O X Marca o Tesouro



-O quê vamos fazer? –perguntou Hermione, ficando de joelhos ao lado de Harry que agora passava a mão suavemente sobre a superfície do mar.

-Eles não estão acordados... –sussurrou Harry em resposta para ela. –Ou estão com medo a luz, ou simplesmente não gostam de serem vistos pelos trouxas... –completou ele, lançando um olhar de esguelha a Adam e Doug Green, que continuavam a empilhar peixes fedorentos.

-Você acha que eles estão aqui por acaso ou simplesmente guardam um Horcrux? –perguntou Gina, ao lado deles.

-Se tem uma coisa que aprendi nestes anos todos, é que Voldemort não faz nada por acaso... Se estes inferis estão aqui, é porque guardam algo realmente importante para aquele verme! –comentou Harry, ainda pensativo. –Só achei que Voldemort seria mais esperto... Afinal, qualquer um pode perceber que algo se passa por aqui... Quer dizer, até os trouxas notaram coisas diferentes!

-Você parou para pensar Harry, que talvez possa não ter sido ele que montou esta armadilha? –perguntou Hermione. Harry virou-se curioso para amiga.

-Como assim?

-Quer dizer, este lugar é muito próximo à casa de seus pais! Se for um Horcrux que está escondido ai, e eu acho que é provavelmente é o Horcrux desconhecido! Pode ser as pedras da lua que ele roubou de sua mãe na noite que bem... A assassinou!

-Continuo sem entender...

-Harry! Se este Horcrux for a pedra da lua, Voldemort não teria tempo de esconde-las por si só... Afinal, ele foi desprovido de seus poderes naquela noite... Afinal, é por meio do ato de matar alguém que você fica possibilitado de romper a alma...

-Você está muito confusa, Mione... –interrompeu Gina.

-Digamos assim, ele veio a sua casa matou seu pai pegou a pedra de sua mãe e preparou sua Horcrux, e a enviou-a em segurança para seus Comensais! Queria matar você para aproveitar a oportunidade, mas sua mãe não deixou então ele a matou também! E quando foi lhe matar, perdeu seus poderes, tornou-se um espectro e fugiu! Não teria como ele ter escondido a Horcrux! –falou ela, rápida e febril.

-Hermione, você tem razão! Por isso está tudo tão obvio de se achar! –exclamou Harry. –Os Comensais não fizeram um bom trabalho!

-Você pretende entrar ai, Harry? –perguntou Gina, olhando para o mar com a expressão de repulsa.

-Vou! E o mais rápido possível! Creio que eles ficam escondidos agora que o sol está alto! –respondeu Harry.

-É, mas a Horcrux pode estar em qualquer lugar profundo e de difícil localização! Como você vai ter fôlego? –perguntou Hermione.

-Deixe-nos ir com você! –falou Gina. –Vamos lhe ajudar com o que pudermos.

-Nem pensar! Levei você e Rony, Mione, Luna e Neville para o Ministério e todos se machucaram e... –então rosto de Harry iluminou-se de uma forma intensa. –Neville! Herbologia!

E então Hermione entendeu o que o amigo queria dizer. Ambos saíram correndo pela praia com Gina em seus calcanhares, a procura de um lugar seguro para aparatar, longe das vistas dos Green.
Gina segurou ambos pelos ombros e ofegante falou.

-Quer me explicar o que estão fazendo, por favor?

-Voltando para casa! –respondeu Harry e aparatou.

-Vem comigo! –chamou Hermione, ao que Gina grudou em seu braço e ambas aparataram também.

Estavam na grande estufa no meio do bosque da mansão, e Harry procurava alguma coisa febrilmente.

-Cadê o guelricho? –gritou ele, quando Hermione e Gina apareceram.

-Eu guardei esses dias ali naquele armário... Só tinha mais um... –falou Hermione um pouco desesperada, indicando um armário de madeira no final de um corredor de plantas.

Harry revirou-o o mais rápido possível até finalmente acha-lo ao fundo, dentro de um pote de vidro. Desaparatou imediatamente. As garotas seguiram-no novamente.

-Harry, espera! Você não pode ir até o porto! Você não vai poder comer o guelricho lá, lembra? Há dois trouxas! –gritou Hermione, correndo para alcançá-lo.

Harry hesitou por pequenos instantes, e voltou atrás.

-Boa sorte... –desejou Gina, dando-lhe um abraço. Harry a fitou novamente em seus braços, e sentiu o corpo relutar quando sua mente ordenou que lhe largasse.

Enfiou rapidamente o guelricho na boca, e rapidamente sentiu uma sufocante perda de ar. Apalpou o pescoço e sentiu grandes fendas que se moviam a procura de oxigênio.

Jogou-se no mar, que agora pareia leve e fresco, muito agradável para se estar. Nadou por longos minutos, passando por coloridos corais e cardumes de pequenos peixes coloridos. Dirigiu-se em direção ao porto, onde agora podia ver a sombra dos barcos, ao sol do meio-dia. Nadando o mais rápido que podia, identificou o pequeno barco de pesca do Sr. Green, e localizou o espaço vazio dentre uma porção de barcos. A doca número sete.

Sentiu um leve calafrio, ao perceber que podia estar a poucos metros de distância de um sétimo da podre alma de Voldemort.

Sentiu uma imensa euforia. Vingaria a morte de seus pais. Vingaria a morte de Sirius. Vingaria a morte de Dumbledore. E vingaria a todos, que tivessem tido suas vidas afetadas pelo bruxo.

Nadou para baixo até encontrar a areia branca depositada no fundo. Olhou ao redor a procura de indícios de algo fora dos padrões de normalidade trouxa e imediatamente percebeu uma espécie de alçapão abaixo de seus pés. Nele estavam gravadas palavras em uma língua que Harry não soube identificar.

Puxou sua varinha das vestes molhadas e lançou um feitiço por sobre o alçapão. Nem se mexeu. Resolveu então gravar as palavras com um feitiço em sua varinha.

Sentiu que deveria imediatamente retornar ao local onde havia abandonado Gina e Hermione.

Chegou a superfície muitos minutos depois, e respirou fundo. Hermione e Gina haviam vindo para ajudá-lo a sair da água.

Harry sentou-se na areia e sentiu que Hermione secava suas vestes com um simples aceno da varinha, enquanto Gina observava-o apreensiva.

-Então, achou algo? –perguntou ela, quando Hermione sentou-se quieta a frente dos dois.

Harry concordou imediatamente com a cabeça.

-Encontrei uma espécie de porta, que não se abria com alorromorra e não entendi o que estava escrito nela. –falou ele. Lançou um feitiço no ar, e apareceu uma espécie de fotografia das palavras que há pouco havia visto.

-Harry! Isto são runas! Runas Antigas, as quais estudo desde o terceiro ano! –exclamou Hermione.

-Sério?

-Sim! Posso levar isso agora para casa e traduzir corretamente! –sorriu e desaparatou com a varinha de Harry em mãos, deixando ele e Gina sozinhos.

-Trouxe sua varinha? –perguntou Harry a Gina. Ela concordou com a cabeça. –Então podemos aparatar. Empresta-me?

Ela entregou silenciosamente a varinha para Harry, e ele a enlaçou em um abraço, mas antes de aparatar, seus olhos novamente se encontraram, e uma minúscula e solitária lágrima escorreu dos castanhos olhos de Gina.

-Sabe que sinto sua falta, mas não podemos ficar juntos! –falou Harry, com uma pontada dolorosa no peito. –Pelo menos, não agora.

-Eu sei Harry! E eu vou te esperar Harry, para sempre! –falou ela com a voz fraca.

Harry lançou-lhe um rápido beijo em seus lábios a abraçou forte, e aparatou. Adentraram na grande casa para encontrarem Hermione e Rony sentados a mesa da cozinha.

Rony segurava atentamente a varinha de Harry enquanto Hermione copiava as runas em um pedaço de pergaminho.

Estava ladeada de imensos dicionários e livros, e agora abria um de aparência mofada, com a capa de couro vermelha muito excêntrica.

-Achou algo? –perguntou Harry, evitando o olhar de Gina. Ele não deixaria que Voldemort a tirasse dele, mas não podia a ter por algum tempo, disto ele sabia. E ela também.

-Estou começando a traduzir! Paciência é uma virtude, Harry! –falou ela, ao que Rony revirou os olhos.

Harry sentou-se ao lado de Rony.

-Agora estou preocupado... Já gastei o último guelricho que tínhamos, não sei como posso conseguir outros... –falou ele, passando as mãos sobre os cabelos negros.

-Neville ainda está em Hogwarts, vai ficar lá até o Natal! É só pedir para ele... Tenho certeza de que ele consegue persuadir a Profa. Sprout a lhe dar um! É seu aluno preferido! -comentou Gina.

-Boa idéia! –falou Rony, dando leves tapinhas nas costas da irmã.

-Dobby? –chamou Harry, em direção a porta. Imediatamente o elfo apareceu na cozinha, usando uma enorme touca branca, vermelha e verde, bastante natalina.

-O senhor chamou? –perguntou ele, fazendo uma reverência para Harry, que fez com que a ponta de seu grande nariz tocasse o chão.

-Bela touca, Dobby! –exclamou Rony meio debochado. Hermione lançou-lhe um olhar aterrorizador e ele se calou.

-Srta. Granger me ajudou a tricotá-la! Monstro está usando uma também... Eu o fiz usar!

-Dobby... –interrompeu Harry. –Tenho uma tarefa para você, tudo bem?

-Será uma honra cumpri-la, Sr. Harry Potter! –falou ele em outra reverencia.

-Vá a Hogwarts o mais rápido que puder, e peça ao aluno Neville Longbotton quantos guelrichos ele conseguir... –Os olhos de Dobby brilharam, e ele saiu apressado pela cozinha, com as grandes orelhas de morcego movendo-se rapidamente.



-Harry acorda, anda! –chamou a voz de Gina ao seu lado. Harry acordou com o chamado urgente, sentou-se em sua cama e colocou os óculos.

Focalizou a pessoa a sua frente e viu-a vestindo um roupão por de cima do pijama, com um lampião em mãos.

-Que ouve? –perguntou ele, bocejando. Espiou o relógio. Três e meia da madrugada.

-Hermione traduziu todo o texto que você encontrou, e Dobby acabou de chegar com dois guelrichos em mãos. Foi tudo que Neville conseguiu... –respondeu ela, pegando Harry pelas mãos. –Vamos rápido. Quero aproveitar e ajudar em algo, porque amanha vou embora com mamãe.

Ambos saíram rapidamente do quarto de Harry, e desceram as grandes escadas para encontrar Rony e Hermione sentados na frente da lareira acesa, ela com um grande pergaminho em mãos. Dobby estava sentado em um cesto para cachorro, muito bem acomodado, segurando os dois guelrichos que Gina mencionara.

-Harry, ela é um gênio! Terminou a tradução! –exclamou Rony, quando viu que eles aproximaram-se.

-A Sra. Weasley sabe que vamos sair? –perguntou Harry.

-Claro que não! Agora se sente que Hermione vai ler! –respondeu ele, esfregando as mãos diante do fogo. A noite estava fria.

-É realmente cruel, mas lá vai: “Somente com o sangue noturno do teu melhor amigo passarás... Somente com um corte profundo e doloroso as portas se abrirão... somente à noite ela se revelará... e se cicatrizar, fechará para você” - falou ela, em tom assombroso.

-Não esperava nada pior do que isto... –declarou Harry, depois de alguns instantes. –Da outra vez, Dumbledore teve de cortar o próprio braço para passar.

-Não entendi direito o que quer dizer... –falou Rony.

-Quer dizer que para Harry entrar, terá de ser à noite, quando os inferis podem sair de suas tocas... –respondeu Gina.

-Eu entendi isso, Gina, estou falando do resto!

-Ele terá de tirar o sangue do melhor amigo a noite, e o corte não deve ser cicatrizado, se não, a porta se fecha para ele... –respondeu Hermione. –É simples e cruel.

-Não vou cortar o braço do Rony, e fazer com que ele não cicatrize! –reclamou Harry. Hermione apertou os lábios sem resposta.

-É o que deve fazer e sabe disso! –falou Rony depois de certo tempo de silêncio. –Estou disposto!

-Não, Rony sinceramente... –falou Harry. –Deve haver outra maneira.

-Não! Não há Harry! É assim ou de nenhum outro jeito! –falou ele. –Vamos para lá!

Rony convocou uma faca de cozinha e entregou-a a Harry.

-Há guelrichos suficientes para nós dois! Vou com você, e a gente entra junto, pode ser?

Harry, sem saída, concordou com a cabeça.



Uma grande bolha de ar saiu da boca de Rony no momento em que Harry cortou seu antebraço. Mas ele corajosamente, nadou até a porta de madeira na areia, esfregou-o contra ela. As runas brilharam em vermelho e aporta escancarou-se mostrando o profundo breu.

-Lumus máxima! –ordenou Harry a varinha quando entrou no local. O feitiço, que geralmente iluminava por muitos metros, desta vez, fez com que seu raio de alcance fosse de poucos centímetros.

Lá em um pedestal havia uma caixinha de metal. Harry dirigiu-se rapidamente para ela, e com uma imensa facilidade, retirou-a do pedestal. Um barulho imenso foi ouvido e ele guardou-a segura em suas vestes o mais rápido que pode.

Do escuro profundo saiu formas humanas brancas pálidas. Inferis. Mas Harry e Rony estavam preparados e lançaram feitiços que ofuscaram a visão dos corpos, e novamente, muito facilmente escaparam.

A facilidade da tarefa os deixava incomodados, mas não o suficiente para não abrir a caixinha assim que chegassem em terra.

-Alorromorra! –ordenou Hermione, quando segurou a caixinha nas mãos. Com um clique ela se abriu, e revelou um pergaminho, intacto e seco. –Esta eu sei de cor: o x marca o tesouro! –traduziu ela.

-Mas cadê a Horcrux, afinal? –perguntou Rony, que agora curava seu machucado.

-No x, idiota! –falou Gina.

-Será mais um bilhete do R.A.B? –perguntou Harry para Hermione.

-Duvido muito... Isto é bem mais uma charada!

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