Cap. 5
N/A - Esse capítulo e os próximos 2 são muito especiais. Um verdadeiro "presente" de amizade. É só o que posso dizer.
_______________________________________________________
Quarto Crescente. Só mais alguns dias e seria lua cheia de novo.
Já sentindo em seu corpo os efeitos que antecediam mais um período tortuoso, Remus Lupin se encaminha devagar para mais uma aula de poções. Está atrasado, sabe disso mas não liga. Distraído, pensando em seus problemas, ao terminar mais um infindável lance de escadas, só percebe que alguém vinha correndo em sua direção, quando já não é mais possível evitar a colisão.
Livros, penas, tinteiros, pergaminhos, varinha. Todos os seus pertences se esparramam pelo chão, enquanto Remus tenta segurar a pessoa que investiu contra ele.
Para sua surpresa, logo reconhece Mary Hallow, a garota da Lufa-Lufa que agora povoava os seus sonhos, chorando copiosamente, enquanto tenta se desvencilhar dele.
- Calma, Mary!
- Me larga! – ela o fita, tentando inutilmente limpar o rosto enquanto se levanta – Você... vocês... ah!!!
Ela corre para longe, descendo as escadas como um foguete, enquanto alguém grita por ela, vindo pelo mesmo caminho.
Não podia ser ela... a mesma garota meiga que na véspera o beijara com tanto carinho e paixão. O que poderia ter havido para justificar tão súbita mudança?
Remus mal tem tempo de catar suas coisas, quando é alcançado por Lily Evans, a ruiva mais popular de Hogwarts... e a única garota capaz de tirar seu amigo James do sério.
- Você a viu? – ela lhe pergunta, ansiosa.
- Claro. Quem você acha que quase me jogou escada abaixo? – ele tenta sorrir, mas a expressão da ruiva o faz perceber que a coisa foi feia – O que aconteceu?
- Como se você não soubesse... – Lily dá um grande suspiro, fita-o com seriedade e completa, antes de correr no encalço da amiga – Aqueles seus amigos. Eles são uns crápulas! Sádicos, cruéis, mesquinhos. Não sei como estão na Grifinória...
- Ah! – sua exclamação de entendimento não é ouvida e, mais desanimado ainda, Remus, resignado, muda de direção no final do corredor, indo para a biblioteca, estudar. Já perdeu mesmo a aula de poções.
Seus três amigos inseparáveis o encontram ainda lá, ao final do horário seguinte.
- O que houve, Aluado? – Sirius Black senta-se displicentemente na cadeira ao lado, enquanto James Potter se aproxima, de novo brincando com um pomo de ouro surrupiado da caixa e Peter Petigrew o fita com curiosidade, como se imaginasse algum motivo escuso para sua falta em duas aulas seguidas.
- Ah, apenas perdi a hora, e resolvi ficar por aqui mesmo. Mas... o que vocês andaram aprontando? - Não tinha coragem de contar que beijara Mary, que estava apaixonado por ela, que sentia que ela era a pessoa que ele queria do seu lado para sempre, para compartilhar e aliviar os seus medos da lua. Tinha medo que os amigos rissem dele e acabassem por rejeitá-lo.
- Como assim? – Sirius tenta parecer indiferente, mas seus olhos cinzentos piscam de um jeito inconfundível para um companheiro de armações.
- Não enrola, Sirius. Eu sei que vocês fizeram alguma gracinha com a Mary, ela passou por mim que nem um furacão, com a Evans atrás.
- Ah, isso? – James se sentou também, rindo, divertido – O Almofadinhas só comentou que ela era tão branca que até poderia se confundir com um fantasma.
- E o James disse que era culpa daquela loção horrorosa que ela fica passando na pele, e tomou o frasco dela pra ver o que era – Peter completou com uma risadinha nervosa.
- Por Merlim! Você precisava ver a fúria que ela ficou! Mas... coitada! Somos mais altos, então ela não conseguia alcançar o frasco na minha mão.
- Aí, eu disse que ela precisaria ter asas para pegar o frasco... – Sirius deu de ombros, como se isso não fosse nada importante.
- Esqueceu de dizer – Peter nunca perdia a chance de “entregar” as gracinhas de Sirius – que completou dizendo que asas de morcego combinariam bem com ela, já que já era pálida como um vampiro.
- O que? – Remus Lupin se levantou de um salto – Sirius Black, dessa vez você foi longe demais!
Os três amigos pararam de rir, fitando estarrecidos o companheiro transtornado. Nunca o tinham visto tão exaltado. Tudo bem que ele sempre tentava evitar que eles ficassem zuando com os colegas, eles sempre brincavam com ele por essa sua mania de defender todo mundo, até mesmo o seboso do Snape. Já tinha defendido a pequena Mary Hallow por várias vezes, dizendo sempre que não deviam importuná-la tanto. Mas, com tanta veemência, era a primeira vez.
- Nossa, Remus! – Tiago riu, tentando se refazer – Quem escuta você pode até pensar que está apaixonado pela garota!
- Não é nada disso! – ele respondeu entre dentes, porque a bibliotecária já os advertia para fazerem silêncio. Estava apaixonado por ela, sim, mesmo que não estivesse o mais certo seria a sua reação ser bem semelhante, desde que soubera do segredo dela – às vezes, duvido que sejam mesmo vocês que entram naquele salgueiro lutador atrás de mim! OU, pior, penso que só são meus amigos para poderem contar vantagem de que têm um amigo... como eu!
- Remus, não estou entendendo. O que fizemos de mais? Só brincamos um pouquinho com ela, porque ela é engraçada, tímida daquele jeito mas sempre por perto, como se... vigiasse a gente. – Sirius falou, baixinho, aproximando-se mais dos outros – Mas você parece preocupado demais com ela. O que você sabe que não sabemos? Desembucha!
Dessa vez, foi Remus que ficou desconcertado. Respirando fundo, fitou longamente os amigos, pensando se valeria a pena dizer das suas desconfianças. Afinal, preferiu acreditar que eles seriam capazes de guardar mais esse segredo... Ela lhe pedira que não contasse a ninguém, mas... Remus sentia que aquele era o único jeito de fazer os amigos entender que ela não era só uma garota esquisita de quem eles podiam judiar, por puro divertimento.
O rosto de Mary Hallow invadiu sua mente, aqueles olhos tristes, no dia anterior atraindo-o e beijando-o e há minutos apenas mandando-o embora. Então, outro rosto forte se sobrepôs: a ruiva Lily chamando seus amigos de crápulas cruéis! Não! Precisava por um fim nisso. Ia fazê-los ver que Mary era provavelmente tão digna de sua ajuda quanto ele próprio.
- Está bem, eu digo. Mas... depois do almoço, que agora estou com fome.
Mary, aflita, se refugiara numa sala de aula vazia do segundo andar. Sarah procurou por ela, mas Mary se recusou a conversar. Achando por bem deixá-la se acalmar, a amiga foi embora.
Mary Hallow, agora só, pensava em como podia ser tão burra!
Porque continuava a procurar ficar perto dele? Sabia que não tinha chance alguma. Aquele beijo não passara de um sonho louco que ela não tinha o direito de sonhar... Por isso fugira correndo, deixando-o espantado e sozinho sentado no meio da relva onde momentos antes havia rolado o beijo.
Aquelas suas visões, onde ela e Lupin estavam juntos e felizes, não eram visões proféticas, eram fantasias, peças que seu coração atormentado estava lhe pregando. Porque, sabia bem disso, era apaixonada por aquele garoto, mesmo sabendo o que ele era...
Desocnsolada, chorou até ficar sem forças, mas então, quando estava prestes a desfalecer, reagiu, ralhando consigo mesma:
- Que é isso, garota? Parece até que o mundo acabou? Você é ou não uma Hallow? Uma bruxa de valor, de uma nobre e antiga linhagem de videntes poderosas, choramingando como uma criança!
Decidida, pegou suas coisas, jogadas a um canto, e rumou para a próxima aula.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!