Imprevistos
Os meses de férias pareciam voar , pois passaram muito rápidos. A Sede da Ordem da Fênix pareceu endoidar de uma hora para outra, ela praticamente se trancara e conseqüentemente, todos que a ocupavam deviam deixa-la. Os Weasley, Tonks e Lupin. Parecia algum feitiço da família Black. Os Weasley voltaram para A Toca, Tonks tinha seu próprio apartamento numa rua trouxa de Londres e Lupin teve que voltar para a hospedaria que sempre ficava antes de se mudar para o Largo Grimmauld.
Quando todos já estavam com as malas nas mãos e prontos, Dumbledore os reuniu na cozinha e disse lentamente:
- Mesmo que a sede da Ordem tenha que mudar devemos continuar fazendo nossas atividades do mesmo jeito , pelo menos por enquanto, ate que encontremos outro lugar para as reuniões.Entrarei em contato com vocês qualquer coisa.
Ao terminar todos saíram sem dizer uma palavra, apenas carregando seus pertences. Todos menos Tonks. Ela ficou observando cada detalhe da cozinha. Lupin a fitou por alguns momentos em silencio, enquanto as pessoas iam na sua frente, até que ela falou quando finalmente ficaram sozinhos:
- Esse lugar vai me deixar algumas recordações.
- Em mim também.
- Quebrei vários copos aqui – apontando para a pia seca- derrubei aquela perna de trasgo no corredor, fiz um monte de estragos neste lugar, sem falar que aqui minha mãe cresceu.
- Mas vamos voltar ainda.Todos acham essa mansão...hum...é...confortável quando está bem limpa. Lembro que o Sirius ..
Mas parou de falar, o tempo ainda não havia apagado totalmente a lembrança de seu amigo.
- Não Remo, não fique assim, devemos deixar o passado para trás e aproveitar o presente enquanto podemos- Tonks tentava consola-lo de qualquer maneira, lhe doía vê-lo sofrer- Olha tive uma idéia , que tal tomarmos um sorvete juntos hoje?
- Mas e o seu trab..
- Eu não trabalho de sábado, bobinho- disse ela rindo-se.
- Não tenho....
- Dinheiro? Isso não é problema e não me olhe com essa cara. Não faz nenhum mal uma mulher pagar um sorvete.Vamos, não quero mais discussões.Vamos deixar nossas coisas aqui.
- Não sei se devo Ninfa.
- Chega.Vamos logo, senão fica tarde- olhando em seu relógio que estava quase caindo do pulso- Que raiva desse relógio, depois eu concerto a pulseira dele..Bem...
voltando ao assunto...agora é verão e está um dia muito quente.A Florean Fortescue deve estar cheia.
E estava. A famosa sorveteria do Beco Diagonal estava com uma considerável clientela para a situação de guerra entre os bruxos. Parecia que ninguém tinha medo de ser atacado ali, pois havia muita gente.
Lupin escolheu o sabor de menta e Tonks o de chiclete, ambos sorvete de casquinha, juntos se sentaram numa mesa na calçada, onde era um dos poucos lugares que tinha sombra. Conversaram sobre Harry, o Ministério, mas sempre com muito cuidado de não estarem sendo espionados.
- Eu disse para Scrimgeour que meu trabalho está maior e mais cansativo agora com essa obsessão de segurança e ele não está nem aí- contou Tonks lambendo seu refrescante sorvete, que derretia em sua mão, e olhando para seu acompanhante- Tive que pedir para Dawlish me ajudar senão ia ficar louca, mais do que já sou.Olha que coruja preta legal ali.
- Ultimamente vocês estão muito próximos- comentou Lupin sem dar importância à coruja que acabara de voar- Estão namorando?- mas reparou que não devia ter feito essa pergunta e aparentemente ela também percebeu seu pensamento- Desculpe.
- Imagina, não precisa se preocupar.O problema é que estamos no mesmo departamento por enquanto e então estamos trabalhando juntos mas não namoramos não - “será que ele está com ciúme?”-pensou.
Remo sentiu um alívio por dentro, não sabia o que acontecia com ele.Não, sabia sim. Nos últimos tempos pensava demais em Ninfadora e até tinha pensamentos impróprios em relação a ela. Sempre estava ali para ajuda-lo, consola-lo e sentia prazer em te-la ao seu lado. Nenhuma mulher o tratava como ela. Tinha se encantado com seu jeito às
vezes tímido, carismático e desastrado também. Porem não era só encantamento. Não poderia estar sentindo.. amor. Claro que não.Só sentia atração por ela e carinho, mas não amor.
- Em que pensa Remo?- interrompeu Tonks seus pensamentos.
- Nada, apenas pensava em .....nós.
A bruxa engoliu em seco. O que ele devia estar pensando? Será que...não , isso era impossível. Ele não a amava, não poderia. Como alguém como ele podia se interessar por alguém idiota como ela. Não , definitivamente não podia se iludir, pois ela sentia um grande interesse por ele. Não se importava dele ser mais velho, nem dele ser pobre, nem de ser um semi-humano, mas ao seu lado sentia-se de um jeito inexplicável.
- Como assim?
- Você é maravilhosa Tonks e estou completamente agradecido pela sua ajuda em tudo.
- Francamente Lupin, faço tudo com o maior gosto.
Os olhos dele faiscaram de alegria quando encararam os dela. O que ela sentia por ele?
- Eu quero te dizer algo, Lupin.
- Remo, por favor.
- Certo, bem, não sei por onde começar ...
Mas o momento foi interrompido. Várias pessoas estavam correndo em todas as direções, quando o casal viu o lobisomem Greyback junto com quatro Comensais da Morte que ambos não reconheciam, mas que também pareciam ser da mesma espécie mágica.Avançavam pelo Beco Diagonal derrubando tudo o que viam pela frente. Com o alvoroço, alguém empurrou Lupin, que estava levantado, fazendo-o cair e bater a cabeça na mesa, ficando inconsciente.
- REMO!!! –Tonks berrou, levantando-se também da cadeira e empunhando sua varinha.
Sem saber como, sua varinha saiu de sua mão e escorregou pela calçada, porem alguém a puxou pelo pescoço e levou-a para dentro da sorveteria,que não havia ninguém
quase.Tonks viu quem era seu salvador e levou um susto.Era Snape.
- Você ? Porque voc..
- Agora não, Ninfadora.
- Não me chame d..
- Shhh......quieta- disse tampando os lábios da moça com sua mão, se aproximando mais dela.
Alguns minutos mais tarde tudo pareceu que se acalmou. Snape destampou sua boca e
falou para ela:
- Parece que o problema já foi solucionado. O Ministério já deve ter cuidado deles.
- EU sou do Ministério!Eu devia ter enfrentado eles, mas você me impediu.
- Como você esperava enfrentar cinco lobisomens sem uma varinha?
- Eles não estavam transformados! Podia ter feito algo.
- Não desarmada, eles são meio-bruxos também, lembra?
Tonks refletiu. Talvez teria sido idiotice da parte dela discutir com Snape algo óbvio. Ela murmurou um “obrigada”. Ele, por sua vez, agarrou sua mão e levou-a até seu peito, segurando-a fortemente.
- Cuidado com o que faz Tonks, não quero perder você.
Nesse instante, Lupin chegou com uma mão na cabeça. Parou ao ver os dois naquele momento: Snape segurando uma de suas mãos delicadas no seu peito e ambos estavam se olhando profundamente nos olhos. Com o susto, Tonks desviou o olhar para Lupin.Como pôde esquecê-lo lá? O que ele deve estar pensando dela assim junto com Snape? Imediatamente, se soltou de Snape e foi até ele.
- Remo, como você está?
- Bem, com uma dor de cabeça- disse lhe dando um sorriso forçado e olhou para
Severo.
- Parece que já está tudo certo por aqui, tenho que voltar à Hogwarts. Lembre-se do que te disse Tonks-( Lupin olhou curioso para a bruxa) falou Snape caminhando ate a porta da sorveteria, que estava toda destruída. - Nos vemos.
- Até.
“Já é um começo” pensou Snape na calçada, rindo.
- O que aconteceu por aqui? – perguntou Lupin.
- Nada, depois te explico, tenho que ajudar a equipe do Ministério agora.
E ela saiu pelo mesmo caminho que Snape. Não foi muito agradável para Remo ver aquele homem segurando a mão dela. Um momento depois e Lupin a seguiu.
Só no fim da tarde Tonks conseguiu deixar o Beco Diagonal,pois tinha muito trabalho para fazer lá.Todos os Comensais da Morte fugiram quando os aurores chegaram no lugar. Nenhuma pista de onde poderiam estar no momento. A dor de cabeça de Lupin aumentou e Tonks não queria deixa-lo só.
- Não seja teimoso, quem vai cuidar de você? Você não o fará porque eu te conheço. Vamos para o meu apartamento, faço uma poção e você melhora num segundo.
- Não acho que seja uma boa idéia.
- Você tem que parar com essa mania de estragar prazeres ! Vamos. Segure em mim que eu mostro o caminho.
Ele segurou em seu braço e ambos desaparataram. Chegaram num corredor frio, de paredes cinzas com o reboque que começava a cair e em frente de um elevador. Tonks fez um aceno com a varinha, que já tinha pego no chão do Beco Diagonal, e a porta do apartamento se abriu. Ela acendeu a luz.
- Entre, fique a vontade mas não repare a bagunça.
Realmente havia uma pequena bagunça ali. Casacos em cima do sofá, livros na mesa da sala.Havia uma pequena televisão. Era um apartamento simples e pequeno.
- Depois que me mudei para o Largo nem vim quase mais aqui- disse pegando os casacos que estavam no sofá – vou ao meu quarto guardar isso- e mostrou os casacos- e vou começar a preparar sua poção, ela não demora para ficar pronta.
- Obrigado- falou Lupin olhando sua anfitriã.
Tonks sorriu e saiu da sala, indo para o seu quarto. Curioso, Lupin olhou cada objeto trouxa. A televisão, o telefone e folheou brevemente as páginas de alguns livros e foi ao quarto de Tonks. Ao chegar, viu um armário de mogno na parede ao lado da porta, uma janela na parede em frente e a cama de Tonks, na qual sua cabeceira encostava na parede. Ela era de casal e feita com mogno também. Por uma fração de segundo imaginou os dois deitados ali, embaixo dos lençóis,ele beijando seu pescoço e ela abraçando-o e suspirando. Voltou a procurar Tonks, que estava num canto,agachada, procurando uns ingredientes numa estante. Ela se assustou quando viu a imagem de Lupin refletida no espelho do toucador, que estava do seu lado. Levantou-se e virou para ele.
- Quer algo?
- Não,apenas pensei que podia te ajudar.
- Não há nada o que você possa fazer aqui, Remo.
- Então vou a cozinha beber um copo d’água.
- Vai lá- ela finalizou, voltando sua atenção para a estante.
Enquanto ia, a campainha soou.
-Abra a porta para mim Remo, por favor- ele ouviu a voz de Tonks vinda do quarto.
Lupin o fez e se deparou com Snape na porta.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou Lupin asperamente.
- Não acho que meus interesses são de sua conta.
- Interesses, que tipo de interesses?
- Acho que não devo dar satisfações sobre o que venho fazer nas minhas visitas à Tonks- disse Snape enquanto entrava no apartamento.
Lupin ficou parado olhando no corredor do prédio, tentando assimilar o que Snape te dissera. Tonks saiu do quarto e parou surpresa olhando o professor.
- Snape, eu não te esperava.
- Tenho um recado de Dumbledore, aos dois.
- O que aconteceu – falou a moça e Lupin fechou a porta.
- Depois do ocorrido dessa tarde no Beco Diagonal, ele mudou os planos. Lupin você terá que conviver com os lobisomens por uns tempos, para espiona-los. Eles não te viram hoje porque você estava desmaiado.
- Você acha que acredito em você?- Disse Lupin se alterando.
- Estou fazendo meu trabalho. Quanto a você Tonks, Dumbledore quer mais segurança para Hogwarts e creio que terá que se mudar para Hogsmeade o mais rápido possível.
A bruxa o fitou séria. Lupin disse:
- Como vou saber que não está mentindo?
- Pergunte a Dumbledore, então. Mas não mande corujas, porque podem ser interceptadas. Eu já vou.
- Obrigada Snape pelo recado e.....a não...esqueci da poção. Remo acompanhe- o ate a porta por favor – e Tonks saiu correndo em direção ao quarto, tropeçando nos próprios pés.
- Boa sorte na sua missão.
- Você não deseja boa sorte para ninguém, te conheço- disse Lupin acompanhando
Snape até a porta.
- Como quiser. E.....- olhando em todas direções para ver se ninguém o ouvia- não se preocupe, cuidarei bem da Ninfa enquanto estiver em Hogsmeade.
Lupin ergueu uma das sobrancelhas. Snape deu seu famoso sorriso irônico e se virou em direção ao corredor do andar, onde desapareceu. Lupin , porem, continuou a observar preocupado o lugar em que Snape sumira.
Ninfa...desde quando ele tinha essa liberdade com Tonks? Não sabia se o que deixou mais aborrecido foram suas palavras ou seu sorriso de falsidade, porem não gostou nada da idéia de Tonks ficar perto dele em Hogwarts enquanto ele ficava no subterrâneo cheio de criaturas incontroladas.
N/A: Esse capítulo é um dos meus preferidos. O que vcs acham q vai acontecer?
Comentem!!!
VLw por tudo.
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