Os quatro amigos
- Coloquei sua escova de dentes no malão. E aquele seu suéter preto também está lá. - ela disse, num tom muito carinhoso. Terminava de arrumar os cabelos negros muito despenteados do filho enquanto lhe dava as instruções que dava todo ano. A sra. Potter era uma mulher assim, não apenas por ser mãe, mas pela sua personalidade também. Era alta, magra e bonita, de uma certa maneira.
- Certo. Obrigado, mamãe. - agradeceu ele, sorrindo para a mãe e despenteando os cabelos exatamente nas regiões nas quais ela havia arrumado. - Prometo mandar cartas todo mês. - mentiu ele. Thiago Potter tinha certeza que não iria mandar cartas todo mês. Não por falta de consideração a mãe e ao pai, mas apenas pelo fato de que estaria demasiado ocupado com alguns outros detalhes. Seus olhos castanho-esverdeados brilharam no mesmo instante em que esse pensamento passou pela sua cabeça.
- Comporte-se esse ano. Não quero mais bilhetes mandados lá pra casa por conta de que você e Sirius explodiram uma estátua de pedra. - disse o sr. Potter, sério, porém com um ar visivel de que achara graça daquele fato. O sr. Potter era bem parecido com o filho, exceto pelo fato de que Thiago usava óculos e tinha os olhos da mãe.
- Foi culpa do Pirraça, ele estava me enchendo o saco porque vomitei quando peguei aquele pomo. - protestou o filho, no mesmo tom que o pai.
- Isso não vem ao caso. Cuide-se, coma direito, durma às 10 horas e faça todos os deveres. - ordenou a mãe, severamente.
- Ora, mamãe parece até que não me conhece. - disse Thiago, num tom falsamente inocente. Ele sabia que desobedeceria a todas essas ordens. A sra. Potter deu um beijo estalado na bochecha do filho e o abraçou. O sr. Potter o abraçou mais apertado e lhe falou, em voz baixa:
- Ganhe a Taça de Quadribol para mim, filho.
E Thiago respondeu, com um sorriso:
- Pode deixar, papai.
Acenando para os dois, Thiago entrou no trem vermelho que o levaria a sua escola. A escola de Hogwarts. Andou pelo corredor, à procura de uma cabine vazia. Achou uma no quinto vagão, abriu a porta e entrou. Largou-se no banco, olhando para a janela. Pouquissimo tempo depois, mais dois garotos entravam na cabine.
- Alô, Pontas ! - disse o primeiro rapaz, muito animado. Sirius Black, o melhor amigo de Thiago. Sirius era um rapaz muito bonito, tinha os cabelos negros, como os de Thiago, que caíam sobre sua face. Os olhos eram negros também, e bastante penetrantes. Era alto, magro e, como muitos achavam, arrogante. Antes que Thiago pudesse responder ao amigo, o outro menino disse:
- Ah oi, Pontas. Fez os deveres das férias ? - este, pelo contrário de Thiago e Sirius, tinha os cabelos castanhos claro e os olhos de mesma cor. Era um pouco mais magro e baixo do que os outros dois amigos e tinha uma expressão um tanto cansada e doentia. Era visível pelo que acabara de dizer que era estudioso e sua voz rouca o fazia parecer mais doente ainda. Remo Lupin era seu nome.
- Ora, Aluado você vai ficar perguntando para todo mundo se eles fizeram os deveres ? - perguntou Sirius, fingindo aborrecimento.
- Bom, como monitor é meu dever fazer isso com vocês. Aliás, se eu não fizer essa pergunta, quem fará ? - protestou o amigo. Sirius simplesmente revirou os olhos.
- Bem, alô, vocês dois. - disse, finalmente, Thiago. - E Aluado, que livro está lendo dessa vez ? - ele continou. Remo, por ser estudioso e monitor, estava sempre estudando e com um ou mais livros em mãos. "Quanto mais, melhor !", ele costumava dizer.
- Desta vez estou lendo Como Defender-se Usando Feitiços Mais Potentes, acho que lhe interessa, não ? - Remo respondeu, abrindo o livro. Todos naquela cabine gostavam de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas Thiago em especial.
- Opa, me deixa dar uma olhada depois ? - perguntou ele, interessado. Remo já ia dar a resposta, quando a porta da cabine se abriu novamente e entrou o sujeito mais diferente daquele grupo. Era um garoto franzino, branco e baixo. Tinha uma aparência que, curiosamente, lembrava um rato. Os cabelos, castanhos, estavam mal-cuidados e os olhos, de mesma cor, eram um pouco grandes comparados ao resto do rosto. Este era Pedro Pettigrew, a "ovelha negra" do grupo.
- Oi, vocês todos. - ele cumprimentou, sentando ao lado de Remo. Tinha uma voz fraca, que lembrava um grunhido.
- Oi, Rabicho ! - eles responderam, em coro.
- Fez os dever... - começou Remo, mas foi atrapalhado por Sirius.
- Aluado ! - ele berrou.
- Tá bom, tá bom ! - desistiu Remo, voltando sua atenção para o livro.
Durante o tempo em que o trem ainda estava parado, os garotos conversavam sobre as férias, mas, logo depois que ele começou a andar e a ganhar velocidade, Remo fechou seu livro, o guardou na mochila e disse aos amigos:
- Vou ao vagão dos monitores, vejo vocês depois. - e, quando chegou a porta, acrescentou - Comportem-se. - e fechou a porta rapidamente.
- "Comportem-se" ? - repetiu Sirius, num tom sarcástico.
A primeira parte da viagem eles passaram conversando sobre as férias de verão e comendo alguns Feijõezinhos de Todos os Sabores que haviam comprado ("Ei, Almofadinhas, quer apostar que eu como mais feijõezinhos ruins do que você ?", perguntou Thiago para Sirius uma hora). Quando chegou na metade da viagem, Thiago já estava a muito pensando em algo.
- Ei, vocês querem andar por aí ? - ele disse, fingindo tédio, mas com um tom de travessura por trás que apenas Sirius poderia perceber. E, de fato, ele percebeu.
- Claro. - Sirius respondeu, com um sorriso maroto. Thiago sorriu ao reparar que o amigo o estava ajudando.
- Vamos, Rabicho. - Thiago disse, já na porta. Pedro levantou-se resmungando. Eles andaram um pouco. Thiago estava visivelmente procurando alguém, pois metia a cara em todas as portas de todas as cabines ao mesmo tempo que bagunçava os cabelos. Sirius ria daquela cena. Pararam em frente a uma cabine no terceiro vagão. Thiago sorriu feliz, Sirius sorriu como uma criança que acabara de ganhar uma bicicleta de Natal e Pedro simplesmente resmungou. Eles entraram e puderam ouvir três expressões diferentes.
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