Largo Grimmauld, nº 12
Harry nunca se imaginou retornando aquele lugar sujo e empoeirado. Ele, Rony e Gina estavam parados a frente da porta negra da antiga casa dos Black, com Dobby e Monstro em seus calcanhares, observando atentamente a velha contrução de vidros quebrados e tinta descascada.
-Monstro voltou! Voltou à casa de seus mestres! –guinchou ele, jogando-se no chão e abraçando um capacho estirado na entrada.
-Cale a boca! –reclamou Rony, puxando uma das orelhas do elfo, fazendo com que se alevantasse. –Essa não é mais a casa dos Black! Agora é a sede da Fênix!
Harry pousou a mão sobre o braço do amigo.
-Não temos tempo para isso! –suspirou ele, pisando dentro da velha casa. –E também, está vazia ha um bom tempo... O pessoal não tem tempo para reuniões...
-Certo... –respondeu Rony, com as orelhas vermelhas, largando o elfo que gritava e esperneava.
-Então é isso! –falou Harry, esfregando as mãos quando entraram no aposento frio e úmido. –Estamos procurando medalhões raros, camafeus, espadas, qualquer coisa e de aparência muito bonita. Procurem em qualquer lugar, nós temos de achar!
-Está bem... –falou Gina, indo em direção a sala de jantar com a varinha erguida acima da cabeça para iluminar a passagem.
-E Monstro! –chamou Harry. –Estarei de olho em você... Nem sequer pense em esconder nada que achar, ou vai haver sérias conseqüências! Dobby... Poderia acompanha-lo, por favor?
-Sim, mestre! –respondeu Dobby, fazendo uma reverência, e seguindo Monstro de perto, ambos os elfos empurrando-se com os minúsculos ombrinhos.
“Monstro está de volta a casa de seus verdadeiros mestres! Monstro não pode acreditar!”, ouviram a voz de Monstro emocionado por todo o comprimento do corredor.
-Eu vou por aqui, está bem? –falou Rony, dirigindo-se ao andar superior.
-Certo... –respondeu rapidamente Harry. Hesitou por alguns instantes e correu atrás de Gina. –Gina! Espere!
-Sim? –falou ela, virando-se para o rapaz ofegante, que pousara a mão em seu ombro.
-Vou com você, sabe... Pode ser perigoso... –falou ele. A garota ergueu as sobrancelhas, de modo a intimidar Harry.
-Não preciso da sua ajuda, Harry, eu sei muito bem me virar sozinha...
-Eu sei que sabe... Mas quero garantir que você vai estar bem!
Ela o encarou longamente, percorrendo os olhos castanhos no rosto cansado do rapaz.
-Está bem... Se você faz tanta questão! –respondeu ela, voltando a caminhar para a cozinha.
Harry a acompanhou por um longo corredor empoeirado, até chegarem à conhecida porta da cozinha da família Black. Harry a abriu imediatamente com um aceno da varinha, ao que ela respondeu com um enorme rangido.
As paredes estavam encobertas por um limo muito verde e viscoso, e no teto, pendiam muitas teias de aranha. O chão possuía uma grossa camada de poeira, que abafava os passos de quem por ali caminhasse.
Gina fez um floreio em sua varinha, e todas as portas do armário da cozinha, escancararam-se imediatamente, deixando vários objetos de metal cair aos seus pés.
-Revelio! –ordenou Harry, esperando que o medalhão pulasse imediatamente na palma de sua mão estendida.
-Isso não vai funcionar, Harry, ele provavelmente não teve tempo de procurar um lugar mágico para esconder! –falou Gina. –Deve estar em algum lugar da casa, ou em algum cofre, no máximo!
-Você tem razão! –falou Harry, baixinho, os olhos percorrendo lentamente o aposento há muito abandonado. –Chame Rony, vamos acampar aqui até achá-lo!
Três dias se passaram, e Hermione pode sair do St. Mungus, completamente rejuvenescida, se tirarmos o fato de que precisava beber o elixir de doze em doze horas. Mas seria por poucos dias.
Ela juntou-se a Harry, Rony e Gina na procura do medalhão escondido na casa dos Black, quase que imediatamente, e parecia honestamente feliz de poder ajudar mais.
-Mione! –exclamaram Harry e Gina, quando viram a garota e Rony chegarem ao hall da empoeirada mansão.
Ambos estavam revirando os quartos do terceiro andar, mas sua pesquisa não tivera êxito. Encontraram apenas roupas e quadros antigos. O mais próximo de interessante que acharam foi uma bela adaga incrustada de diamantes, mas enfim concluíram que não poderia ser um Horcrux, no momento em que esta tentou ataca-los.
Gina correu para abraçar a amiga, que exibia um sorriso cansado, porém, feliz.
-Que bom que está de volta, Mione! Procuramos por tudo há muitos dias, e devo dizer: é muito bom ter sua ajuda por perto! –falou Harry, abraçando carinhosamente a amiga.
-Ora Harry, eu pensei que vocês já haviam lembrado de algo importante! –falou ela, caminhando no corredor em direção aos quartos, com a perna ligeiramente manca.
-Que quer dizer? –perguntou Rony, a seguindo de perto.
-O quadro da mãe de Sirius! É um cofre! –respondeu ela, com uma grande simplicidade.
-Um cofre? –repetiu Harry amargurado. –Pensei que ele apenas estivesse selado com um feitiço adesivo permanente! O próprio Sirius me disse isso! Como ele não iria conhecer a própria casa?
-Ele mencionou que saiu aos dezesseis anos de casa também, não foi? –ponderou Hermione, chegando muito próxima do quadro onde a mãe de Sirius jazia eternamente. –Então, muitas coisas podem ter sido acrescentadas ou retiradas da casa, neste tempo todo, você não concorda?
-Sim concordo! –respondeu Harry. –Mas ainda não estou convencido! Como pode ter certeza? Você não pode ter aberto ele de qualquer forma, não é?
-Errado! –exclamou ela, abrindo as cortinas que tapavam o quadro de tamanho natural.
Então como um estouro, pode se ouvir a mãe de Sirius acordando de um longo sono, xingando e amaldiçoando a todos que seus olhos viam. “Blasfêmia! Sangues imundos e traidores da raça bruxa! Saiam de minha propriedade, amaldiçoados!”
-Silencio! –ordenou Hermione para o quadro, com a varinha direcionada a boca do retrato. Este se fechou e comprimiu os berros da Sra. Black.
-Eu enxerguei isto, que estava muito óbvio! –respondeu ela, apontando para o fundo atrás da velha. Era uma sala, ou um corredor, muito familiar aos olhos de Harry.
-Reconhecem o lugar? –perguntou Mione, astuta.
-É este mesmo corredor! –exclamou Gina.
-Exato! E podem enxergar aquele pequeno nicho atrás da cabeça da Sra. Black, onde jaz um cofre? –perguntou novamente ela.
-Só na pintura, mas não aqui, no corredor! –respondeu Rony. Então seu rosto ficou duro, e ele raciocinou. –Quer dizer que o quadro esconde o cofre?
Hermione concordou com a cabeça. Dirigiu-se a frente do quadro e ordenou.
-Abra!
E para total horror de Harry, o quadro girou lentamente, mostrando o nicho com o cofre.
-Mas é muito simples! –reclamou Rony.
-Você tem de perceber Rony, que o simples às vezes, nem sequer passa pelas grandes cabeças! –respondeu Hermione enigmaticamente. Um rangido vindo da parede tomou sua atenção. O cofre havia se aberto. Hermione pareceu pasma. –Isso não aconteceu antes! Será que... Só se é porque Harry é o novo dono da casa!
Harry deu um passo à frente, com a mão ansiosa estendida para o interior do cofre. Tateou a pedra fria, mas para seu desespero, estava vazio. E então sua mente voltou-se ao dia em que encontrou Mundungo vendendo as coisas de Sirius do povoado de Hogsmeade, bem à frente da porta do Três Vassouras. E ele lembrou-se dos objetos de prata que encontrou na sacola do bruxo. Então sua mente captou tudo.
Correu para porta, com os amigos em seus calcanhares.
-Onde está indo, cara? –perguntou ofegante Rony.
-Estamos indo a Azkaban! Fazer uma visitinha ao Mundungo! –respondeu, ao colocar a capa negra sobre os ombros e abrindo a porta escura em direção a noite banhada pelo luar.
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