Despertando para a realidade
Pela rapidez com a qual Mione desceu as escadas, seus passos pesados assustaram Bichento. Harry aguardava a amiga, ansioso para contar-lhe as novidades, receoso em deixá-la preocupada. Ela finalmente chegou perto da lareira, sem fôlego.
- Mione, desculpe já incomodá-la, sei que acabou de chegar e está cansada...
- Larga de besteira Harry. Vamos ao que interessa. Quais são as novidades?
Ele respirou fundo e começou:
- Mione, preciso sair daqui o quanto antes. Meus tios sumiram. Sei que não estão mortos porque se estivessem eu saberia. Por menos que eu goste, minha ligação com Tia Petúnia é forte demais para que eu não perceba as coisas. E digo: sei que não estão mortos.
- Mas então, onde estarão?
- Podem até ter fugido, ou podem ter sido seqüestrados por Voldemort. Mas o importante é que eu sinto que não devo ficar aqui.
- E pra onde você vai, Harry?
- Pensei em ir para A Toca, afinal tenho que ir mesmo na semana que vem. Queria que você viesse comigo.
Será que esse que estava falando com ela era realmente Harry? Ele jamais gostaria de colocar alguém em risco...
- Sei o que está pensando Mione. Não é do meu feitio procurar alguém, colocar gente inocente em risco... mas temo por Ginny. Porque Voldemort não vai tardar a saber dela, Malfoy sabe...
- Tudo bem Harry. Nos encontramos lá, me dê um tempo para apenas arrumar minhas coisas.
- Estou indo pra lá agora, em 30 minutos estarei aqui pra te levar. Você não vai sozinha.
- Tudo bem.
Harry desapareceu na lareira, Hermione começou a arrumar suas coisas. Afinal, mal havia chegado! Seu malão já estava pronto. Chamou os pais.
- Pai, mãe, preciso ir. Vocês sabem onde eu estarei.
- Mas filha, você nem chegou... a mãe de Hermione derramava grossas e silenciosas lágrimas.
- Tudo vai dar certo, confiem em mim, ok? Dependendo do estado das coisas, virei buscar os dois para colocá-los num lugar seguro. Onde haja segurança bruxa. Por enquanto, ainda não sei de nada, por isso fiquem aqui. Tomei providências para que vocês tenham o mínimo de segurança, e estarei em contato sempre que possível. Preciso ir.
Harry chegara dA Toca. Aguardava na lareira.
- Vamos Mione, não sabemos por quanto tempo essa lareira ainda é segura...
Tendo entrado Mione, Bichento e o malão, Harry apertava-se. Eles poderiam aparatar, mas o risco era ainda maior. Afinal, Voldemort saberia e não pensaria que eles fossem usar um método mais antiquado como o Pó de Flu.
Todo cuidado era pouco.
Rapidamente, chegaram nA Toca. Todos esperavam ansiosos pelos dois, e ficaram felizes ao vê-los bem e inteiros.
A velha e acolhedora casa dos Weasley estava como sempre, a não ser pelo excesso de pessoas que entravam e saiam. Tal qual nos últimos anos. Parecia aquela confusão do Largo Grimmauld, antiga sede da Ordem.
Hermione, preocupada demais com as novidades que queria saber, mal notou Ron a um canto, muito vermelho, nervoso, mal conseguia pronunciar duas palavras sem engasgar.
- Oi Mione, tu-tudo bem com vo-você...
- Estou bem Ronald. Quais as novidades por aqui?
Ele percebeu que ela não estava para conversa fiada. Estava ansiosa e preocupada, querendo saber dos últimos movimentos da Ordem, de Harry e seus tios desaparecidos, das providências que estavam sendo tomadas...
Ela não percebeu um Ron tristonho, cabisbaixo. Um Ron que pensava, com todas as fibras de seu ser, naquele bilhetinho reticente que havia deixado no bolso dela no Expresso de Hogwarts. Um Ron mais adulto, mais centrado, menos egoísta, do jeito que ela havia sempre pedido. Um Ron que finalmente percebera aquilo que ela havia demonstrado há tempos: um Ron decididamente e perdidamente apaixonado.
Ele achou que ela estava ocupada demais pra ele, ficou a um canto observando-a. Ele a conhecia bem demais para importuná-la nesse momento.
Com todos os últimos acontecimentos, Mione não parou pra pensar no sonho que tivera, no bilhete dele, naquilo tudo. Isso era o de menos.
Afinal, salvar o mundo e arrumar um namorado eram prioridades completamente diferentes uma da outra...
E então ela não reparara naquele Ron que ela tanto amava, queria. Ela nem sabia que ele estava ali. Decidido a não atrapalhar nada, nem ninguém.
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