A verdade da mentira
Passara já uma semana desde a última vez que haviam estado juntos. Richard fazia questão de evitar Cláudia, chegando um dia até, a esconder-se dentro de um armário só para não ter que falar com ela… A cada dia que passava, o castelo parecia pequeno demais para eles os dois, e houve o dia em que ele não pôde fugir mais.
- Tens andado a evitar-me. – disse ela trancando a porta do escritório e guardando a chave no bolso – E eu quer saber porquê! Juro-te Richard Guilt, que não abro aquela porta até me contares tudo e sem mentiras.
Ele fixou o chão, sem saber o que fazer… se por um lado se sentia atraído à ideia de lhe contar toda a verdade, por outro, sabia que ela nunca entenderia e que a primeira coisa que ia fazer era assegurar de que ele passasse o resto da vida em Azkaban.
“E se entender?” – a dúvida martelava-lhe na cabeça tristemente.
-Não há nada para contar. – insistiu.
-Não me mintas! – pediu a outra – Por favor não ofendas a minha inteligência, sei perfeitamente que estás a mentir! – o seu olhar ficou brilhantemente emocionado – Se me amas Richard, por favor confia em mim…
-E tu? Amas-me?!
- Acho que a essa pergunta tu já devias saber a resposta… eu amo-te com todas as minhas forças. Nunca pensei que pudesse amar alguém assim, tu chegas-te e despertas-te em mim sensações que eu adormecera em anos de solidão! O meu amor nasceu de um dia para o outro, como se o rastilho tivesse finalmente terminando e uma bomba tivesse rebentado dentro de mim! Levas-me à loucura… ao ponto de me declarar em frente de uma turma inteira!
Aquela doce declaração doeu no peito de Richard… acreditava firmemente nela, pois com ele havia sido exactamente a mesma história. Um dia ela era missão no outro era o amor de uma vida. A lembrança do mestre estava lá longe… o lado negro não o atraía… a única coisa que queria era puder abraça-la, beija-la, faze-la feliz… fosse de que lado da guerra fosse.
- Então?! – perguntou a rapariga com as mãos nas ancas – Vais responder-me?
Ele inspirou fundo, rendido… ela não iria acreditar em nenhuma outra desculpa, portanto… talvez fosse melhor arriscar.
- Quando cheguei a este castelo, eu tinha outras intenções. – ela olhou-o desconfiada enquanto se sentava ao pé dele – Intenções que sei, que tu nunca conseguirás perdoar… mas tu mudaste-me! Fizeste de mim aquilo que eu sempre devia ter sido, trouxeste paixão à minha vida e viras-te o meu mundo do avesso. Eu vim ao serviço de Lord Voldemort – ela abriu a boca para falar mas ele fez com que se calasse e ouvisse tudo o que tinha para confessar – e afirmo hoje e sempre, que lhe fui muito fiel. Fui! … tu puxaste-me para a luz do teu mundo, abraçaste-me na tua luz e eu juro por Merlin que nunca mais de cá quero sair.
Ela pareceu chocada com o que ouvira. Até que ponto ela se enganara com ele?! Olhou-o com nojo, raiva… ele não era quem ela pensava… ele era uma onça esperando pelo momento exacto para atacar a presa, e ela era um cordeirinho indefeso!
- Não espero que entendas os meus motivos. – disse ele – Nem espero o teu perdão, mas quero que saibas que tudo o que te disse e sinto é a mais pura das verdades.
- Não quero ouvir! – gritou – Tu enganaste-me… mentiste-me! As tuas palavras são veneno, sua cobra! Envenenas-te a minha vida, fizeste-me beber o teu veneno e agora espera que definhe aqui… atreveste-te a procurar o meu ponto mais frágil e usaste-o. – uma lágrima desceu tristemente pelo rosto suave da moça.
- Essas tuas palavras é que são veneno. Matam-me de dor saber que pensas isso de mim. Eu só quero que confies em mim, acredites na minha palavra… apesar de os meus actos passados te implorarem para não o fazeres.
-E não farei! – sacou a varinha apontando-lha – Eu te digo o que farei… Accio Varinha! – a varinha de Richard saltou-lhe no bolso indo parar na mão da rapariga.
O rapaz não se defendeu, apenas se levantou olhando-a no olhos. O verde dos dele tocou os olhos dela, com a força de uma bala…
-Olha-me nos olhos e afirma que não acreditas em mim… - pediu ele – Vê bem no fundo da minha mente, procura pela verdade, e lê… eu amo-te.
Ela emocionou-se, sentindo que aquela era uma batalha que não conseguia vencer, um esquema ao qual não conseguiria fugir… o seu coração impelia-a contra ele, implorava-lhe que acreditasse em tudo o que dizia, pois era ele, que acima de qualquer um, ela amava. No entanto, a sua mente, ordenava-lhe que o prendesse e o fizesse sofrer perante a justiça, como um criminoso que ele era… implorava por vingança, sentia-se enganada, usada… humilhada.
- A minha missão era levar-te ao Voldemort. – declarou ele por fim lutando contra a vontade de abraça-la – Ele tem planos para ti…
- Nunca lhe serei fiel. – afirmou a rapariga largando a varinha que nunca seria capaz de usar contra ele.
- Cláudia… deixa-me provar-te que mereço a tua confiança. Dá-me esta oportunidade de te mostrar quem realmente sou…
Ela pareceu relutante, mas a máquina no interior do seu peito levou-a mais uma vez a confiar no homem que amava.
- Voldemort quer-te perto dele pois tu és… - lutou firmemente por dizer aquela palavra – filha dele…
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