Cap. 23



N/A – Ashley Malfoy é uma homenagem a uma amiguinha virtual minha (Éowyn Tonks). Escrito por mim.

Remus sorriu, enquanto pensava no que viera a saber anos mais tarde, pela boca da própria Cecille, ao encontrá-la num jogo de Quadribol: naquela noite, ele não voltara para Hogwarts. Jamais tivera qualquer intenção de fazê-lo. Na verdade, a aparentemente fria Cecille Johnson tinha combinado fugir… com um namorado! Ralph Simpson era trouxa. Sua irmã, Amanda, da Corvinal, descobrira os seus poderes cedo e, com dez anos, ingressou em Hogwarts. Era aquilo que os bruxos de elite chamavam em tom de insulto de Sangue-Ruim e, para passar por cima disso, para mostrar que era tão boa ou melhor do que eles, Amanda estudava dia e noite… Lembrava um pouco Hermione Granger, mas sem a sua coragem ou sentido crítico.
Ralph e Amanda sempre foram muito amigos, partilhavam tudo… até o começo daquele semestre, quando Amanda cumprimentou Cecille junto da plataforma 9 1/2. Os olhares do irmão se cruzaram com os da colega que, a partir de então, se tornou ainda mais crítica e severa em relação ao amor. Ralph era trouxa e estava longe, mas despertara algo nela que ela não saberia descrever. Era um amor impossível, por isso tinha que descartá-lo…
Contudo, Ralph não desistiu. Cada vez que escrevia para Amanda, juntava um bilhetinho para Cecille. Das primeiras vezes, ela rasgara sem ler, mas depois começou a se envolver. Nunca respondia, mas Ralph não desistia… até o dia em que ela resolveu abrir a guarda. Daí até conseguir arrumar um jeito de fazer Ralph entrar em Hogsmeade e se encontrar com ele. Os dois fugiram naquela noite, que, como Remus lembrou, foi muito mais do que apenas a noite de um baile. Foi a noite em que tudo (ou melhor, quase tudo) acontecer. Um noite muito comprida…

Ashley Malfoy, uma garota da Sonserina, se aproximou, decidida, da mesa onde os marotos se encontravam com seus pares(comendo alguns doces e bebendo suco de abóbora e cerveja amanteigada), jogando para trás os cabelos louros-cinza que contrastavam com o longo vestido cor de prata.
Remus franziu o cenho. Ela estava vindo na direção de Sirius, já andara visitando várias vezes o famoso lugar recôndito para onde ele adorava levar as meninas... e pelo que conhecia do amigo, ele não iria resistir ao ar sedutor que ela já colocara no seu jeito. Principalmente, em se tratando de uma garota da Sonserina (Sirius vivia dizendo que elas eram mais quentes e atrevidas) e uma das mais atraentes de Hogwarts. Instintivamente, olhou para Margarteh e percebeu que ela também havia reparado no jeito de Ashley e que ela estava caminhando até Sirius. A menina baixou os olhos e Remus sentiu um desconforto de irritação contra Ashley. Ele queria ver a pequena Maggie acalmar a incansável rebeldia de Sirius e qualquer outra garota que se aproximasse do Almofadinhas, naquele momento, poderia colocar tudo a perder.
Sirius, por seu turno, nem parecia ter reparado na aproximação da loura, concentrado que estava num delicioso pudim de ameixas.
- Black?
A voz de Ashley tirou Sirius da sua concentração.
- Hum? - Reagiu, com a boca cheia, olhando-a sem a menor preocupação em se ajeitar para ela.
Remus sorriu de forma quase imperceptível, ao reparar no ar ofendido da garota. Contudo, ela logo se recompôs, assumindo o seu ar mais aristocrático e o seu tom mais doce:
- Sirius... será que a gente pode... conversar um pouco?
Ashley estendeu a mão para ele, investindo na cena o seu maior glamour. Sirius sorriu, malandro, e pegou a mão dela. Remus teve ganas de lhe dar um soco, principalmente ao reparar no ar triste de Margareth, que quase se preparava para derramara uma lágrima.
Black se levantou, deu um beijo no rosto de Ashley e se virou para os amigos, pronto para se despedir... e foi então que os seus olhos se cruzaram com os de Maggie, o sorriso desapareceu dos seus lábios e ele levou-os à luva prateada de Ashley, dizendo:
- Desculpe, Malfoy. Não vai dar.
Voltou para a mesa e se sentou de novo junto de Maggie, que não conseguiu oprimir um sorrisinho de triunfo. Ele olhou-a e piscou para ela, que se sentiu a mais feliz de todas as garotas. Ao mesmo tempo, a bela e aristocrática Ashley virou costas e desapareceu num ápice, furiosa, em direção a um grupo da Sonserina, onde se encontrava Snape, que lhe lançou um olhar gelado, como se a culpasse por não ter tirado Maggie das garras de Black.
Lupin e Mary trocaram um olhar cúmplice e ela lhe estendeu a mão. Remus deixou-se guiar para mais uma dança, em que seus pés pareciam flutuar junto dos dela.
- E você dizia que não sabia dançar… - Murmurou no ouvido dela.
Mary corou e sorriu, replicando, meio sem-jeito:
- Talvez porque eu nunca tivesse arrumado um par tão perfeito.
O coração dele pulou. Queria beijá-la, tomá-la nos braços… mas não tinha corage, na frente de todo aquele povo. Pegou, então, a mão dela e disse baixinho:
- Venha comigo.
Levando-a pela mão, esgueirou-se até aos jardins e, uma vez lá, deixou que as estrelas iluminassem o rosto pálido da namorada. Afastou uma mecha de cabelo que teimava em cair do coque louro sobre os ombros enfeitados pelas alças do vestido de cetim rosa. Olhou-a por uns segundos e depois a beijou com todo ardor e paixão que havia contido no salão de baile. Mary sorriu e abraçou-o com força. Poderiam ficar ali horas e horas, por tempo indefinido… Na verdade, não saberiam dizer quanto tempo permaneceram abraçados, só sentindo o barulho dos batimentos cardíacos um do outro, no mesmo compasso, como se ilustrassem uma música, a canção de amor dos dois.
Quando, finalmente, o abraço se desfez, ele lhe deu o braço e começaram a passear pelos jardins de Hogwarts, sob a luz das estrelas. Conversavam sobre tudo e se interrogavam sobre o paradeiro de Cecille. Mary achava que Stacey poderia ter alguma ideia e sentiu algum ciúme da amiga. Porque Cecille teria partilhado um segredo com Stacey e a teria deixado de fora? Depois, lembrou-se do pouco tempo que ultimamente dispensara a Cecille, embrenhada nos problemas de Stacey e sonhando acordada com Lupin.
Os dois namorados não deram conta que estavam se afastando. Estavam se afastando demais… Remus estacou de repente.
- O que foi? – Inquiriu Mary.
- Mais um passo e estaríamos entrando na floresta proibida.
Mary olhou em volta e um arrepio percorreu a sua espinha. A sua palidez era quase assustadora, agora. Ela não conseguia se mover, de tão aflita. Aquele lugar… a floresta… lhe trazia ao pensamento as piores recordações da sua vida… os vampiros… o ataque… o começo da sua maldição.
Remus percebeu e a envolveu com um abraço, murmurando:
- Calma, meu amor. Eu estou aqui e não vou deixar ninguém te fazer mal. Vamos voltar para o castelo.
Todavia, quando se virou para voltar para trás, os seus olhos depararam com algo que lhe transtornou o rosto com pavor: um bando de morcegos esvoaçava do lado deles. Escondeu o rosto de Mary no seu peito, para evitar que ela visse o que estava acontecendo e reuniu doda a sua coragem e presença de espírito para procurar a varinha com a outra mão. Os morcegos se aproximavam cada vez mais… e eram cada vez em maior número. Vinham de todos os lados. Um bando enorme vindo da floresta soltou um pio agudo. Mary reconheceu aquele piar e soltou um grito, descobrindo o rosto e olhando, horrorizada, para os morcegos. Estavam cercados. Ela tremia abraçada a ele e só conseguia repetir:
- Eles vieram me buscar… eles disseram que um dia viriam me buscar para eu ser um deles… Eu não quero ser um deles, Remus, eu não quero…
Lupin sentia quase na própria pele o sofrimento, a angústia, o desespero de Mary. Ela havia lhe contado que os vampiros tinham se sentido ultrajados por ela, mesmo depois de vampirizada, não ter querido segui-los e tinham jurando que um dia, quando ela menos esperasse, eles a pegariam e a levariam para junto deles, obrigando-a a se tornar uma “vampira de verdade”.
Ele não podia deixar que isso acontecesse. Mas como? Invadido pelo desespero, empunhou a varinha em direção aos morcegos do lado direito e gritou:
- Petrificus Totalis!
Imediatamente, os bichos caíram duros no chão. Logo, ele apontou a varinha para o outro lado e gritou o feitiço de novo. Mais um grupo de morcegos no chão, inertes.
Sobravam apenas dois grupos. Um na frente deles. Outro do lado esquerdo. Ele e Mary se olharam nos olhos e se entenderam apenas com o olhar. Apontaram as varinhas cada um para um grupo e gritaram a plenos pulmões:
- Petrificus Totalis!
Os restantes morcegos endureceram e caíram, como os outros… Remus pegou a mão de Mary e os dois fugiram dali o mais rápido possível.
Antes de entrar, porém, ela não agüentou. Caiu de joelhos no chão, soluçando desesperadamente. Lupin se ajoelhou do lado dela e a abraçou com carinho. Nos seus olhos, lágrimas teimosas, que ele insistia em não derramar, para transmitir força para a namorada.
- Já passou… - Murmurava ele, passando as mãos pelo cabelo dela, agora com o coque totalmente desfeito. – Já passou….
- Passou por agora… - Soluçava ela. – Mas vai ser assim toda a minha vida. Eu não posso me descuidar, senão eles vêm atrás de mim! Eu não quero ser um deles, Remus, eu não quero!
- Shhh… - Fez ele, abraçando-a com força. – Você não vai ser um deles. Eu não vou deixar.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.