A missão
A noite caíra trazendo consigo o breu e a lua pálida, cuja luz lambias as paisagens campestres em seu redor. A tímida aragem agitava as ervas altas que nasciam aqui e ali em tufos irregulares, imperturbáveis e longe de qualquer cultura humana.
Entre o verde escuro da semi-obscuridade, materializou-se um feiticeiro de cabelos rebeldes e encaracolados, de um loiro dourado, como se a sua cabeça se encontrasse revestida a ouro maciço.
Vestia uma capa de viajem escura, que mal roçava ao chão, e que lhe caía desde os ombros e ondas direitas. Era alto, e os seus ombros largos e fortes. O seu nome era uma incógnita, para qualquer um que o visse, até ao momento que calcou os degraus do castelo medieval diante de si.
A porta fechada abriu-se à passagem, fechando-se pesadamente atrás de si quase no mesmo instante.
Pouco depois, nos andares superiores, encontrava-se numa salinha quadrada, de tecto baixo, decorada com mobiliário brilhante demais além do que exigia o bom gosto. Não estava sozinho.
- Que novidades me trazes? – perguntou uma voz tão negra como o breu que envolvia os cantos da sala.
- Poucas mas boas. – respondeu – O Potter foi ferido e a fronte de batalha da Ordem da Fénix completamente destroçadas. Será fácil planear uma investida, mal tenhamos atingido os objectivos da… outra missão.
Fez-se silêncio na sala por instantes, nos quais o dono da voz negra mostrou o seu rosto à luz.
Era magro, pálido e de aspecto cansado. Vestia negro e movimenta-se ligeiramente, sobre passos que mal se ouviam. Os seus dedos magros e ossudos, aparecia-lhe pelas mangas largas do manto. Seguravam um pergaminho liso, que foi entregue ao recém-chegado.
Este observou-o analisando-o meticulosamente, deixando que os seus olhos lambessem a imagem de uma bela rapariga de cabelos negros que sorria inocente para uma fotografia escolar.
- É ela. – informou o feiticeiro negro – A rapariga que eu procurava.
- A sua filha, mestre? – questionou sem tirar os olhos da fotografia – Tem a certeza? Virgínia Weasley passou anos da vida escondendo a filha a olhares indiscretos… acho estranho temo-la encontrado tão rapidamente.
- Não concordo. Suponho que a Virgínia Weasley nunca lhe tenha revelado a identidade do pai, ou talvez tenha feito aquele idiota do Potter regista-la como sendo dele, mas, de uma maneira ou outra, ela fez questão de deixar bem claro de que lado está… - estendeu-lhe uma folha de jornal amarrotado, onde se notava claramente a presença da moça numa manifestação anti-magia negra – Trá-la à minha presença, Richard. Não será fácil, mas trá-la de boa vontade para uma conversa entre… pai e filha.
- Assim farei mestre. – dobrou a folha de jornal e guardou-a – Onde devo procura-la?
Lord Voldemort sorriu, o seu rosto ficava estranhamente assustador e fantasmagórico quando exalava algum sentimento mais feliz. A expressão não demorou mais do que alguns instantes, apagando-se numa resposta seca:
- É professora de Transfiguração em Hogwarts. Tomou posse do cargo quando Dumbledor morreu e a carcaça da Minerva tomou o seu lugar na direcção da escola.
O recém chegado voltou-se, pronto para executar a nova missão proposta. Ele, mais do que qualquer devorador da morte, era eficiente. Não que fosse tão bom leitor da mente como Severus Snape, nem de longe tão bem feiticeiro como o Lord das trevas, mas em relação a qualquer um dos outros, incluindo Bellatrix, era bastante bom.
Olhou novamente para a fotografia. Não seria fácil fazer cair sobre ela os seus encantos… afinal, ela era filha de Lord Voldemort.
Sem voltar a olhar para a imagem, desmaterializou-se, aparecendo, quase no mesmo instante, numa ruela pouco movimentada de Londres.
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