Algo Para Ser Lembrado
Os dias seguintes se sucederam cheios de ansiedade. Narcisa não conseguia se concentrar nas lições, e Severo teve que terminar uma de suas poções ou ela levaria um “T”.
Irritada, ela deixou a aula de Adivinhação com a desculpa de que iria ao banheiro e não apareceu mais. Ela estava sentada perto do lago tomando ar, quando Amos Diggory apareceu com as coisas dela.
- Você não voltou. A professora ficou realmente irritada.
- Problema é dela. – ela respondeu malcriada e rude enquanto pegava sua mochila. – Eu estava com dor de cabeça e Madame Pomfrey pode confirmar. Obrigada de qualquer maneira. – ela acrescentou com um de seus sorrisos falsos. –
O garoto ficou vermelho, mas quando viu, ela já estava longe. Era hora do almoço e ela esperava encontrar Lúcio, mas quando ela entrou no saguão de entrada, ela esqueceu tudo que a estava atormentando.
Ali, na escada, conversando serenamente com Dumbledore como se eles fossem velhos amigos, estava sua irmã. Sem pensar duas vezes, ela correu para abraçá-la.
- Bella?
Bellatrix a viu e sorriu. As duas se abraçaram com força.
- Bom se você não se importa, eu vou conversar com a minha irmãzinha.
Ela sorriu cinicamente para Dumbledore e puxou Narcisa para fora novamente. Já abrigadas em baixo de uma árvore e longe dos ouvidos curiosos dos demais, elas puderam matar as saudades em paz.
- Então? É você quem vai ficar comigo? – Narcisa perguntou ansiosa. –
- Não, querida, eu sinto muito. Eu quis, mas o Lord das Trevas já havia me pedido para ir à França em uma missão para ele. Então Rodolfo vai ficar com você até eu voltar.
- Você vai sozinha?!
- Não. Bartô vai estar comigo. Não se preocupe, eu sei me defender, Cissy.
Narcisa soltou um suspiro de cansaço, sabendo que discutir com a irmã não daria um nada. Ela consideraria suas preocupações uma grande besteira.
- O Lord me contou tudo. – ela mudou de assunto. – Sobre ele ter tirado você de Hogwarts, sobre a conversa que tiveram. O quê você achou dele, Cissy?
- Ele é sedutor, e assustador.
Ela encarou o olhar compreensivo da irmã mais velha.
- Eu também tinha medo dele, isso é normal. E considerando as circunstâncias... Mas você pensa em aceitar a proposta dele?
- Sim, eu penso que sim, Bella.
Bellatrix sorriu satisfeita.
- Sabe, eu contei a ele que foi Lúcio quem armou tudo isso. Afastou Dumbledore por um tempo de Hogwarts e depois conseguiu abertura para um de nós aqui, ele ficou realmente impressionado e quer muito conhecê-lo.
- Eu direi à ele.
Bellatrix assistia ao comportamento enfastiado da irmã e compreendia. Ela estava demasiadamente preocupada. Ela puxou Narcisa para si, apoiou a cabeça da irmã em seu colo e começou a acariciar seus cabelos.
- Nós estamos do lado seguro, Cissy. Não se preocupe.
- Não existe lado seguro em uma guerra, Bella.
- É claro que existe. O lado oposto é muito moralista para fazer algo realmente ruim conosco. Eles apenas tentam nos prender. Já pensou em como seria estar do lado oposto?
Não, ela nunca havia pensado em como seria estar do lado oposto ao Lord das Trevas. Ela sabia que Voldemort e seus comensais, entre eles sua irmã e seu cunhado, ameaçavam, seqüestravam, torturavam e matavam friamente. Lobisomens, vampiros, gigantes e dementadores, entre outras criaturas horríveis estavam do lado deles, ajudando a espalhar o terror.
Narcisa tentou se imaginar do lado oposto e estremeceu de horror. Aquilo não poderia ser considerado vida, era uma inferno que ela não saberia suportar. Bellatrix estava certa. Ao lado do Lord das Trevas era mais seguro.
Bellatrix, percebendo o efeito de suas palavras na irmã, abriu um grande sorriso de satisfação. Ela viu Rodolfo caminhando na direção delas, acompanhado de Rabastan.
- Eu confio em Lúcio, você deveria confiar também. – ela sussurrou no ouvido da irmã. – Ele sabe o que está fazendo, ele está certo. Ele sabe que do nosso lado ele conseguirá cuidar de você e protegê-la como ele deve.
Ela beijou a bochecha rosada da irmã amorosamente e a abraçou com força.
- Eu estarei bem, Cissy. E eu estarei com o espelho o tempo todo. Use quando estiver preocupada, ou quando estiver com saudades. Eu prometo que não prejudicará minha segurança.
***
Nos dias que se sucederam, Rodolfo seguiu de perto os passos de Narcisa, eventualmente perdendo-a de vista e deixando que ela fizesse o que tivesse vontade.
Graças a presença do cunhado, Narcisa tinha conseguido voltar as boas com Rabastan. Ela tivera várias oportunidades pra conversar com o amigo e finalmente o convencera a perdoar Lúcio e a voltar a se sentar com eles nas refeições.
Como os horários deles estavam cheios, e Severo ainda passava várias horas exaustivas na biblioteca, Rabastan e Lúcio tinham o quadribol, e ela tinha que estudar já suas notas haviam decaído muito, era realmente uma raridade eles se encontrarem todos juntos em uma refeição, como no almoço daquela Quinta-feira.
Uma chuva torrencial caía, pelo que eles podiam ver pelo céu encantado do salão. Lúcio estava contando uma de suas piadas e Narcisa beliscava sua torta de presunto ao mesmo tempo que terminava sua redação sobre a Guerra dos Gigantes.
- Olha, eu tenho que falar sério com vocês. – Rodolfo interrompeu, abaixando a voz a um sussurro. Todos pararam o que estavam fazendo e prestaram atenção nele. – O Lord das Trevas acha uma boa idéia que eu dê algum treinamento a vocês, para que vocês tenham um conhecimento básico de artes das trevas.
Todos se entreolharam, apenas Rabastan e Avery pareciam ansiosos de alguma maneira. Severo revirou os olhos e Lúcio apenas piscou, entediado. Narcisa voltou para sua torta e seu dever.
- Que foi? – perguntou Rodolfo, sem entender a falta de interesse. – Vocês não gostaram da idéia?
- Rodolfo, o Lord das Trevas quer que nós treinemos pra quê? Ele vai nos dar alguma coisa pra fazer? – Lúcio tentou desviar do assunto. -
- Talvez. Mas ele quer que vocês estejam preparados se quiserem realmente se juntar a eles quando saírem de Hogwarts.
- Ele treinou Bellatrix. – Rabastan comentou. -
- Sim, mas não esperem o mesmo tratamento preferencial que ele dá a Bella.
- Não se preocupe, nós estaremos preparados. – Severo debochou, mais preocupado com sua galinha. –
- Eu não acredito que estejam. Olha, eu não deveria falar disso. Mas realmente ele quer que vocês façam algo, antes de deixarem Hogwarts. Algo pra ser lembrado. Mas eu não tenho os detalhes ainda. Ele só me disse para prepará-los.
Todos ficaram entusiasmados dessa vez, mas não sabiam como explicar a Rodolfo que já estavam bem á frente daquela baboseira, já que eles haviam excluído Rabastan e Avery completamente por dois anos.
Sem encontrar uma forma melhor de responder, Narcisa sacou sua varinha com uma rapidez impressionante, fez uma movimento rápido na direção de Rodolfo e repousou a varinha sobre a mesa, voltando-se para o dever.
Rodolfo não entendeu nada por um tempo, mas então, seu relógio se transformou em uma cobra e começou a sibilar ameaçadoramente para ele. Lúcio pegou a própria varinha e transformou a cobra de volta em um relógio.
Rodolfo, Rabastan e Avery ainda estavam com cara de espanto, e Lúcio e Severo começaram a rir. Narcisa tentou controlar-se, mas não conseguiu.
- Não precisava se preocupar, eu não entendo a língua das cobras, mas ela estava apenas dizendo a hora. – ela explicou entre risadas. –
- Bom, você deveria mostrar isso ao Lord, ele entenderia a piada. – Rodolfo aconselhou. –
- Um dia, quem sabe. – ela brincou. –
- Eu vim ajudando a Narcisa ultimamente. – Lúcio achou que era a hora certa de falar. – Ensinado algumas coisas, treinando algumas azarações e maldições que nós tiramos de alguns livros de magia negra.
Ele olhou para Severo, que completou com descaso.
- Lúcio e eu vínhamos estudando artes das trevas há algum tempo. A Narcisa se juntou a nós um tempo depois.
- Vocês vêm estudando artes das trevas juntos? E não me disseram nada? – Rabastan ficou tão furioso que derrubou um copo de suco de abóbora, mas Narcisa pegou a varinha e secou tudo a tempo. –
- Olha, Rabastan, nós não achamos que você estaria interessado, ou teríamos chamado você também. – Lúcio justificou. – Nós começamos ano passado e eu achei sinceramente que você preferia gastar seu tempo com quadribol, aparatação e garotas... – ele olhou discretamente para Narcisa. – do que duelando ou estudando oclumência.
Rabastan sabia que ele tinha razão, preferira se aproveitar do fato de Lúcio estar muito ocupado para tentar conquistar Narcisa, mas não conseguia deixar de se sentir excluído pelos amigos.
Narcisa continuava absorta em seu dever e Severo estava lendo por cima do ombro dela.
- E você, Narcisa? Por quê não me contou nada?
- Eu não sabia de nada até pouco tempo atrás. Eu apenas estava tendo aulas de oclumência com Severo e ele acabou me convidando. Logo depois nós brigamos e nunca mais nos falamos. Então, eu não tive oportunidade.
Ele tentou digerir a justificativa dela. Eles tinham ficado brigados por meses e ela não tinha motivo para contar a ele. Mas ainda se sentia incomodado.
- Você me empresta suas anotações de História da Magia? – Severo pediu a Narcisa. –
Ela ficou vermelha e constrangida.
- Eu só posso emprestar uma parte. A outra estragou quando Pirraça... bem, vocês sabem.
- Que anotações você está usando, então?
- As do Remo.
Lúcio, Severo e Rabastan fecharam a cara na mesma hora.
- Você ainda fala com aquele panaca? – Rabastan perguntou. –
- Bom, sim. Ele tem me ajudado em Aritmancia. Minhas notas estavam baixas.
- Eu te ajudo em Poções, Rabastan em Adivinhação, Remo em Aritmancia, Amos em Tratos das Criaturas Mágicas, Lúcio em DCAT. Quem será o próximo?
- Bom, eu sou ótima em Feitiços, Transfiguração e Runas, não preciso de ajuda. – ela olhou em volta. – Michael Abbot, da Lufa-Lufa, é muito bom em Adivinhação e Jack Hunt tem as melhores notas em Herbologia, então eu acho que eles serão meus próximos alvos. – ela brincou, divertida. –
Todos olharam para Lúcio, mas ele não se importou e riu também, então todos riram.
- Jack Hunt é monitor também. Começarei por ele, vai ser mais fácil.
Nesse mesmo clima, rindo e brincando, eles seguiram para suas aulas. Não importava o quanto o céu estivesse escuro, eles apenas viviam um dia claro e alegre.
N/A: Poxa, quase ninguém comenta. Eu adoro essa fic, mais que tudo. Eu amo escrever. Mas eu vou parar de postar se vocês não comentarem.
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