Flores, Coroas e Confusão
- CAPÍTULO QUATRO –
Flores, Coroas e Confusão
As duas primeiras semanas de estadia na Toca foram tão amenas e tranqüilas, que Harry ficou inquieto, supersticioso e preocupado com o mundo lá fora. Não era mentira alguma, quando alguém afirmava que as grandes calmarias precediam enormes tormentos. Harry concordava plenamente, e mesmo que o Sr. Weasley chegasse todas as noites com uma cara péssima, ao menos, as notícias não incluíam tantas mortes. Parecia que Voldemort estava mais ocupado com coisas maiores, como se trouxas irritantes não fossem mais o passatempo preferido ou talvez a morte de Dumbledore o tivesse deixado de tão bom humor, que estivesse dando uma trégua. Mas uma voz irrequieta insistia, martelando, em sua cabeça: o medalhão, a taça, alguma coisa de Gryffindor ou Ravenclaw e a cobra. Harry sabia de sua longa jornada a ser percorrida, mas estava aproveitando seus últimos dias. Depois disso, iria sumir. Já havia decidido solitariamente isto. Pelo menos, faria de tudo para que ninguém soubesse por onde andava, ou o que fazia. E isso incluía o Ministro da Magia Rufus Scrimgeour e principalmente, Lorde Voldemort.
A Toca era, como sempre fora, uma confusão feliz e animada. Podiam ocorrer Guerras e mortes que nada no mundo iria desmontar a felicidade daquela casa. Pareciam protegidos por um sentimento nobre e único. A própria sustentação da casa, parecia disso depender, visto que com a morte de Dumbledore, todos ficaram abalados, e o sótão desmoronou (por sorte o vampiro da família saiu voando durante a queda). Encontrar Gina foi algo que fez a criatura na barriga de Harry rugir, galopar e se acalmar. Ele não conseguia parecer normal quando a caçula Weasley entrava nos cômodos, mesmo porque ainda não havia se decidido se o que fizera no fim do trimestre anterior fora um decisão acertada. Fred e Jorge insistiam em brincar com Harry, lhe colocando apelidos que a Sra. Weasley jamais aprovaria em vida.
Como na Toca Harry estava sempre na presença de um bruxo adulto, pôde praticar juntamente com Rony os famosos “D’s” para aparatar com perfeição. Ao fim de uma semana de pratica intensiva com Hermione (Sra. Weasley falou que confiava mais em Hermione que a si mesma ultimamente) eles conseguiam aparatar facilmente, dos quartos para a cozinha, da cozinha para o quintal. Embora Harry odiasse a sensação de compressão, ele sabia que aparatar era algo necessário. Em especial levando em consideração seus planos futuros.
Com a aproximação do casamento, Gui e Fleur chegaram uma semana antes da família dela, que se hospedaria na Toca. Gui, embora ainda conservasse as marcas do Duelo com Fenrir, parecia alegre, e, pelo que ele lhes informara, não haveria uma transformação completa, apenas um crescimento de pêlos, um gosto especial por carne mal passada, mas, Por Merlim, a consciência seria mantida. Fleur parecia eufórica com tudo, e passava a tarde conjurando arranjos com a Sra. Weasley, decidindo qual era o mais belo. Gui, coitado, era obrigado a dizer o que achava de cada um dos cem arranjos que juntas elas conjuravam todos os dias. Gina e Hermione sentaram-se no primeiro dia para escolher as flores, mas até mesmo a paciência de Hermione não suportou. Ela e Gina desistiram logo no primeiro dia, após uma intrincada discussão sobre lírios e gerânios.
- Jamais imaginei que mamãe seria tão parecida com Fleuma... – disse com desgosto quando encontrou Harry e Rony jogando xadrez – Você viu Hermione? – perguntou à amiga que chagava mais atrás, e começou a falar num falsete – Que acha Fleur querida? Ah! Son lindas esses lirros Br-r-ancos...
Na semana da prova de Aparatação, os jornais noticiaram graves ataques, a falsa trégua havia acabado. Dementadores haviam beijado dois trouxas, que agora estavam internados no St. Mungus. Comensais haviam atacado uma fábrica de tecidos ao norte do país, e outro grupo havia seqüestrado Madame Marchbanks.
- Foi ela quem aplicou nossos exames de feitiços, - comentou Hermione olhando sua colher mexer, sozinha, seu café – vocês se lembram?
- É, ela aplicou os meus NOM’s agora em junho. Muito tris... RONY!? - Rony estava azul, roxo, verde... Gina deu umas palmadinhas nas costas do irmão e ele continuou imóvel.
- E-eu nan vo passa-ar-r.
Rony foi tomado por um estado de nervosismo grave, estava gaguejando e se dizia péssimo bruxo. Foi necessária uma Poção Relaxante, feita por Mione, para que ele pudesse dormir na noite do dia doze. Harry se sentia apreensivo, entrar no Ministério, encontrar todos que não queria ver relembrar de coisas ruins e pessoas queridas. Mas havia algo maior que precisava que Harry aparatasse, viagens e longas caminhadas logo o ocupariam.
No café da manhã do dia treze de agosto, Rony e Harry foram acordados por Hermione, que se ofereceu para ir de companhia, Rony reprovou disse que era perigoso e que quantos mais estivessem fora, mais ponteiros indicariam perigo mortal – embora Hermione justificasse que ela não tinha um ponteiro e que todos já estavam em Perigo Mortal. Hermione fechou o assunto dizendo que ela iria, ele quisesse ou não, afinal precisava protegê-lo. O que não foi muita mentira, visto que quando haviam chegado até o Átrio Ministerial, havia duas acromântulas em jaulas douradas, que fizeram Rony tremer. O menino somente acalmou-se após um abraço da amiga Hermione.
Além das acromântulas no Átrio, o Ministério da Magia havia mudado bastante. A fonte dourada há muito já havia sido retirada dali. O chão estava empoeirado, e o tablado de madeira sem lustro algum. Por toda sua volta Harry viu cartazes com fotos de Comensais procurados, o chão estava coalhado de papeis roxos, com instruções para auto-proteção. Em cada lareira havia um bruxo com a varinha em punho, para usar um Detector de Segredos em todos quem no Ministério entrassem. Harry previu aquele dia como um enorme pandemônio de perguntas e interrogatórios, por parte do Ministro, dos Chefes de Departamento e de muitos outros. No entanto, por alguma intervenção maior, nenhuma de suas predições realizou-se, para alívio próprio. Harry passou rapidamente por todos os corredores até o Departamento de Transportes Mágicos, onde preencheu um formulário e executou o teste que se resumia em Aparatar na Sala 15 do Departamento. Harry e Rony executaram com exímia perfeição a tarefa, e tão logo estavam livres da enfadonha visita ao Ministério.
- Vocês foram realmente bons! Eu tive de tentar duas vezes! – parabenizou Hermione. – Mas eu tinha apenas três meses de curso e vocês já estão treinando à alguns meses...
- Não somos tão bons como você Mione. – sentenciou Harry.
Por fim, eles se dirigiram até a nova sala do Sr. Weasley, que os recebeu sem muita animação (duas crianças trouxas haviam sido assassinadas, comeram toda a areia do tanque da praça e morreram sufocadas), ele os felicitou e deu um adeus triste. Encaminharam-se novamente até o Átrio, onde Harry pode ver Amós Diggory, pai de Cedrico – primeira vítima da segunda era de trevas. O bruxo enfeitiçava as aranhas, para que se paralisassem, e com sucesso, uma delas já estava imóvel. Harry vislumbrou uma bruxa baixinha e gorducha, Dolores Umbridge, Harry não conseguiu pensar em nada sobre aquela pessoa, apenas sentiu pena. Quando eles atravessaram a mesa de visitantes, eles aparataram direto para a toca.
Antes que a pressão invisível forçasse seu peito, Harry sentiu o cheiro agradável de batatas, estava na Toca. Assim como Rony, mas diferente de Hermione, Harry havia se esquecido que hoje, ou melhor, aquele exato momento da hora do almoço, era quando a família de Fleur e os parentes distantes do Sr. Weasley chegariam para o casamento de Gui.
O almoço como sempre, parecia gostoso, no entanto a mesa comprida para mais de dez pessoas havia sido aumentada, os pratos sempre desordenados, estavam ao menos, da mesma cor, eram laranja, e contrastavam com a brancura impecável da toalha de linho. Havia taças de prata, e talheres de metal. No centro, um ramalhete de flores do campo ornava a mesa. Fleur terminava de conjurar os guardanapos, quando um sino agradável soou, o assado saiu levitando do forno e o ponteiro do relógio do Sr. Weasley foi transferido para viagem. Ao vê-los ainda com vestes normais, a Sra. Weasley ralhou com eles.
- Os Delacour já estão de chegada, e vocês ainda nem estão prontos? – perguntou ela esbaforida, agitando a varinha, e fazendo com que seu avental sujo de molho sumisse. Só então Harry percebeu que a Sra. Weasley estava trajando longas vestes de bruxo. Eram de cetim negro, e havia dois belos botões prateados na altura do peito. A roupa branca por baixo contrastava de forma elegante.
- Mamãe? – perguntou Rony confuso – Onde arrumou essas roupas?
A Sra. Weasley olhou consternada, como se estivesse congelada no tempo.
- A loja de seu irmão lucra mais que seu pai. – disse baixando a voz para que Fleur não escutasse. – É triste admitir, mas é a verdade.
- A Senhor-r-ra estar-r elegan! – disse Fleur que passava correndo por eles com a varinha em punho, as vestes azuis de chiffon e seda ondulando a luz do sol.
Ela pareceu lembrar-se do que estava para ocorrer e acordou. – Obrigado Fleur... O que estão olhando? Vão! – disse abandando as mãos – Subam e arrumem-se! O mais rápido possível. Posso segurar Muriel por alguns minutos antes de seu pai chegar.
- Ela vem? – disse uma voz doce ao pé da escada. Ainda que doce, a voz apresentava desgosto. Era Gina Weasley, estava com roupas de bruxo, brancas. Havia também uma fita laranja que começava na altura do peito e estava entrelaçada até a barra das vestes.
Eles começaram a caminhar na direção da menina, dirigindo-se aos quartos, e Gina continuou na direção oposta, entrando na cozinha. Eles sorriram para a caçula, que retribui e com os punhos fechados seguiu em frente.
- Mamãe...Você sabe que ela...
– Gina! – ralhou a senhora Weasley – Ela é sua tia...
A voz de Gina e da Sra. Weasley foi morrendo lá embaixo cozinha, e conforme subiam as escadas, as vozes eram silenciadas e o barulho de passos na escada aumentava. Gui passou correndo, trajava vestes escarlates, e o novo berloque prata em forma de “F” (“F” de Fleur, minha mulher, insistia ele em explicar), alvo de muitas brincadeiras de Fred e Jorge, e rabo de cavalo preso com uma negra fita de cetim.
- Boa! – disse animado; as cicatrizes se misturando à expressão de felicidade.
Eles se trancaram nos quarto e se arrumaram. Harry puxou sua antiga veste do quarto ano de dentro do malão, verde-garrafa, ela possuía marcas de amassado, e para espanto de Harry estava demasiado curta, um palmo! Mais tarde, com um aceno da varinha de Hermione, Harry estaria bem. Rony, por sua vez, pegou sua mais nova veste de Hogwarts. Suas vestes de gala há muito havia sido banidas de seu guarda roupa.
- Por que não vai com sua nova veste azul-marinho? – perguntou Harry lembrando-se da promessa feita por Fred e Jorge ao receberem o prêmio do Tribruxo.
- Ah! – começou – mamãe quer que eu a use no dia do casamento! Não no almoço de boas vindas! E Hermione poderá tirar esse brasão em segundos! – Depois de prontos, eles desceram as escadas, encontraram Mione, que corrigiu suas roupas e foram até a sala.
A Sra. Weasley e o Sr. Weasley estavam de pé, impecavelmente arrumados. Fleur e Gui estavam sentados próximos às janelas admirando o belo dia de verão. Carlinhos havia mandado um cartão, estava sobre a mesa. Percy não havia vindo, nem era bem-vindo por todos, à exceção de sua mãe. Fred e Jorge Weasley já haviam chegado, e no lugar das jaquetas de couro de dragão, estavam usando longas vestes negras de bruxo, havia suas iniciais bordadas no lado esquerdo do peito. Os Delacour não estavam presentes ainda. Todos ali pareciam estar detidos com a presença de uma figura obtusa, sentada em uma poltrona fofa de almofadas.
Era uma senhora já idosa, porém ainda de cabelos vermelhos e lisos que lhe davam uma estranha aparência. A pele branca possuía muitas rugas que como uma malha ferroviária direcionava-se para os mais variados sentidos. Possuía olhos azuis profundamente brilhantes, um sorriso austero e uma aparência matronal rodeavam-na. Em sua mão direita, detinha sua bengala, que possuía uma enorme bola de vidro na ponta (Harry só percebeu o que estava dentro da bola mais tarde, uma fada, morta e estática) que emitia uma sinistra luz branca.
- Ronald! – exclamou à senhora. – Como está grande! Há muito que não o vejo! – ela olhou para Molly com desagrado – Há também muito que não sou convidada para vir aqui.
- Tia Muriel! – disse Rony tentando exprimir felicidade, portanto sem animação. Rony deu um abraço em sua tia, e ela, pela impressão que Harry teve, quase quebrou as costelas do sobrinho. Ela largou Rony, que pode finalmente respirar, e lançou perguntas.
- Quem são? – perguntou olhando para Molly.
- Muriel... – disse Molly constrangida. – Esses são amigos do Rony...
- Rony... – cortou a senhora – isso não é apelido para um Weasley! – ralhou ríspida.
- Muri! – ralhou Artur.
- Agora não posso ao menos constatar o modo como educaram esses meninos? – disse infeliz – Já não basta me privarem de meus sobrinhos por anos?
- Muriel, você...
- Acho que isso pode ficar muito pior... – constatou uma voz atrás de Harry. Era Gina, seus cabelos ruivos estavam dançando surrealisticamente sobre as belas vestes brancas que lhe cobriam a tez. – Acho que o jardim está mais aprazível. – Quando os dois começaram a se distanciar da multidão, a voz de Muriel Weasley soou alto.
- Onde o casal de fênixes acha que vai? – perguntou ela muito séria. Ela sacudiu a varinha e a porta que levava ao jardim bateu com força, fazendo um quilo de poeira se dispersar no ar. – ainda não terminei com o mocinho à sua esquerda, Ginevra.
- Tia, essa é minha amiga Hermione Granger. – começou Rony -, este é Harry Potter. Você deve saber...
- Óbvio que sei quem ele é! – disse estupefata, os olhos cansados na direção da testa do garoto. – No entanto, você é trouxa não é mesmo Srta. Granger?
- Sim – respondeu Hermione com orgulho. Harry percebeu que Muriel Weasley era o tipo de bruxo parecido com Slughorn, seu antigo professor de poções. Parecia considerar os puros-sangues como superiores de alguma forma, não extremistas como os Comensais, mas ainda sim, preconceituosos. Harry pressentindo um momento indigesto, e percebendo o olhar fixo de Muriel sobre sua testa, ergueu a mão, acenando.
- Prazer! – disse Harry respeitosamente, lembrando-se dos modos que sua tia considerava educados, em especial com pessoa idosas – Harry Potter!
- Hum... – Muriel parecia analisar a proposta de sentir-se ou não prazerosa em conhecê-lo, ela olhou à volta e comentou – Muito educado esse menino... O prazer é meu querido, - disse Muriel levantando-se com o apoio da bengala, para espanto de todos na sala. Quando ficou de pé, Harry viu que ela era mais alta do que parecia. – Conheço sua história como todos no mundo bruxo, o único a resistir à Maldição da Morte... Nunca concordei completamente com a política do Lorde das Trevas... – virou-se para Hermione para cumprimentá-la, virando as costas para o irmão, Artur Weasley.
- Quer dizer, que um dia considerou a causa de Você-Sabe-Quem? – perguntou Artur estupefato, como se tivesse levado uma facada nas costas.
- Artur! Você sabe que em tempos escuros, as possibilidades mais sórdidas parecem belos caminhos para serem trilhados! – disse enquanto girava nos calcanhares, a bengala segura na mão, como mais força que o necessário.
- Não! Muriel! Tenho dignidade suficiente para morrer pelo que acredito!
- Você sempre foi tolo, Artur. – complementou Muriel com desprezo seco.
A Sra. Weasley ostentava um olhar preocupado. Gui veio na direção da discussão.
- Você sempre foi covarde, Muriel. – finalizou o Sr. Weasley com desgosto na voz.
- Vocês, por favor, querem para com isso? – vociferou Gui nervoso. Tão vermelho e aborrecido que seus cabelos pareciam descer-lhe à fronte.
- Gui... – começou Muriel bondosa.
- Pára! – exclamou impetuoso. – Se eu soubesse que seria esse inferno convidar a família de minha noiva até minha casa e escutar uma discussão idiota antes mesmo dela ter chegado, eu não teria feito droga nenhuma de casamento na Inglaterra!
- Gui, amor-r... – pediu Fleur segurando com força seu braço. Gui continuou em um tom mais alto!
- A FRANÇA NÃO ESTÁ EM GUERRA E SERIA BEM MAIS CALMO SEM TODOS VOCÊS!
- Como disse, - disse Muriel sarcástica voltando a se sentar – bela educação Molly Prewett.
- Gui, amor-r. – pediu Fleur, chamando-o à atenção – Meus pais, estan na por-r-ta.
- Ah sim! – disse um arfante Gui tentando se recompor. Voltando-se para a família avisou – Espero não ver mais discussões por hoje.
- Humpf! – resmungou Muriel seca.
- Tudo bem filho, acho que sua noiva está te esperando. – disse o Sr. Weasley indicando Fleur que estava na porta, aguardando Gui para receber os parentes.
Os pais, a avó e a irmã de Fleur foram recepcionados com muita alegria. Ainda que a discussão minutos antes tivesse abalado os Weasley, a presença dos Delacour destruiu qualquer incerteza ou desconfiança. Muriel fez muito gosto pela família de Fleur, e Harry ficou muito grato porque Gina e Rony ficaram fazendo previsões das mais sórdidas e ofensivas piadas que ela poderia criar para estragar a noite.
Ao fim do almoço, a avó de Fleur, reuniu-se com Muriel, formando um belo par de comadres que conversavam dos assuntos mais diversos: desde a preparação de uma excelente poção de limpeza, até a melhor formar de enfeitiçar agulhas para tricotar. Próxima de Clarisse, a avó de Fleur, Muriel era a pessoa mais dócil e agradável da face da terra. A recíproca era verdadeira, Clarisse adorou conversar com Muriel.
Os pais de Fleur, Bret e Ester, se deram muito bem com o Sr. e a Sra. Weasley. O Sr. Delacour trabalhava no Ministério da Magia Francês, no Departamento de Regulamentação do Flú, e ficou impressionado com a coleção de Artefatos Trouxas de Artur. Molly, desgostosa do marido amante-cego de trouxas, conversava com Ester das dificuldades de se criar os filhos, ainda mais em tempos de guerra, concluíram após algum tempo, que ensinar o que é certo e o que é errado era a tarefa mais árdua.
- E vocês Rony? – perguntou Gui feliz, a taça cheia de vinho – Fleur me pediu para lhes avisar, se vocês quiserem trazer alguém para o casamento, vocês estão livres para isso. Afinal, nesses tempos de guerra não podemos desperdiçar uma comemoração quando não há muito pouco para se comemorar.
Gabrielle, a irmã de Fleur divertia-se com bichento. Ela já estava maior, nem, portanto, havia atingido a idade escolar. Fleur conversava animada com Fred e Jorge. A Sra. Delacour ajudou Molly a preparar o chá que foi servido após o almoço. Por fim, quando as xícaras já estavam vazias e as colheres de prata repousavam sobre os pires úmidos. A Sra. Weasley, levou os Delacour até o jardim, para lhes mostrar onde ficariam.
- Bem, Ester, eu pedi ao Artur que construísse algo temporário e confortável para vocês aqui fora – disse enquanto caminhava – Pedi que ele conjurasse algo ao lado da sala, onde é menos barulhento, mais iluminado, enfim... – disse ela sorrindo pelo ombro. – É aqui.
- Desculp Mooli, não vejo nadinha-a. – E ela não mentia, todos estavam do lado de fora, e definitivamente não havia nada ali. Nem um tijolinho sequer.
- Eu não compreendo. – disse a Sra. Weasley muito educada, porém transtornada. Quando ela se virou e encontrou um vazio, a fúria lhe subiu até as orelhas. Ela se virou para o marido e disse.
- Você! – passando como um raio por todos, ela entrou na cozinha.
Antes que a discussão ficasse mais acalorada, e terminasse com a culpa em inocentes, Rony os conduziu ao andar de cima, onde enviaram dois convites do casamento. Um para Neville Longbottom e outro para Luna Lovegood.
A semana que precedeu o casamento de Gui e seguiu-se ao almoço de boas-vindas, foram extremamente conturbadas. Os números de objetos que surgiam de um dia para o outro na Toca era surpreendente. Em dois dias já havia muitas caixas com talheres, pratos e taças especiais para o casamento. Havia dois biombos enormes que, não couberam dentro de casa e, permaneceram no jardim. Estavam encantados, para não pegarem chuva. O elfo-doméstico de Muriel também chegou um dia após o almoço, e para encanto da Sra. Weasley, ela teve de abdicar algumas de suas tarefas.
O Sr. Weasley trabalhava muito e tinha milhares de problemas a resolver. Os Comensais pareciam ter voltado com toda à força, e já havia destruído um vilarejo, torturado um grupo de jovens trouxas, e matado tantos outros. Voldemort e suas veias negras já expandiam-se para a França, contava Bret, os Comensais já existem na França, mas são sociedades secretas, sem a animosidade daqui.
- Isso é alarmante! – dizia Artur preocupado – Como se Alfardo, do Departamento de Cooperação Internacional, não tivesse avisado François!
- Ah! Você conhece François? – perguntou curioso Bret, como se sua rede de amizades fosse mais importante que a expansão das Trevas de Lorde Voldemort. – É meu amigo íntimo, excelente pessoa!
- Mas não está cooperando em nada. – disse o Sr. Weasley ríspido levantando-se da mesa. As conversas entre o Sr. Delacour e o Sr. Weasley estavam ficando cada dia mais grosseiras. Bret parecia ignorar uma guerra eminente, e Artur não suportava sua lerdeza para compreensão dos fatos.
Às quatro horas da tarde, dos sete dias que antecederam o casamento, todas as mulheres da casa (e o elfo-doméstico, que também era, digamos, uma mulher e se chamava Aby) se reuniam no cômodo que o Sr. Weasley conjurara retardatariamente, mas que funcionava perfeitamente bem. Lá, Fleur experimentava o vestido de noiva, Clarisse e Muriel findavam por bordá-lo até às cinco da tarde, quando todas saiam eufóricas do quiosque, rindo e se entretendo com o nada.
- Qual a graça de ver uma varinha grudar brilhantes em um tecido branco? – perguntou Rony confuso enquanto roubava um biscoito, de nata, servido com o chá. – Eu acho isso realmente doentio.
- Eu acho lindo. – disse Harry distraído sem, sequer, entender a pergunta do amigo. Seus olhos não admiravam a cena, admiravam Gina. Seus cabelos escorriam-lhe pelo colo, e seus olhos castanhos brilhavam e ondulavam com a fumaça tênue que subia da xícara de chá elevada à boca.
- O que você acha lindo? – perguntou Rony erguendo a sobrancelha. Harry acordou, algo revirou-se infeliz em sua barriga e ele desviou o olhar de Gina.
- Eu não acho nada! Nada! – disse como se alguém o acusasse de algo muito sério.
Rony olhou para a mesa de mulheres, focou uma em especial e olhou para o amigo.
Ronald Weasley riu, e muito por sinal.
- Harry! – chamou Rony aturdido. – Acorda! Já é tarde, mamãe e tia Muriel se uniram para berrar lá embaixo! – Harry tateou a mesinha de cabeceira à procura dos óculos. Quando o mundo entrou no seu campo de visão ele viu Rony ainda de pijamas, o cabelo bagunçado e, estranhamente, havia um pano sujo preso no elástico de suas calças; estava sujo e se parecia com a toga usada por Aby, Wink e Kreacher.
- Por que diabos você está usando uma toga? – perguntou Harry estupefato.
- A sua está lá embaixo. E você é o tópico da briga. – disse Rony sério pondo o roupão e amarrando a toga novamente.
- Eu? – disse Harry fazendo o mesmo e escutando as reclamações de Muriel e Molly Weasley andares abaixo. – Mas por quê?
- Parece que tia Muriel acha que só porque você é uma celebridade, não deva deixar de realizar as tarefas que todos nós estamos fazendo... – contou Rony quando os gritos já eram audíveis o suficiente para compreendê-los Harry percebeu por que brigavam.
- Molly! Você sempre foi assim, displicente com educação!
- O menino é um órfão Muriel! Nunca teve os pais por perto, sofreu por anos com trouxas!
- Não foi Dumbledore que decidiu assim? – disse irônica – Ele não era o maior bruxo de todos os tempos?
- Ele é sim o maior bruxo de todos os tempos e, Ele fez certo Muriel!
- Certo ou não ele não deve estar aos cuidados de Orfeu enquanto nós trabalhamos como elfos-domésticos aqui embaixo...
- Bom dia! – disse Rony mais alto, interpondo-se na discussão. A Sra. Weasley, muito constrangida, virou-se para Harry e lhe indicou um pedaço da mesa com torradas, ovos com bacon e um xícara de chá.
- Bom dia a vocês. – disse Harry. Sentou-se e começou a comer, estava faminto.
- Como dizia à Molly, Harry – começou Muriel doce e gentil – temos muito trabalho para que a noite de hoje dê certo.
- M-u-r-i-e-l! – advertiu a Sra. Weasley enquanto conjurava, sem muito sucesso, arranjos de flores azuis e brancas que eram bem inferiores aos vários arranjos ao redor de Muriel.
- Sim, - respondeu Harry com a boca cheia de ovos – vamos ajudar no que for necessário! – complementou de boca vazia.
- Bom escutar isso de você Harry. – disse Muriel satisfeita. – Parece que nem todos concordam comigo.
- Bom dia Arry! – disse uma bela garotinha loira. Gabrielle carregava uma enorme pilha de tecidos brancos, continuou caminhando e sumiu na porta dos fundos.
- Harry! – exclamou Hermione passando por Gabrielle – Finalmente acordou! Precisamos de vocês para que cortem os biombos!
- Finalmente encontrei algo em que Mione não é boa. – disse Gina rindo, para desgosto de Hermione. – Ela é péssima em feitiços de corte!
- Impossível! – disse a Sra. Weasley, enquanto tentava trocar a cor de seu lírio de cinza para branco, como os de Muriel – Foi ela e Ester quem cortaram o vestido de Fleur e foi impecável!
- Sim, mamãe – disse Gina aproximando-se dos garotos. – Mas cortar um biombo com três metros de altura, e feito de madeira não é a mesma coisa que recortar seda.
- O que é para fazer com o biombo Gina? – perguntou Rony.
- Faser-r um a-r-rque Ronald. – respondeu Ester entrando na cozinha. – Por-r ond Gui e Fleur entrarran! – completou apaixonada. Harry terminou de engolir o último pedaço de ovos com bacon e seguiu Gina e Hermione pelo jardim. Rony o seguiu.
Para a surpresa de Harry, o jardim da toca, não mais se parecia com que outrora fora uma pacífica paisagem. Havia umas cinqüenta cadeiras de madeira branca, com o espaldar alto, recortado com uma estrala vazada, que estavam organizadas em dois quadrados perfeitos com um longo corredor ao centro. Bret e Gui terminavam de conjurar um púlpito que ficava ao fim da alameda formada pelos assentos.
O enorme biombo branco estava encostado na irregular parede externa da toca. Era um enorme entrelaçado de madeira branca, muito bem lixada e, recortada simetricamente. Se parecia com uma pequena treliça de jardim, no entanto tinha dez vezes o tamanho de uma comum. De acordo com Gina, Ester queria um arco alto o suficiente para todos os convidados passarem, e largo o suficiente para um casal entrar.
Com alguma dificuldade, com alguns feitiços de corte, e outros de conjuramento, um belo arco foi imposto no centro da treliça branca. Tia Muriel, vendo que a obra estava feita, correu até o biombo para adorná-lo com suas belas flores brancas e azuis, ela parecia estranhamente estar fazendo algo errado, porque a cada aceno da varinha ela olhava desconfiada para trás. Alguns momentos mais tarde, quando Muriel apenas arrumava manualmente as flores mais desengonçadas, a Sra. Weasley apareceu no jardim. Parecia furiosa.
- Muriel! – disse com força. – Não foi combinado que eu faria o arranjo do arco?
- Ah! – disse Muriel em um falsete de culpa, desceu dois degraus da escadinha onde se apoiava e virou-se para a cunhada. – Estou ficando velha Molly, você sabe como é... me esqueci!
- Muriel! Não seja infantil! Diga pelo menos que não gosta das flores que conjuro, seja pelo menos sincera.
As mulheres Weasley continuaram discutindo por longos minutos, e logo a predisposição a brigas instaurou-se por toda a casa. O horário estava apertado, os convidados chegariam logo e a festa ainda carecia por muitas arrumações e ajustes. As flores de Muriel já lotavam a casa, ainda não haviam conjurados as seis mesinhas de cerejeira que ficariam atrás do biombo, com doze cadeiras cada. O nervosismo de Fred e Jorge parecia atrapalhar em suas magias, estavam conjurando infinitas mesas, quadradas, triangulares, e até mesmo disformes, menos as redondas mesas de cerejeira pedidas por Ester Delacour. Bret, o pai de Fleur, estava com a varinha em punho, havia colocado pequenas bolas de luz suspensas, que se pareciam com o sol, no entanto, eram bem menores e não emitiam calor. Ele também estivera ocupado colocando fadas por uma longa extensão que ia desde o portão da Toca até o pequeno salão de dança. Este por sinal, dera um enorme trabalho para Hermione, que foi indicada por Gina, Rony e Harry como perita em transfiguração. Ester, Gui e Bret lhe ajudaram. Fleur desenhou o que desejava, uma flor de cinco pétalas de vidro transparente suspensa do solo por alguns centímetros. Hermione conjurou enormes pétalas de vidro grosso e bisotado nas pontas. Ester e Bret conjuraram um enorme brasão com um “C” em uma das pétalas e Gui conjurou outro brasão, dessa vez o dos Weasley, como um Belo “W” floreado. As pétalas foram unidas por um grosso fio de luz branca que Ester conjurou do meio do nada.
- Venham ver! – gritou Gui cansado sentado no chão. Hermione mostrava um belo sorriso; Ester e Bret estavam abraçados. – A pista ficou pronta! – foram dez minutos de estática que renderam a todos, mais agitação e nervosismo. Juntos, se abraçando admiravam a obra. Após serem despertados do “sono” eles começaram a correr. Fleur correu até o quarto anexo com sua mãe e tia. Harry pode ver pela janela aberta, que Fleur estava sobre um banquinho, um belo tecido branco cobrindo-lhe o colo, haviam duas agulhas suspensas no ar que davam os últimos pontos do vestido no corpo da jovem, que exalava felicidade. Os olhos grudados na janela renderam a Harry um longo sermão de Gina acusando-o de não ter uma infância merecida.
Por fim Harry subiu, encontrou com Rony já usando sua roupa de baixo, os cabelos molhados e sua veste a rigor sobre a cama impecavelmente passada. Harry notou que sobre sua cama, uma linda veste negra, adornada com luas prateadas na barra e, punhos, estavam lhe esperando. Havia um cartão sobre ela. Gina comprara para ele quando fora comprar suas vestes para o casamento. Ainda que pobres, os Weasley haviam melhorado muito de vida após a promoção do Sr. Weasley para Chefe de Departamento no Ministério. Eram realmente lindas.
Após alguns minutos que envolveram: um banho, um barbear rápido (sim, desde o início do verão Harry sentiu-se incomodado com o excesso de pelos no rosto e agora se barbeava com a freqüência de uma vez na semana), e uma tentativa desastrosa, impedida por Rony, de pentear os cabelos, Harry vestiu sua longa capa negra com luas brilhantes. Eles encontraram Gina e Hermione esperando por seus pares já na sala da Toca, que possuía tantas, flores, panos e adornos, que Harry achou difícil existir uma cozinha por ali em algum lugar.
Gina usava um longo vestido de cetim salmão que lhe dava um belo contraste com o forte vermelho dos cabelos longos e ondulantes. Os olhos brilhavam em felicidade, nos pulsos uma pulseira de ouro, nas orelhas pérolas crivadas em ouro. Hermione também vestia um longo vestido ondulante, da mais pura seda. Os tons de verde que circundavam o vestido, os cabelos castanhos e o longo brinco com brilhantes, faziam Hermione parecer surreal.
Já havia muitos bruxos e bruxas na Toca, tanto no jardim, quanto na sala que fora transformado em um belo salão de recepção. Havia cor e brilho, afinal, era uma festa. No entanto, os assuntos eram os mais tristes, os mais preocupados e receosos possíveis. Sob as vestes de cada convidado era possível ver o volume da varinha, o receio de andar indefeso era compartilhado por todos em épocas difíceis. Embora os sorrisos fossem muitos, eram em demasia amarelados. Havia um cheiro ocre, proeminente aos lírios, que remetia ao medo.
Durante uma meia hora os quatro ficaram de pé, cumprimentando conhecidos, beliscando alguns salgadinhos que passavam flutuando por entre as pessoas, tomando a mais deliciosa das cervejas amanteigadas. Quando começaram a se sentirem entediados, Luna e Neville chegaram. Luna usava um longo vestido azul meia-noite (o que causou profundo desgosto para Hermione ao ver que combinava perfeitamente com as vestes de Rony), bordado com fios de ouro nas mangas. Neville usava uma pesada capa de veludo avermelhado e punhos apertados. Neville havia perdido peso e isso era visível, nos braços, pernas e rosto.
- Neville! – jubilou Gina ao ver o amigo, Harry sentiu-se estranhamente enciumado – Luna! Que bom que vieram!
- Onde estão os noivos? – perguntou Luna como se Fleur e Gui fossem celebridades – Tenho de lhes entregar o presente! – ela sacudiu uma sacola de papel pardo onde dentro havia, Harry pode entrever, um belo embrulho de papel brilhante.
- O que seria isso? – perguntou Rony meio grosseiramente. Luna não percebeu.
- São abafadores de chá encantados pelo Chefe Asiático de uma tribo antiga! – disse Luna com muito orgulho. Por um instante fugaz Harry imaginou um cartaz do Beco Diagonal com os dizeres “Abafadores de Chá Encantados por um Chefe Asiático, por apenas Nove Sicles!”, mas a imagem foi desfeita com a voz de Luna. – Papai viajou para lá no início de julho, e trouxe uma porção. Eles espantam dementadores, e criaturas malignas como fantasmas e inferi.
- Muito obrigado Luna. – respondeu Hermione antes que Luna lhes oferecesse alguns “abafadores de chá” – Prefiro meu patrono, meus feitiços e fogo. – Neville riu, não se agüentou e foi procurar um poncho.
- Fica a seu critério. – disse Luna seca.
Eles escutaram o barulho de palmas.
- Queir-r-ram por-r favor-r ir-r-rem par-r-ra o jar-r-dim! Le Mariage va commencer!
As cinqüenta pessoas que ali estavam se encaminharam para o jardim. Só então Harry pode avistar alguns conhecidos, como Tonks e Lupin, que estavam sendo escondidos por um enorme arranjo de flores. Hagrid e Madame Maxime não entraram pelo Salão de Recepção, estavam no jardim desde que havia chegado. Minerva McGonagall postava-se com dignidade na segunda fileira de cadeiras ao lado de um bruxo mais velho com uma grossa barba negra. Olívio Wood também estava lá, ao lado de uma jovem que Harry só reconheceu após Rony lhe contar que aquela era Samanta, esposa de Olívio, e trabalhava na Loja de Fred. Havia algumas pessoas da Ordem também. Moody, a Sra. Figg e Estúrgio Podmore estavam lá.
BLÉM!
Ouve um longo silêncio causado pelo grave retumbar de um sino invisível. As Famílias Delacour e Weasley estavam respectivamente do lado esquerdo e direito do púlpito erguido aquela tarde. Harry notou que Fred, Jorge e Carlinhos, não estavam ali. Antes que se perguntasse por que não iriam assistir a cerimônia de casamento do irmão, um bruxo vestido de vermelho, com um “W” dourado bordado no peito, apareceu atrás do púlpito. Uma doce música começou a soar, ela não vinha de um ponto específico, mas parecia ser tocada pelas paredes da Toca, pelo gramado do jardim e pelo céu crepuscular.
Como se um torcicolo repentino tivesse afetado à todos, cabeças viraram-se em conjunto para trás. Harry pode ver a Sra. Delacour sorrindo muito feliz. Quando Harry viu, lá estavam eles. Emoldurados pelo enorme biombo de treliças brancas, flores por todo o lado, estavam Gui e Fleur, nem os pensamentos mais tristes pareciam lhes atingir, o amor estava lhes protegendo. Harry notou que Muriel Weasley estava de pé, na primeira fileira e todos assim fizeram. Muriel estalou os dedos e uma chuva de pétalas brancas começou a cair em uma velocidade magicamente lenta e a música acelerou a velocidade. A Marcha Nupcial era tocada, e os noivos começaram a entrar.
Gui utilizava o que Harry reconheceu ser um fraque trouxa, porém a casaca era comprida como as vestes bruxas, negra com finas riscas brancas, era um autêntico conjunto negro risca de giz. A alta gola engomada e branca lhe dava um ar nobre; em torno do pescoço a gravata mais bela que Harry já vira alguém usar e um nó mais perfeito que os das lojas “Tropobello Moda Mágica”. Um belo copo de leite, com a pétala mais alva que poderia existir, estava em seu bolso. As marcas e cicatrizes do duelo com Fenrir Greyback pareciam rugas de expressão, tamanha a felicidade que transbordava pelo seu rosto.
- Olhe só para a coroa, Gina! – exclamou Luna ao seu lado. Só então Harry notou que muitas das convidadas estavam exclamando “ah’s” e “oh’s” de euforia. Fleur estava usando um longo vestido branco, feito da mais pura seda chinesa, da brancura das nuvens; ele ia até o chão, cobrindo até os seus pés, e nas costas, uma longa cauda que era suspensa por fadinhas que suspendiam com dificuldade o pesado vestido bordado. Em todo e qualquer lugar que pudesse ser observado havia um brilhante, uma conta, uma pedra que refletia os globos de luz em todas as direções. Havia um profundo decote em “V” no vestido, e no colo alvo de Fleur, futura Sra. Weasley, um belo colar de prata incrustado com safiras lapidadas e polidas. No centro do colar, um belo “C” adornado com algo imperceptível devido ao véu branco e transparente, reluziu aos olhos de Harry.
- A coroa é da família. – disse Gina orgulhosa. – espero em breve usá-la.
Usá-la, pensou Harry. Usá-la com quem? E o que breve poderia significar para Gina Weasley? Mas seus pensamentos foram suspensos até a coroa de casamento dos Weasley. Era também de prata, havia flores, aves e adornos que deixavam Fleur com um aspecto de princesa. Seu sorriso branco e seus olhos azuis não construíram a felicidade de Fleur Delacour. Sua felicidade estava ao seu lado, com cicatrizes e marcas, Guilherme Weasley era sua felicidade.
O membro do Conselho dos Bruxos iniciou a cerimônia, explicou o valor do casamento, o valor da preservação do marido e da esposa, e do amor eterno. Do auxílio mútuo e da construção familiar. Da passagem de tradições, da fusão de tradições e da educação mágica. Falou também do valor do amor em tempos difíceis como os que viviam. Nesse ponto, muitos convidados choraram, Harry sentiu como se o chão fosse tirado de seus pés. Lembrou-se de Dumbledore, Sirius e seus pais. Amanhã partirei para sua destruição, Voldemort, pensou consigo.
- Sim. – disse a voz de Fleur, aceitando ser esposa de Gui e pondo-lhe uma aliança no dedo médio da mão esquerda.
- Você, Guilherme Septimus Weasley, aceita a Srta. Fleur C. Monedoir Delacour, como sua legítima esposa?
- Oui. – respondeu Gui afirmativamente em francês para a felicidade da família de Fleur. Gui começou a por o anel de ouro no dedo de Fleur, quando um estrondo invadiu os céus abalando a quietude noturna, e agitando os convidados. Um raio cortou a noite e tudo aquietou-se novamente. Fred e Jorge apareceram próximo ao púlpito, foram falar com o Sr. Weasley, que a cada palavra fazia uma cara maior ainda de desgosto.
- Eu vos declaro, pelas Leis Britânicas da Magia, Marido e Mulher! – disse o ministro erguendo a varinha. No instante que um fio de luz saiu da varinha do ministro, um raio verde fulgurante iluminou o céu. Era a Marca Negra.
Houve confusão e gritaria. Harry sacou a varinha e adentrou a Toca e correu para frente da casa. Encontrou Fred, Jorge e Carlinhos. Os três estavam estáticos olhando para o céu. Ao longe, o que pareceram umas dez milhas, uma coluna de fumaça negra se erguia. Labaredas altas podiam ser vistas, e reflexos brilhavam. Sob a pira de fogo, a regelante e verde Marca Negra. A cobra ondulando no ar em movimentos de ataque. Alguém próximo havia sido atacado.
- Os Fawcett... – suspirou Carlinhos ao seu lado – O que os Comensais queriam com os Fawcett?
- Vamos. – aconselhou Lupin que apareceu por detrás dos quatro. As flores foram jogadas por todos os lados. Semanas de arrumação foram destruídas em poucos segundos. Muitos convidados já haviam aparatado quando Harry retornou ao gramado onde Fleur estava caída sobre o tapete vermelho. Chorava com sua mãe e Gui ao seu lado. Muriel observava tudo, recriminando a cena de fraqueza. Ela tinha a varinha nas mãos e apertava com força. Harry procurou Gina, e a encontrou ao lado de sua mãe, rearrumando as cadeiras caídas. Hermione e McGonagall sacudiam as varinhas para que flores e cacos de vidro se recompusessem, mas a festa estava estragada. Um susto foi suficiente para minar os sonhos de Fleur. Os poucos convidados que restaram olhavam atônitos para o Sr. Weasley que tocou a varinha na garganta, executando o feitiço Sonorus.
- POR FAVOR, OS COMENSAIS NÃO ESTÃO AQUI! – sentenciou o Sr. Weasley chateado. - ELES ATACARAM A RESIDENCIA DOS FAWCETT QUE MORAM A MAIS DE OITOCENTOS METROS DAQUI! NÃO HÁ PERIGO EMINENTE! – mas isso não foi suficiente, nem feito a tempo. A bela festa de casamento já estava bagunçada e havia perdido o glamour. Fleur chorava nos braços de Gui que a reconfortava. Ester e Bret enviavam feitiços de reparo a tudo que estivesse ao seu alcance. Apenas os membros da ordem permaneceram ali. O ministro do Conselho dos Bruxos levantou-se de debaixo do púlpito após perceber que não havia perigo eminente. Harry e os outros já estavam no caminho para falar com o Sr. Weasley, Harry parou abruptamente. Fred e Jorge passaram à frente de Harry.
- Vamos Harry! – pediu Hermione.
- Fale com seu irmão, ele precisa de vocês agora. – disse Harry olhando para Rony e Gina. Hermione consentiu. Luna e Neville lhes seguiram.
- Aonde você vai Harry? – perguntou Gina receosa.
- Preciso falar com Fred e Jorge. – disse Harry tendo uma grande idéia – Preciso muito falar com eles.
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