A Aparatação
Harry não mudara nada, continuava alto, meio magricela, seus ardentes olhos azuis reluziam cada vez mais com os últimos raios do sol, seus cabelos bem pretos e rebeldes que nunca abaixavam, e sua fina cicatriz, que ardia sempre que Harry pensava Naquele-que-não-deve-ser-nomeado.
Seu quarto sim sofreu uma mudança radical. Além de seu armário encostado na parede perto da porta, sua mesinha-de-cabeceira, que costumava ficar ao lado se sua cama, e sua cama que ficava no centro de seu quarto, muita coisa mudou.
A começar por mais duas camas que foram exprimidas dentro de seu quarto, mais dois malões, com o emblema de Hogwarts na tampa e duas gaiolas, uma quadrada, e outra alta e cilíndrica. E o principal, mais duas pessoal estavam morando sobre o mesmo teto dele. Duas pessoas, de quem Harry mais gostava no mundo, Rony Weasley e Hermione Granger.
Rony e Hermione prometeram a Harry que ele não ficaria mais sozinho. Foi muito difícil fazer com que os Dursley aceitassem essas duas “aberrações”, como o Tio Valter sempre dizia, em viver com Harry.
–Não, eu não vou aceitar isso. Já basta você, e agora vem querendo colocar mais essa duas... “Aberrações”- Tio Valter enfatizou tanto essa ultima palavra, que ela foi pronunciada praticamente falhando – dentro de casa?
– Olha só como você fala dos meus amigos – interviu Harry o mais rápido que pode. – Nenhum deles são, como o senhor disse mesmo...ah... “Aberração”, eles são pessoas normais, como eu, ou como você.
Os Dursley somente aceitaram a permanência de Rony e Hermione, quando Olho-Tonto Moody apareceu e praticamente fez com que os Dursley os aceitassem. Harry, Rony e Hermione praticamente não saiam do quarto para nada. Então os Dursley não tinham do que reclamar.
Tia Petúnia vivia com medo de Hermione, depois que ela recuperou sua taça de cristal que havia se espatifado no chão da cozinha, quando a garota estava indo em direção ao banheiro. Mas Hermione sempre tentava fazer contato com os três Dursley, sem sucesso.
Mas o pior momento nessa nova vida na Rua dos Alfeneiros se deu no dia seguinte em que os Dursley foram obrigados a aceitarem Rony e Hermione. Rony havia voltado ao quarto de Harry após tomar um banho. Estava apenas com uma toalha enrolada na cintura, e começava a mexer em seu malão. Hermione, que estava em sua cama quando viu Rony apenas de toalha quase entrou em desespero.
- Ah Rony, por favor... – disse Hermione tampando os olhos – Você não vê que eu estou aqui?
- Ah Hermione, se você está incomodada vire de costas até eu me trocar. – e olhando Harry pela primeira vez – Cara, você viu a minha cueca com verde e laranja?
Hermione ao ouvir isso ficou completamente desnorteada, e saiu em direção á porta do quarto e saiu.
Rony nem ligou, recomeçava a mexer nas suas coisas. Harry reparou que Rony estava segurando a cueca que queria em sua mão esquerda.
- Hã... Rony... a cueca... está na sua mão.
Rony olhou e deu uma risadinha.
- Harry eu preciso bater um papo com você, será que pode ser agora? – Rony parecia ligeiramente corado.
- Claro. Aconteceu alguma coisa? Os meus tios te maltrataram?
- Hã... não, é que... sabe aquela coisa que sai água no banheiro? Aquela que a gente entra debaixo pra tomar banho... como é o nome mesmo... – Rony falava enquanto se trocava, e parecia muito enrolado.
- Chuveiro, Rony? – interviu Harry.
- É, chuveiro... bem, eu estava tomando banho, e de repente a água começou a esquentar, e eu... – Rony olhou pra Harry que parecia curioso pra saber o que tinha acontecido.
- Rony, o que foi que você fez com o chuveiro?- perguntou Harry, mas já imaginando o que poderia ser.
Rony era completamente bruxo, vindo de uma família completamente de puro sangue. Então era obvio que ele não sabia usar um chuveiro, já que os bruxos usavam banheiras para se banharem.
- Bem Harry, eu não tive culpa, a água esquentou e eu fiquei apavorado. – Harry neste instante começou a soltar uma gargalhada da inocência de Rony. – Hei, para com isso Harry, eu to falando sério. - Vendo que Harry se aquietou, mas ainda soltando algumas risadas, ele continuou. – Bem, a água esquentou e eu... estuporei o chuveiro.
Harry não agüentava mais segurar a risada, e gargalhou ao saber que Rony havia estuporado o chuveiro. Rony que já havia completado dezessete anos podia fazer magia fora dos portões de Hogwarts.
- Rony... eu não acredito... que você... fez isso...- disse Harry entre risadas. – Rony o chuveiro esquenta mesmo, é natural.
- Mas Harry, não tinha fogo pra aquecer a água, e então eu entrei em desespero. E agora? O que vai acontecer?
- Bom, vamos ter que contar aos meus tios que o chuveiro deles foi quebrado e...
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH...
- O que foi isso?
O grito vinha do corredor, e parecia que um dos Dursley havia descoberto da pior maneira que o chuveiro havia sido destruído.
Hermione entrou correndo no quarto
- Harry, seu primo levou um tremendo choque quando foi tomar banho, é melhor você ir lá.
- Ir lá? Pra que Hermione, foi só um choque e Duda... bem ele é bem “fortinho” não acha?
- Bem, mas por que ele levou um choque ao abrir o chuveiro? É isso que eu não entendo... – concluiu Hermione.
Harry e Rony esse entreolharam.
- Bem, Rony estuporou o chuveiro e ... deu no que deu ...- disse Harry.
- POTTER....................................................
Tio Valter gritou tão alto que Hermione até tampara os ouvidos.
- Harry é melhor irmos. – disse decidida Hermione.
Os três saíram do quarto e foram até o banheiro. Chegando á porta, viram Duda apenas com uma toalha enrolada ao corpo, Hermione levou as mão aos olhos. Ele estava exprimido entre o vaso sanitário e a pia, sendo abraçado por Tia Petúnia.
Tio Valter estava olhando o chuveiro quando notou a presença deles.
- O que aconteceu ao meu filho? – Disse tio Valter com os dentes cerrados.
Duda olhava assustado para Rony, talvez o garoto tivesse medo dele.
- Rony estuporou o chuveiro, mas foi sem querer. - colocou Harry rapidamente, antes que o tio perguntasse o que era “estuporar”.
- Você tem noção que poderia ferir gravemente o Dudoquinha aqui? – grunhiu tio Valter.
Rony e Hermione, que ainda estava com as mãos nos olhos e Harry, não agüentaram e riram ao ouvir tio Valter se referir á Duda como “Dudoquinha”.
- Do que é que vocês estão rindo? - Quem é que vai pagar o conserto desse chuveiro agora? Eu é que...
- Eu conserto – disse Hermione antes que Tio Valter pudesse terminar a frase.
Tio Valter olhou desconfiado para Hermione.
- Por acaso na escola onde as “aberrações” estudam, também ensinam a consertar chuveiro, é menina?
- Eu já pedi ao senhor para parar de nos chamar de “aberrações”. – gritou Harry o mais que pode.
- Olha como você fala comigo garoto – gritou tio Valter em resposta.
- Eu falo do jeito que eu quiser. – grunhiu Harry.
- Harry... – sussurrou Hermione em seu ouvido – Não grita com o seu tio.
- Não tem como não gritar com ele Hermione – disse Harry em voz alta, olhando fixamente para seu tio – Você não sabe com é que eu fui tratado aqui durante esses quase dezessete anos. Pra mim chega, eu não vou suportar mais isso.
Harry, dando as costas ao tio, correu até seu quarto, acompanhado de Rony, Hermione ficou para arrumar o chuveiro com a ajuda da magia, e começou a arrumar suas coisas.
- Harry... hã... o que é que você está fazendo?- perguntou Rony que estava muito espantado com a cena que acabara de ver no banheiro.
- Estou arrumando as minhas coisas Rony, e você e Hermione também tem que arrumar as suas, vamos sair daqui a pouco. - disse Harry, jogando de qualquer jeito seus livros se feitiços no malão.
Hermione acabara de entra no quarto, e juntamente como Rony, ficou espantada vendo Harry arrumar o malão.
- Harry aonde você vai? – perguntou ela.
- Aonde eu vou não Hermione, aonde nós vamos. Vamos partir daqui a pouco pra outro lugar. Eu não vou ficar aqui nem mais um instante. – disse Harry em resposta, pegando a gaiola em que Edwiges estava e colocando em cima de seu malão recém fechado.
- E pra onde nós vamos então? – perguntou Rony que começara a arrumar suas coisas também.
Harry havia acabado de arrumar suas coisas e se virou para encarar Rony e Hermione de frente.
- Olham me desculpem mais eu não vou suportar ficar aqui e ver meus tios ofenderem vocês. – disse Harry calmamente. – Nós vamos nos mudar. Vamos para a minha casa.
- Sua casa? – perguntaram Rony e Hermione juntos.
- Sim, minha casa. Esqueceram-se que agora a casa no Largo Grimauld 12 pertence a mim ? – disse Harry sorrindo. - É isso ai, nós vamos pra lá.
Rony e Hermione se entreolharam por um instante, depois começaram a arrumar suas coisas.
- Harry... hã, como vamos chegar até lá? De vassouras? – perguntou meio confusa Hermione.
- Pensei que você já sabia como iríamos chegar lá Hermione. Vamos Aparatando. – concluiu Harry, que observava os recém espantados com essa noticia.
- Como assim aparatando Harry? – perguntou Rony que era o mais confuso dos dois. – a Hermione é a única que possui licença para aparatar... ah não ser que...
Hermione olhou assustada para Rony que acabara de se juntar com Harry. O garoto fez um sinal positivo com a cabeça e Hermione começou a se explicar.
- Vocês dois piraram? Vocês acham que eu vou conseguir aparatar levando os dois comigo? – Harry sabia que Hermione seria capaz de fazer isso, mas mesmo assim ele deixou que a garota prosseguisse com as suas explicações. – Harry isso é maior loucura que eu já vi na minha vida, claro, depois de tentar cuidar de um gigante, mas e se eu deixar a metade de vocês aqui? O que vai acontecer?
Harry e Rony estavam dando risinhos da atitude de Hermione. Era óbvio que a garota poderia levar os dois em um piscar de olhos até o Largo Grimauld.
- Hermione, até parece que você não sabe aparatar. Você é a melhor nisso, foi a primeira que consegui aparatar naquele curso dos “três D’s”. – lembrou Rony, que fora reprovado em seu exame de aparatação.
- Bem, se vocês querem correr os perigos, tudo bem. – concluiu Hermione que parecia ligeiramente corada com o elogio de Rony.
- Bom, então vamos? – disse enfim Harry.
- Vamos. – disseram Rony e Hermione juntos.
Harry e Rony se colocaram um de cada lado de Hermione e seguraram em seus ombros.
- Quando eu disser três... – disse Hermione – um... – Rony segurou com mais força o ombro esquerdo de Hermione. – dois... – Harry fechou os olhos e apertou com mais força a sua varinha que segurava na mão esquerda. – três... – agora estava na hora, uma nova vida iria começar.
Harry sentiu a familiar sensação horrível de viajar aparatando.
- Harry? Rony? Vocês estão bem? – Harry ouviu Hermione dizer, parecia que a voz da garota estava muito acima da cabeça dele.
- Estou Hermione, e você Rony? – Harry havia caído no chão, e Rony estava levantando-se também.
- Estou cara, pelo menos eu acho. – disse Rony se olhando com um olhar critico, vendo se Hermione não deixara nenhum pedaço seu para trás.
Harry não acreditou, estava de volta. Os três estavam em cima da grama de uma pequena praça, bem à frente da casa de numero doze, ou onde deveria estar a casa de numero doze.
- Harry... por que a casa não esta aparecendo? Nós podíamos ver a casa, Dumbledore nos contou onde ficava a sede da Ordem da Fênix... – Hermione parecia ligeiramente confusa – Mas Dumbledore... bem... se foi, e ... era pra casa se revelar a qualquer um agora.
Harry também sabia disso. Estava muito confuso, o que será que teria acontecido com a casa, será que ela havia desaparecido também?
Feito uma chuva, com gotas bem grosas e de diferentes cores, várias corujas começaram a pousar em frente aos garotos. Hermione até se escondeu atrás de Harry quando uma linda coruja havia pousado em sua cabeça.
- O que será que esta acontecendo? – Perguntou Harry, e como se a coruja que estava vindo em sua direção estivesse esperando por essa pergunta, deixou cair um pequeno bilhete e um pesado objeto em suas mãos.
- O que é isso, cara? – perguntou Rony apavorado.
Harry abriu o bilhete, enquanto segurava o familiar objeto em sua mão.
“Use-o agora!”
- Como assim... - exclamou Harry após ler o aviso.
Hermione que havia lido o bilhete atrás do ombro de Harry pegou o objeto de suas mãos e o mais depressa que pode, apontou para um poste onde a luz foi apagada como instantaneamente.
Harry ficou chocado com a rapidez de Hermione apontar o apagueiro para as luzes da rua. Faltava apenas uma luz, no finzinho da rua que Hermione ainda não havia apagado, e com um movimente rápido e preciso, a rua inteira ficou na mais completa escuridão.
- Lumus. – sussurrou a garota apontando a varinha para um Harry e um Rony que pareciam abobados. – Rápido Harry, sacode o pergaminho.
- Quê Hermione... Ficou malu... – mas o fim de sua frase ficou perdido no ar, quando Hermione arrancou o pedaço de pergaminho onde se lia “Use-o agora” e sacudiu no ar.
A garota apontou a varinha para o pergaminho e a mensagem que aparecia agora era outra.
“Podem entrar, sem fazer barulho.”
Harry e Rony olhavam espantados para o pergaminho que Hermione segurava na mão, como podia uma mensagem dar origem a outra?
- Anda, ou vocês querem ficar aí? – disse Hermione sorrindo, iluminando os garotos enquanto os mesmos pegavam suas coisas. – Ah Rony, acenda a sua varinha também.
Assim, os três saíram da pracinha em que estavam abrindo caminho entre as corujas que os seguiam, até o outro lado da rua, onde encontraram a porta para a entrada da casa.
Entraram, sem fazer barulho, como estava escrito no bilhete. Lá dentro era uma escuridão só. Hermione sussurrou.
- Acendum.
E todas as velas se acenderam sozinhas. Agora Harry podia ver. Mas a ordem de não fazer barulho foi quebrada, pois Rony esquecera a porta aberta, e todas as corujas entraram voado a piando alto.
- Shhhhhhhh... – fazia Rony para as corjas com o dedo indicador nos lábios, mas foi em vão.
As corujas não pararam de piar e bater as assas, o que dava uma certa sensação de frio, com o vento produzido por elas.
- Silencio – sussurrou Hermione, e as corujas, mesmo abrindo os bicos, não soltavam som algum.
Os três notaram que a Mui Antiga Casa dos Black estava muito diferente do que o habitual.
Estava muito limpa, a tapeçaria com a arvore genealógica havia desaparecido, agora era possível ver os papéis de parede, que antes era coberto por tanto pó que se tornava impossível de se ver. Harry podia jurar que não era a casa que antes fora a sede da Ordem da Fênix, se não fosse por um quadro coberto por uma cortina que escondia a ‘gentil’ mãe de Sirius que estava berrava insultos todas as vezes que era acordada, e pela escada, onde havia varias cabeças decepadas dos antigos elfos domésticos da família. Os três subiram as escadas e foram até os quartos, guardar suas coisas. Rony e Harry ficaram no mesmo quarto onde ficaram das ultimas vezes que visitaram a casa, e Hermione, no quarto que dividira com Gina.
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