Capítulo 5



Capítulo 5

O dia amanhecera há algumas horas e Agata já estava acordada e bem disposta, já havia tomado o café da manhã e agora se dirigia para um outro quarto, mais espaçoso e confortável. Max, o médico que estava a cuidando a levava em uma cadeira de rodas até o quarto que ficava no segundo andar.

Ao adentrar o quarto, para sua surpresa, se deparou com um casal a esperando com um sorriso e um buquê de rosas brancas.

Max e John ajudaram-na a deitar na cama e então o médico saíra depois de várias recomendações e os deixaram sozinhos para conversar. Era uma situação extremamente desafiadora e difícil, principalmente quando se tratava de seu pai, um homem de palavra e com o coração duro feito pedra. Já sua mãe era uma pessoa doce e aceitava qualquer coisa, desde que nada causasse mal a sua família.

Agata olhou-os por um tempo e então seus olhos negros pousaram sobre o buquê de rosas brancas que sua mãe segurava: suas preferidas.

“Você sempre soube que eu gostava dessas rosas né?”

“Eu sei de tudo sobre você minha filha, pelo menos eu espero ainda saber tudo sobre minha menina” - Annette caminhara até sua filha e depositara o buquê sobre a mesa ao lado da cama. - “Será que eu posso te abraçar...?”

“Você ainda pergunta dona Annette Tessler?” - Agata dissera com as lágrimas vindo aos seus olhos e caindo pelo seu rosto deixando-o marcado.

Annette abraça Agata com cuidado, mas com afeição, tentando recuperar o tempo perdido, o tempo que não volta mais. Ficaram assim por um longo tempo, apenas sentindo o calor uma da outra e apreciando a proximidade de mãe e filha, que a tempos Agata não sabia mais o que era.

John olhava tudo com seus olhos negros e desafiadores. Havia acordado disposto a não fazer a vontade da esposa, pois desde que viu sua neta com aqueles olhos azuis decobriu o segredo que Annette escondera de si por tantos anos e isso estava sendo difícil de esquecer. Mas agora, naquele quarto de hospital, revendo mais uma vez sua filha que anos tinha vontade de ver, mas que só falava por intermédio de pessoas que trabalhavam com eles, teve vontade de abraça-la, beijá-la e dizer que era um tolo, um imbecil por ter desperdiçado a felicidade. O problema era que seu orgulho era muito grande e ele próprio não sabia vencer.

Annette se soltou da morena e então sentou-se em uma cadeira que havia ali. Ficaram em silêncio por apenas alguns segundos, pois a visão de pai e filha se abraçando foi o que precisava para o som de choro de Annette ecoar por aquele quarto.

“Minha filha, meu anjo... o que eu posso fazer para... para conseguir o seu perdão? Eu não sei se mereço, mas o quero, preciso dele para viver, você não sabe o quanto eu tenho sofrido por causa do meu erro...”

“Shhhh! Pai eu... eu... nunca deixei de te amar, nunca pensei em te perdoar pelo simples fato de que não é eu que devo perdoar, mas sim você que deve me perdoar... fui irresponsável, agi com o coração, não pensei em nada, apenas em mim e no meu amor... Pai... por favor...”

“Minha querida...” - John soltara-se dela e então a olhara nos olhos. - “diga para mim que eu não estraguei a sua vida e a de Evelyn... me diz...”

“Claro que não... Evelyn foi o fruto dessa briga pai.. Se eu não tivesse brigado com você, não teria me casado com Pablo e não teria tido minha filha...”

“Você sabe que isso é mentira... que Evelyn é filha de Sirius... e portanto eu separei Evelyn do pai que ela desconhece como tal...” - o homem suspirou cansado e então continuou antes que alguém o parasse.” - e você sabe o quanto sua filha é inteligente e cheia de idéias na cabeça. Ela vai perceber a semelhança e Sirius também...

“Pai... eu não escondi tudo isso por quase 16 anos por nada, eu não quero que isso aconteça... fiz um juramento para Pablo de que isso não aconteceria...”

“Mas eu não fiz esse juramento, nem sua mãe... e eu não vou deixar que você continue escondendo esse segredo dessas duas pessoas...”

“Como você mudou de idéia tão rápido!” - Agata perguntara perplexa e olhou de relance para sua mãe que tinha a mesma expressão, mas que no fundo concordava com o marido.

“Desde que eu vi Sirius analisando Evelyn e vice-versa. Seria bom se você contasse tudo antes que eles descubram e virem as costas para você...”

“Eu não quero pensar nisso agora... tenho um bebê dentro de mim e este merece muito mais consideração do que Evelyn e Sirius no momento... prometo que pensarei melhor nisso depois...”

“Tudo bem querida...” - Annette caminhara até ela e a ajeitara melhor nos travesseiros.- “voltaremos depois para falar com você...”

Depois de algum tempo Agata estava novamente sozinha e com seus pensamentos lhe atormentando cada vez mais...


Estava evitando de todas as formas seu encontro com Sirius, sendo que na noite passada havia simulado seu sono repentino e dissera que não queria receber ninguém, mas mesmo assim Sirius fora lhe ver nem que fosse apenas para guardar seu sono profundo. Aquilo fora agoniante, mas necessário. Sabia que faria ou falaria algo impróprio se visse Sirius, mas não poderia fugir dele para sempre, não até sair daquele hospital e isso estava um pouco longe de acontecer...
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Havia sido praticamente expulso da sala de espera e por sua própria filha, isso era um absurdo e tudo para que! Para ficar olhando para aquele idiota moreno e para ficar lhe perguntando sobre sua vida. Sobre tudo o que ela queria saber e, principalmente sobre a foto que ela achara no quarto de Agata. Mas isso não iria muito longe, iria chegar lá, arrancar Evelyn do lado daquele moreno e então leva-la sua filha para longe, ou melhor para outro mundo, só assim Sirius não a tiraria dele.

Precisava se acalmar, aquele ciúmes iria acabar lhe matando. Mas era melhor não dar chance ao azar...

Pegou o copo de água que Evelyn lhe pedira e então voltara, praticamente correndo, para a sala de espera para encontrar Evelyn mais perto de Sirius e este com os olhos brilhando, de que! Talvez ele fosse inteligente o suficiente para encaixar as peças daquele quebra-cabeça e então...

“Ahh papai... você foi rápido, mas que bom, estou com sede e só assim poderemos nós três conversar melhor.”

“Não, bem... eu estava pensando em te levar para casa ou para visitar os Granger, não quer? Tenho certeza de que Sirius não fugirá daqui...”

“Não mesmo...” - nisso Sirius sorriu e então aproveitou para alfinetar mais ainda Pablo. - “vou aproveitar para pôr a conversa em dia com Agata...”

“È... claro.. Por que não!” - o loiro dera um olhar curto, porém agressor para Sirius e então sem mais nem menos puxara Evelyn e a arrastara sob protestos para fora do hospital.

“O que você está fazendo? Embora eu seja uma adolescente ainda tenho meus direitos...”

“È mesmo? E direito para que? Ficar babando por um sujeito que você conheceu hoje? O que ele tem de tão interessante? Já esqueceu o seu namoradinho da escola?”

“O que é isso? Um ataque de ciúmes? Esqueceu que eu terminei com o meu ‘namoradinho’? E quanto a este sujeito, ele tem nome, se chama Sirius Black. É bonito sim e eu me encantei nele” - nisso a morena sorriu ao ver a cara de raiva do pai - “mas ele tem mais do dobro da minha idade e portanto, tem idade para ser o meu pai...”

“MAS NÃO É SEU PAI, POR QUE SEU PAI SOU EU!” - Pablo gritara expressando toda sua raiva e angústia que estava sentindo nos últimos dias.

“Pai eu sei disso... por que eu duvidaria? E afinal de contas por que essa implicância com o Sirius? Pensa que eu não vejo o jeito que vocês dois se tratam, ele pelo menos tenta esconder, mas você...” - Evelyn dissera olhando para os lados e notando que algumas pessoas das poucas que estavam naquela rua viravam para ver quem estava gritando.

“Isso não é assunto seu... é uma história antiga, nós nunca fomos amigos, sabe? Não é porque você quer que eu vou mudar de idéia...”

“Òtimo então.. Ótimo... se você não se importa eu adoraria ir agora...”

“Nem um pouco Evelyn!” - Pablo saiu andando rapidamente na frente de Evelyn e esta vendo que o pai estava realmente furioso resolveu não alcança-lo, mas andar mais atrás.

Pararam em frente a uma outra loja, que ficava a alguns metros do Hospital e então Pablo indicou para a morena entrar.

“O que é isso? Mais uma loja em reforma?”

“Não Eve... se você notar esta é uma loja de bruxos, porém disfarçada no mesmo estilo que o hospital, ou seja, “estamos em reforma por tempo indeterminado”. Só os trouxas não percebem isso, entendeu? Mas não é essa a questão... como você é menor de idade e não sabe aparatar, nessa loja você vai encontrar alguma lareira e então vai poder usa-la para ir até a casa dos Granger.”

“Tà... então nos encontramos la...” - Evelyn dissera e quando ia entrar na loja, Pablo a puxara novamente.

“Não... eu não vou ir... tenho alguns assuntos para tratar... preciso ligar para o hospital da Alemanha e pedir algum tempo de férias, já que não voltaremos muito cedo e também quero descançar um pouco, falar com seus avós, enfim... vá você e diga o que aconteceu a eles por mim...” - Pablo então abraçara Evelyn e a olhara nos olhos. - “querida... desculpa pela minha exaltação... entenda que eu estou nervoso e... que eu te amo muito!”

“Pai... Também te amo... você sabe que eu não levo algumas coisas que você diz em consideração...” - nisso ela sorriu e deu um beijo na testa de Pablo deixando-o aliviado. - “Te vejo mais tarde...”

“Não sei não... se eu conheço a Hermione, ela não vai deixar você sair de lá hoje... estava pensando em te mandar algumas coisas depois...”

“Tudo bem...” -Evelyn entrou na loja através de uma senha que seu pai lhe informara e então saíra a procura de alguém que pudesse lhe ajudar.

Depois de caminhar um longo corredor ela finalmente chegara a uma sala ampla com balcões onde recepcionistas atendiam aqueles que necessitavam de sugestões a qual andar seguir. Foi nesse momento que ela viu em uma placa o nome daquele lugar: ‘Centro de formação em medicina trouxa’.

“O que? Isso é uma escola...?” - a morena dissera espantada. E então uma mulher de seus trinta anos a olhara detrás de seu balcão.

“Gostaria de ajuda senhorita?”

“Ahhhh sim... mas antes você poderia me dizer o que é esse lugar?”

“Bem... como a placa diz” - nisso a mulher apontou para a placa que Evelyn lera antes - “essa é uma escola que profissionaliza o médico bruxo para atuar em medicina trouxa também... e também outros cursos extras para médicos bruxos que querem se atualizar em algumas áreas... você gostaria de olhar nossa oferta de cursos?”

“Não obrigada... na verdade eu queria saber se não tem alguma lareira que eu pudesse usar...”

“Lareira? Nós temos algumas, mas a mais perto é na sala dos professores que fica um andar a cima... Mas não seria mais fácil você apartar?”

“Bem... não tenho idade ainda... mas obrigada pela informação.”

“Estamos aqui para servir... é so seguir esse corredor e subir as escadas...”

“Ok...”

Evelyn sem muita pressa fizera o percurso indicado pela balconista e então fora parar em outro lugar amplo com várias portas que davam para salas de aula ou outras salas qualquer que Evelyn não sabia o que era. Ela olhou antentamente por todo o lugar até se deparar em uma porta onde estava escrito grande e em preto ‘Sala dos professores’.

A morena não sabendo se podia entrar ali ou não, batera na porta umas duas vezes, vendo que não respondiam ela abriu a porta com cuidado e adentrou o local fechando a porta atrás de si.

Era uma sala grande e retangular com uma mesa e várias cadeiras em torno no centro da sala. Havia estantes com livros de todos os tipos e idiomas espalhados pelas paredes. Haviam também quadros dos fundadores e diretores do centro assim como quadros de diplomas e certificados.

Tudo era muito sofisticado e bem arrumado. Isso ela pode ver com a elegância que a sala era arrumada e os livros eram postos nas estantes.

Ela olhou tudo aquilo com muita curiosidade, mas havia ainda algo que ela não havia encontrado, a lareira. Mas para sua surpresa e, talvez medo, alguém estava parado na frente da lareira e conversava com uma cabeça flutuante que estava dentro desta e que ao ver Evelyn sorrira simpaticamente.

“Olá querida... Em que podemos ser útil?” - a cabeça de cabelos negros dissera e o homem que conversava com a cabeça virara para fitar Evelyn.

“Evelyn! È esse o seu nome, né!” - o homem de cabelos grisalhos e roupa médica olhava Evelyn com curiosidade, mas ao mesmo tempo com um olhar terno no rosto.

“È... mas como o senhor sabe?” - Evelyn perguntara com um certo receio de ter entrado numa fria.

“Não fique preocupada querida...” - nesse momento a cabeça flutuante respondera novamente com um sorriso. - “Este aí é o Dr. Mar Kuhn e eu sou o Dr. Steffen Tessler!”

“Tessler!” - Evelyn perguntara espantada e com um sorriso abobado no rosto.

“Isso mesmo... somos médicos do Hospital St. Mungus e professores desse centro. Sabe que você me lembra alguém!”

“Claro que sim... Sr. Tessler... acho que somos, de certa forma, parentes...”

“Hm...?” - o homem de cabeça negra estava surpreso e curioso, esperava atentamente que a menina continuasse a sua história. Já o homem de cabelos grisalhos tinha os pensamentos muito longe, lembrando da primeira vez que vira aquela menina no hospital ao lado de Pablo. Ela era sim sobrinha-neta do homem que tinha apenas a cabeça naquela sala.

“Bem... minha mãe é da família Tessler, Agata Tessler... e ela está internada no hospital agora...”

“Agata Tessler...” - Steffen repetira o nome para si lembrando-se da menina que ele pegava no colo e brincava por horas a fio. - “sim... Agata é minha sobrinha, sou irmão do pai dela, ou melhor do seu vô. Portanto, sou seu tio-avô!”

Evelyn sorriu divertida, em menos de uma semana estava conhecendo muitos dos seus familiares que antes nem eram mencionados na sua casa na Alemanha.

“E quanto ao Dr. Max, é ele que está cuidando da sua mãe, sendo que ele já cuidou do seu pai quando criança, depois que ele ficara orfão... acho que seu pai lhe contou essa história ne?”

“Não... mas... acho que vamos ter muito tempo para nos falar de agora em diante...”

“Claro querida... será que eu posso lhe pedir um favor?”

“Qual!”

“Pode me chamar de tio?”

A morena sorriu, despertando Max também com aquele pedido.

Um tempo passara-se em silêncio, até que a cabeça da lareira resolvera ir embora.

“Preciso trabalhar... vejo vocês outro dia... até mais querida sobrinha!”

“Tchau tio...”

A cabeça desapareceu em um piscar de olhos deixando Evelyn e Max sozinhos na sala.

“Você quer alguma coisa Evelyn!”

“Eu queria usar a lareira, se eu não for incomodar, acho até que já incomodei...”

“Claro... você não é incomodo nenhum menina... me faz lembrar o tempo que seu pai morou comigo, tenho que confessar que eu tenho ele como um filho...”

“Ele nunca me contou isso...”

“E eu acho que ele não quer que outra pessoa conte, por isso ficarei calado quanto a isso, ok!”

“Ok!” - ela sorriu e se encaminhou até a lareira tirando de dentro do bolso do casaco um saquinho contendo o pó de flú. - “obrigado por tudo e adorei conhecer vocês... espero que algum dia você ou meu pai me contem essa história, pois vai ser magnífico saber que você pode ter sido algum... parente!”

“Também gostei de você... mas acho que vamos nos ver mais vezes... afinal estou cuidando de sua mãe e de seu irmão!”

“È... te vejo outro dia então...” - ao dizer isso Evelyn sorriu e entrou dentro da lareira desaparecendo logo em seguida ao dizer ‘Casa dos Granger!’.

Max sorrira e então sentara-se numa das cadeiras que estava em volta da mesa retangular. Adoraria saber porque Pablo não contava sua história para a filha, podia até imaginar o porquê, mas ao mesmo tempo se sentia um pouco excluído, pois afinal de contas ele fora como um pai para Pablo, pai que deu todo seu amor e compreensão nas horas difíceis e nas escolhas da vida. Pablo ficara orfão de pai e mãe em plena adolescência, hora que uma pessoas mais necessita de conselhos, e Max, como era casado e não possuía filhos, adorou a idéia de se dedicar a vida de mais uma pessoa, mesmo essa pessoa sendo quase um adulto e dono de uma grande fortuna, que fora a separação definitiva de Max e Pablo.

Aquela história era bonita e triste ao mesmo tempo, e tristeza não era o que o médico queria naquele momento. Era hora de salvar e ensinar vidas...
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Segurava a caixa vermelha de bonbons com muito cuidado em uma das mãos e com a outra abria a porta sem o menor ruído. Não queria que Agata fingisse dormir novamente, queria encontra-la acordada e disposta a conversar sobre tudo, principalmente sobre suas vidas, e suas dúvidas que lhe martelavam a mente e o coração.

Ao abrir a porta deparou-se com Agata sentada na cama, encostada em diversos travesseiros e olhando fixamente para uma foto em sua mão. Ao ver Sirius, a morena tratou logo de esconder a fotografia e colocar um sorriso surpreso no rosto. Não era bem isso que Sirius queria, mas pelo menos a morena não fingiu dormir.

“Oi Black...”

“Você está melhor?” -Sirius perguntou pegando uma cadeira e colocando perto da cama para sentar-se.

“Sim... me disseram que você veio me visitar, mas que eu estava dormindo...”

“È... mas... consegui ver o quanto você continua bonita, principalmente com a gravidez.”

Agata sorriu constrangida e então apontou para o pacote nas mão de Sirius: - “o que é isso!”

“Ahhh... isso é para você... não sabia o que te trazer... e então pensei que você podia estar cansada da comida do hospital, sei que não é muito boa... por isso trouxe algo docinho para adoçar sua vida...” - nisso ele sorriu e entregou o pacote a Agata que tratou logo de abrir e comer alguns.

“São muitos gostosos... mas não foi só por isso que você veio aqui...”

“È... sim e não... queria te dar alguma coisa de presente e também conversar com você... desde o dia em que você foi seqüestrada eu não parei de pensar em você Agata... fiquei muito preocupado...”

“Você não precisava ficar aqui se preocupando... tenho uma família que me ama e que me cuida...”

“Eu sei disso... sei muito bem disso... mas EU me importo com você... não estou aqui por você... mas por mim... preciso ver você feliz para colocar de vez na minha cabeça que você não me ama mais, que sou parte do seu passado que não volta mais... não queria tocar nesse assunto, mas eu preciso saber isso Agata... preciso saber se sua vida está perfeita se Pablo e você se amam... me diga isso que nunca mais irei te incomodar e te dar sinal de vida...”

“Mas eu não quero isso Sirius!” - Agata dissera rapidamente e então corou um pouco. Não era muito de deixar seus sentimentos se mostrarem, era reservada e não era naquele momento que iria mudar. - “Você acima de tudo é meu amigo... é... meu passado sim... e eu não sou de esquecer os momentos bons... mesmo eles nunca mais voltando... Sirius não quero que saia da minha vida, quero apenas que não fale mais sobre o nosso passado, sobre o amor que vivemos... tenho um marido e uma filha para honrar... não quero que eles se decepcionem comigo... e acho também que você tem sua vida pela frente e não vai querer coloca-la nas mãos de uma mulher qualquer...”

Sirius abaixara a cabeça pensativamente. Agata tinha razão. Ele não devia falar sobre aquilo, não devia falar sobre o que ainda sente. Aquela mulher não lhe pertencia mais, era de outro e ele teria que se conformar com aquilo... mas ainda tinha dúvidas, tinha verdades que precisava escutar... mas... aquele não era o momento de fazer aquelas perguntas...

Era preciso mais algum tempo para pesquisar tudo... sobre tudo que estava lhe afligindo... sobre a menina dos olhos azuis, os seus olhos, dos cabelos negros, seus cabelos... tudo naquela menina se parecia com ele e... com Agata! Queria tanto que aquela dúvida fosse uma mentira, pois assim fugiria da vida de Agata, mas se não fosse, teria todas as chances para reconquistar Agata... se Evelyn for mesmo sua filha, Agata voltará para seus braços, disso Sirius tinha certeza, só precisava ter coragem para confirmar aquela história de tantos anos...

Olhara para Agata que sorria para ele, era um sorriso fraco, porém amigável demais para ser forçado. Nisso Sirius sorriu também e pegou uma das mãos de Agata envolvendo-a com as suas.

“Não falaremos mais do passado... pode ter certeza... o que eu quero é viver o futuro com você! È claro se você permitir...”

“Você sempre vai ser o meu amigo... isso eu prometi a você no nosso segundo ano em Hogwarts lembra?”

“-Lembro... eu fiquei vermelho.. Acho que foi a única vez que me fizera envermelhar... foi o assunto da semana... mas eu tinha apenas 12 anos, ou seja, uma criança. E os meninos dessa idade são tímidos, principalmente quando estão ao lado da garota que gosta, da primeira garota que gosta...”

“Deixa de ser mentiroso Sirius! Você sempre fica vermelho na minha frente... e com outras alterações que eu não preciso dizer agora ne!” - Agata sorrira ainda mais vendo que Sirius ganhara alguns tons vermelho no rosto, mas tentava de todas as maneiras esconder...

“Hahaha! Isso não é engraçado ok! Mas se você acha... vai achar engraçado também lembrar do dia do seu primeiro beijo... e é claro que comigo! Lembra o pimentão que você ficou? Ou eu devo falar sobre a sua saída estratégica depois do beijo!”

“Isso não vale Sirius! Você sabe muito bem por que eu saí correndo...”

“Porque ficou envergonhada, tanto que não olhou na minha cara por duas semanas...”

“Não é verdade... saí correndo por que os seu amiguinhos apareceram bem na hora... e eu não queria demonstrar que também havia gostado do seu beijo...” - essas últimas palavras ela dissera baixo e com um pouco de receio, pois estava tão concentrada na conversa com Sirius que não notara que seu marido estava no quarto e os olhava seriamente. Agata retirara sua mão dentre as de Sirius e então sorrira para o esposo.

“Oi querido... está muito tempo aí?”

“Não... como a porta estava entre- aberta eu decidi entrar e participar da conversa, mas acho que as lembranças de vocês foram mais emocionantes do que a minha presença, desculpe se eu atrapalhei...”

“Você não atrapalhou Pablo!” - Sirius dissera levantando-se da cadeira e caminhando em direção a porta. - “Já estava de saída... quanto as lembranças... não fique preocupado... elas são apenas boas recordações que não voltam mais, mas que ficam gravadas no pensamento e algumas no coração para sempre... mas pode ter certeza de que elas não atrapalham em nada o presente e principalmente o futuro, e isso Agata me explicou... tão bem que eu acreditei e decidi seguir o conselho!” - Sirius abriu a porta e quando ia saindo falou o que ainda restava - “Vou seguir o conselho plenamente, mas se eu descobrir algo que foi escondido de mim farei o impossível para não seguí-lo e pode ter certeza que eu trarei o passado de volta, e modificarei o futuro!” - a porta fechou-se sem o menor ruído deixando Pablo curioso e ao mesmo tempo se entender nada do que Sirius dissera.

Agata, porém, havia entendido metade do que o moreno dissera, mas as últimas palavras soaram como ameaça e isso a deixara preocupada, pois ela havia escondido algo extremamente importante de Sirius e se ele ficasse sabendo seria capaz de fazer tudo o que disse que faria... e isso ela não suportaria.

“Você está bem Agata! Parece pálida...”

“Estou ótima... só com um pouco de enjôo... mas daqui a pouco vai passar...”

“Vai sim querida, é so você descançar mais um pouco...”

“Mas eu já estou cansada de descançar... quando que eu saio daqui?”

“Mais uns dois ou três dias, Max me dissera que sua gravidez está se estabilizando e você não corre mais risco de abortar... mas como você vai fechar dois meses de gravidez essa semana pelos seus calculos, ele acha melhor ficar no hospital, pois sempre nessas viradas de meses ocorre alguma alteração, às vezes significativa e outras sem menor importância...”

“Tudo bem... já que é assim... E Eve onde está?”

“Ela foi visitar os Granger... acho que volta amanhã... ela precisa ficar um pouco com a amiga e será bom passar a noite um pouco longe dessa confusão, e quem melhor para fazer isso do que a filha dos Granger, Hermione?”

“È mesmo... mas trocando de assunto, você bem que podia ficar um pouco aqui comigo ne?”

“Com muito prazer!”

Pablo sentara-se onde antes Sirius estava e se encostara mais na cama para poder abraçar Agata. O loiro colocara o ouvido delicadamente sobre a barriga de Agata e ficara assim por algum tempo tentando ouvir alguma coisa, nem que fosse apenas a respiração de Agata. A morena sorrira com o gesto e começara a acariciar os cabelos de Pablo.

Aquela cena deixou Agata mais calma e sem vestígios de preocupações, apenas com a vontade de sair daquele hospital e voltar a sua vida normal...
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Estava esperando pelos donos da casa mais de meia hora quando ouvira a chave girar na fechadura e vozes ecoarem pelo hall de entrada. Uma ela pôde distinguir muito bem, Hermione falava agitadamente com a mãe pelo tanto de sacolas que estavam segurando. Ao avistarem a visitante sorriram surpresas e então após Hermione soltar as coisas correra para abraçar a amiga de tantos anos.

“Ahhh Eve que saudade... que surpresa te ver aqui...”

“Também estava com saudades... desculpe invadir a casa de vocês... mas como vocês não estavam decidi esperar.”

“Não se preocupe... e seus pais como vão! Pensei que eles viriam juntos dessa vez.”

“Foi o que tinhamos combinado, que nas férias saíriamos os três juntos mas... aconteceram coisas que mudaram nossos planos...”

“Hm... antes de você me contar... por que não comemos algo e depois subimos para o meu quarto. Lá conversaremos melhor... e eu preciso guardar esses livros e esses presentes... o aniversário do Harry já está chegando e eu decidi comprar o presente dele antecipadamente esse ano...”

“Harry...!”

“Esqueceu que ele estuda comigo Eve!”

“Ahhh sim... não consigo me acostumar sabe! Todos na minha escola sonham por conhecer o famoso Potter que derrotou o Lord, e querem conhecer os dois amigos dele também sabia? Me sinto privilegiada por ser sua amiga!”

“Não exagere...” - tons vermelhos surgiram na face de Hermione, mas logo foram desaparecendo. - “não faço questão de lembrar disso... estou preocupada em me formar, esse será meu último ano em Hogwarts e eu preciso me dedicar mais...”

“Mais ainda?”

“Sim... nesse último ano eu fiquei muito envolvida com a guerra, acabei esquecendo que tinha namorado e provas finais para fazer... mas graças a Merlim eu fui bem nas provas e o Rony não levou muito em consideração a minha falta de amorosidade para com ele...”

“Isso prova que ele te ama...”

“È...” - Hermione sorrira divertida e então pegara novamente as sacolas para guarda-las - “mas chega de falar de mim, vamos falar sobre você e o que aconteceu para seus planos não darem certo! Você parece preocupada...”

“Mas não estou... tudo já está resolvido e dentro de poucos dias vou poder, finalmente realizar meu sonho de viajar com os meus pais... pelo menos é isso o que eu quero...mas...”

“Eve... eu estou curiosa!” - Hermione dissera franzindo o cenho.

“Ahhh desculpe... bem... tudo começou...”

Hermione escutava tudo atenciosamente e em silêncio, a não ser pelas vezes que ela exclamava ‘oh’ ou ‘não é possível’. Assim que Evelyn terminara de contar sua história, Hermione a abraçara fortemente.

“Você deve estar precisando de um bom descanso amiga! Pensei que todo o sufoco da guerra houvesse passado, mas não me lembrei que Pettigrew ainda estava fugindo, mas acho que agora sim tudo ficara bem...”

“Eu espero... agora que minha mãe precisa de descanço... não quero que nada de mal ocorra a ela e ao bebê...”

“Pode ter certeza de que tudo ocorrera bem... Agora você não quer me ajudar a arrumar esse livros no meu quarto!”

“Tudo bem... só se você me contar mais sobre Hogwarts...”

“Por que!”

“Pura curiosidade, apenas isso...”

Evelyn sorrira brilhantemente fazendo com que Hermione entendesse menos ainda aquela garota que a cada dia se transformava na versão feminina de seu pai, Sirius Black.

Continua...

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