos.
Face à gravidade dos fatos, muito mais importantes do que seus sentimentos, ele guardou o que sentia para si. Rabiscou um bilhete para Mione, esperando que ela entendesse.
Nesse momento, achou que, mais uma vez, errara. Não disse a verdade frente a frente com ela, e perdera a chance de ser feliz.
O que fazer agora?
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