O assassino é o assassino
10- O assassino é o assassino
Eva acordou com a bagunça de suas colegas, no dormitório:
—Talvez, mas acho que curandeira não é tão ruim — falava Judith a Emily.
—Hei, eu estava dormindo! — se queixou Eva.
— Você está meio atrasada, Eva, levante logo — disse Estephanie, que arrumava a gravata para ir tomar café da manhã.
— Bom dia, minhas queridas garotas — Philip entrava no dormitório feminino, sorridente, como sempre.
— Cai fora, Greenhouse — sensurou-o Estephanie, que saia e empurrava o garoto para fora.
—Espere, deixe ele! — gritou Emily — Hei Philip, você vai a Hogsmead?
—Hum, não sei ainda, talvez estejamos ocupados...
—Estejamos quem? — se intrometeu Eva, que pegava o uniforme numa gaveta.
—Ulisses, Régulo e eu... Nossa, pijama lindo, Eva.
— Hei, como você conseguiu entrar no dormitório feminino??? — perguntou ela, que reparara só agora que estava de pijama na frente de um garoto.
— Régulo andou me ensinando uns truques — ria ele, ao sair com Emily para discutir se ia ou não a Hogsmead.
Eva, sozinha no dormitório, se trocou rapidamente e saiu, deixou seu pijama e pertences jogados sobre a cama. Subiu correndo as escadas, atravessando, sem querer, um fantasma:
—Ai!!! — gritou.
—Cuidadinho, querida Rookwood — gritava Pirraça, sonoramente.
—Que estranho, passou por mim sem me infernizar! — estranhou ela.
—Ele é o assassino , assassino ele é — cantarolava Pirraça.
— Assassino? — perguntou ela, sozinha, ao virar o corredor e entrar no grande salão.
A visão que Eva teve foi uma das mais anormais que já presenciara em Hogwarts: estava uma bagunça, os alunos não estavam sentados em ordem nas mesas de suas casas, havia alunos da Grifinória na mesa da Corvinal, da Corvinal na mesa da Lufa-lufa, da Lufa-lufa na mesa da Grifinória, da Sonserina na mesa da Corvinal. Estavam reunidos em grupinhos, a comida estava intocada na mesa, ninguém estava tomando café, inclusive os professores, que também estavam conversando freneticamente.
Eva reconheceu o rosto de Cellin na mesa da Lufa-lufa, ao lado de Irvine e Kail, ambos pareciam extremamente apavorados e distantes, assim como a grande maioria. O rosto branco de Régulo também foi reconhecido facilmente, pois este estava no mesmo lugar do cotidiano, ao lado de seus companheiros fiéis, rindo, como sempre.
— Mas o que será que está havendo aqui? — perguntou sozinha — Vou falar com Cellin! — pensou — Ops, espere, a minha coruja está na mesa me esperando, depois eu falo com ela.
E foi até a sua mesa, sentou-se, pegou o jornal que a coruja trazia e leu:
“ Após muitas investigações e buscas sem resultados, o misterioso assassino decidiu revelar o seu nome. Ele, um dos maiores bruxos das trevas existentes, que havia desaparecido, apenas deu uma pausa para retornar mais assassino, Lord Voldemort é o responsável pelas mortes e pelos ataques” (...)
— Lord Voldemort? — pensava — Então é ele. O que isso muda? Saber o nome ou não? Acho que isso não resolve muita coisa — Jogou o jornal de lado sem ao menos terminar a leitura.
—Bom dia, princesa, não precisa de um abraço hoje? — perguntou Régulo.
—Por que você está tão feliz?
—Ora, você não leu o Profeta?
—Li — Eva olhou o jornal, jogado na mesa — O que tem?
—Não achou legal?
— Ah! — deu um leve tapa na própria cabeça — Como não? É clarooo — riu falsamente, mesmo sem saber o porquê — Entendi!
—Hum, hum — pigarreou o diretor — Gostaria de dar uma palavrinha!
—Lá vem ele — comentou Emily.
— Bom, acho que há essa hora, todos já devem ter lido o jornal da manhã... — e iniciou outro grande discurso que novamente terminou com:
— O Ministério decidiu que será conveniente que o número de aurores que virão para Hogwarts seja triplicado e... — continuou mais um pouco.
— Pois é, Régulo — falou Ulisses, desanimado — Melhor esquecermos aquele lance, com esse tanto de aurores, não dá!
—Falou! — respondeu ele.
Eva ficou muito curiosa sobre qual era o tal lance dos garotos, mas achou melhor não se meter. Tomou o café em silêncio, assim que o salão se reconstituiu.
—Sabe o que me veio à cabeça? — Forestson perguntou a todos na mesa.
—O que? — interessou-se Allana Andrade.
— Que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado veio a Hogwarts para matar o professor Garner.
Régulo, Ulisses, Emily e Allana caíram na gargalhada:
— Nossa, acho que você anda estudando muito adivinhações, Jack. — zombou Allana.
Apesar de todos terem rido, Eva achou que a idéia não era tão sem sentido.
Os alunos que saiam do grande salão já podiam notar que Alvo Dumbledore não estava brincando quando se referia às precauções exigidas pelo Ministério, pois havia aurores por todo lugar, inclusive, nos banheiros. Eva, logo percebeu isto também, enquanto ia visitar seu irmão na Ala hospitalar:
— Caramba!!! Esses caras são tão estranhos — pensava, enquanto caminhava por um corredor mal iluminado.
Eva entrou na Ala Hospitalar, sem fazer um só barulho, sorrio para Madame Pomfrey e indicou com a cabeça um garotinho deitado em uma cama distante, com um sorriso sonolento estampado no rosto. Caminhou até o menino, com uma expressão indecifrável, encarando-o:
— O que foi que houve com você? — estava com o cenho franzido, falava em sussurros, ao se postar ao lado da cama do irmão.
— Não se preocupe, Eva — Ele sentava-se na cama, piscando os olhos constantemente — Foi apenas um acidente. Um colega de classe estava executando um feitiço para tentar fechar as janelas e acertou em mim.
Eva arregalou os olhos, incrédula:
— Mas como foi que ele acertou em você? Por acaso você estava pendurado na janela?
— Não! Eu estava em minha carteira, mas é que ele não tinha muito domínio sobre sua varinha ainda. — respondia o menino, achando legal que sua irmã estivesse tão preocupada.
— E o que foi que aconteceu? Se era um simples feitiço para fechar uma janela? — interrogava ela, ainda sem acreditar na história.
— Bem... — ele estava sem graça — Acabou por fechar meus olhos... Eu só me lembro de ter acordado aqui.
Eva balançava a cabeça negativamente, olhando para os lados, quando se deparou com uma imagem que fez todo seu corpo se paralisar.
—Que cara é essa? — estranhou Christopher.
— Cara?... Não, não é nada, eu... Só estou passando, tenho que ir. — Eva continuou
encarando a imagem da garota que estava deitada a três camas de distância de seu irmão — Tchau...
— Ah! Tchau! Obrigado por ter vindo me ver. Até mais. — respondeu o menino, deitando novamente na cama, virando de lado e fechando os olhos, para dormir novamente.
Ela se distanciou da cama do irmão, olhou para trás, para certificar-se de que ele não a observava. Olhou para a menina a sua frente, reparou que ela dormia e decidiu olha-la mais de perto. Medaline era extremamente bonita. Tinha os cabelos castanhos claro, uma pele branca e suave, que mais parecia seda. Estava em um sono profundo, imóvel diante do rosto de Eva. Eva fechou os olhos, e mergulhou em um estado de profundo ódio. Ódio por aquela que estava saindo com o garoto que ela gostava desde pequena, ódio por ela ser sangue-ruim, ódio por ela ser tão bela e feminina, ódio por ele ter preferido ela.
Quando abriu os olhos, surpreendeu-se ao perceber que no suporte da cama de Medaline havia uma rosa negra. A textura das pétalas internas era tão suaves como a pele da menina que Eva passara a odiar, porém a cor era de um negro profundo... Como se estivesse saído de uma hipnose, ela balançou sua cabeça para os lados e voltou a fitar a linda flor. Porém, desta vez, o que havia sobre o suporte, era uma simples rosa vermelha.
Boquiaberta, ela olhou novamente para trás, para ver se seu irmão tinha visto aquele fenômeno. Ninguém a olhava, Madame Pomfrey havia saído da sala, ela então, chegou mais perto do suporte, encarou de novo o rosto imóvel de Medaline e pegou a rosa na mão, acariciando suas pétalas, tomando cuidado com os espinhos. Não era possível! Era uma rosa comum, mas ela havia visto a rosa negra ali. Devia estar imaginando coisas...
Eva foi para as aulas de transfigurações, onde procurou não conversar com Cellin na frente de Régulo. Mais uma vez, Minerva não havia passado deveres, deixando os sonserinos com o dia livre livre, pois o professor Cardiff, de poções, não havia passado nada também, e em aritmância ficaram apenas com os sermões tradicionais sobre os N.I.E.M´s . Ao anoitecer, ela decidiu que ficaria pelo salão comunal mesmo, escrevendo em seu diário:
“Querido diário,
Não tenho nada de muito novo para contar, a não ser o fato de Hogwarts estar muito estranha. A partir de hoje, virão mais aurores para a segurança. Não sei o que os outros pensam sobre isso, mas eu não gostei da idéia. Parecerá que estaremos em Azkaban, e não em uma escola.
Uma coisa incomum me aconteceu hoje, acho que não tenho dormido bem, pois quando fui visitar meu irmão na Ala Hospitalar (meu irmão se feriu em aula) vi uma rosa negra no suporte da cama de Medaline (não sei o que houve com ela). Segundos depois, não era mais uma rosa negra, e sim uma simples rosa!!! Não pode ter sido uma brincadeira, pois a única pessoa que sabe do meu conhecimento sobre a lágrima é a Cellin! Muito anormal... Estou com isso na cabeça até agora...
Aliás, uma detalhe sem importância, descobriram quem é o assassino que está fazendo a festa por ai, é o tal Voldemort. Todos ficaram meio loucos com a notícia, é por isso que os aurores virão... Vai entender...
Antes que eu me esqueça, preciso explicar como foi meu encontro com a bela adormecida hoje, a Medaline! Aquela estúpida, espero que esteja com uma doença que deforme aquela cara sem graça dela... Até agora, ainda não esqueci que ela beijou o meu Régulo. Mas não tem problema, deixa ela... Se ela continuar se aproximando dele, eu juro que acabo com ela. Como eu gostaria que esta estúpida morresse! Aposto que não apenas eu, afinal, ela é nascida trouxa... Escória... Por que eles existem?”
Ao concluir suas anotações, ela pegou um pergaminho em sua mochila, empurrou seus pertences que ficaram jogados desde manhã, deitou-se de barriga para baixo na cama e decidiu escrever a Saris relatando sobre o encontro com Medaline e mais algumas ocorrências sem mais importância.
— Está faltando alguma coisa? — Falava ela, sozinha no dormitório, com os pés no ar, balançando-os — Hum... Mande um beijo para o César... — escrevia, enquanto falava.
Terminou de escrever e resolveu ir até o corujal para envia-la. Ao descer as escadas, ouviu altas gargalhadas de voz feminina, quando pôde ver quem era, começou a rir também:
— O que estão fazendo ai? — perguntou ela, sorrindo para duas meninas idênticas que poliam suas vassouras em uma poltrona no canto da parede.
— Estamos fazendo previsões para a vida de alguns veteranos que costumam sair chorando de campos de quadribol... Hum, deixe-me ver... Como a estrela zeta está no mesmo lugar de sempre — a menina de semblante engraçado forçava uma expressão séria enquanto encarava a sua cópia, com um olhar de cumplicidade — Significa que provavelmente ela casará com um jovem rapaz de cabelos pretos, e terá crianças choronas como a mãe e carrancudas como o pai.
— Linn, você esqueceu de um detalhe fundamental — a outra menina virava-se para Eva, colocando a vassoura no chão — esqueceu de prever que a tal veterana irá pular de alegria quando contarmos a ela o que foi que ouvimos no primeiro treino de quadribol.
Eva se aproximou, com um salto, sentando-se entre as gêmeas, sem disfarçar a curiosidade:
—Estão falando sério?
— Seríssimo, está tudo aqui — a outra menina a encara, com uma falsa expressão de seriedade — a estrela zeta que nos diz, veja você mesma — ela oferece um pergaminho, que estava na poltrona.
— Pare de brincadeiras, Lana! Diga-me!!! O que foi que o Régulo falou no treino? — questionava Eva, ansiosa.
—Hum... Então nos diga por que saiu chorando do treino da Grifinória?
—Porque... Hum... Régulo...
—Ahn... Régulo estava com a Emburgo... — Completou Aline.
— Sim! — Ela explodia de ansiedade — Vocês sabem de alguma coisa? Eles estão mesmo juntos? Quer dizer... O Ulisses me disse... Eu...
— Já entendi! — cortou Allana — Bem, temos boas novas para você, companheira...
Aline interrompeu Eva, antes que ela recomeçasse a desabafar:
—Escuta, e fique calada! O Régulo só está curtindo com a menina, ela é nascida trouxa. Acha mesmo que ele estaria sério com ela? — Aline questionava Eva com as palavras e com o olhar — Não responda! — A sonserina polia o cabo da vassoura enquanto falava, olhando constantemente para a irmã, e sorrindo — Veja só... Régulo e Ulisses mais conversam do que treinam.
—É! — Concordava Allana, empolgadamente.
— Ficaram falando sobre a Emburgo... — Aline encarava Eva, ameaçadoramente, para que esta não recomeçasse a perguntar — Calma! Já conto tudo... Régulo disse que já ia dar um pé na menina e partir para outra... Antes mesmo de ir a Hogsmead...
—E isso é tudo o que sabemos... — concluiu Allana — Agora pode falar.
Mas Eva não conseguiu responder, levantou do sofá e começou a pular pelo salão alegremente, como se fosse uma criança no natal. Aline olhou para Allana, novamente fingindo seriedade.
— Pois bem, a estrela zeta está correta. Ela pulou de alegria com a notícia... — e soltava sua gargalhada contagiante, fazendo a irmã rir também e todos os outros alunos olharem-nas.
— Já chega, Rookwood... Estou ficando com tontura! — Allana pegava sua vassoura no chão e levantava-se — Vamos... — diminuía o tom da voz — Conseguimos contrabandear umas cervejas amanteigadas para o dormitório do quinto ano.
— O dormitório masculino, porque se descobrirem, não terão como nos culpar — e Allana recomeçava a rir.
— Obrigada meninas, mas estou indo entregar uma carta a minha irmã. Amo vocês!!! Mantenham-me informada. — e Eva desaparecia pela porta de entrada, ainda saltitante, deixando as gêmeas com suas risadas divertidas ecoando pelo salão comunal.
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