Moliuóli e Rabicho
-E então Stephan Jones, você a conhece, não é? Pediu para mim controlar as lareiras de alguns Comensais suspeitos. –comentou Rony alegremente, enquanto jogava os cabelos ruivos para trás orgulhoso.
-E você descobriu algo? –perguntou Hermione sorridente.
-Não, na verdade ainda preciso conseguir a assinatura do velho Scrimgeour para ter permissão... –respondeu ele murchando. –Mas nada que não consiga com um bom copo de whisky de fogo, e um pouquinho de persuasão.
-E como vai indo o St. Mungus, Mione? –perguntou Gina que estava sentada em uma poltrona próxima.
-Está tudo ótimo, esses dias recebemos uma paciente com Varíola de Dragão, e estamos preocupados com uma possível epidemia... Mas ela já esta isolada! –completou ela, sob o olhar apavorado de Rony. –Tenho uma pequena fofoquinha para contar...
-Ah é, e qual é? –perguntou Harry que entrara na sala com um ar cansado.
-Cadê a Lílian, Harry? –perguntou Gina apavorada.
-Com o Dobby, finalmente adormeceu... –respondeu ele. –Coloquei uma poção do sono na mamadeira e...
-O QUE? Você está dando poções a nossa filha? –perguntou Gina inflamada.
-É totalmente seguro, Gina, na verdade foi a Mione que preparou...
Hermione tornara-se vermelha ao perceber o olhar fulminante de Gina.
-Da próxima vez, Sr. Harry Potter, você vai arcar com seus deveres de pai, e não irá enfeitiçar novamente uma criancinha indefesa... –falou ela severamente, apontando o dedo no nariz de Harry.
-Qual era a notícia, Mione? –perguntou Rony curioso.
-Bem, Lilá e Dino casaram -sim, eu sei, também não acreditei- e agora esperam um filho... –respondeu Hermione. –Ela passou lá no hospital para pegar uma poção para fortalecer o útero, vocês sabem, para o parto...
-Você só pode estar brincando! –falou Rony, surpreso. –Eles nunca tiveram nada a ver, e por que casar tão cedo?
-Devo imaginar que você está com ciúmes da Lilá, Uon-Uon? –perguntou Hermione subitamente irritada.
-Não! Estou apenas comentando que eles casaram novos demais... –Rony foi interrompido por um barulho vindo da parte de Harry. –Ah, qual é, nem vem! O caso de vocês foi diferente!
-As pessoas estão apavoradas, Rony! Você não tem mais lido o Profeta Diário? Há pessoas morrendo a cada dia sob as mãos de Voldemort e dos Comensais... –falou Hermione. –Querem casar antes que as pessoas que amam morram! E você deveria pensar no mesmo!
Com a última frase, Hermione, muito vermelha, levantou-se de sua poltrona estofada e correu para as escadas. Constrangido com a cena, Rony coçou a nuca.
-Er... Vocês acham que eu devo ir atrás? –perguntou para Gina e Harry que imediatamente acenaram a cabeça, concordando. –Esta bem então, vou lá...
-Vocês deixem a Lílian com a mamãe sexta-feira, pois vamos todos jantar fora... –falou Rony animado. –E, por favor, não contem nada para Hermione, é surpresa!
-Será que você vai fazer o que eu acho que você vai fazer? –perguntou Harry, com um sorriso maroto nos lábios, enquanto Gina ria ao fundo.
-Espere e verá! –respondeu Rony, que imediatamente silenciou ao ver que Hermione entrara na cozinha.
-O que estão conversando? –perguntou ela curiosa.
-Nada demais... –respondeu Rony colocando as mãos nos bolsos da calça, displicentemente.
Harry virou a página do jornal que lia, risonho.
-Está bem então, só queria avisar que estou indo para o Beco Diagonal, quero comprar umas coisinhas... Querem algo? –perguntou ela, à porta da cozinha.
-Eu vou com você, preciso comprar roupas novas para a Lílian... –respondeu Gina. –Você pode cuidar dela, Harry? Não acho seguro leva-la as ruas, tem apenas dois meses!
-Tudo bem... Passem no Fred e no Jorge para verem como vão as coisas... –respondeu Harry, pegando a filha no colo, no momento em que as duas desaparataram.
-Pois é, dois meses... –comentou Rony, puxando uma cadeira com um aceno na varinha. –Qual a sensação de ser pai?
-Maravilhosa... –respondeu Harry. –Esta pequena vai ser muito feliz. Você vai ajudar a cuidar dela e dos próximos que virão não é? –perguntou Harry debochado.
-Por que faria isso? Os filhos são seus... –respondeu Rony.
-E além de tio você e Mione são padrinhos dela... –lembrou Harry.
-Ah é...
Um silêncio desceu sobre a sala, apenas interrompido de vez em quando com o barulho costumeiro de Dobby organizando a mesa de jantar.
-E como está Dumbledore? –perguntou Rony de repente.
-Sinceramente não sei... –respondeu Harry com franqueza. –Não o vejo desde o nascimento da Lílian... Mas gostaria de saber onde está, precisamos de alguns conselhos...
-Sobre você-sabe-quem? –perguntou Rony incomodado.
-Sobre Voldemort, sim... –respondeu Harry sem ligar para o tremor involuntário do amigo. –Acho estranho nunca mais termos duelado... Imagino se ele sabe que destruímos grande parte de sua Horcruxes...
-Você acha que ele está com medo? –perguntou Rony incrédulo.
-Talvez, se tem algo que Dumbledore me ensinou foi que Voldemort teme a morte mais que tudo...
-E onde está Dumbledore? –tornou a perguntar Rony.
-Não sabemos, não é; se ele não quiser ser encontrado, imagino que seria mais fácil encontrar Voldemort... –respondeu Harry, enquanto brincava com uma pedra vermelha em torno ao pescoço da filha. Era a pedra Filosofal que antigamente era de sua mãe, uma pedra réia. Decidiu entrega-la a filha, para protegê-la de todo o mal que a circulava.
-Tenho medo que Voldemort descubra que agora tenho uma filha... Imagino que vai querer liquidá-la para acabar com os Potter de uma vez por todas, não é?
-Ele não conseguirá, nós o mataremos mais cedo ou mais tarde... Hermione esta trabalhando duro toda a noite para procurar possíveis locais onde ele possa estar escondido... –respondeu Rony, passando a mão carinhosamente na bochecha da sobrinha.
-Então estamos combinadas, mamãe? –perguntou Gina mais uma vez. –Você terá de dar de mamar a ela as oito em ponto, faze-la arrotar, dar-lhe um banho e coloca-la para dormir... Você não vai esquecer?
-Virginia Weasley! Criei cinco filhos sozinha, pensa que não posso cuidar de minha neta por apenas uma noite? –respondeu Sra. Weasley indignada, com as mãos na cintura.
-Você criou sete, mamãe... –comentou Gina, amargurada, saindo pela porta da Toca para a noite estrelada. –Passo aqui a meia-noite então para buscá-la. Você tem certeza que não quer que Dobby a ajude?
-Absoluta, querida, e não precisa ter pressa para voltar... Bom jantar para vocês dois queridos... –falou ela antes de fechar a porta na cara de Gina e Harry.
-Ela está estranha... –comentou Gina.
-Ela só ficou nervosa porque você acha que ela não é capaz de cuidar de Lílian... Relaxe, Gina! –falou Harry tranqüilo.
-Fale o que quiser mamãe esta com algum problema... –retrucou Gina, antes de aparatar junto a Harry na frente de um restaurante iluminado por velas, no Beco Diagonal.
Harry olhou para a placa em cima do portal e leu “Bruxa Pomodoro: Excelência Culinária ha mais de cem anos.”. Quando entraram no restaurante mal iluminado, uma sineta tocou ao fundo e um bruxo corcunda, vestido de smoking aproximou-se.
-Mesa para dois? –perguntou educadamente.
-Na verdade a uma reserva no nome Weasley... –respondeu Harry observando o salão de jantar. Estava lotado, o que era raro nos dias de hoje. Bruxos e bruxas elegantes, de alto escalão no Ministério brindavam algo. Havia famílias inteiras de bruxos sentados em mesas redondas e lá ao fundo estava Rony, sorridente, sentado em uma mesa entulhada de copos e talheres de todos tipos e tamanhos.
-Está bem, confere, o Sr. Weasley na realidade já chegou... –falou o recepcionista conferindo uma prancheta que havia conjurado.
Harry e Gina circularam pelo meio das apertadas mesas e sentaram-se a frente de Rony, que guardava mais um lugar ao seu lado.
Hermione chegou poucos minutos depois, com ar extremamente cansado, porém muito elegante. Vestia um vestido preto e curto, mas muito simples, e Harry reparou que usava brincos cintilantes de diamante.
-Desculpem-me o atraso, mas fiquei presa no hospital, uma garotinha de seis anos transformou sua orelha na de um lavrador enquanto brincava com a varinha do pai... –falou ela ofegante ao sentar-se ao lado de Rony.
-Está tudo bem, vamos pedir então? –perguntou Rony, acenando para o elfo garçom que por ali circulava.
-Sim, senhor? –pediu a criatura em uma reverência, equilibrando cautelosamente uma bandeja que carregava em apenas uma mão.
-Gostaríamos de um pouco de vinho dos elfos sim? E anh... Prato do dia para todos nós... –falou ele, indicando a mesa com um abrangente aceno.
-Imediatamente senhor... –respondeu o elfo, que conjurou duas garrafas cheias de vinho e quatro pratos finos e decorados, que somaram-se com os outros já existentes. Magicamente, a faca e o garfo de todos começaram a cortar o bife suculento do prato.
Todos, sem exceção, provaram o prato bonito. E todos, sem exceção, também cuspiram a comida imediatamente de volta para seus pratos.
-Mas que diabos é isso? –perguntou Rony enojado.
-Baço de Lobisomem... –respondeu o elfo, fazendo uma profunda reverência.
-Vocês matam lobisomens para comer? –perguntou Rony, indignado. –Ouvi dizer que este lugar é bom...
-Mas já esta começando a se arrepender em seguir o que alguém lhe fala? –perguntou Gina, com frieza na voz. –Vamos embora, essa coisa está horrorosa, e estou preocupada com mamãe e Lílian...
-Ah, não, paguei caro pela reserva, e vamos ficar aqui nem que seja para enchermos a cara... –resmungou Rony.
-Está bem então, saúdo a isso! –falou Hermione erguendo sua taça cheia de vinho dos elfos.
A noite foi passando bastante animada entre ao tumulto e guerra ao lado de fora daquele restaurante elegante. Harry e Rony, ambos já estavam muito bêbados, e os martelinhos de uísque de fogo ajudaram bastante. Cantavam o hino de Hogwarts com louvor, numa marcha fúnebre idêntica a que Fred e Jorge cantaram em seu primeiro ano. Hermione soluçava baixinho, a taça pendendo precariamente entre seus dedos moles, e os olhos estranhamente fora de órbitas. Gina porém tentava controlar o trio eufórico, ao que seu rosto tornava-se vermelho de vergonha.
Em meio a uma rodada de mais uísques de fogo, Rony, num gesto dramático, ajoelhou-se em frente à Hermione, tomou sua mão e puxou um pequeno embrulho de seu paletó de bruxo.
-Hermione, desde o momento em que a conheci melhor no nosso primeiro ano, soube imediatamente que você era a mulher certa para mim, e permaneço com tal afirmação! –falou ele com a voz enrolada, porém firme. –Eu te amo, Hermione! Casa comigo?
Hermione, parecendo em choque, balançou a cabeça e olhou desamparada para Harry e Gina que riam bobamente diante da cena.
-Você está bêbado Rony! Tenho certeza de que não faria isto se estivesse sóbrio... –falou ela baixinho.
-Vê isto? –perguntou ele excessivamente alto, apontando para o pacotinho que agora estava aberto. Lá, havia um anel de prata faiscante. –Eu te amo, Hermione... Por favor, casa comigo?
Hermione, muito vermelha então, acenou com a cabeça e estendeu a mão para que Rony colocasse o anel em seu dedo. Quando este assim o fez, o salão irrompeu em aplausos e vivas, e Rony ergueu Hermione no ar, como um troféu.
-Parabéns! –falou Gina indo abraçar a futura cunhada e o irmão sorridentes.
-Uma rodada de cerveja amanteigada para todos, por minha conta! –gritou Rony alegre.
-Harry, anda vamos, eu nunca vi você assim... –resmungou Gina ajudando Harry a caminhar, o levantando pelo braço mole.
-Mas as estrelas estão brilhando, olha Gina, vamos aproveitar, sua mãe deve estar dormindo, nem vai perceber... E seu pai está trabalhando... –falou Harry, tentando convencer a esposa a deitar no gramado da Toca.
-Poderíamos ficar assim se não estivesse bêbado... –respondeu ela, olhando para trás para ver como Rony e Hermione estavam. Caminhavam lado a lado cantando alegremente. – Escuta Harry, você não é mais um adolescente qualquer, agora você é pai, tem obrigações para com nossa filha.
-Lílian esta bem! –resmungou ele.
Gina apontou a varinha direto para o rosto dele.
-Você vai me enfeitiçar... ic? –perguntou Harry, contendo um soluço.
Gina lançou um feitiço não-verbal imediatamente, e a mente de Harry abriu-se num estalo.
-O que esta acontecendo? –perguntou ele confuso.
-Você estava mais bêbado que Mundungo, Harry, tive de lhe enfeitiçar... –resmungou ela. –Vai lançando o mesmo feitiço nos dois ai atrás, que eu vou ver meu bebe...
-Certo... –concordou Harry, tonto.
Gina concordou e entrou correndo pela porta da cozinha entreaberta.
Harry lançou o feitiço em Rony e Hermione, e os dois pareciam sóbrios novamente, quando ouviram um grito.
-NÃO!
-É a Gina! –falou Harry, correndo imediatamente para dentro da casa.
Quando Harry entrou na cozinha presenciou uma cena inimaginável. A Sra. Weasley segurava Lílian firmemente em seu braço, apontando ameaçadoramente a varinha para a criança.
-Sra. Weasley, o que deu em você? –perguntou Harry correndo para segurar a varinha da bruxa.
-Crucia... –resmungou a mulher, a testa cheia de pontos de suor.
-Expelliarmos! –gritou Rony que adentrara na cozinha mal-iluminada.
A bruxa soltou a varinha e caiu no chão atordoada. Gina adiantou-se e tirou a filha dos braços da mãe.
-Mamãe, por que estava fazendo isso? –perguntou Rony incrédulo.
-Você não entende Rony? Seja lá quem for esta pessoa, não é a mamãe! –falou Gina desesperada.
-Quem é você? –perguntou Harry, friamente, apontando a varinha para a suposta Sra. Weasley. –Alguém pegue a varinha dela!
Hermione adiantou-se e pegou a varinha jogada no chão segundos antes, e a quebrou com as mãos.
A mulher ficou imóvel, apenas suando frio.
-Quem é você, perguntei! –repetiu Harry.
-Você logo descobrirá... –respondeu a pessoa, olhando para um relógio de ponteiros normais na parede.
-Dobby! –chamou Harry para o infinito.
Com um craque! O elfo apareceu no meio da cozinha.
-Sim mestre?
-Vá para Hogwarts e peça para a professora Mc. Gonagall um frasco de veritasserum imediatamente... –falou Harry, os olhos ainda fixos na falsa Sra. Weasley.
-Sim senhor, Harry Potter, senhor... –respondeu Dobby, fazendo uma profunda reverência e com outro estalo sumir.
Neste mesmo instante, o relógio marcou uma hora da manhã, e a mulher a frente de Harry começou a perder a cor. Seus cabelos cacheados tornaram-se cor de rato, seus olhos tornaram-se aguados, e as expressões em feitio de rato. Seu corpo tornou-se mais gordo e baixinho, e a sua frente encontrava-se Pedro Pettigrew, o traidor dos pais de Harry.
-Harry Potter, dê uma chance de explicar! –suplicou ele segurando as vestes de Harry.
-Não, você responderá a tudo sob a veritasserum, e sua entrevista será entregue ao profeta diário imediatamente. Pela manhã, se juntara ao seu amigo de sempre, Lucio Malfoy em Azkaban.
-Tenha piedade, senhor Potter, tenha piedade... –chorou ele, ajoelhando-se aos pés de Harry, as falsas lágrimas a escorrerem pelos olhos aguados.
Harry ouviu o barulho de alguém sair à procura de pergaminho e uma pena-de-repetição-rápida.
Ouviu também Lílian chorar baixinho no colo de Gina.
-Não bastou trair meus pais, seu imundo? Agora quer estragar minha família também, seu verme desgraçado?
-Você não entenderia Harry, as armas que ele tem... –respondeu Rabicho esganiçado.
-Onde está minha mãe? –perguntou Rony segurando Rabicho pelo pescoço. Harry lembrou-se de imobilizá-lo com cordas invisíveis. Tal o fez e Dobby apareceu com um vidrinho com uma poção transparente.
Enfiou toda a poção goela abaixo do homem a sua frente.
-Vamos repetir, onde está Molly Weasley? –perguntou Harry, para testar o efeito da poção. Aparentemente, não podia estar melhor.
-No sótão, dominada pela Imperius, junto ao vampiro... –respondeu ele, sem relutância.
-O que Voldemort queria o mandando para cá? –perguntou Harry.
-Obter informações sobre o eleito... –respondeu Rabicho, novamente sem relutância.
-E você as passou? –perguntou Gina.
-Com certeza... –respondeu Rabicho. –Ele sabe que o menino Potter e Dumbledore destruíram grande parte de suas Horcrux...
-Basta! Mione isto é o suficiente, mande para o Profeta. Vou conversar com esse verme a sós... –falou Harry. –Alguém vá liberar a Sra. Weasley, sim?
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