Só mais uma vez…
Capítulo um: Só mais uma vez…
Hermione andava pensativa pela Toca. Tinha chegado havia dois dias e nem tinha falado com Rony ainda. Não no sentido de “falar”. Apenas no sentido de “falar pouco”. Só falou um “oi” quando chegou e pronto. Mais nada. Harry ainda não tinha chegado e Gina ficava agoniada com isso. Eles tinham namorado ano passado, mas Harry decidiu seguir seu caminho sozinho. Ela compreendeu, mas estaria sempre esperando por ele.
Hermione estava na Toca pelo casamento de Fleur e Gui. Iam se casar semana que vem. Os dois estavam muito felizes e sorriam o tempo todo. Mas Hermione só pensava, sonhava, mas não falava, em uma outra pessoa: Rony. Ele não saia dos seus pensamentos. Parecia que só existia ele em sua mente. E ele nem ligava. Pelo menos era o que ela pensava.
- Hermione? O que você tá fazendo aqui? – perguntou uma voz atrás dela. Hermione se virou e… Adivinha quem estava olhando pra ela naquele momento, com cara de quem não tava entendendo absolutamente nada?
- RONY! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI? – Hermione perguntou se levantando e olhando-o.
- Eu é que pergunto. É VOCÊ que está no meu quarto, não EU que estou no seu. – ele explicou. Foi aí que Hermione se deu conta. Ela não tinha percebido, mas tinha chegado ao quarto de Rony e estava sentada na cama dele, mexendo nos seus materiais escolares.
- AH! – Hermione deu um grito e ficou vermelha.
- Explicações? – Rony pediu.
- Eu… eu… eu… – Hermione não tinha o que dizer. Ela estava tão vermelha que nem percebeu que Gina acabava de entrar no quarto.
- Ela vai ao banheiro. – falou, puxando Hermione.
- Vou? – Hermione perguntou confusa. Gina lhe deu um beliscão. – Ah! Vou. Tô apertada.
- Não vai me falar o que estava fazendo aqui? – Rony perguntou desconfiado.
- Eu… Só estava… Tava… – Hermione balbuciou. Gina ajudou a amiga.
- Mione veio ver se você tinha um livro que eu precisava, mas não achou. – falou, sem corar com a mentira. Rony ficou pensativo por um instante, mas depois sorriu.
- É aquele livro sobre Herbologia? Que tem sobre as plantas carnívoras? – perguntou.
- Esse mesmo. Você sabe onde tá? – Gina perguntou.
- Não. Acho que perdi. – Rony respondeu descontraído. Hermione fez uma cara de desgosto e murmurou irritada:
- Francamente!
- Meninos! Harry chegou! – gritou a Sra. Weasley do andar de baixo. Gina e Hermione se entreolharam e a primeira fez uma cara de terror.
- Ele não ia chegar amanhã? – perguntou confusa.
- Ia. Mas resolveram me trazer logo. Acho melhor arrumarem as malas. Estamos indo para a Sede da Ordem. – disse uma voz na porta. Todos se viraram. Hermione e Rony abriram grandes sorrisos.
- Harry! – Hermione gritou, correndo para abraça-lo. Ele estava bem mais alto.
- Oi, Mione. – Harry falou, correspondendo ao abraço.
- Mas por que te trouxeram antes, cara? – Rony perguntou, abraçando o amigo quando Hermione o soltou.
- Já falei. Vamos para a Sede da Ordem e precisei chegar mais cedo. – Harry respondeu, soltando-se de Rony. Ele já ia olhando para Gina quando Hermione o puxou e começou a admira-lo.
- Olha só isso! Você tá lindo! – falou sorrindo. Harry riu sem graça. Mas ele realmente estava maravilhoso. O cabelo tinha crescido, cobrindo a cicatriz, mas sem tirar a beleza dos olhos incrivelmente verdes. E, além disso, estava com uma blusa que mostrava nitidamente seus músculos perfeitos. Isso graças às longas caminhadas que ele percorria quando estava na casa dos seus tios. Hermione sentiu Gina suspirar ao seu lado.
- Então… - Rony comentou, depois de abraçar o amigo. – Temos que arrumar as malas, certo? – Harry confirmou com a cabeça. – O que estamos esperando?
- Ronald Weasley! Você TAMBÉM está parado. – Gina falou. As orelhas dele ficaram vermelhas. - Portanto vê se cala a boca e vai arrumar suas coisas! – e depois saiu do quarto cuidadosamente. Harry virou-se para olha-la, mas ela já tinha descido as escadas em direção ao quarto. Ele suspirou, triste.
- Fica assim não, Harry. – Rony falou.
- Assim como?
- A culpa não é sua. – Hermione falou, indo até ele e o abraçando novamente. Depois, saiu do quarto. Quando ia descer as escadas, ouviu alguém a chamando.
- Mione! – ela se virou. Rony.
Sempre ele. Só ele. Mais ninguém. Odiava ver Rony vir em sua direção, como quem não quer nada. Odiava quando pedia para copiar seus deveres. Odiava quando sorria. Odiava quando gritava. Odiava quando gritavam um com o outro. Odiava quando brigavam, e ela tinha que ficar semanas sem ouvir a voz dele. Ela o odiava.
- O que foi, Rony? – perguntou grosseira. Ele fez uma careta, mas não reclamou.
- Só queria perguntar uma coisa…
- Pode perguntar.
- Hum…
- Fala logo, Rony! – Hermione pediu, impaciente.
- Tudo bem! – ele tinha se assustado. Pigarreou e perguntou: - Quando é o casamento do Gui, mesmo?
- Semana que vem. – ela respondeu, murchando.
- Ah! Valeu. – e voltou ao quarto. Ela suspirou, irritada. Depois, colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos. Lembranças vieram a sua mente.
Um garoto corria desesperado até a garota que estava perto do lago.
- Mione! Onde você estava, menina? Eu te procurei feito louco! – falou, quando chegou perto dela.
- Estava lendo esse li… - mas parou no meio da frase. Dois garotos de, mais ou menos quinze anos, vieram até eles.
- Olha se não é a dentuça de cabelo ruim! – um dos garotos comentou, indo até ela.
- O que vocês querem? – o garotinho perguntou, fazendo cara de durão.
- Não é com você, seu bobão! – o outro garoto falou, empurrando-o.
- Caiam fora! – Hermione pediu, se levantando e indo até o garotinho.
- Ah… acho que não. Estive pensando e decidi que você tem que ir embora. Não eu.
- Você é um idiota, Richard! – ela gritou, com os olhos cheios de lágrimas. Depois, pegou o livro e saiu puxando o garotinho.
Eles andaram um bom caminho, até pararem perto de uma árvore. O garotinho se soltou e fechou a cara.
- Não sei como foi gostar dele, Hermione. – comentou, sentando-se a sombra da grande árvore. Ela abaixou a cabeça e falou, com a voz fraquinha:
- Não gosto mais dele. – levantou a cabeça. – Gosto de outra pessoa.
- E quem é? – o garotinho perguntou, curioso.
- Não posso contar, Marcelo. Isso é um segredo só meu. – Hermione falou, sentando-se ao lado dele. Pegou o livro e recomeçou a ler. Mas Marcelo não se deu por vencido e foi se aproximando.
- Mione… se esse garoto não for eu, acho que vou ficar muito triste. Eu gosto de você, Mione. De verdade. – ela se virou e viu que estavam perigosamente perto.
Ele fechou os olhos e tocou os lábios da menina de um modo infantil. Meio sem jeito, pegou no rosto dela e segurou com firmeza. Ela ainda não sabia o que fazer, então, apenas fechou os olhos e se deixou levar pelo momento.
Tinha sido seu primeiro beijo. E, apesar de ter sido há muito tempo, lembrava como se fosse ontem.
Espera aí! Por que estava pensando no seu primeiro beijo, logo após conversar com Rony? Varreu os pensamentos da cabeça e correu para o quarto de Gina. Encontrou-a terminando de arrumar suas coisas.
- Oi, Mione. E aí? – indagou, ainda pegando roupas do guarda-roupa.
- Ele ainda está lá. – Hermione respondeu, indo até sua mala e guardando alguns livros espalhados pelo quarto.
- Ele quem? – Gina perguntou, confusa. Hermione riu.
- Deixa de ser cínica, Gina. Eu sei muito bem que você perguntava pelo Harry. – comentou, pegando algumas coisas no banheiro e colocando na sua mala.
- Eu? Não, obrigada.
- Então?
- Então o quê?
- Vai ficar com ele?
- Hermione… - Gina falou, indo até ela. – Não fazer nada que ele não queira. Caso ele quiser me beijar, me beije. Não faço questão. Mas eu não vou em cima dele. Não quero que ache que estou forçando a barra. E aquela foi a decisão dele. E eu entendi.
- Acho legal da sua parte. Você o compreendeu, Gina.
- Eu sei. Mas agora que Hogwarts foi fechada, tudo foi por água abaixo. Mamãe tentou achar uma vaga na Beauxbatons, mas tem tanta gente tentando que desistiu e decidiu me ensinar aqui em casa mesmo. – Gina suspirou, terminando de arrumar a mala. Tentou fechar o zíper, mas ele não andava, de tão cheia que a mala estava.
- Precisa de ajuda? – Hermione perguntou, depois de fechar a sua.
- Preciso. – a garota respondeu, tentando, inutilmente, fechar a mala. Hermione foi até ela e também tentou fecha-la. Sem sucesso. Gina observava tudo, entediada.
- O que você colocou nessa mala, Gina? – Hermione perguntou, alguns minutos depois.
- O mesmo de sempre. Roupa, sapato, escova de cabelo, xampu, condicionador, toalha… essas coisas. – a garota comentou, indo até a amiga e conseguindo fazer o zíper andar um pouquinho.
- Tive uma idéia. Quando eu disser três, você pula na mala, segura, e eu fecho o zíper. Certo? – Gina confirmou com a cabeça. – Um… dois… - elas já se preparavam para a batalha. –… TRÊS!
Gina pulou na mala e segurou-a. Hermione pegou o zíper e finalmente conseguiu fechar a mala. Ela ia respirar aliviada, quando sentiu duas mãos puxando-a. Como estava distraída, não conseguiu se segurar e foi praticamente jogada no chão, um pouco depois de Gina.
- Hermione… – ela balbuciou o nome da amiga. Hermione se virou. Gina estava com um corte grande na testa.
- Gina… Calma. Eu vou gritar pedindo ajuda. – Hermione falou. A garota segurou seu braço.
- Não precisa. Eu estou bem. – falou, levantando. Ela também se levantou.
- O que aconteceu? – perguntou, confusa.
- Ah, Mione… Tô tão envergonhada… - Gina assumiu, sentando na cama.
- O que houve, Gina?
- Fui eu. Sem querer me desequilibrei e segurei em você pra não cair. Não pensei que estivesse tão distraída. Desculpe. – Hermione riu.
- Você está toda roxa! - ela comentou. Gina olhou seus braços. Riu.
- Verdade. – olhou Hermione. – Mas você não fica pra trás.
Foi aí que Hermione percebeu: estava completamente doída. Tudo começou a doer ao mesmo tempo. Porém, apesar disso, sorriu.
- Pois é. E você tem um corte na testa. – falou, olhando-a. Gina tocou a testa e, quando viu sangue nos dedos, fez uma careta.
- Besteira. Pelo menos terminamos de arrumar as malas. – comentou, olhando o quarto.
- Ainda bem. Vem cá, vou dar um jeito no seu corte. – Hermione falou. Gina foi até ela. Foi rápido. Hermione logo fez um curativo. Primeiro limpou, depois colocou o esparadrapo. Quando estava terminando de cuidar dos outros machucados, bateram na porta:
- Ainda estão vivas? – perguntou uma voz masculina do lado de fora. Ela bufou, irritada.
- Claro que estamos, Rony! Que pergunta… - falou, indo até a porta e a abrindo.
- Estão prontas ou vão demorar? – ele perguntou. Hermione estava pronta pra dar uma resposta bem grosseira, mas foi Gina quem falou.
- Na verdade… acho que vamos demorar. Vocês esperam? – perguntou, indo até a porta.
- Jesus! – Rony comentou, afastando-se um pouco, aterrorizado. – O que aconteceu com o seu rosto, Gina?
- Um pequeno acidente. – ela falou, tocando no lábio cortado. Hermione também tinha se machucado, mas seus machucados estavam espalhados pela barriga e pernas. Em seu rosto tinha apenas um pequeno corte perto da sobrancelha.
- Vamos descer. – pediu, indo até a cama e pegando sua mala. Gina fez o mesmo.
- Claro. – Rony falou, indo na frente.
- Cadê o Harry? – Hermione perguntou, enquanto desciam.
- Estou aqui. – responderam, atrás delas. Hermione sentiu Gina apressar o passo.
- Que bom. – comentou, parando de andar. Gina passou praticamente correndo por ela e murmurou um “obrigada”. Quando Harry ia passar, parou-o no meio do caminho.
- O que foi, Hermione? – ele perguntou.
- Quem é seu par, Harry? – ela perguntou.
- Meu par? Que par? – perguntou confuso.
- Ora! O par de dança do casamento de Fleur e Gui! – Hermione explicou, meio exasperada.
- Eu… não tenho. – ele falou, abaixando a cabeça.
- Convide Gina. Ela vai ficar radiante ao receber seu convite. – ela falou, sorrindo. E, após isso, pensou: “Assim como eu ficaria ao receber o convite de Rony”.
- Eu não devia fazer isso, Hermione. Você sabe minha decisão sobre esse assunto. Não quero que ela corra perigo. – Harry comentou, recomeçando a descer as escadas.
- Mas ela não quer forçar a barra, Harry! É apenas uma dança! O que custa?
- Uma vida. – ele respondeu, virando-se para olha-la. Tinha uma expressão de tristeza.
- Você pode faze-la feliz mais uma vez, Harry. Tente. – Hermione insistiu. Harry suspirou.
- Tudo bem, Mione. Só mais uma vez… - ele falou, terminando, finalmente, de descer as escadas. A garota o seguiu.
Chegaram lá embaixo e logo entraram nos carros. Harry, Gina, Hermione e Rony ficaram num carro só. Riram e se divertiram. Foi uma viagem rápida até a Sede da Ordem.
Quando chegaram, perceberam que a casa continuava do mesmo jeito. Nada tinha sido alterado. Depois da morte de Sirius tudo estava igual. Hermione percebeu o olhar triste que Harry lançava a todos os lugares da casa. Balançou a cabeça e foi direto para seu quarto.
Harry foi direto para seu quarto. Agora aquela casa era sua, mas não a queria. Era maior de idade e já podia praticar magia fora da escola. E ele ia utilizar.
- Harry? Você está aí? – perguntaram da porta. Ele desviou o olhar do quarto e levantou da cama. Estava ali fazia uns dez minutos.
- Estou. – respondeu. Uma certa ruiva de olhos castanhos que mexia tanto com se coração colocou a cabeça para dentro do quarto, olhando em volta. Sorriu.
- Tudo bem? – perguntou.
- Tudo. O que houve?
- Só vim avisar que o almoço está pronto. – Gina falou, entrando no quarto e fechando a porta. Harry estranhou.
- Já?
- Sabe como mamãe é… não fica satisfeita enquanto todos não estiverem bem alimentados. – comentou. Riu e completou: - E gordos.
- Verdade… - ele falou.
- Então já vou. Não demora senão o Rony chega antes de você e come tudo! – a garota falou, rindo e se dirigindo à porta.
- Gina… - alguma coisa o fez chamá-la. Ela se virou.
- O que foi, Harry? – perguntou curiosa. Ele se levantou. Olhou-a.
Estava muito mais bela do que em qualquer outro momento, apesar do corte na testa. Seus grandes olhos castanhos demonstravam uma certa curiosidade, um certo desejo, uma certa esperança. Naquele momento não teve dúvida: ele a amava.
Mas não teve coragem de confessar.
- Pode avisar que já estou indo. – pediu, virando-se para sua mala. Gina suspirou.
- Certo. – e saiu. Harry ficou olhando para a janela. Para além dela. Isso porque não conseguia vê-la. Era impossível. Seu pensamento estava longe naquele momento.
Voldemort não podia saber que amava alguém. Rony e Hermione já corriam grande perigo ao seu lado. Não agüentaria se Gina também corresse esse perigo sem necessidade. Não se perdoaria.
Não sabia o porque, mas… quando ele a via, alguma coisa tomava conta do seu corpo. Ele desejava saber que ela estaria ali, sempre o esperando, sempre aguardando. E, se precisasse, iria até o fim do mundo para resgata-la. Mas não queria que ela corresse perigo. Mas também não queria que ela sofresse. Não mais do que já tinha sofrido.
Mas uma coisa o enlouquecia acima de tudo: ele queria que ela fosse sua. Pelo menos uma vez. A única, e a última. A idéia de que alguém podia tê-la feito sua antes dele o enlouquecia ainda mais. Gina Weasley seria dele. Só dele. Ele iria faze-la feliz. Só mais uma vez
E, pensando em como seria mais feliz se tivesse Gina ao seu lado, terminou de arrumar suas coisas e desceu, torcendo para que a comida não tivesse acabado.
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